Análise | Shining Resonance Refrain

Disponível para PlayStation 4, Xbox One, Nintendo Switch e PC

Shining Resonance Refrain foi lançado em 10 de julho de 2018 no ocidente para os atuais consoles da geração, tendo sendo desenvolvido pela Sega, e nos brindando com mais um game do gênero JRPG de ação. Esta versão inclui áudios e textos em inglês, e japonês para os saudosistas. A versão utilizada para este review foi a de Xbox One.

O Refrain (Refrão em sua tradução literal) nos mostra que este jogo é um remaster do jogo Shining Resonance lançado somente no Japão para PlayStation 3 lá em 2014. Devemos lembrar que, com exceção do spin-off de luta Blade Arcus from Shining: Battle Arena (PC – 2016), a última vez que um capítulo da franquia saiu oficialmente por aqui foi como Shining Force EXA (PlayStation 2 – 2007). Mas isso é só um pouquinho do que é a série Shining. Não vamos adentrar muito em todos seus detalhes para não enlouquecermos.

Assim, entre as novidades desta nova versão de Shining Resonance, está a presença de todos os DLCs lançados para o jogo (novas roupas para os personagens), a clara melhoria com novas texturas e ajustes técnicos, e o Refrain Mode (que nos conta a mesma história do jogo original, mas com a adição dos personagens Princess Excella e Dragonslayermas infelizmente não tivemos um significativo esforço por parte da Sega neles, pois ambos os personagens foram simplesmente jogados dentro do jogo, sem a inserção de uma trama própria para eles). Eu particularmente resolvi jogar a história original para entrar da forma correta no mundo do jogo, mas quem quiser chegar já chutando tudo e todos pode começar direto pelo Refrain Mode.

Música para os ouvidos

Assim como aconteceu nos capítulos mais recentes da série, Shining Resonance Refrain tem sua jogabilidade ligada às músicas e podemos conferir uma explicação exata dessa mecânica nas palavras de James Kuroki, produtor de localização da SEGA:

Os títulos recentes da série Shining todos tiveram uma ênfase na música, e Shining Resonance Refrain não é uma exceção. Os dragões dividem seu poder com a humanidade, que em troca concede poder aos dragões através da música. Todos os membros do grupo usam armas que são ao mesmo tempo instrumentos musicais, e você pode tocá-los durante o combate, gerando vários benefícios como o aumento da velocidade do grupo, ou tornando os inimigos vulneráveis a algum elemento.

Nunca tinha jogado um game da série Shining e achei interessante esta mecânica na jogabilidade, e somente após ler isso é que fui notar que as armas eram instrumentos musicais de uma forma ou outra (como a personagem que toca flauta com uma lança gigantesca). Combinando ataques específicos no meio da batalha podemos utilizar um ataque B.A.N.D. (hein? sacou o trocadilho?), que traz vantagens temporárias aos membros da equipe, a música tocada varia conforme os membros da sua equipe e o posicionamento dos mesmos, já que a música sempre é puxada pelo integrante na terceira posição na equipe. Logo fazer mudanças na ordem dos membros da sua party pode gerar novas músicas com outros efeitos.

A história a ser contada

Há muito, muito tempo atrás, existia uma ilha sagrada chamada Alfheim, que dizia ser o domínio de uma força divina conhecida como Deus. Lá, os grandes elfos viviam em harmonia com os dragões, usando as místicas Canções Rúnicas para se comunicar com eles. Mas a paz não durou. Deus procurou destruir o mundo, a fim de construir um novo a sua imagem. Os elfos se dividiram em duas facções: aqueles aliados aos dragões e os seguidores de Deus. A sombra da guerra caiu em todo o mundo e o caos tomou conta da terra. Depois de séculos de carnificina, os dragões finalmente selaram Deus. Mas o preço pago era alto, a maioria dos dragões tinha sido perdida para a guerra. O derramamento de sangue transformou Alfheim em um deserto árido. Os elfos restantes deixaram sua casa para buscar uma nova vida no continente. Esta guerra de dragões e divindade ficou conhecida como Ragnarok.

Já se passaram mil anos desde a grande guerra do Ragnarok. Os dragões são considerados extintos há muito tempo e suas almas foram cristalizadas e se espalham pelo mundo. Dez anos atrás, o Império da Lombardia declarou guerra ao Reino de Astoria. O Império invadiu Alfheim, mas Astoria conseguiu se manter firme.

O game inicia sua história com a princesa Sonia invadindo um local em busca de salvar um jovem, que é o protagonista da vez e se chama Yuma, após alguns embates e no calor da mais difícil batalha até o momento, quando tudo estava perdido, revela-se que Yuma tem dentro de si a alma do lendário “Shining Dragon”, o ser místico é muito poderoso e é o carrasco de sua própria raça (os dragões no caso) e foi o responsável em parar a guerra ancestral (Ragnarok).

A alma do dragão vive em luta para dominar o rapaz, e ao usar esses poderes Yuma sente-se divididos se eles estão sendo usados para o bem ou para o mal. Na primeira hora de jogo você assiste a cutscenes e joga com personagens de forma individual, conhecendo assim as suas habilidades e seus estilos de combate. A trama começa bem e de forma interessante, mas como todo JRPG, volta e meia você fica correndo de um lado para o outro somente ouvindo histórias e presenciando clichês e diálogos meio bobos (que de uma forma ou outra acabam tendo alguns bons momentos). Naturalmente novos personagens vão aparecendo e entrando para a sua equipe ao longo da história e saber a formação da sua equipe antes de cada batalha importante pode significar a diferença entre a vitória e a derrota.

O mundo e suas batalhas

O mapa é dividido em áreas interconectadas, e é bem bonito. Tendo condições climáticas variadas, o que acaba dando um ar mais orgânico ao mundo. Mas faltou algo ai… é fácil você ficar perdido e não saber qual das saídas da área levam ao local desejado. Ficar andando em círculos acaba acontecendo com frequência e isso se torna bem preocupante, somado ao fato de muitas vezes somente um personagem da sua equipe sobrevive a batalha e você ter que voltar bastante para recuperar seus status.

Do outro lado da moeda, o que importa é o sistema de combate em tempo real que achei bem viciante. Ele me fez lembrar do antigo Crisis Core: Final Fantasy VII (PSVITA).  Na hora das batalhas, há um botão de defesa, um de corrida, um de ataque pesado, um para ataque rápido e um para travar a mira. Você se move pelo campo para desviar dos golpes, além de atacar e criar combos enquanto sua barra de força permitir (ela se regenera rapidamente) ou cadenciar golpes para ataques contínuos. A estratégia está em como agir e quebrar a defesa do inimigo, sujeitando-o a tomar dano dobrado ou triplicado.

Segurar um dos botões de ombro do controle torna os botões frontais (A,B, X e Y) em ataques especiais que gastam MP. Sua barra de magia é preenchida ao se acertar ataques físicos normais (ou ao usar itens), enquanto o direcional digital permite a você dar comandos aos membros de sua equipe, como restaurar saúde, partir para o ataque ou se focar na defesa. Ainda temos aqui o ataque B.A.N.D., que comentei anteriormente, e a transformação em Dragão (pressionando ao mesmo tempo os botões RB e LB) que dá mais uma dinâmica as lutas. Porém a transformação tem que ser feita com cautela, pois ao se esgotar todo o MP ele pode entrar em modo Berserk e atacar todos indiscriminadamente, incluindo os aliados, o que pode ser um grande problema nas lutas mais dramáticas.

Ainda falando nas batalhas, não existe tela de carregamento entre o cenário e a batalha, todos os inimigos ficam visíveis no mapa, o que permite evitar a luta caso deseje, mas devemos lembrar que todos eles podem ver você também e partirem para o ataque. Então tomar cuidado é sempre importante. Eu particularmente sempre encaro as batalhas quando estou com a equipe completa, pois é uma ótima forma (e a única) de elevar o level dos personagens e facilitar as coisas mais para frente. Somente dou umas escapadas das lutas pelo mapa quando minha equipe está muito debilitada e com vários membros inconscientes.

As músicas cumprem o seu papel como em todos JRPG, variando conforme a situação vivida pelos personagens, conforme o tom das conversas e conforme a dificuldade ou dramaticidade das batalhas. Obviamente músicas especiais para as lutas contra os chefes de jogo estão garantidas.

Vale a pena jogar?

Sendo um RPG, Shining Resonance Refrain não é algo para se terminar rapidamente. Se você não curte este estilo de jogo, este pode se tornar cansativo nas primeiras horas devido as conversas e a narrativa da história do mundo, seus habitantes, guerras e o motivo dos dragões estarem no meio do bolo todo. A gordura narrativa nesse gênero é quase sempre necessária. Entretanto se você gosta de Action RPGs, gosta de história, curte o sistema de batalha nesse esquema de ação ininterrupta e gosta de ficar fazendo upgrade de seus personagens e suas habilidades, este é o jogo para jogar durante as férias, ou durante bons meses, caso jogue somente algumas horas por dia.

Ele traz várias camadas de coisas para fazer, você pode criar laços de amizade com seus aliados ao realizar encontros com eles (onde vai se desenrolar conversas variadas e com isso aumentar a afinidade), pode também investir na criação de itens (para aumentar força, efeitos de armas, novas golpes) e também tem a personalização de personagens com outras roupas, que eram DCLs vendidos separadamente e que aqui já estão inclusos no pacote (caso você tenha uma queda por personagens com roupas colegiais japonesas ou para roupas de banho, aqui tem de tudo um pouco, então fique de olho). Ainda temos batalhas secretas opcionais, torres com séries de inimigos para serem derrotados (ganhando-se itens específicos com isso) e quests solicitadas por diversos personagens do jogo (aquelas clássicas de se pegar “x” itens e levar de volta, muitas você vai completar sem se dar conta ao derrotar os diversos inimigos ao longo da jornada, outra já vão exigir uma busca um pouco maior caso resolva fazer todas).

Para escrever este review cheguei aproximadamente até meados da metade da aventura, contando mais de 10 horas jogadas, e sinto que ainda tem muita coisa pela frente, com aquele previsível aumento do desenrolar da trama e da quantidade de atividades para se fazer ao longo da mudança de capítulos. Nesse ponto o jogo já me apresentou todas as suas principais mecânicas, além de seu ritmo e de sua dinâmica, o que é mais do que o suficiente para justificar estas impressões.

O custo benefício desse game é alto, pois se você ficar somente na trama principal trata-se de um título que fortemente pode render no mínimo umas 30 horas de jogatina, segundo vi em reviews internacionais e opiniões em comunidades. Caso opte por fazer todas as atividades alternativas, não fica por baixo de 50 horas de jogo. É o que a cartilha desse gênero pede que se tenha.

Após tanto tempo ausente nesse lado do globo, considero essa como uma boa volta da série Shining para o ocidente. Foi uma ótima iniciativa da Sega, mesmo que seja um remaster ao invés de uma investida totalmente nova na série. Certamente foi um termômetro para futuras decisões envolvendo a franquia.

Shining Resonance Refrain pode ter o arquétipo dos JRPGs da época do PlayStation 3, e portanto algumas limitações talvez o tornem um pouco mais velhinho do que outros jogos mais modernos do gênero, mas ainda assim o título aguenta bem, e não soa como ultrapassado ou menos divertido. Pelo contrário, é um destes gêneros o qual, vira e mexe, nós sentimos falta na atual geração de consoles. É um título que vale a pena se conhecer.

Galeria

Dando uma nota

Personagens são carismáticos - 9
Bom sistema de combate - 9
Fácil se perder, mapa sem indicações - 6
Somente personagens na equipe sobem de level - 6
Há bastante atividades para se ocupar - 8.5
Para um remaster não soa datado - 9
Localizado apenas em inglês e japonês - 7

7.8

Bom

Shining Resonance Refrain encanta com bonitos visuais, sendo um ótimo remaster da Sega a aparecer em todos os consoles da geração atual. O que nos deixa com o coração aberto para receber os futuros jogos da série nos anos vindouros. Pegue sua arma musical e ajude Yuma a ter sucesso em sua jornada.

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