Um tanto retrô, Star+ estreia no Brasil e complementa o Disney+

Há novos conteúdos, porém são os clássicos que chamam a atenção

Nessa altura do campeonato você já deve estar sabendo: o Star+ aterrissou ao Brasil, mais precisamente ontem, dia 31 de agosto. O serviço pertence ao Grupo Disney, e complementando justamente outro serviço da empresa, o Disney+, este lançado em novembro do ano passado.

Por que dois serviços? Lá fora o Star+ funciona como uma DLC, um extra dentro do Disney+, porém em algumas regiões, incluindo nosso país, o serviço foi lançado de forma avulsa, em todo caso funciona da seguinte maneira: enquanto o Disney+ possui um catálogo de conteúdo mais familiar/infantil, o Star+ é mais adulto (acima de 16 anos), ainda que possa ter conteúdos de classificação livre, contudo não há desenhos para o público infantil.

E aí, na prática, como está o conteúdo do Star+ logo em sua estreia?

Era Canal Fox

Sem rodeios o que posso dar como minha primeira impressão é de que o Star+ parece um serviço que causa bastante nostalgia ao seu assinante, especialmente para os fãs da antiga 20th Century Fox, adquirida pela Disney e renomeada apenas como 20th Century Studios.

Filmes antigos, de meados da década de 90 e 2000, muitos destes não disponíveis em outros serviços de streaming, estão todos por aqui. Muito mais clássicos do que, por exemplo, aqueles encontrados na HBO Max, outro serviço que chegou ao Brasil em junho e que pessoalmente acho que tem muito mais força por suas séries, além de filmes mais recentes.

Não quer dizer que não haja filmes mais recentes, até há. Contudo o que desperta a atenção é realmente esse catálogo de coisas antigas, que dá aquela carinha das saudosas locadoras de bairro, daquela época, hoje desconhecida pelos jovens, das fitas VHS e DVDs. Pense em filmes clássicos da Fox e provavelmente você irá encontrar no Star+.

Contudo o que mais me agradou foram as séries. E novamente muitas delas me fizeram viajar para o passado, nos tempos do Canal Fox e das suas noites de seriados. Buffy, 24 Horas, Arquivo X, Prison Break, Bones… estão (quase) todas por aqui. Além, claro, de outros clássicos do canal norte americano ABC, que também pertence a Disney, como no caso de Castle, outra série que nunca terminei de assistir e que até então nunca tinha aparecido em qualquer serviço de streaming.

Claro que as clássicas animações Fox também estão no catálogo. Carro chefe do serviço são as mais de 30 temporadas completa dos Simpsons, mas tenho que admitir que fiquei muito mais animado em rever Futurama, do mesmo criador, muito mais genial, porém injustiçada por estar a frente de seu tempo. E as animações adultos não se limitam apenas a estas, pois o serviço também trás as clássicas American Dad, Family Guy e The Cleveland Show.

Se for pensar na estreia do Disney+ em novembro do ano passado, o Star+ chega com muito mais coisa saudosista, um erro grande que o Disney+ ainda corre atrás quase um ano depois do serviço lançado. Muitos desenhos clássicos da Disney foram lançadas ao longo desse ano, mas ainda há pontuais ausências (como Esquadrilha Parafuso e incontáveis curtas do Mickey, Donald e Pateta que até hoje não foram lançados no serviço, além daqueles que seguem com áudio em português de Portugal).

E já ficou claro que o telespectador brasileiro gosta de velharia. Basta ver o sucesso das antigas novelas da Globo no Globoplay, o curioso caso de (argh) Carrossel sempre no Top 10 da Netflix e até mesmo o sucesso de Família Dinossauro nos mais assistidos do Disney+, brigando com grandes lançamentos das séries Marvel no serviço. Somos nostálgicos, verdade seja dita.

Ausências

Dito isso, pra mim foi impossível não pensar que ainda assim o Star+ chegou com palpáveis ausências em seu serviço. Quando mencionei as animações do canal Fox, há que se citar o clássico Rei do Pedaço (King of the Hill) que não está disponível no catálogo. A animação até chegou a ser parcialmente dublada no Brasil e teve box de suas primeiras temporadas lançadas em DVD.

Na parte dos seriados, impossível não citar ausências como Angel (há temporada de Buffy que inclusive faz crossover com Angel), Firefly, Ally McBeal, Millennium e Dollhouse. Só para citar algumas, porque sei que se começar a forçar a memória, e correr no Google, essa lista vai aumentar significativamente.

Nas sitcoms, por exemplo, senti bastante a ausência de duas séries: Malcolm in the Middle, que na época em que fora lançado foi basicamente chamada da série dos “Simpsons de carne e osso” e também da Two Guys, a Girl and a Pizza Place, um clássico que achava hilária a sua época que contava com o ator Ryan Reynolds (Deadpool) quando quase ninguém apostava muito em seu talento para o humor, e a série ainda tinha Nathan Fillion dentro do núcleo central de personagens principais. Duas séries incríveis e que desejaria muito rever.

Enfim, mas início de serviços de streamings por aqui parece que é assim mesmo. Nunca corresponde a todas as expectativas e nunca é tão grande quanto o acervo norte americano. Ao longo das próximas semanas devemos descobrir a frequência de atualização e das novidades. Resta aguardar e torcer por mais clássicos do canal Fox entrando aos poucos no catálogo.

E os Originais?

Claro que o Star+ não vai sobreviver apenas de velharias. O serviço já está produzindo novas séries e novos filmes. Algumas promessas de conteúdo original, no entanto, ainda não se concretizaram. Dois exemplos são a série Marvel em stop-motion M.O.D.O.K., que ainda não tem uma data certa para estrear, e Solar Opposites, dos criadores de Rick & Morty, que deve chegar ao serviço apenas no final de setembro.

Contudo duas séries originais me chamaram a atenção e pude conferir o primeiro episódio de ontem para hoje. A primeira é Only Murders in the Building. O seriado conta com os talentos de Steve Martin, John Hoffman e Selena Gomez, em uma dramédia sobre três pessoas que moram em um mesmo prédio e resolvem se unir para solucionar assassinatos.

O episódio piloto é bem divertido, criando uma boa trama, e ganchos, em tornos dos três personagens centrais, enquanto a aura de mistério de “quem é o assassino?” torna a trama levemente densa, dando um tempero especial a proposta da série. Total clima Scooby-Doo. Uma série que conseguiu me conquista de cara.

Menos impactante foi Dollface, esta apenas licenciada pelo serviço, a série foi lançada em 2019 no Hulu (serviço de streaming exclusivo apenas nos Estados Unidos) e até então permanecia inédita no Brasil. A série tem como protagonista a atriz Kat Dennings, que tem um ótimo timing para humor e esteve recentemente de volta ao universo cinemático Marvel na série Wandavision. Dollface já está renovada para uma segunda temporada.

A série gira em torno de uma mulher que após viver um relacionamento de 5 anos, toma um fora do cara e precisa se reencontrar novamente, buscando amigas que deixou para trás por conta da vida conjugal. A direção narrativa da série, que brinca com metáforas visuais, despertou a minha atenção. É uma série de comédia leve e divertida. O piloto não reinventa nada, mas foi bacana o suficiente para me convencer a ver novos episódios.

No mais, em meio a minha rotina de games, site, trabalho e família, acabei revendo alguns episódios de Simpsons e de Futurama. No próximo final de semana devo olhar com mais calma mais alguns dos conteúdos originais, como as séries A Teacher e Helstrom, além do filme Amizade de Férias.

Quanto ao preço… bem, não digo que está sendo justo. Acho o combo Disney+ e Star+ a melhor proposta pelo serviço, enquanto que ambos os serviços individualmente são bem caros para as ausências que ainda possuem no catálogo, especialmente quando comparado com o conteúdo lá de fora. Ao menos no caso do Disney+ tem se corrido atrás desse atraso. Veremos como o Star+ irá se comportar e se também irá nessa direção pelas próximas semanas e meses.

Já no que diz respeito a suporte de aparelhos e do aplicativo em si não tenho muito do que reclamar. Não houve os tropeços que a HBO Max teve com as legendas no lançamento, contudo há conteúdos no Star+ que claramente deveriam oferecer dublagem e não há a opção (caso da série Buffy). Os avatares dos perfis também poderia ter mais opções, convenhamos. Contudo o suporte de dispositivos chega de forma ampla, já tendo suporte em Android, iOS, Xbox, PlayStation, PC e em diversas Smart TVs.

E é isso que tenha dizer sobre o Star+. É um serviço que pra mim funcionou de uma forma nostálgica… e surpreendentemente gostei disso. Prova de que ainda vale a pena apostar nos clássicos, pois os melhores vencem a passagem do tempo e ainda são divertidos, não importa quando foram produzidos e exibidos.

— Hum… você notou que não falei nada sobre futebol, esportes e ESPN, né? Pois é, eu não ligo pra nada disso. Se houvesse uma opção de desligar isso no app ou um plano mais em conta em esse conteúdo, certamente apoiaria isso. Entendo o apelo latino para esse conteúdo, mas infelizmente não é o que procuro nestes serviços. Só para esclarecer. 😉

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