Análise | Mario Kart World

Disponível para Nintendo Switch 2

Mario Kart World é o mais ambicioso jogo da franquia até então lançado, que abre uma nova fase da Nintendo em um novo console, o Nintendo Switch 2. Trazendo um mundo aberto, pistas gigantes e interconectadas, um robusto modo online, diversos pilotos, karts, roupas alternativas, o título prepara terreno para uma fórmula que entrega tudo logo de cara, porém deixa muito mais espaço para crescer ao longo dos próximos meses, e até anos. Ao que me parece, não teremos que falar sobre uma sequência tão cedo.

Lançado no último dia 5 de junho, simultaneamente ao lançamento do console Nintendo Switch 2 em si, incluindo um bundle do console com o jogo incluso, isso certamente garantiu uma ampla base de jogadores online logo no primeiro dia de abertura de seus servidores. Além disso, trata-se de um título exclusivo do novo console, o que significa que o título não roda no Nintendo Switch original.

Seu desenvolvido ficou a cargo da Nintendo EDP (Nintendo Entertainment Planning & Development Division), estúdio interno da própria empresa, contudo, também teve ajuda externa de outras três empresas: da Monolith Soft, da 1-Up Studio e da Bandai Namco Studios. Um nome recorrente desta fase da franquia, é do game designer Kosuke Yabuki, produtor de MKW, e que esteve presente na produção e direção dos últimos jogos da série, desde Mario Kart 7 (2011) no Nintendo 3DS.

Este lançamento também marca um momento de aumento de preço dos jogos da Nintendo, que até então vinham sendo lançados a U$59, uma faixa que também já vinha sendo quebrada em alguns grandes lançamentos da indústria, com diversos títulos custando U$69 em plataformas para PC, PlayStation e Xbox. No caso de Mario Kart World, essa faixa foi ainda maior, pois seu preço de lançamento ficou fixado em U$79, um dos lançamentos mais caros da atual indústria, desconsiderando edições de luxo ou com passes de temporadas de outros estúdios, que podem chegar a U$99. É… o capitalismo não dá moleza, não?

Contudo, a Nintendo também já veio a público dizer que nem todos seus grandes jogos irão custar o mesmo preço de Mario Kart World. Tanto que para julho, há o aguardado Donkey Kong Bananza, cujo o preço de lançamento foi fixado em U$69, o que coloca a Nintendo no preço padrão do atual mercado. Mas isso é conversa para outro momento.

Falando em localização, fico contente em mencionar que Mario Kart World encontra-se localizado em português. Todos os menus, dizeres em tela e instruções estão em nosso idioma. Os personagens ainda dizem uma ou outra coisa, ainda que em grande parte sejam gritinhos e gemidos característicos de cada um, mas sempre no padrão de idioma em inglês. Nada de dublagem, até porque o jogo sequer tem um narrador, nem mesmo para abrir ou encerrar as corridas, diferente do que ocorre nos jogos de Mario Party.

Correndo com mais liberdade

O grande elemento chave de Mario Kart World, sem dúvida nenhuma, é o conceito de liberdade que surge em diversos aspectos do jogo, e não apenas do fato do jogo ser o primeiro da franquia a ter um modo Free Roam, ou como foi denominado na versão em português,em seu modo Modo Livre.

O Modo Livre, como o nome diz, é uma grande modalidade desta edição, deixando os jogadores dirigirem por um imenso mundo que contém todas as áreas e pistas do jogo, interconectadas por rodovias, estradas e todos os tipos de atalhos. Nesse mundo, o jogador poderá encontrar moedas colecionáveis, pequenas missões de corrida contra o tempo, além de poder lhe auxiliar a destravar as inúmeras roupas alternativas para os principais personagens pilotos do jogo.

Voltando lá para 2017, que por sinal é quando este título começou a ser desenvolvido, houve a revolução dos jogos de mundo aberto chamado The Legend of Zelda: Breath of the Wild, e é difícil não pensar que há um dedinho desse conceito de “deixe o jogador fazer o que quiser, quando quiser, como quiser” aqui, em Mario Kart World. Talvez não na mesma proporção, pois estamos em um gênero de jogo totalmente diferente.

E claro, não é como se outros títulos de corrida também não tivesse oferecido experiências em grandes mundos abertos ao longo dos últimos anos, sendo que basta olhar para as experiências de jogos como Burnout Paradise City, a série The Crew e, claro, as inúmeras sequências de Forza Horizon. Então, sim, Mario Kart também seguiu essas influências e diretrizes.

Só que Mario Kart World não é somente sobre a liberdade do Modo Livre, mas sobre todos os aspectos que o jogo tem a oferecer, incluindo seus modos tradicionais, assim como algumas novas modalidades. Por exemplo, as corridas agora não ocorrem mais em circuitos fechados, mas em pistas conectadas! Isso porque elas ocorrem dentro do mundo do jogo, então você sai do ponto A e vai até o ponto B, C e D, seguindo um trajeto coerente, mas que faz todo o mundo e ambiente mudar ao longo da sua jornada na estrada.

Isso significa que você pode começar um torneio saindo de uma pista na praia, seguir viajando por 3 rodadas de percurso e terminar a última pista do torneio em gélidas montanhas. E o impressionante é que toda a essa mudança é feito em perfeitas transições de ambientes, que casam e combinam tão bem com a disputa, que o jogador é constantemente surpreendido com as alterações do ambiente enquanto se está correndo. É inacreditável o quão bem o mundo do jogo foi planejado e costurado.

E essa liberdade também continua em outros aspectos, dentre eles a sua personalização. Há dezenas de novos karts que podem ser selecionados por qualquer um dos muitos pilotos do jogo, cada veículo com pequenas alterações nos quatro atributos principais deles: velocidade, aceleração, peso e controle. Talvez no começo você sequer sinta essa diferença e os karts pareçam todos iguais na hora das corridas, mas tenho certeza que jogadores experiências, profissionais e veteranos vão olhar com mais atenção esses aspectos, procurando os status que melhorem combinarem com seus modos de correr.

Do lado dos personagens selecionáveis, o jogador também irá encontrar muitas opções, para todos os lados. A começar pelos 24 personagens principais: Mario, Luigi, Peach, Daisy, Yoshi, Donkey Kong, Bowser, Bowser Jr., Koopa Troopa, Toad, Toaddette, Lakitu, Rei Bu (sim, localizado dessa forma na versão brasileira), Shy Guy, Wario, Waluigi, Birdo, Pauline, Rosalina, Bebê Mario, Bebê Luigi, Bebê Peach, Bebê Daisy e Bebê Rosalina.

Contudo, não há somente estes personagens. Mario Kart World vai além do óbvio, abre a seleção de corredores para diversos outros coadjuvantes do mundo de Super Mario, o que o jogo intitula de Pilotos NPC. São realmente personagens de menor escalão, que normalmente encontramos assistindo as corridas de muitos jogos da franquia, além de muitos serem inimigos regulares nos jogos principais da série, além de alguns serem apenas animais comuns do mundo, com a popular Vaca que ganhou destaque no jogo quando o mesmo foi revelado.

Muitos destes personagens encontram-se com seus nomes totalmente localizados em português, como Espigão, Irmão Martelo, Quebra-Ossos, Cactubola, Jorramoeda, Toni Trombada, Parajoaninha entre outros.  E devo admitir, mas isso é muito legal. E não preocupe, mas nomes tradicionais estão malditos, como o Goomba, Cheep Cheep, Pianta, e Wigler. Ao todo são mais 26 pilotos NPCs, que dão ao jogo 50 personagens jogáveis.

E há alguma diferença entre os pilotos principais e os pilotos NPCs?” Na parte de jogabilidade nenhuma, porque são os karts que possuem atributos diferentes, não os personagens em si. Se bem que os personagens ainda são classificados em classes como leve, médio e pesado, ainda que jogo não indique mais isso com muito precisão. Mas isso afeta a todos, principais e NPCs. A única diferença entre eles se dá pelo fato de que os pilotos principais possuem diversas roupas alternativas, enquanto os NPCs tem uma aparência fixa.

E claro, se você começar a contar quantas roupas alternativas tem ao todo no jogo, elas passam de um inacreditável número de 100 skins, divididas em diferentes quantidades entre todos os 24 pilotos principais. Uns possuem mais, como Mario com 10 roupas, enquanto outros possuem menos, como o injustiçado Donkey Kong e Pauline, com apenas 1 roupa alternativa.

Seguindo adiante, percebe como há a palavra chave liberdade está presente em muitos aspectos? Mundo livre, elementos de exploração, corridas que se conectam, muitos veículos para selecionar, assim como uma multidão de pilotos que podem ser selecionados. E esse elemento de “faça como quiser” vai além em outros aspectos menores por toda a experiência do jogo.

Os modos possuem suas copas destravadas desde o início, com exceção de uma, que claro, é especial, e libera 4 novas pistas, dentre elas a clássica (em uma nova e incrível versão) Rainbow Road. De cara o jogador pode participar de qualquer modo competitivo, assim como pode simplesmente ir para as disputas do modo multiplayer local ou online. Nada no jogo é travado, e tudo está livre para ser experimentado e vivenciado desde o primeiro minuto em que você o inicia.

Mas será que isso significa que não existe nenhum senso de progressão? Muito pelo contrário. Isso lhe dá metas e objetivos livres, mas eles existem para todo lado. O jogo não lhe dá todos os veículos logo de cara, muito menos todos os personagens. Alguns são destravados jogando as copas, enquanto roupas alternativas precisam ser encontrados utilizando um item específico que pode ser encontrado em quase todos os modos, assim como os pilotos NPCs são liberados de forma aleatória, condicionado ao jogador sofre o efeito de um item de trapaça do Kamek, que o transforma nesse personagem (e assim você o obtém na sua tela de seleção de personagem).

Isso quer dizer que a todo momento você sente que está ganhando alguma coisa. Seja um piloto NPC, seja uma roupa alternativa, seja um adesivo (dentre centenas que o jogo possui e que lhe permite colocar no seu kart), seja descobrindo coisas no mundo livre ou jogando pistas de maneiras diferentes, porque elas podem se conectar de formas diferentes, ou espelhadas, ou em modalidades fechadas (em que você dá voltas nela mesmo). Mesmo depois de horas de jogo, depois de mais de uma semana jogando direto, ainda sinto que o jogo sempre tem algo novo para me mostrar.

Indo além

Claro que os jogadores que procurarem a fórmula clássica de Mario Kart também irão se sendo satisfeitos com as modalidades de jogos encontradas em Mario Kart World. Além do Modo Livre, o título traz cinco modos: Grande Prêmio, Eliminatória, Contrarelógio (curiosamente escrito desta maneira em português), Confronto e Batalha.

O modo Grande Prêmio é um modo tradicional desde o primeiro Mario Kart lançado em 1992 para Super Nintendo, e que consiste num copa torneio, com 4 pistas, a qual sua colocação define os pontos e ao final destas quatro corridas, o jogador precisa pontuar o suficiente para chegar ao topo da classificação. Se nos primeiros jogos da franquia era comum a modalidade possuir apenas 4 copas, aqui o título acompanha os jogos mais recentes, oferecendo um total de 8 copas com 4 pistas cada uma.

Daí o total de pistas do jogo: 32 rotas! E talvez possa parecer pouco quando comparado com comparado com o extensivo Mario Kart 8 Deluxe, que fechou seu ciclo no primeiro Nintendo Switch com 96 pistas. Porém vale relembrar que quando MK8 foi originalmente lançado, em 2014, o título também só possuía 32 pistas. O acréscimo foi sendo realizado ao longo dos anos posteriores, em DLCs pagos e novas edições especiais. Ou seja, Mario Kart World ainda tem estrada e potencial para crescer tanto quanto!

E independente da quantidade, há qualidade no que está sendo construido em Mario Kart World, e digo isso sem desmerecer a qualidade que também existe na massiva quantidade de pistas novas e resgatadas em MK8. O ponto é que mecanicamente, em Mario Kart World, tudo é construído para oferecer uma nova experiência de jogo.

As pistas aqui são imensas, no sentido de largura mesmo, para comportar corridas com 24 pilotos ao mesmo tempo, seja no modo single player ou em multiplayer online. Isso é o dobro do que alguns modos comportam em jogos anteriores da franquia. É muito kart correndo armado com cascos de tartarugas e cascas de bananas, o que proporcionam momentos de verdadeiro caos, especialmente nos momentos iniciais das corridas. O que para os padrões de Mario Kart, é exatamente isso que os jogadores esperam!

E há outros elementos nesse caldeirão, alguns já mencionados ao longo deste texto, como as pistas estarem interligadas e algumas variações de entradas e saídas das mesmas, assim como algumas versões em que é possível dar voltas e a versão linear que vai culminar na próxima pista.

Na hora da velocidade, as pistas também oferecem muitas variedades de ação, desde atalhos, caminhos bifurcados, mas também um novo sistema que permite que um piloto corra em um trilho, salte e possa até mesmo correr temporariamente pelas paredes quando houver algo próximo. Oportunidade de saltos e acrobacias também são oferecidos aos montes, permitindo que o jogador combine combos de turbo e velocidade entre o clássico drift (deslizada), correndo por trilhos, e realizando saltos. Há, novamente a palavra chave, liberdade na forma como o jogador decidirá seu estilo de aceleração e velocidade.

Dando continuidade as modos, também se faz necessário mencionar o inédito Modo Eliminatória. Neste modo o jogador precisa viaja de forma ininterrupta por seis pistas do mundo do jogo. Contudo, é preciso atingir certa colocação para conseguir continuar na disputa. Cada etapa, ou seja, cada pista concluída, elimina os quatro últimos competidores.

Ou seja, a disputa começa com 24 competidores, depois passa para 20 na segunda etapa, 16 na terceira, 12 na quarta, 8 na quinta etapa, para chegar a apenas 4 pilotos na última pista, que vai consistir num percurso de três voltas no destino fina da competição. Interessante, não?

De certa forma, esse modo é uma maratona automobilística. Diferente do Modo Grande Prêmio, em que o jogo para a cada pista concluída, e lhe mostra a pontuação, deixando que você respire um pouco, neste modo você segue sem parar, e não importa a sua colocação entre as corridas, contanto que consiga se classificar para a próxima etapa. Sendo que somente na última etapa é que sua classificação vai definir sua vitória, querendo assim a primeira colocação. Ou seja, chegar em primeiro nas 5 etapas não quer dizer nada se o jogador não conseguir o mesmo feito na última etapa.

Tal como no Grande Prêmio, o Modo Eliminatória também consiste em 8 copas, com etapas e percursos fixos. Ótimo para que os jogadores possam treinar suas habilidades em memorizar os melhores trechos e segmentos em cada uma das maratonas propostas. Bom demais! Um modo de ritmo eletrizante.

Resta assim, mais três modalidades. Contrarelógio, que consiste no tradicional modo de bater o tempo de pilotos fantasmas, seja do próprio jogador, de seus amigos, ou de outros jogadores e seus recordes mundiais. Já o modo Confronto, permite que o jogador crie uma espécie de copa própria, personalizando algumas regras, dificuldades e pistas, conectadas ou não. É um bom modo para jogar apenas pela diversão em si.

Por último, o modo Batalha, que traz o clássico modo porradaria com itens dos karts com balões, em que os jogadores participam de grandes arenas tentando acertar uns aos outros, com os itens de trapaça do jogo. Ganha quem acertar mais balões e se manter vivo até o final da partida. Há também uma variação do modo em que jogadores devem ser acertar e coletar moedas. O online desse modo, com 24 jogadores, é fantástico!

Falando em multiplayer online, 24 jogadores podem ser conectar em matchmaking para partidas em modalidades de corrida, eliminatória e batalha. E o bacana é que enquanto se espera a corrida começar, enquanto o sistema procura jogadores para reunir o grupo, é permitido ao jogador jogar o Modo Livre, com tudo a possibilidade de coletar os itens escondidos ou seguir realizando as missões e objetivos menores desse modo, de forma que o jogo vá salvando seu progresso.

Ou seja, mesmo que a partida demore a reunir jogadores (o que não anda demorando), é possível jogar e progredir pelo jogo solo. Muito melhor do que uma tela estática ou um hub sem nada para se fazer de concreto, algo tão comum em sistemas de matchmaking online.

Em conclusão, todos os elementos mais tradicionais de um Mario Kart, seus modos e copas, batalhas e fantasmas, também estão presentes em Mario Kart World, tornando a sua experiência tão completa e reconhecível quanto qualquer outro título da franquia.

Considerações finais

Mario Kart World é uma edição que impressiona por suas dimensões e proposta, por ser um título que está representando esta nova fase da Nintendo em um novo console. E olha que o desafio de superar o massivo conteúdo que Mario Kart 8 Deluxe conseguiu obter ao longos dos anos é de uma certa forma até injusto. Sendo assim, a nova edição conseguiu contornar isso com bastante sabedoria, justamente oferecendo uma liberdade de jogabilidade que nenhum outro título da série jamais ofereceu.

Dá para se falar em expansão da fórmula, ao invés de reinvenção, pois todos os elementos clássicos foram mantidos, mas são as novas adições que fazem toda a diferença neste novo título. O Modo Livre é repleto de detalhes, muito bem trabalhado, incluindo elementos de mundo vivo que sequer fazem diferença ao gameplay, mas são importantíssimos para a imersão do mundo.

Quer um exemplo? Personagens caminham pelo mundo, entram em carros estacionados, viajam por toda a parte do mapa, até estacionarem novamente, e voltarem a caminhar, deixando o carro ali até seu retorno. É um nível de detalhe que você só percebe quando para e fica observando o mundo. Isso dá sentido e coesão.

Esse mundo, todo conectado, repleto de ações para o jogador explorar, coletar e treinar suas habilidades automobilísticas encanta e impressiona, mas acima de tudo, tem muito valor de jogabilidade. Jogadores irão passear pelo jogo por incontáveis horas. E não só isso, mas entrega uma experiência relaxante também. O jogo deixa de ser somente um jogo acelerado de disputa e competição, e passa também a entregar uma experiência mais calma, em que o jogador pode, após um dia estressante de trabalho, sentar na frente do videogame e sair dirigindo pelo mundo, apenas pelo prazer de explorar e andar sem rumo. Esse elemento, nenhum outro jogo da série pode entregar, tornado o título ainda mais único.

Em termos de gráficos e visual, a Direção de Arte de Mario Kart World é sutil, porém refinada. Alguns personagens passaram por um redesign, caso mais impactante foi o Donkey Kong, em um novo visual que também irá acompanhar seu jogo solo a ser lançado no próximo mês, mas é algo não que ficou limitado apenas a este personagem. Muitos outros personagens tiveram detalhes aqui e ai revisados, estão mais vivos, mais detalhados, mais animados. Algo que não se limitam apenas aos pilotos, mas também aos NPCs (pilotos e do mundo). Dá para notar, por exemplo, a pelagem no Pinguim, só para citar um exemplo.

Na parte do mundo e seu ambiente, o que dá para dizer é que o Nintendo Switch 2 pode processar melhor os elementos distantes, e em maior quantidade. Então as nuvens em um céu nublado possuem um nível de detalhamento que vai impressionar, os reflexos e a luz, seja do entardecer ou amanhecer vão se destacar, porque sim, o mundo é dinâmico e possui passagem do tempo, tornando o ciclo de dia e noite possível em qualquer lugar. Quando chove é possível ver a gotículas caindo por toda a parte. É esse o nível de detalhes gráficos que Mario Kart World vai se destacar.

Não é sobre um novo estilo gráfico. O jogo mantém o charmoso modelo de 3D colorido tradicional de muitos jogos de Super Mario, mas a dimensão de tudo é que impressiona. Pontes colossais, estádios imensos, cidades super movimentadas. É isso que o Nintendo Switch 2 pode entregar e que dá vida ao mundo do jogo. E nada de carros com baixa taxa de quadros ou texturas mal carregadas. Tudo roda carrega antes do jogo mostrar aos seus olhos e em uma constante taxa de quadros. E claro, em uma resolução que põe fim aquele 3D estourado que existiu no Nintendo Switch original.

Outro elemento que me despertou muito a atenção em Mario Kart World é como sua trilha sonora funciona, pois há um sistema inteligente e dinâmico que persistentemente fica trocando as faixas musicais, dentro de uma lista de mais de 200 músicas, sendo que muitas são novos arranjos musicais de clássicos do universo de Super Mario.

Não que as pistas não tenham faixas próprias, pois possuem sim, mas como o jogo tem uma jogabilidade fluída e contínua, as faixas nem sempre serão as mesmas, especialmente em modos persistentes, como o Eliminatória e o Modo Livre. Faixas mudam de acordo com a condição e situação do jogador. É muito impressionante, porque você passa por locações que já explorou, mas está quase sempre tocando algo diferente. Há diversidade de clássicos, novos arranjos e instrumentos tocando. É incrível como a trilha funciona nesse jogo.

Enfim, o que dá para dizer é que tudo que sempre funcionou nos jogos de Mario Kart estão presentes nesta nova edição, contudo, há novidades aos montes nesta versão, que expandem a fórmula de uma maneira que sequer era possível imaginar que pudesse acontecer. Maior liberdade, mais exploração, mais imersão, novos meios de competir e se divertir pela loucura das caóticas conquistas da série. E tão bom quanto o mundo aberto, estão nas pistas conectadas em diferentes direções, feitos com uma transição que soa natural e coesa.

O melhor de tudo é que Mario Kart World faz uma estreia imensa globalmente, justamente por estar sendo vendido em um bundle com o console. Isso torna a base online gigantesca, ainda mais agora que a Nintendo comunicou semana passada fantásticas vendas na casa dos 3,5 milhões de consoles só nos primeiros dias do lançamento do Nintendo Switch 2. Ainda que ela não tenha dito quantas dessas unidades foram são bundles.

De toda forma isso quer dizer que tem muita gente jogando Mario Kart World em suas modalidades online. As partidas são encontradas rapidamente e rodam muito bem. Nas muitas que joguei, não tive problemas com conexão ou lentidão. Tudo funcionou muito bem.

Não só isso, mas muitos jogadores continuarão na experiência online do título ao longo dos próximos meses. Principalmente se a Nintendo conseguir movimentar sua comunidade online, seja com campeonatos, seja com conteúdos e recompensas que possam expandir o jogo base. Porque potencial para isso há.

Quanto a pontos críticos, Mario Kart World talvez tenha um ou outro aspecto que vale uma cutucada. O próprio preço de U$79 não me parece muito justificado, mesmo com todo o conteúdo massivo do título abordado ao longo de toda esta análise. Acho que faz sentido os novos jogos no Nintendo Switch 2 seguirem a tendência mundial de U$69, mas adicionar mais 10 dólares nessa equação? Vai abrir muita margem para a indústria como um todo também seguir essa tendência e logo os jogos aumentarem ainda mais. Ou seja, não é somente sobre custar 10 dólares, mas o que isso irá representar num futuro.

O jogo por si só, não justifica tamanho aumento. Ao menos não enquanto a Nintendo não revelar os planos pós lançamento. Se vierem de forma gratuita, por conta desse valor, acho justo. Mas se expansões surgirem e tiverem conteúdo pago, aí será preciso repensar essa questão de novos valores dos jogos. Enfim, o tempo dirá, mas é uma pena que o preço, hoje, não esteja tão claro assim suas razões.

Mas também tenho mais um ponto crítico que despertou a minha atenção para quando parei de olhar a minha experiência single player no jogo e passei a olhar a experiência multiplayer, em especial a online. O Modo Livre não tem nenhuma opção de ativar algum aspecto online em que jogadores aleatórios possam jogar e explorar num mesmo mapa. Fossem jogadores reais ou fantasmas. O Modo Livre é possível ser jogado com alguns amigos (apenas online, sem suporte local), contudo com desconhecidos não existe nenhuma opção. Isso me soa uma oportunidade perdida. Tirando estes dois detalhes, não encontrei nenhum outro ponto que merecesse uma crítica ou observação de melhoria.

Tudo isso demonstra o quão grandioso é a abordagem e a proposta de Mario Kart World, entregando uma experiência de excelentíssima qualidade, para todos os gostos e tipo de jogadores. É um grande jogo para um grande lançamento de um novo console, o Nintendo Switch 2, porque atente públicos distintos. Dos competitivos, aos contemplativos, de que gostam de conteúdo single player, exploração e colecionáveis, aos que preferem modalidades multiplayer online para competir com jogadores do mundo todo. Atende a diferentes faixas etárias, da crianças ao adultos, enquanto encanta a todos com o maravilhoso universo que Super Mario tanto entrega a marca Nintendo. Sendo assim, Mario Kart World parece ser o melhor ponto de largada para o Nintendo Switch 2!

Galeria

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Dando nota

Expande a experiência e fórmula da série para um novo nível de qualidade - 10
Diversos veículos e vasto elenco jogável, com mais de 50 personagens e dezenas de roupas alternativas aos principais - 10
Modo Livre é uma experiência completamente nova, imersiva e dá um novo tom ao jogo - 10
Pistas que estão conectadas em um único mundo dá fluidez e continuidade as corridas - 10
Sólido sistema online, para corridas e batalhas, tudo rodando muito bem, em partidas de até 24 jogadores - 9.5
Modo eliminatória dá um senso de maratona peculiar as competições - 9.5
79 dólares ainda é um preço questionavel para uma nova fase de grandes exclusivos da Nintendo - 7.5

9.5

Fantástico

Mario Kart World é um grandioso título de lançamento do Nintendo Switch 2, que pegando sua clássica fórmula e expandindo a níveis até então não imaginados. Mantém a competição, mas adiciona novos elementos quando apresenta um modo de mundo aberto (livre) para explorar e sentir imersivo no mundo de Super Mario. Pistas interconectadas, modos inéditos, uma quantidade incrível de personagens jogáveis, redesign de certos personagens, trilha sonora dinâmico... os pontos de qualidade vão se empilhando e não param. Tudo é fantástico e tem espaço para aumentar ainda mais, caso a Nintendo queira lançar novas pistas e personagens. Obrigatório, e indispensável, a qualquer fã da série.

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