Marvel Collection | Capitão América – A Escolha

Mesmo que sempre tenha sido um fã da Marvel desde sempre, alguns personagens da Casa das Idéias não faziam o meu tipo. E admito, o Capitão América sempre foi eixado de lado por mim.

Assim como muitos, eu não ia com a cara do Cap em virtude daquela cisma do personagem ser um símbolo americano, defender o lendário american way of life, e coisas assim. Também nunca gostei do uniforme dele, com aquelas botas de bucaneiro. Deve ser porque odeio coisas de pirata também. Aquelas asinhas no lugar da orelha me davam nos nervos. Não, eu não gostava do Capitão.

Até que um dia peguei nas mãos a edição comemorativa dos 50 anos do personagem, e achei mais ou menos,passei a prestar atenção no personagem. Descobri que a identidade civil do herói trabalhava disfarçado como desenhista. Isso me empolgou mais, pois eu também sou desenhista. Ainda assim, não chegava a comprar revistas dele, apenas pegava algumas emprestada de vez em nunca.

Foi a partir da hora que Mark Waid e Ron Garney assumiram a revista do Cap que eu passei a ler suas histórias com mais frequência. O arco da dupla entitulado Operação renascimento me fez mudar a visão que eu tinha sobre o personagem. O Capitão América não é só um cara vestido com as cores da bandeira americana. Ele não defende só os Estados Unidos. Não é um soldado americano. É um supersoldado, universal. E se você acha que o tradicional Capitão é muito patriota, saiba que a versão Ultimate dele é muito, muito mais patriota, e que apesar disso, isso também o tornou muito interessante, e inclusive parece que o novo filme do Capitão vai tomar muitos elementos da versão Ultimate, a começar pelo visual. Mas patriota extremista ou não, o Capitão é acima de tudo, o sentinela da liberdade.

É disso que se trata Capitão América: A Escolha.

Segunda edição da série de histórias em quadrinhos encardenadas da coleção Marvel collection, a história se baseia no fato de que o Capitão América está morrendo. Ao que tudo indica, devido ao soro do supersoldado! Sim, o mesmo soro que transformou o fracote steve Rogers em um humano em seu ápice, envenena seu corpo, debilitando-a a cada minuto que passa. Steve Rogers sabe que o Capitão América está chegando ao fim. Porém, ele quer deixar mais que um legado, quer manter vivos os ideais pelos quais lutou durante a maior parte de sua vida. Ele precisa que alguém continue sua trajetória de busca pela lberdade.

Utilizando técnicas de visão remota, Rogers entra na mente do soldado James Newman, que está servindo no Afeganistão. James passa a enxergar o Capitão lutando ao seu lado em suas árduas batalhas. O Capitão revela que está em seus últimos dias e que escolheu Newman como seu sucessor, mas o soldado não crê que isso possa acontecer, pois é um soldado comum, sem nenhuma habilidade ampliada pelo soro do supersoldado.

A essa altura da história, a figura do soldado Newman causa muita empatia em nós. Eu pude me imaginar no lugar dele. O que eu faria se o Capitão América me pedisse para levar adiante seu legado, sua busca por um mundo melhor para todos? Newman se questiona, assim como eu me questionei. Quão garnde é minha física, minha força de vontade, minha força de vida? O Capitão consome suas últimas energias tentado me fazer acreditar que posso fazer tudo o que ele fez, e ainda mais.

Assim como Newman, sou convencido que eu posso lutar por meus ideais, pelos meus amigos, minha família, por todos. Steve Rogers não é o Capitão América somente por ter tomado o soro do supersoldado, e sim pela soma de qualidades como altruísmo, compaixão, perseverança. Qualidades que estão presentes em todos os seres humanos, ainda que alguns teimam em esconder.

Ao final da história, é emocionante perceber que a vontade do Cap não é apenas ter um sucessor, e sim sucessores. Ele busca tocar a mente de todos, sensibilizar o mundo de que é possível buscar a paz. Rogers busca em verdade despertar o Capitão América em cada um de nós, e revelar que podemos encontrar essa poderosa força se a quisermos. Se for essa a nossa escolha, assim como um dia ele mesmo a escolheu.

A Escolha possui roteiros de David Morrel, romancista que escreveu First Blood, o livro que deu origem a saga de Rambo. Morrel traz um texto que cativa o leitor, de maneira objetiva, mesm que apresente muitas metáforas. A arte de Mitch Breitwiser é coisa de outro mundo, cinematográfica, detalhada, cinética. Se você torce o nariz para o Capitão América, A Escolha é uma oportunidade de se redimir. Conta em breves passagens momentos da origem do Capitão, então também agrada aqueles que não conhecem muito bem o personagem. Uma edição recomendadíssima pelo MdQ!

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