Análise | Call of Duty Black Ops 7
Disponível para PlayStation, Xbox & PC

Black Ops está de volta com Call of Duty Black Ops 7! E essa é um série da franquia Call of Duty que sempre se destacou por sua narrativa envolvente, complexa e cheia de reviravoltas, mergulhando em operações clandestinas, espionagem, e os cantos mais obscuros da Guerra Fria. Seis jogos depois, a essência continua, mas as apostas e seus riscos nunca estiveram tão perigosamente altos para a icônica franquia.
Estamos mais do que acostumados a todos os anos termos um novo Call of Duty para jogarmos. Desde a explosão de sucesso de de Modern Warfare, essa longeva franquia de FPS tem dominado a preferência dos jogadores e dominado listas de jogos mais vendidos ano após ano.
Vários jogos da franquia Call of Duty, ainda que tenham sido sucessos comerciais, foram recebidos com ressalvas pelo público, tais como Black Ops 4, Ghosts, Infinite Warfare, WWII, Vanguard, entre outros. Call of Duty cresceu muito ao longo dos anos, estabelecendo principalmente duas séries principais na franquia, a Modern Warfare e a Black Ops.

Porém, nos últimos anos, as críticas tem aumentado cada vez mais, em especial jogos de série que saem de maneira continuada, como foi o caso de Modern Warfare II e III, quando o esperado é as séries serem lançadas de maneira alternada. Esse ano, aconteceu de novo, e temos Black Ops 7 sendo lançado exatamente após o sexto jogo dessa série.
E isso acaba sendo um problemão, pois lançar séries de maneira alternada permite um respiro, um descanso da temática ao jogador. E se esse jogador não prefere determinada temática, sempre foi importante esse “intervalo”.
Ao contrário de Modern Warfare II, que foi muito bem recebido pelos jogadores, Black Ops 6 perdeu força entre entre eles, e ter uma sequência direta lançada em seguida foi um balde de água fria em quem não curtia tanto Black Ops 6 e esperava esse ano jogar uma temática diferente.
Se isso por si só já era um abacaxi a se descascar para a Treyarch, a recepção de Black Ops 7 acabou sendo muito pior do que em relação a Modern Warfare II/III. Por meio de um sólido multiplayer e muito resgate de nostalgia, Modern Warfare III terminou de maneira muito melhor do que começou.
Já o cenário para Black Ops 7 não é lá muito encorajador, pois o público parece pouco disposto a dar chance de ver se ao longo do ano o jogo se irá se redimir.
A Treyarch promete muito apoio ao jogo, com a inclusão da maior oferta de conteúdo já vista em um Call of Duty. Porém, tudo indica que não vai dar tempo de manter uma base de jogadores grande que vá aproveitar esse conteúdo como aconteceu com Modern Warfare III.
Depois de horas com o controle na mão, a impressão que fica é de um título que brilha intensamente em seus modos Multiplayer e Zombies, mas tropeça feio onde a série Black Ops costumava ser imbatível: a Campanha.
A campanha de Black Ops 7 tenta inovar ao adotar um formato totalmente cooperativo (para até quatro jogadores, podendo ser jogada solo sem bots) e uma ambientação que se afasta do realismo tradicional da Guerra Fria para flertar perigosamente com o sobrenatural, alucinações e terror psicológico. Infelizmente, essa ousadia custou caro, e muita gente odiou esse modo, rendendo muitos memes e críticas ostensivas pelas redes sociais.
Historinha pra boi dormir
Situada 10 anos após Black Ops II, a história mostra o retorno de David Mason para enfrentar o suposto retorno de Raul Menendez é rapidamente ofuscado por uma trama envolvendo um gás alucinógeno que leva os personagens a enfrentar seus medos internos, manifestados como monstros e criaturas bizarras. A identidade de Black Ops — espionagem e reviravoltas políticas — fica diluída.
A ideia de ter uma Campanha totalmente cooperativa é ousada e de certo modo interessante, mas a execução deixou a desejar. Não ter bots aliados significa que se você joga sozinho (como a maioria das pessoas), as missões se transformam em um pesadelo logístico. Para deixar claro, é possível jogar sozinho, mas tudo acontece em uma instância multiplayer, o que traz consigo todos os pontos negativos.
Por exemplo, o jogo não pode ser pausado. Um problema menor, você pode pensar, mas está ligado à minha próxima reclamação: ficar ocioso desconecta você do jogo. Isso é compreensível até certo ponto no modo multiplayer, mas ainda acontece mesmo jogando sozinho.
Você pode ver como esses dois problemas estão interligados e representam um problema. Um problema que é agravado pela falta de pontos de salvamento nas missões para um jogador, no sentido de que, se você se desconectar ou desligar o jogo, não poderá continuar de onde parou; você volta ao início da missão.
As missões ficam vazias. Não tem aquele feeling épico, cinematográfico, de filme de ação que só as Campanhas de Call of Duty são famosas por terem. Você sente falta dos seus bots te dando cobertura, te fazendo companhia pela história que já é estranha e bizarra por si só.

A justificativa para a Campanha ser tão bizarra é um gás alucinógeno que nosso herói tem que lidar. Isso permite que você veja uma mistureba de tanques de guerra com demônios, e chefes que parecem ter saído de um Silent Hill. A gente perde a conexão com o que está acontecendo no mundo real de Black Ops. Fica parecendo que a história serve só como uma desculpa para te dar um monte de sequências de ação caóticas.
Uma adição interessante à campanha é a introdução de chefes, algo inédito na série, pelo que me lembro. As missões terminam com algum tipo de encontro, às vezes um humano capaz de resistir a vários tiros de sniper na cabeça, às vezes uma monstruosidade alucinada, sempre tedioso, repetitivo e um desperdício de potencial. Mas é algo que futuramente pode se tornar algo bem legal nos futuros jogos.
O Fim é um bom começo
Endgame é a grande novidade aqui e funciona como um jogo de tiro PvE (jogador contra ambiente) com foco em extração. Novamente, você pode jogar sozinho ou em equipe com outros jogadores para completar objetivos e ganhar recompensas como subir de nível com os personagens e obter equipamentos melhores.
Esses objetivos incluem encontrar e eliminar inimigos poderosos, lutar em postos avançados ou destruir drones, tarefas que rendem recompensas como equipamentos melhores. Cada personagem que você controla possui um nível de combate e, a cada vez que você sobe de nível, pode escolher uma árvore de habilidades diferente ou aprimorá-la, como regeneração de vida mais rápida ou maior penetração de balas com certas armas, por exemplo.
Cada partida tem um cronômetro de 50 minutos em um extenso mapa de Avalon, dividido em quatro zonas com níveis de dificuldade crescentes. Você começa na base e precisa progredir para ficar forte o suficiente para enfrentar os novos objetivos em cada zona e conseguir extrair o inimigo dentro do limite de tempo.

Seu progresso é mantido após cada partida concluída, mas apenas se você conseguir extrair com sucesso. Se você morrer, perderá o progresso daquela sessão, porém ainda receberá XP e XP de arma.
Isso dá aquela sensação de quanto você arriscaria para obter melhores recompensas e completar mais objetivos? Você começa com uma auto-ressuscitação, mas depois disso, a menos que encontre outra pessoa que possa te reviver ou que seu esquadrão não consiga te reviver, acabou.
Balas pra todo lado pelas ondas da web
Agora, o multiplayer, meu amigo… este é o Black Ops que a gente conhece. A Treyarch é a rainha do gunplay ágil e, aqui, eles entregaram com louvor.
Continuamos a ter como foco do combate o Omnimovement, mais evoluído e refinado. O wall jump e o slide estão mais responsivos. Sabe quando você sente que o boneco está na sua mão? É essa a sensação. Você consegue manobrar muito melhor, o que é essencial para o ritmo frenético de Black Ops 7. Mas, para aqueles que não gostam dessas mecânicas, sinto muito, vão ter que engolir isso esse ano de novo.
O modo multijogador é exatamente o que você espera de Call of Duty : rápido e frenético, oferecendo a possibilidade de criar momentos individuais inesquecíveis com alguns ajustes.

Todos os modos que você já conhece, como Mata-mata em Equipe, Ponto de Controle, Dominação, Baixa Confirmada e muitos outros, estão de volta em novos mapas e em mapas antigos brilhantemente remasterizados.
Um dos maiores alívios foi o ajuste no SBMM (Skill-Based Matchmaking). Não vou dizer que sumiu, porque a Activision nunca faria isso, mas nos lobbies casuais ele está suave. Você consegue relaxar, testar umas armas malucas, e não tem a sensação de que está jogando o campeonato mundial em todas as partidas.
E eles trouxeram de volta a filosofia de mapas de três caminhos (trilinhares) que a Treyarch domina. Mapas como “Nuketown 2025” (reimaginada) e “Firing Range” (com novas rotas verticais) são ótimos. Os novos, como “Subway” (com trens passando e rotas subterrâneas), são instantaneamente memoráveis. A diversidade está ótima, com 18 mapas no lançamento (16 para 6v6, 2 para 20v20).
Espere aí, 20v20? Uma novidade para o modo multijogador é o Skirmish 20v20, onde duas equipes se enfrentam em mapas maiores para completar objetivos como controlar áreas ou invadir sistemas. Neste modo, você não reaparece instantaneamente; há um cronômetro de oito segundos, o que torna suas ações e sua abordagem cruciais.
Gostei de experimentar essa mistura de combate corpo a corpo ao defender objetivos em prédios ou áreas menores, mas você precisa atravessar áreas abertas para chegar até eles, o que o torna vulnerável a franco-atiradores ou rifles de precisão, que dá uma certa tensão e adrenalina muito bem sugestionada.
Se você gostou do multiplayer de Black Ops 6, vai acabar gostando do multiplayer desse ano. Mas se torce o nariz para esses combates frenéticos, o jeito é esperar o próximo Modern Warfare que sai ano que vem.
Horror em alta
Se você é fã de Zombies desde a época do mapa Kino der Toten, pode respirar aliviado. A Treyarch voltou ao formato Round-Based (Baseado em Rodadas), que é o que a gente ama.
Assim como no modo multijogador, o modo zumbis é exatamente o que você espera de um moderno jogo Black Ops: rápido, frenético, assustador e divertido. Você aprimora armas, equipamentos e consome gominhos para obter melhorias de atributos, ficando mais forte e lutando contra ondas de inimigos cada vez mais difíceis e enfrentando adversários ainda mais cruéis.

O novo mapa de lançamento, “The Aetherium“, é um show de horror gótico. É escuro, opressivo e cheio de segredos. Eles fizeram um trabalho incrível na ambientação, usando a iluminação para criar tensão (você não sabe o que está atrás daquele canto).
A dificuldade está bem calibrada. No início, você se sente poderoso. Na Rodada 15, você está desesperado. Os novos mini-chefes e o sistema de “Anomalias” que mudam as regras do mapa de tempos em tempos mantêm a experiência fresca. A história está mais complexa, mergulhando no Éter Negro e trazendo de volta o elenco clássico de personagens, o que já agrada quem acompanha a trama.
E claro, temos muitos easter eggs. Eles são gigantescos. O primeiro grande easter egg exige uma coordenação de quatro jogadores e quebra-cabeças complexos, mas a recompensa narrativa vale a pena. A lore desse modo de jogo está mais rica do que nunca.
E para a dose de caos, o Dead Ops Arcade voltou, e você pode jogar em primeira pessoa pela primeira vez. Foi uma experiência divertida e única jogar esse modo dessa forma, e é algo que me fará voltar a jogar zumbis no futuro. Há um novo modo Amaldiçoado que introduz elementos e desafios clássicos de zumbis, o que é emocionante para os veteranos do gênero
Se a Campanha é um desastre, o modo Zombies faz a lição de casa com excelência. É o resgate do modo clássico com o polimento da nova geração.
No fim, o bom é quase nada muda
Compre Black Ops 7 se você é daqueles que adoram um jogo online e cooperativo. É um jogo que te dará centenas de horas de diversão de alto nível. Mas finja que a Campanha é um tutorial opcional de tiro, jogue apenas pela curiosidade, e tente não se irritar muito muito, entendendo que esse ano não deu bom pra esse modo. Ah, e o jogo está lá disponível no Game Pass, claro.
Call of Duty Black Ops 7 é um lançamento competente da franquia Call of Duty , mas parece ter sido lançado muito cedo após Black Ops 6 , e por isso peca em alguns pontos. Mesmo assim, gostamos do conteúdo multiplayer já consagrado, adoramos jogar em equipe no modo Zumbis e, para ser sincero, apreciamos bastante o conceito do modo campanha com foco no multiplayer, tem potencial. E tem o Warzone, claro!
Acredito que este jogo deveria ter ficado mais tempo em desenvolvimento para atingir o mesmo nível de qualidade geral de Black Ops 6. Ainda assim, considerando os lançamentos anuais de jogos, este não é nada ruim e se você gosta da franquia como eu, temos aí pela frente um ano todo de tiro, porrada e bomba pela frente.
Galeria
Dando nota
Para quem só joga Campanha: Espere. Sério. A história não vale o preço cheio, é confusa e frustrante de jogar sozinho. - 6
Para quem é Fã de Multiplayer e Zombies: Compre sem medo. Você vai passar meses viciado no gunplay e no grind por camuflagens. - 8.5
Dead Ops Arcade 4 - 9
Faltou tempo de desenvimento - 7
Salas de espera abertas com SBMM mínimo. - 9
História sem sentido e apressada - 5
Endgame é surpreendentemente envolvente - 9
Falta-lhe sequências de ação espetaculares. - 6
Alguns momentos visualmente interessantes da campanha - 8
7.5
Só pra Galera
Call of Duty Black Ops 7 tenta contar sua história de forma diferente e surpreendente, mas se não atinge esse objetivo, os demais modos online suprem os anseios de seus fãs.


