Once Upon a Time: Era uma vez… Foi! – PdS

Um reino de finais felizes que caiu sobre a maldição da Evil Queen.

Era uma vez a Branca de Neve. Era uma vez um príncipe. Era uma vez sete anões. Costumava ter sido no sentido literal. A dor é que crescemos e para alguns, era uma vez a felicidade, a ingenuidade e a inocência da infância. A maldição da Evil Queen pode ser real nos últimos caractéres da conta (quero dizer “conto”).

(Não estou delirando embora alucine sistematicamente – não, nada de dorgas.)

Tenho assistido essa nova séries da ABC (cogumelos mágicos inclusos) com regularidade. Comecei quase morto de curiosidade – só fiquei vivo porque queria conferir do que se tratava de fato. E vamos lá, muita coisa deu certo logo na primeira impressão. Outras estão levando mais tempo em Storybrooke (StoryBook para os mais atentos).

(Nascemos lá nos contos. E chegamos aqui, nesse mundo. Essa é a mágica da série.)

Passou o tempo, os episódios amadureceram o pilot e a maldição está bem mais empolgante. Enfim, lembra de Lost? Pois é, essa série foi concebida por roteiristas que trabalhavam com Lost, Adam Horowitz e Edward Kitsis – os nomes não interessam muito agora. Nem cogito negar que esses roteiristas sabem contar uma história. Só que aparentemente se cansaram de histórias únicas e resolveram contar várias de uma só vez (gostam disso). E o resultado?

(Sim, há referências a Lost! Dê a sua resposta à pergunta acima nos comentários)

Aviso: o trailer contém spoilers do 1º episódio apesar de servir à divulgação antes da estreia da série.

Já assistiu Once Upon a Time? Tudo que precisa saber é que estão todos infelizes, cegos e congelados em lugar nenhum. Os reis, as princesas, os príncipes, os grilos, os meninos de verdade e os descendentes da imaginação de gerações. Curioso para encarar a série? Então vai lá assistir e depois volta para batermos um papo! [Spoiler Alert]

Leia o que planejam contar em Once Upon a Time. Segundo as palavras dos produtores!

Era uma vez uma floresta encantada onde habitavam todos os clássicos personagens que conhecemos. Ou que pensávamos conhecer. Um dia perceberam estar presos num lugar onde todos os seus finais felizes haviam sido roubados.

O nosso mundo.

Foi assim que aconteceu…

(Isso promete.)

Pensando na hipótese de viver sobre essa maldição. De certo decobriria que alguns games representam atividades que fazia no mundo dos finais felizes. Nesse outro mundo, teria todas edições de colecionador (HQ’s e filmes). As ruas seriam limpas, estaria criando um Zelda para a Nintendo. Os leitores estariam comentando abaixo com entusiasmo.

Não haveria pobreza ou desigualdade. Faria frio quase o ano todo. Não teria que enfrentar burocracia. O preço dos games seria muito baixo no Brasil, o Wii teria gráficos HD. Teria terminado Engenharia de Computação. A Dakini publicaria os seus wallpapers até a eternidade. O Portallos teria acabado para dar lugar a um recomeço com o Portallos EXP… Espera, vai ver estou me livrando da maldição! O.o

Era uma vez… uma Maldição Maligna!

Esqueça a felicidade. Ela não existe.

Começamos no Reino dos Contos de Fada. Era uma vez este tal reino que já não existe. Imagina que estamos presos nessa realidade mágica distorcida e quebrada, cheia de bugs – uma Branca de Neve professora e solteira, um Jiminy the Cricket psicólogo, um Príncipe encantado em coma e uma Cinderella sem o seu sapato de cristal. Adiciona à imaginação o pequeno toque de que na saída de Storybrook, os personagens não cabem. Um erro de design proposital.

Não é mais possível alcançar finais felizes, tudo de bom que nos é dado vem com o único objetivo de nos ser igualmente tirado. À força. Para mim isso está bem próximo da descrição da vida como uma concepção perfeita no pensamento que sai incompleta e se reproduz por falhas – e certamente por isso nos apaixonamos desde crianças pelos clássicos da Disney, pela visão romântica das coisas.

(Que descobrimos serem doces e ilusórias quando crescemos.)

Faremos da seguinte forma daqui para frente. Pegamos nos contos clássicos da nossa infância e os fazemos crescer conosco. Deixa a nossa realidade interpenetrar os finais felizes, diviniza as frustrações da vida, as decepções mais profundas e o cansaço, sobretudo isso – exaustão. E descrença. Essa é a maldição e o ponto de partida para Once Upon a Time. Os personagens clássicos são enfiados numa cidade igual a nossa, onde o tempo não passa, onde as suas lembranças e identidades são inventadas. Uma mentira onde apenas a Evil Queen pode ter tudo – duvido muito que tenha tido felicidade, by the way.

(Exausto estou eu. Dormi mal hoje… Culpa da Maldição!)

(A Evil Queen não sofreu ataque cardíaco, nem teve que dançar até morrer!)

A Evil Queen invade o casamento da Branca de Neve e do Príncipe Encantado. Promete vingança, você sabe, o habitual presentes dessas ocasiões festivas. Começo bem simples mas que nos amarra e cumpre com o objetivo principal. O primeiro episódio segue por 40 minutos mostrando duas realidades: uma moderna parecida com a que vivenciamos e outra mágica, repleta de referências às histórias que ouvimos e cultivamos quando crianças e algumas até hoje. Descobrimos como elas se entrelaçam e a semente está lançada para que se erga qualquer coisa sob o sucesso do sol.

(Que metáfora esquisita que escolhi… Hoje nem está fazendo sol! Chuvendo)

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Como Tudo Funciona: Os Acordos de Rumpelstiltskin

Dê a sua palavra, compre o seu sonho. Combinado?

Assim como em Lost, a série se dedica ao reconhecimento de um passado pessoal que os personagens esqueceram – amnésia causada pela autora da Maçã Envenenada. Então, somos guiados por memórias paralelas à Storybrook, sempre para descobrir quem foi o mais esperto de todos – não a Evil Queen mas Rumpelstiltskin (que nome complicado!).

Ele é um completo insano, ambicioso e cruel personagem. Um viciado em acordos e magia, um aproveitador dos finais felizes. O segredo da série é mostrar de modo mais lógico como tudo dá certo para os protagonistas – Rumpelstiltskin providencia a felicidade cobrando um preço. A cobrança confere às narrativas uma nova perspectiva, uma visão refrescante e libertadora que escraviza a nossa atenção. É sério. Não largamos a série por nada. Ele cobra pelos finais felizes – o que é foda e perfeito. Acumula favores e vive o sonho no novo mundo construído pela Evil Queen – Mr. Gold domina com estilo a pequena cidade.

(A lição disso é que finais felizes só existem por um preço?)

(Quanto você quer Rumpelstiltskin? Aceita parcelar?)

Entretanto, vamos aos efeitos especiais. Esse detalhe desempanha um grande impacto na série. A ABC não poupa muitos esforços para transformar tudo na cópia mais incrível do mundo da fantasia. Porém, os espaços ainda carregam um resquício de artificialidade. O Castelo, o bosque, as cerimônias, os dragões, a nostalgia das narrativas e as surpresas por trás do passado daqueles que foram antes de serem felizes para sempre… Era uma vez os felizes para sempre.

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Inesquecível: O Sapato de Cristal…

Ninguém esquece isso! Reformulação?

Once Upon a Time tem muito mais a oferecer e a diversidade de meios e evoluções deixa cada episódio limitado. E isso é excelente! Eles conseguem se focar melhor na narrativa dos personagens antes da maldição. A filha da Branca de Neve que tem a missão de salvar os finais felizes soa forçada no início. Diria que a atriz demorou para encontrar uma boa maneira de interpretar o seu papel – não é fácil fazer parecer real uma ficção baseada em outras tantas ficções. Ainda não consigo de qualquer forma levá-la a sério como protagonista. Anyway…

Once Upon a Time nos guia por uma rota anterior aos contos de fadas como os conhecemos. Selecionei alguns momentos que se destacaram mais pela qualidade. Primeiro, todo o pilot da série. Depois as histórias de Jiminy the Cricket, da Cinderella, da Branca de Neve e do Príncipe Encantado. É tudo muito genial!

(Não foi por acaso que que escolhi meu lema no EXP como “Always Let Your Conscience Be Your Guide.”)

Nunca pensei que o Príncipe fosse um irmão gêmeo do legítimo que fora comprado para o Rei num acordo com Rumpelstiltskin! Que loucura. Muito bom nos traços gerais. Sabe o que mais é notável? Trabalharem com uma Branca de Neve pouco sensível, mais autônoma e hábil. Uma ladra que negocia na ponte com ladrões monstruosos? Rá (como diria o Thiago)! O Sapato de Cristal… por um filho – primogênito! Cinderella, nunca se assina antes de ler!

Diante de tudo isso, Jiminy the Cricket é o meu personagem preferido. Não posso evitar, sempre curti o personagem, desde criança. Qual é o seu personagem preferido? Eu sei que essa pergunta é uma daquelas que a resposta é muito forçada.

(Ei, pode responder a pergunta nos comentários. Aceita o desafio?)

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Anotação Reflexiva

Estamos acostumados com vilões. É mentira que a história se repete, que os vilões são todos iguais -eles apenas partilham uma motivação comum. Eis que outro dia fiquei pensando sobre a estrutura mental de uma Evil Queen. E aproveitando todo o pilot da série, misturei com os Velhos Contos e fui reconstituindo o lado humano dos cruéis e sem piedade – Once Upon a Time ousa se aprofundar nessa questão quase acidentalmente. Foi o que reparei.

Explicar a história dos enforcados nos leva a entender o carrasco? Nem sempre, reza os documentos que alguns executavam pessoas cegamente. Esperemos que este não seja o caso para prevermos um futuro mais interessante e abrangente para a série. O futuro é algo muito importante.

(A pergunta ali em cima é para você. Responde nos comentários?)

Esses vilões não sentem amor, apego ou qualquer outra emoção que possa os fazer felizes porque aprendem como ser feliz dói. E muito. Estou comentando isso fora da ficção, no aqui e agora. Aí onde você está sentado. São discussões, brigas, entraves, complicações, burocracia exagerada, injustiças, todas essas chatices. Nada sai como planejado. As coisas acontecem nas nossos horas erradas. Precisamos correr atrás – uma verdadeira Olimpíadas. No extremo da pista, morremos.

Os vilões não enxergam a  felicidade do momento, nem aceitam qualquer bom momento que não seja no mínimo 100% sem falhas. Para se protegerem, negam a felicidade para não sentirem a dor e o sacrifício. Sacrificam a felicidade alheia. Querem viver sem sentir nada porque no fim das contas o que mais incomoda são as oscilações constantes – as mudanças de humor, de contexto e de opinião. A insegurança. A Evil Queen quer a felicidade absoluta, a dela, a do outro, a do mundo. Pelo sofrimento, ela tenta encontrar isso sem abraçar o melhor – é como tomar café com leite sem açucar, fica amargo. É um tormento contínuo, uma insatisfação por inteiro. O lado humano que Once Upon a Time pode vir a expôr e explorar. Deveria.

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Acho incrível e foda ousarem retomar histórias que são contadas durante gerações e mexer nelas, fazer uma bagunça, misturar nossa realidade como se ela fosse uma maldição e criticar a sociedade e o universo. Temos a coragem de criticar o Universo (O.o)? Claro! Não pode ser que finais felizes não existam… Conto com a morte.

(Não me chame de macabro ou suicida. Somente valorizo a paz.)

Todavia, há algumas questões que permanecem no escuro. Ainda não fui capaz de compreender se a Prefeita lembra de ser a Evil Queen. Às vezes age como se soubesse de tudo. Não entendo como a maldição pode ter dado certo para ela assim. Ela lembra da vida antiga, lembra da amargura. Não pode ser feliz. Não que seja mas parece estar confortável em Storybrooke com o seu filho adotado.

Outra observação. É dito que para além de Storybrooke, nós vivemos. O nosso mundo. Storybrooke é algo à parte. Ninguém sai ou entra. Presumo que o terreno da cidade seja o terreno do Reino redimensionado pela maldição. Para onde vai o resto do mundo quando a maldição for quebrada? Storybrooke é uma cidade encaixada noutro mundo real? Somos também irreais, um contexto apenas?

Queria que fizessem uma transição para o mundo dos finais felizes gradual. Tenho dificuldades, contudo, em ver como farão isso acontecer. Será um instante de mágica e tudo voltará ao normal, eu acho. Ficaria decepcionado se fizessem isso. Por isso, não creio que o façam. E se o fizerem, seria isso o Series Finale? Talvez não. Já considerei que a maldição dure algumas temporadas pois é a base de Once Upon a Time.

Penso quais são os planos dos roteiristas, se eles têm em mente criar um novo problema após a quebra da maldição. Não sei o quanto dá para prosseguir com esse sistema. Estarei contente desde que não criem enrolações – mesmo aquilo que é surpreendente e maravilhoso envelhece.

Menos os clássicos. Estes são eternos. Sempre.

Achievement Unlocked – Rewritting a Story B(R)ook(E).

 (E como tudo termina?)

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6 Comentários

  1. Li o post pelas metades rs', pq já conheço a história, ( E esse design novo parece deixar minhas vistas cansada S= ) enfim…
    Ninguém imaginaria que sairia algo bom dai, mais os caras tão fazendo direitim rs'.
    Essa parada de misturar tudo e contar histórias anteriores e até mesmo destruir algumas e criar próprias versões ( como tu mesmo disse ), é arriscado mais… não sei, tá dando tudo muito certo até agora.
    Tirando os defeitos técnicos ( que para mim se tornam irrelevantes diante das histórias ), a série é perfeita.
    Enfim é bom ver que tem gente assistindo OUAT , pq muitos tem preconceito de achar que é ruim pq é sobre histórias infantis.
    Só sei que eu espero loucamente cada episódio xDD .

  2. Caramba, Rafa, não tinha lido o post, mas te vi comentando no Twitter sobre como o sétimo episódio tinha sido foda e voltei aqui pra olhar. Que bacana. o.o Acho que vou baixar pra conferir, quando ficar em dia com TWD. Post foda, coloque-o na vitrine!!

  3. Opa, li estes dias sobre essa série e falavam que tem um quê de "Fábulas" (os quadrinhos), embora o próprio autor Bill Willingham confirmou que elas não são relacionadas. Confere ??

    1. O criador da HQ disse mesmo que elas não só não são relacionadas como também Once não plagia Fábulas.

      O meu outro comentário nesse post tinha sido feito antes de assistir o episódio mais novo. E… A série melhorou ainda mais. Bem legal a história do xerife de Storybrooke. =)

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