Costume Quest 2 | Um RPG clássico e a missão para salvar o Halloween!
Eu tenho uma intenção. Sempre que conseguir, gostaria de trazer resenhas e impressões de alguns dos títulos semanais das Deals with Gold, programa da Microsoft que dá descontos semanais em jogos para os assinantes da Live Gold. Semana, passada por exemplo, falei sobre Stealth Inc 2 e The Swapper. Em relação a lista desta semana, vou começar com Costume Quest 2, que até dia 02 de novembro está custando a merreca de R$ 9,57, sendo que o seu preço padrão é de R$ 29 (inclusive nas demais plataformas que o título está disponível).
O caso é que eu já havia comprado e começado Costume Quest 2 há muitos meses atrás, mas na ocasião certamente tinha outros títulos na lista de prioridades e simplesmente não dei continuidade. Esta semana resolvi jogar mais um pouco do título para ter mais algumas impressões sobre ele.
Costume Quest 2 é uma produção da Double Fine, que é um estúdio mais conhecido por seu criador, Tim Schafer, criador de grandes clássicos dos games, como Full Throttle, Grim Fandango e Psychonauts. Na geração passada o estúdio lançou excelentes games que muita gente não deu bola, mas que são excelentes como Brutal Legend, Iron Brigade, Stacking, The Cave e o primeiro Costume Quest (que infelizmente não joguei). Eu considero essa a fase de ouro da Double Fine, porém foi a fase na qual o estúdio meio que encontrou vários problemas financeiros por causa de seus games não venderem tudo aquilo que esperavam, em especial o Brutal Legend, o que é uma pena porque ele é realmente animal, com todas as suas falhas e defeitos – o que tinha muito potencial para arrumado e aprimorado se fosse feito uma sequência.
Nesta geração eu ainda não consegui me apaixonar por algumas produções da Double Fine. Broken Age talvez seja o maior título do estúdio nestes últimos anos, mas infelizmente ainda não foi disponibilizado na plataforma do Xbox – eu acredito que no futuro será – mas teve vários problemas de atrasos e algumas polêmicas com a campanha do game no Kickstarter e que agora é passado. No geral é um game bem elogiado, apesar de não estar dentro dos gêneros de games que mais aprecio, pois é um point & click. Outro game recente é o Massive Chalice, que foi distribuído gratuitamente no Xbox One mas que infelizmente não tive paciência nem para passar pelo tutorial do mesmo. Fora as remasterizações que o Tim Schafer andou se ocupando, como Grim Fandango e Day of the Tentacle, que, mais uma vez, estão fora da plataforma Xbox. No geral, eu gostava mais daquela Double Fine original e criativa da geração passada. Bem, ao menos Costume Quest 2 é um bom representante dessa fase e que está na atual geração.
Um dentista que destruiu o Halloween!
O game nada mais é do que um RPG adventure das antigas, mais clássico frente aos sistemas de action RPG de muitas produções atuais. Ele traz a história de dois irmãos que na noite do Halloween precisam salvar as festividades de Travessuras ou Gostosuras de um maligno Dentista que odeio o que os doces fazem com os dentes das crianças. Esse Dr. Dentista foi derrotado no primeiro game, mas ele retorna na sequência, porém desta vez aliado a um Mago do Tempo e com isso consegue alterar a linha do tempo e criar um mundo sem doces! Cabe aos irmãos protagonistas do título salvar o Halloween!
E quanto digo que o game é um RPG das antigas, não estou de zoeira. Você entra em cenários próprios de batalhas ao encostar em inimigos, as batalhas são realizadas por menus onde você escolhe o que fazer e as decisões ocorrem por turnos, cada um tem a sua vez e você pode levar todo tempo do mundo para decidir a sua ação. Há itens de consumo, há ataques especiais etc. É realmente um RPG old school, porém bem simplificado, pois é um indie game em sua essência.
A jogabilidade é realizada por um trio de personagens, e todos usam fantasias de Halloween que podem ser trocadas ao longo do gameplay, porém para isso você precisa recolher pedaços desses trajes espalhados pelo game. Cada traje monta seu personagem de batalha. O jogo tem um sistema que torna reais as roupas quando a criançada entra em batalha com um inimigo, ou seja, alguém trajando uma roupa de super herói se torna um super herói, uma criança com uma roupa de pterodáctilo se torna um pterodáctilo e assim por diante. No momento eu tenho apenas as três fantasias iniciais: super herói, palhaço e um Corn Candy, que seria uma espécie de doce de Halloween.
É engraçado que essa fantasia de Corn Candy não permite fazer nada nas batalhas. Ela é apenas uma zoação, pois em seu turno ela apenas diz frases de tiração de sarro, como “Corn Candy não faz nada“, “Corn Candy se abstém da batalha“, “Corn Candy faz o que pode“, “Corn Candy não tem que provar nada” e assim por diante, e vai ficando sempre mais absurdo e maluco. E a lista de frases de efeito é enorme (veja). E qual a vantagem de se usar essa fantasia? Ela meio que segura um pouco o dano causado pelos inimigos, ela dá um pouco mais de HP ao personagem. E por que usá-la? Se você quiser uma das conquistas ou troféus do game, é preciso completar o desafio de jogar o game inteiro usando a Corn Candy em todas as batalhas. Hahaha, se você é complecionista agora se vendo obrigado a jogar com a fantasia o game todo! Ou já fica avisado que se quiser essa conquista, tem que acabar jogando o título uma segunda vez.
Além das batalhas o game tem as típicas quests dos RPGs mais antigos. Fale com todos os personagens, cumpra tarefas que eles lhe pedem, encontre coisas etc. Isso lhe garante algumas recompensas, como itens e dinheiro do game, que no geral são os doces adquiridos pelos personagens do jogador.
Costume Quest 2 não é um jogo ruim, ainda que esteja longe da perfeição. Pra mim ele tem alguns defeitos bobos, mas acredito que tenham sido limitações de orçamentos, como todos os personagens se comunicarem por balões de texto e não ter áudio das falas o game inteiro. Me parece mancada não dar vozes a algumas situações. Toda o jogo mais antigo do que ele deveria parecer, e não é um efeito do estilo clássico que talvez você queira ter.
Outro problema são os inimigos. Lembro dos antigos RPGs onde você lutava sempre com os mesmo inimigos? Bem aqui é quase isso. Eu explorei apenas a primeira área do game e você apenas combate os mesmos inimigos, as vezes com um idêntico apenas com uma cor diferente e aí ele possui HP e ataques únicos. Mas visualmente é a mesma coisa. Isso incomoda um pouco após algumas horas de jogo e o torna meio cansativo, pois você passa a não precisar pensar ou aplicar qualquer estratégia. É uma pena que o jogo não tenha pensado em aprimorar esse elemento.
Então me parece que o ideal mesmo é jogar Costume Quest aos poucos. É um título que cansa ficar horas e horas jogando-o. E o game exige bastante exploração pelos cenários, justamente porque seu objetivo principal é conseguir doces e mais doces para ir avançando na história, assim descobrindo novas habilidades e poderes. Então você vasculha abóboras das casas, caixas de correios, pneus velhos, latas de lixo etc. Tudo para garantir um docinho. Explorar o ambiente é um fator importante em Costume Quest 2.
Infelizmente o título também não está localizado para o português, então você precisa de um pouco de inglês para apreciar o game, especialmente porque a Double Fine escreve diálogos sempre com muitas piadinhas e bom humor. Não acompanhar a história e o tom narrativo do game, por conta dele estar em inglês, me parece que você perde parte importante do jogo. (olha aí o que falei sobre isso essa semana aqui no site).
Pow, mas peraí, se o game tem todos estes pequenos problemas, ainda assim vale jogar ou adquirir ele? Eu acho que sim. É um joguinho simples, pequeno, feito para entreter de pouquinho em pouquinho. Fora que você ao longo dela vai progredindo, destravando novas fantasias, novos poderes e novas áreas que são interessantes de explorar. O game também mexe com viagem no tempo, então você vai se deslocar no tempo e ver como estes personagens estão mudando ao longo dos anos. Eu peguei uma quest, por exemplo, na qual investi 200 doces e agora tenho que procurar essa criança no futuro distante para recuperar esse investimento. São mecânicas divertidas e curiosas. É simples, mas ainda assim interessante. E você realmente só se cansa se passar longos períodos jogando ele. E a boa é que ele salva em cada execução importante da história ou em uma das fontes de recuperação de HP que estão espalhadas pelo mundo (e que você chega nelas rapidinho).
Estando o título pelos próximos dias custando R$ 9,57 no Xbox One, acho válido a compra. Ainda mais se você sente uma saudade dos RPGs por turno e pela simplicidade que esses jogos tinham no passado. Já sei preço full, de 29 reais, acho-o um pouco salgado por esses problemas e limitações que o mesmo possui, vale sempre ficar de olho em uma promoção e desconto, já que atualmente todas as plataformas de games oferecem isso semanalmente!
E ao menos ele não é mais um indie game de puzzle, que eu sei que existe uma parcela de jogadores que estão exausto com títulos de puzzles, que na maior parte das vezes são bem parecidos entre si e poucos tem a originalidade de conseguir algo diferente.
Fica então esse alerta, porém com a indicação e recomendação pelo título!
Tem uma pegada da Double Fine criativa da geração passada
Brinca de forma divertida com o clássico RPG por turnos
Tem um charme visual original e bacana para a proposta do título
A ideia das fantasias se tornarem reais nas batalhas é excelente
Pena que os diálogos são todos em textos. Não faria mal alguns em áudio.
O jogo e batalhas podem ficar cansativos se jogado por longos períodos
A falta de localização em Pt-Br é sentida nos diálogos bem humorados
O jogo salvar seu progresso constantemente é uma ajuda para jogatinas rápidas
Deveria haver uma diversidade maior de inimigos e set de ataques destes
Vale experimentar, cansa mas diverte. E ser um RPG por turnos, ainda que simplificado, ainda é uma boa proposta!