Crítica | As Aventuras de Pi – Eu fui!

Uma Belíssima Parábola Moderna

Já tem algum tempo que a industria do cinema (assim como a industria da música) anda “investindo” numa temática mais religiosa, nos apresentando filmes como “Desafiando Gigantes”, “Prova de fogo”, etc., deixando no ar aquela mensagem de que se você crê em Deus “precisa assistir esse filme”. Porém, a grande maioria são filmes bem ruins ou extremamente sensacionalistas, como é o caso do famosíssimo filme do Mel Gibson “A Paixão de Cristo”, filme que chega a bagunçar mais ainda a fé das pessoas, pois se alguém se tornou cristão por pena ou dó da carnificina que viu no filme, deveria rever conceitos, pois isso não é fé. Além de que se o filme fosse produzido em 3D todos sairiam no cinema lavados com o sangue santo do “personagem”.

Até que o diretor Ang Lee entra em cena, e tudo começa a mudar, pois ele soube fazer de “As Aventuras de Pi” um lindo filme que consegue falar de fé e esperança sem ser piegas ou tentar converter ninguém.

Logo de cara eu quero dizer que gostei muito do filme, valeu a pena passar mais de duas horas dentro do cinema, então, tudo que direi aqui será como um entusiasta e não como um crítico, e também não haverá muito spoiler, até porque só de olhar para o cartaz do filme todo mundo já entende que a maior parte da história se passa dentro de um bote.

O filme se desenvolvendo como memórias de Pi (já adulto) contando a um escritor a história de como conheceu Deus, e dessa forma consegue prender a atenção desde o inicio com as belas cenas passadas na Índia, os animais do zoológico, a infância engraçada e um pouco conturbada de Pi (devido ao seu nome incomum) e principalmente por sua grande vontade de aprender sobre as divindades.

O primeiro encontro com o Tigre é uma cena muito bonita, e sua sequência um tanto cruel, porém, um detalhe muito positivo sobre o filme é que mesmo as cenas de morte são tratadas quase que com poesia e não transmite uma sensação de algo melodramático que tenta arrancar uma lágrima de quem está assistindo.

Ao observar o protagonista crescendo e se desenvolvendo, conseguimos ter noção da estrutura familiar, a mãe carinhosa e compreensiva, o pai enérgico e correto, as aventuras ao lado do irmão e o despertar do primeiro amor, tudo isso flui naturalmente e com uma leveza gratificante.

Quando é tomada a decisão de a família sair da Índia rumo ao Canadá em busca de uma nova vida é que o filme atinge a maturidade, e por isso prefiro parar por aqui e não dizer mais nada em relação à história, mas gostaria de avisar para se prepararem, pois muita coisa linda saltará aos seus olhos daqui pra frente, desde plânctons, peixes “voadores”, tempestades colossais, baleias azuis, ilhas sinistras, e muita, muita coragem, perseverança e amor à vida.

O filme concorre ao Óscar em 11 categorias e creio que em algumas delas é favorito, principalmente na categoria de Efeitos Visuais, pois nesse aspecto o filme é deslumbrante.

Talvez a coisa mais legal dessa obra é que no final é revelada uma informação que a torna passiva de interpretação, quase que te seduzindo a assisti-la novamente para tentar interpretar e separar o que é real do que é fantasia na forte ligação que existe entre Richard Parker e Pi Patel (algo como Hulk e Bruce Banner).

Fecho por aqui dizendo que recomendo profundamente o filme para qualquer pessoa, independente se é possuidora de alguma crença ou não, pois acima de tudo, trata-se de uma bela obra cinematográfica e merece ser degustada por todos.

Ps. Nem vou entrar no detalhe de que o filme é uma adaptação do livro “A Vida de Pi” e também não tenho nada a dizer sobre sua fidelidade à obra literária, considerando que esse livro eu não li.

Apreciem a viagem!!!

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