Overcooked | Uma maluca e divertida disputa culinária! (Impressões)

Estive nestas últimas duas semanas jogando esporadicamente este indie game que foi lançado oficialmente ontem (3 de agosto) e há algo muito nostálgico nele que não sei explicar direito. Overcooked, de uma certa maneira me trouxe sensações antigas, daqueles tempos em que era mais jovem, quando me deslumbrava descobrindo novos títulos de Super Nintendo na locadora do bairro.

Não é apenas aquele sentimento de ser surpreendido por algo inesperado, isso acontece comigo direto com tantos novos games que são lançados quase que diariamente nesse mercado que está sempre precisando de algo novo. Não, Overcooked não deu “apenas” esta mesma sensação. Foi algo diferente, algo até melhor.

Talvez, arriscando um palpite, seja a questão da simplicidade com aquele cheiro de novidade. Existe algo muito incrível na jogabilidade do game, dentro de um recheio de charme e simpatia por toda a estética e apresentação do universo proposto. Tem um quê daquela áurea antiga dos games da era de ouro, quando os personagens pareciam saltar da televisão e fazer parte do imaginário das crianças. O poder que um mascote fofinho tinha naqueles tempos e que hoje em dia quase não se vê mais isso, especialmente quando se trata de uma franquia totalmente nova. Overcooked, ao menos pra mim, conseguiu resgatar essa magia saudosista ao jogá-lo, ainda que de velho, ele não tenha nada!

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O game é um projeto de um pequeno estúdio lá do Reino Unido, chamado Ghost Town Games, e distribuído para Xbox One, Steam e PlayStation 4 pela amigona dos desenvolvedores indies, a Team 17 (sim, o estúdio de Worms), que vem fazendo a distribuição de muitos indie games bacanas de uns tempos para cá.

Venha para a cozinha!

Overcooked é um game difícil de categorizar. Tem um pouco do modelo arcade, na qual o jogador precisa pontuar bem uma fase, ganhar de uma a três estrelas, para poder seguir adiante pelos demais estágios. A proposta do jogo é que um ou mais jogadores conduzam uma cozinha, preparando os pedidos que chegam ad infinito. Em tempos onde programas de disputas culinárias são tão famosos na TV é até difícil de acreditar que não hajam mais jogos assim hoje em dia. Não duvido que Overcooked vai inspirar o desenvolvimentos de outros games com propostas semelhantes a partir de agora.

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Um clássico que me veio em mente ao jogar Overcooked foi Bomberman. Eu me lembro em específico dos títulos de Bomberman na geração passada, como do nada eles voltaram a ser populares na Xbox Live Arcade. Com quatro jogadores se digladiando em uma pequena arena para ver quem seria o último a ficar em pé. Overcooked tem um pouco destes bons elementos que Bomberman, hoje meio que aposentado, teve em seus melhores games.

As fases de Overcooked são pequenas arenas, ali os jogadores possuem caixotes de alimentos, tábuas de corte, o fogão com panelas, pratos, a pia para lavar louça e até mesmo lixeiras para descarte de alimentos e objetos. Os jogadores devem gerenciar tudo isso nas fases que normalmente duram aproximadamente entre 3 a 5 minutos.

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O game funciona tanto cooperativamente quanto competitivamente. No competitivo, chamado Modo Versus, os jogadores disputam dentro de uma mesma cozinha para ver quem vai finalizar mais pedidos dentro de um tempo específico. Coordenando entre quatro jogadores em times de 2 contra 2, ou com dois jogadores coordenando dois personagens ao mesmo tempo.

Já no modo cooperativo, que está inserido dentro do Modo Campanha, dois jogadores controlam apenas um único chef e se coordenam para entregar o máximo de pedidos possível em um curto período de tempo afim de ganhar as estrelas desejadas para seguir para a próxima fase.

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E se você não tem amigos para jogar? Até porque o game, infelizmente, não tem modalidade online, então o multiplayer dele é de sofá, com amigos locais. O jogo funciona muito bem em single player também. Até agrega um desafio extra, pois um jogador coordena dois chefs no modo campanha, trocando entre eles e colocando-os para cumprir certas funções específicas, como deixar um próximo a tábua de corte e panelas, enquanto a outro sai em disparada pela cozinha cumprindo outras funções, como pegar alimentos, lavar pratos e entregar pedidos. E sim, ainda é absurdamente divertido jogar Overcooked sozinho!

Existe um diferencial importantíssimo ao gameplay do game: os estágios. Overcooked não é aquele game onde o personagem progridem, ganhando novas habilidades, ou mecânicas de controle. Não. O que muda em Overcooked são as cozinhas, os ambientes das fases. Exemplifico.

No começo tudo é simples. Uma cozinha e bancadas que mudam as posições a cada nova fase aberta. Porém logo as coisas começam a se revelarem geniais! Você está em uma cozinha em um barco, que a cada momento o balanço do mesmo muda a posição de toda a cozinha! Ou em outro, um terremoto faz metade da cozinha se levantar do chão, tornando-a inacessível se você estiver na parte inferior. Quem sabe então cozinhas em ambientes extremos? Como em meio a geleiras ou no meio de um rio de lava vulcânica! Até mesmo uma cozinha dentro de uma estação espacial é possível. O jogo constantemente renova seus ambientes e com isso cria novas situações na qual o jogador, como cozinheiro, precisa se adaptar.

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E há realmente fases incríveis nesse sentido. Adorei em particular a mansão assombrada, onde se prepara tudo na completa escuridão, com trovões clareando as coisas por micro segundos. Ou a primeira fase que vai ensinar o jogador a fazer pizza! A fase dentro de dois veículos em uma rodovia é também genial, seguida pela primeira fase com pinguins pedindo peixe com batata fritas!

Inicialmente o game começa com receitas bem simples: sopas. Três ingredientes, corte tudo, jogue na panela, espere dar o ponto e sirva. Simples, mas bem demorado o preparo. Mas logo o game vai acrescentando opções. Hambúrgueres, pizzas, burritos, peixe e fritas. E aí novos utensílios são apresentados além da panela de sopa. Há a fritadeira e a frigideira, com tempos de cozimentos diferentes. Além disso, os alimentos não podem ficar para sempre no fogo, pois eles não só queimam como fazem a cozinha pegar fogo, com as chamas se alastrando por toda a fase. Há um extintor de incêndio em cada fase para casos de emergência. Além disso, há o problema dos pratos! O jogo não dá pratos infinitos. Gastou todos que a fase dispunha? É preciso levar a pia e lavá-los!

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Vale ou não vale?

Veja como o título é redondinho. Mecanicamente é viciante. O jogador não sente o tempo passar. A trilha sonora é agradável, os gráficos são fofinhos, mas extremamente agradáveis. E o desafio existe na medida exata. Há uma expectativa para a próxima fase, em saber o que de maluco e diferente há na próxima fase. E existem inúmeros avatares de chefs para escolher, um mais bonitinho do que o outro, de tudo quanto é tipo. É um título de puro carisma.

Há problemas? Talvez alguns, mas que felizmente não estragam a obra. Não ter modo online parece ser algo que poderia ter se arriscado, ao menos de forma privada, por convite entre amigos (sem matchmaking). Para nós aqui no Brasil, não houve a localização e apesar disso não atrapalhar em nada o gameplay, quem não souber ler legendas em inglês vai perder uma estranha história sobre o Rei Cebola e uma almôndega gigante que está destruindo o futuro enquanto dois chefs viajam no tempo para aprenderem a serem melhores chefs e assim conseguir saciar o apetite desse “delicioso” monstro.

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O single player também pode ser um pouco duro com o jogador próximo ao final do game. Pois a campanha vai lhe obrigar a voltar para muitas fases para conseguir três estrelas, pois as fases finais exigem que o jogador tenha conseguindo um número considerável de estrelas para poder abri-las. Basicamente não adianta tirar 2 estrelas em todas as fases. É preciso das três estrelas para avançar nos estágios finais. O que normalmente não é um problema, já que as primeiras fases são mais tranquilas conforme você vai se acostumando com o ritmo de trocar de chefs quase que instintivamente nos estágios mais avançados. Há essa sensação de que você realmente está cozinhando mais rápido conforme vai progredindo no game.

O game poderia variar mais nas receitas? Também poderia, mas em nenhum momento isso deixa a desejar. Gostaria também que houvesse coisas como ovos fritos, batedeira para bolos e até mesmo sorvetes. O cardápio de Overcooked não é ruim, mas claramente deixa um certo gostinho de que uma sequência poderia expandir mais ainda o repertório do título.

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Overcooked está custando 39 reais na Steam e na Xbox Store, enquanto na PlayStation Store sai por 52 reais. Pelo seu conteúdo, pela genialidade do título, acredito que vale e muito a pena sua aquisição. É um indie game diferente, divertido e perfeito para jogar com amigos em reuniões de final de semana ou até mesmo em festinhas mais informais. É fácil para qualquer um aprender a jogar (um botão para pegar alimentos e outro para cortar, simples).

O jogo apresenta uma boa gama de conteúdo. São seis mundos, quase 30 fases (da campanha, no modo versus há novas arenas), diversos estágios diferentes (ambientes), vários personagens, jogabilidade que se apresenta como algo simples, porém desafiador, diversos modos de jogar (single, coop, versus). É realmente um indie game robusto, completo, muito divertido e deveras criativo.

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Dura até mais do que normalmente os indie games costumam durar. Cheguei ao sexto mundo com o contador do jogo marcando mais de seis horas de gameplay. E ainda não havia visto todas as arenas do modo versus ou as últimas fases da campanha. Isso sem que o game me cansasse. É um feito impressionante, já que no geral indie games com uma pegada mais arcade possuem a tendência de durarem entre 3 a 5 horas apenas. Joguei Overcooked sem ver o tempo passar e ainda quero jogá-lo mais e mais!

Dá para tranquilamente colocar entre os mais divertidos indie games de 2016? Sim!

Mais imagens!

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Dando uma nota

Carismático e charmoso em toda sua apresentação - 9.5
Fases realmente engenhosas e diversificadas - 10
Jogabilidade simples, porém que pede destreza - 10
Ótimo tanto no single quanto multiplayer - 9.5
Sem localização, mas o inglês não atrapalha jogá-lo - 9
Trilha sonora imersiva a proposta do game - 9.5
Poderia ter mais fases e mais receitas diferentes - 8.5

9.4

Excelente

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