Batman: O Cavaleiro das Trevas – Parte 1 – Crítica

Batman ressurgindo, dessa vez pra valer!

A ideia de fazer esse post sobre essa animação já estava em animação suspensa, aguardando o resto do time do Portallos assistir para agregarem conteúdo. Enquanto eles chegam lá, cá estou eu para recomendar a animação Batman: O Cavaleiro das Trevas – Parte Um, lançado aqui no Brasil no finalzinho de Setembro em DVD.

E por favor, não confunda com aquele filme meio sem sal do lunático Christopher Nolan. O que temos aqui é uma animação baseada na clássica graphic novel de Frank Miller “O Cavaleiro das Trevas” , uma das HQ’s mais icônicas não só dos anos 80, e fonte de inspiração (até demais) para o Nolan fazer os seus filmes do herói.

A HQ foi publicada originalmente pela DC em quatro edições (a primeira em fevereiro de 86) e foi adaptada em duas animações pela Warner Premiere. Aliás, esse é o último trabalho dessa divisão de Warner que foi encerrada recentemente, mas que deixa um legado de dezenas de animações memoráveis. Ainda estamos na expectativa para saber o futuro das animações baseadas no Universo DC, pois não há nenhum projeto futuro anunciado.

Porém, como último trabalho, uma adaptação tão de uma obra tão querida pelos leitores de HQ’s é um belo canto do cisne. Claro que por ser uma adaptação, a animação não chega ao mesmo nível da HQ, mas houve bastante esforço nisso e o time de produção é composto por pessoas que já trabalharam em diversas outras animações DC. É quase como um carta de amor e agradecimento por todos esses anos em que o Warner Premiere esteve na ativa.

30 anos depois, a história de Miller vista sob o angulo de uma animação atual perde um pouco de seu impacto, embora ainda carregue em elementos retrôs como o visual das gangue dos mutantes. O contexto político aqui é diminuído, embora convenhamos que o público mais novo não entenderia facilmente de qualquer forma se esse contexto fosse tão explícito como na HQ. Ainda assim, é algo que fez falta.

Falando nisso, a falta mais sentida no entanto é justamente sobre sobre o Batman. Na HQ, é muito interessante ler os pensamentos do herói, uma narrativa dos fatos e eventos que mostravam uma faceta fascinante, quase insinuando como se o Batman fosse algo na cabeça do Bruce, conduzindo-o a agir como se fosse uma força irresistível. Frank Miller começou a mostrar seu lado paranoico de maneira clara nessa HQ, e na animação isso fica diluído pela falta dessa narração em off do Batman.

Esse conflito interno de Bruce Wayne/Batman é sensacional na HQ, por vezes nos instiga a pensar se Wayne realmente não é só mais um louco que por acaso escolheu o “lado certo” para agir. É um cara atormentado pelos seus demônios internos que flerta com a psicopatia em alguns momentos. Sem os diálogos internos de Wayne, os produtores tentaram caprichar na linguagem corporal do herói para transmitir esse drama do herói. Visualmente, inclusive, a coisa não foi tão decepcionante como pensei que ficaria, ainda que ela tenha um pezinho no animê, o traço tenta emular o traço de Miller, mas infelizmente é bem simplificado e sem a colorização forte que tanto se destacou na HQ.

A trilha sonora é bem empolgante, lembrando bastante a trilha dos filmes recentes do morcegão, vale a pena prestar atenção. E para os brasileiros a boa notícia é que o herói é dublado pelo Marcio Seixas! É um detalhe que faz toda a diferença. Eu não consigo gostar de nenhuma outra voz para o cavaleiro das trevas. Mas e você, que nunca leu a HQ (pode isso, Arnaldo?) pode estar se perguntando se deveria ou não assistir essa animação, eu acho que deveria ver sim, e assim que possível ir atrás para conseguir ler a HQ. Dá tempo, pois a parte 2 sairá no começo de 2013.

Eu confesso que nas primeiras vezes que li O Cavaleiro das Trevas, a HQ não me agradou muito. Mas com o passar do ano ela como um bom vinho melhorou, sobretudo quando passei a valorizar o contexto histórico e político dela. Aliás, depois de ver o filme O Cavaleiro das Trevas Ressurge, passei a gostar da HQ mais ainda, vendo a tal da “ideia” do Batman sendo melhor aplicada, e todo o lance do afastamento e retorno do Batman faz bem mais sentido aqui.

Apesar de Bruce Wayne se afastar do vigilantismo, o Batman nunca saiu da sua cabeça. É quase como se fosse uma segunda personalidade, uma força que o move, que o leva a se abdicar das coisas simples da vida em prol da necessidade de se vingar por aquilo que Bruce sofrera quando menino, é muito mais do que uma mera questão de escolha. É muito mais que uma idéia, é uma força da natureza…

A recomendação está feita, espero que quem viu ou irá ver venha aqui nos comentários e deixe registrado suas impressões sobre essa clássica história do Batman, cuja segunda parte estou ansioso para ver!

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