Lego City Undercover | Chase McCain caçando bandidos em novos consoles! (Impressões)

Estou nestas últimas semanas jogando e testando Lego City Undercover, mais precisamente a sua nova versão lançada para Xbox One, PlayStation 4 e PC no início de abril. E “nova” porque este é um título que até então era exclusivo para Nintendo Wii U, tendo sido lançado originalmente em 2013. Dá para imaginar que trata-se de um game com quatro anos de vida?

Pensando em sua longevidade é até difícil de acreditar que o game se sustente tão bem até os dias de hoje, especialmente se for analisá-lo com os games do universo Lego lançados posteriormente em diversas plataformas. Entretanto Lego City Undercover surpreendentemente possui elementos únicos que justificam tal port e a chegada à plataformas atuais.

Só que é preciso ter esse conhecimento; de que trata-se de um port de um game desenvolvido há um tempo razoável, em uma plataforma diferente e em um mercado em que os jogos evoluem e melhoram muito rapidamente. O maior exemplo dessa sensação para o público brasileiro mais especificamente talvez seja o fato de que  Lego City Undercover não se encontra dublado em português, como os atuais jogos da franquia andaram chegando em nosso mercado. Aqui só temos legendas em nosso idioma, que certamente é muito melhor do que se não houvesse tal opção.

O problema de ter apenas legenda não chega a ser exatamente um problema a um público mais adulto, que sabe lidar com textos. Somente acaba sendo ruim para os pequenos, as crianças que ainda não possuem a prática de ler legendas e que amam estes games do mundo de Lego. Meu filho com 4 anos adora jogos como Lego Jurassic World, Lego Vingadores e Lego Worlds, todos devidamente dublados, então ele estranhou bastante iniciar Undercover e não entender exatamente o que o game queria que ele fizesse.

Não é uma barreira impenetrável, claro. Afinal quem tem 30 anos hoje em dia e joga videogame cresceu em um Brasil na qual os games só chegavam por aqui em inglês, o que nunca nos impediu de jogá-los. Então, com games não tem disso. Sempre damos um jeitinho para nos divertidos, porque querendo ou não eles tem uma certa linguagem universal.

Feita essa ressalva, que é um pouco importante, sigo adiante em outros pontos do título.

McCain, Chase McCain!

É bem interessante que este seja um raro caso de um game da série Lego que não é baseada em um filme ou licença de personagens de quadrinhos, como Marvel ou DC Comics. Tudo aqui é 100% original, desde o ambiente, a história e seus personagens.

Isso dá um certo respiro de novidade que não é muito comum de se ver nos games de Lego. Talvez só não seja tão mais incrível porque recentemente joguei Lego Worlds que também possui essa mesma novidade, porém com personagens mais genéricos. A vantagem é que Undercover trabalha sua trama e seu protagonista em um nível bem aprimorado.

Chase McCain é um personagem que transborda simpatia. O tom de humor de todo o game garante isso ao personagem. A aventura de Undercover é uma típica aventura policial. McCain é um policial famoso, que prendeu um perigoso bandido no passado, se afastou de sua profissão, se envolveu amorosamente com uma mulher que acabou entrando para o Programa de Proteção à Testemunha e por isso nunca mais a viu.

O game começa com estas premissas, com essa impressão de que o jogo é a sequência de algo. Não é. Ou quase isso. O problema é que Lego City Undercover foi lançado para o Wii U junto com uma versão portátil para o Nintendo 3DS, que recebeu o mesmo nome, mas com o subtítulo The Chase Begins, cuja a proposta é justamente servir como um prequel para a versão de console.

Claro que a versão de console funciona sem background do game portátil, porém é impossível não ter curiosidade a respeito do começo da carreira de McCain, especialmente depois de conhece-lo nesse game. Só que a versão de 3DS não tem lá boas críticas, o que significa que nem vale visitar ela nos dias de hoje. Seria interessante se a TT Games, desenvolvedora dos games Lego, pudesse reinventar The Chase Begins para uma versão real de consoles, o que certamente os fãs acabariam apreciando.

Enfim, Chase McCain está de volta à Lego City, sem que o game explique devidamente porque ele saiu da cidade em primeiro lugar. Mas ele voltou, e por coincidência (talvez não), o bandido que ele havia prendido no passado escapou da prisão. Rex Fury está tocando o terror em Lego City, que sofre de uma grande onda de criminalidade. Cabe a Chase então recapturar Rex Fury, enquanto tenta se readaptar sua cidade e se resolver com Natalia, seu interesse romântico que também está fugindo das garras de Fury.

A trama de Lego City Undercover é contagiante. É muito fácil se envolver com os personagens, suas histórias e de todo o charme que toda a cidade passa. Tudo isso talvez seja mérito de um roteiro original, ao invés de uma paródia de contos que todos já conhecemos. O bom humor dos games Lego está bem afiado aqui.

Trata-se de uma história policial, com todos os bons clichês do gênero. Tem o delegado mandão, o parceiro meio burrinho, a ajudante com bugigangas tecnológicas, e os bandidos mais incomuns que se pode esperar. Não tem como não se envolver na trama, especialmente com tantos diálogos bem humorados.

Do Nintendo Wii U para a próxima geração de consoles

Lego City Undercover está sendo relançado com alguns pontos bem favoráveis em relação a sua versão de 2013. Primeiro, e talvez a mais interessante, é o suporte multiplayer cooperativo para dois jogadores. Pois é, a versão do Wii U é um game apenas single player, o que é bem bizarro pensando em todos os demais games da franquia lançados nas demais plataformas.

Agora toda a campanha do game pode ser compartilhada com um segundo jogador, que tem controle de um clone do Chase, com uma skin de cores diferente para não ficar muito confuso. Esse segundo player não aparece nas cutscenes, é claro, mas isso em nenhum momento tira a imersão do game.

Além disso o título teve que fazer algumas reformas em seus controles e habilidades especiais para rodar nos atuais consoles. No Wii U parte das mecânicas, como ouvir conversas, procurar itens escondidos usando uma espécie de Raio-X é realizado utilizando a segunda tela do console, o Gamepad do Wii U. Agora tudo está funcionando na tela principal do game, com os controles analógicos.

No quesito dos gráficos, Lego City Undercover não lembra um jogo de quatro anos atrás. Possui gráficos dos games atuais Lego, sem grandes mudanças. Não é tão bonito quanto um Lego Star Wars – O Despertar da Força, porém não fica parecendo um game de geração passada.

Também me parece que houve uma significativa melhora nos loadings do game. Li algumas críticas da época do lançamento do game no Nintendo Wii U e muita gente reclamou disso. E é algo que se não tivesse ido atrás sequer perceberia que isso foi um problema no passado. Aqui na nova geração o game roda bem, sem grandes problemas com carregamento.

Ainda há loadings, mas eles são bem amigáveis e dentro do que se espera dos games da franquia. E são bem pontuais, quando se faz necessário sair de um ambiente para o outro, como aqueles nas quais o jogador sai do mundo aberto para uma área específica de uma missão principal da campanha.

Existe apenas alguns detalhes bem específicos que me incomodaram um pouco, como navegar pelo mapa do game com a tela preenchida por ele, marcar pontos e entender suas legendas. Ou, o que acredito ter sido algumas das limitação do Wii U na época, que exigiu que o game criasse uma espécie de cabine de skins de personagens, deixando aquela roda de seleção de personagens que existe em todo game Lego bem limitada aqui, para alguns personagens com habilidades que se fazem necessária para o game funcionar.

Os próprios controles não são tão gostosos como os de títulos mais recentes, como o já mencionado Lego Worlds. Os veículos são bem mais pesados e lentos do que eu gostaria que fossem, sem mencionar que há alguns que tem controles mais duros, tornando a tarefa de mantê-los na pista maior do que gostaria.

São detalhes que não estragam a experiência geral do título, mas certamente entregam a sua idade e a plataforma na qual foi desenvolvido. De toda forma, esta parece ser uma versão bem mais parruda do que a que foi lançada originalmente para Wii U.

Um mundo aberto de Lego!

Um dos pontos mais legais em Lego City Undercover em relação aos demais games atuais Lego diz respeito a libertade do jogador de se mover em um mundo aberto criado especialmente para isso. É um pouco diferente, por exemplo, de Lego Worlds, onde tudo é ao acaso e gerado de forma procedural.

Lego City é um ambiente planejado. Há dezenas de áreas próprias, com toneladas de segredos e colecionáveis para serem encontrados. É fácil fugir das missões principais do game só para ficar explorando a cidade em si. E é muito maior do que qualquer cidade criada em Lego Worlds.

Lego City representa diversas cidades famosas dos Estados Unidos, como Nova York, Los Angeles, San Francisco entre outras. Não é uma réplica exata de nenhuma delas, mas oferece uma versão própria das atrações de cada uma destas cidades e pontos famosos dos Estados Unidos.

A princípio Lego City como cidade parece menor do que outros games de mundo aberto, entretanto ela tem muito a oferecer, e apesar do jogador passar por várias vezes pelos mesmos lugares, há sempre algo novo ou algum ponto novo para se conhecer. Não dá para cansar demais de andar ou dirigir pela cidade. E mesmo assim o game oferece alguns recursos de viajem rápida, para aqueles que só estão ali pela história e não querem a enrolação que esse gênero tende a oferecer de alguma forma que seja divertido.

Claro que a campanha do game não acontece apenas nesse ambiente aberto. Existem momentos nas missões principais em que realmente acontecem na cidade, porém é comum terem segmentos de fases próprias, na qual o jogador entra em uma fase interna (um esgoto ou um banco) e lá dentro não faz mais parte do mundo aberto do jogo, mas é uma área acessível apenas dentro das missões do game.

Digo que funciona e dá ritmo ao game. E dentro destes parâmetros existem todos aqueles outros famosos e já conhecido da série Lego Games. Há objetivos e locais na qual o jogador só pode interagir se estiver com um personagem próprio que possua uma habilidade específica e muitas missões não são concluídas 100% porque devem liberar o modo livre, na qual o jogador pode utilizar todos os personagens e habilidades únicas de cada um.

Falando em habilidades, Chase McCain vai ganhando algumas ao longo da campanha, conforme disfarces especiais vão sendo habilitados, como de ladrão que pode usar um pé de cabra, ou um minerador que pode usar explosivos ou um astronauta que usa foguetes, e assim por diante.

Nesse sentido Lego City Undercover está sempre criando uma novidade ao jogador, sempre recompensando-o por continuar avançando no game, o que funciona muito bem como um incentivo para seguir em frente e não ficar apenas parado na parte do mundo aberto. Até porque há muito que só pode ser explorado após destravar todas as habilidades, incluindo desafios e challenges no mundo do game.

No geral a ideia de um mundo aberto (mas não procedural como Lego Worlds) é muito interessante. Dá uma revigorada interessante nos games da série, por justamente trazer essa sensação de algo original, sem personagens, tramas ou cenários que todo mundo já sabe como são. O maior mérito de Lego City Undercover é justamente a sua originalidade em detrimento aos outros títulos Lego que funcionam como uma reimaginação de algo que todos já conhecem.

Considerações finais

Claro que no geral Lego City Undercover não é uma ruptura completa dos demais games de aventura Lego. A fórmula não é tão diferente assim. O jogador precisa avançar na história resolvendo puzzles, desafios de plataforma e destruindo construções e objetos legos, enquanto coleta toneladas de colecionáveis.

Porém ele reinventa muito bem em suas bases estruturais. Tira uma pouco da linearidade que se espera nessa franquia, enquanto ousa bastante ao criar personagens próprios, que acertam cheio no carisma, um mundo na qual o jogador se sente instigado a explorar e coletar tudo que estiver ao seu alcance.

É um título razoavelmente grande. São ao todo 15 missões principais, na qual boa parte delas pode levar de 30 minutos a 1 hora, porém acrescente mais algumas horas nessa conta sabendo que você também passará horas explorando toda Lego City e seus diversos segredos, distritos e ambientes.

A adição do modo cooperativo também é uma excelente iniciativa, já que este foi um dos grandes pontos negativos do game no Nintendo Wii U.

Só acredito que a decisão de relançar o game lá fora custando 60 dólares foi um pouco mais do que o título precisaria custar. Especialmente após terem lançado Lego Worlds, que é incrível (mesmo que seja uma pegada um pouco mais diferente), por um preço mais camarada. Isso acabou fazendo com que Lego City Undercover chegasse ao Brasil custando 199 reais, o que sempre acho um preço meio salgado para a série Lego. Poderia ter sido lançado globalmente custando um pouco menos, especialmente por se tratar de um port aprimorado de um game lançado já há quatro anos. (Sem mencionar a ausência da dublagem nacional).

Ao fim, Lego City Undercover é um ótimo título, com seus defeitos inerentes ao seu projeto original e limitações da época, mas que funciona muito bem dentro do conjunto da obra, além de dar aquele gostinho do que seria se a TT Games pudesse fazer se resolvesse desenvolver um Lego City Undercover 2 para esta geração. Chase McCain certamente merece novas histórias e novas aventuras!

Boas mudanças na estrutura nos games de Lego
Adição do modo cooperativo para 2 jogadores
Ausência de dublagem (está apenas legendado)
Port que aprimorada alguns problemas do original
Boa trama, personagens carismáticos
Preço deveria ser mais convidativo por ser um port
Ótima progressão das mecãnicas (jogabilidade) na campanha

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