Volume Único | Pontapé inicial do Universo DC Renascimento!

– Por onde começar… ?

Esse é um questionamento comum em comunidade e fóruns de quadrinhos de super heróis. Especialmente daquelas pessoas que nunca leram e possuem uma vontade de se iniciar nesse mundo. Ou até mesmo daqueles que já foram leitores no passado e pararam há muito tempo e se sentem perdidos após tantos anos.

Não existe uma única resposta para esse questionamento. Há quem vai responder que depende do personagem, quem vai recomendar começar por algum clássico mais antigo. Tem aqueles que recomendam arcos spin-offs que ficam fora da cronologia na justificativa de servir apenas para que se conhecer melhor certo personagem – mesmo que “cronologia” hoje em dia seja muito superestimado.

Minha opinião pessoal é que, na maior parte das vezes, o melhor lugar para se começar é naquilo que está sendo publicado no presente, o que se encontrar em publicação.

Não sou a favor de recomendar quadrinhos de décadas atrás. Porque o formato era diferente, seja na parte narrativa quanto na parte gráfica. As boas histórias ficaram no passado? Eu acho isso uma tremenda besteira. Se fosse assim não existiriam mais razões para continuar lendo quadrinhos. Histórias boas existem no passado, presente e futuro. Mesmo que isso também valha para histórias ruins.

Quadrinhos passam por ciclos e gerações. Sagas, fases e arcos. E sempre tem um desses casos começando em algum lugar, com algum personagem, as vezes até mesmo em todo um universo de uma editora. Pegue, por exemplo, a nova fase da DC Comics chamada Renascimento. É um ótimo ponto de partida, basta decidir por onde começar e quem acompanhar.

Hum. Acho que agora devo abrir um parêntese e dizer que não estou chegando agora ao universo da DC. Eu já fui um leitor assíduo há uns bons anos atrás e parei quando a fase Os Novos 52 começou.

Não foi uma pausa abrupta. Comecei a ler Os Novos 52, mas as mudanças e as histórias não estavam me cativando como queria que estivessem. As mudanças foram muitas em diversas revistas e tinha muita coisa que perdeu qualidade. Superman vinha numa fase excelente antes dos Novos 52 e quando veio essa nova versão-esquentadinha-juvenil, pegador da Mulher-Maravilha, percebi o quanto estava me sentido velho por não gostar da repaginação do personagem. E esse foi apenas um exemplo do que na época não estava me agradando.

Os Novos 52 foi um restart meio que no tranco no Universo DC. Muita coisa foi jogada fora e refeito de uma maneira moderninha e descolada que desagradou muitos leitores veteranos, mesmo que isso também tenha conquistado novos leitores. Nem tudo foi ruim, mas muita coisa boa ficou de fora, e esse sentimento não conseguiu sumir mesmo depois dos primeiros arcos de histórias dessa fase.

E não digo que a fase Os Novos 52 não tenha recebido histórias dignas de elogios. Tenho certeza que recebeu. O Batman parece ter recebi algumas loucuras, como uma reformulação insana no Coringa (ou Coringas talvez), teve uma parada com um robô (?), a família cresceu, o Damian parece ter se tornado um personagem mais interessante etc. Perdi muita coisa que um dia voltarei para dar uma olhada.

E isso é que é legal nesse gênero de quadrinhos: poder parar e voltar futuramente sem ter que ler tudo que se perdeu nesse período. Com mangás normalmente não tem como fazer isso. Nos quadrinhos de super herói o leitor decide se irá voltar e ler algo que perdeu ou se continua do ponto que encontrar aquele personagem. Arcos e eventos aqui funcionam dessa forma, ainda que eventualmente as pessoas se sintam perdidas com pontos inicias para começar ou recomeçar. E talvez por isso as editoras andam reforçando tais momentos cada vez mais.

***

E cá estou, com o volume único de Universo DC Renascimento em mãos e devorado. Lançado pela Panini aqui no Brasil, em março desse ano, a revista serve como a mais atual porta de entrada para todos os personagens da casa. E a edição é um bom guia de introdução a casa da DC Comics.

Renascimento estreou lá nos Estados Unidos em meados de agosto de 2016, e desde então parece estar agradando os fãs, como uma fase que parece querer unir tudo de bom que existia antes dos Novos 52 e pegar também tudo que deu certo em tal fase, fundindo em uma maçaroca interessante de novas histórias e cenários para alguns personagens importantes da casa. IMPORTANTE: não se trata de uma nova linha cronológica ou um novo recomeço, mas apenas uma repaginada na antiga fase e a reinclusão de coisas perdidas que todo mundo andava sentido falta.

E gosto muito da forma como a Panini lançou essa edição aqui no Brasil. Não sei se foi assim lá fora, mas se foi, que bom que se imitou. A edição vem com uma história produzida para abrir essa nova linha editorial com o retorno de um personagem que foi esquecido na fase 52 e que muitos pediam seu retorno: o velocista Wally West!

Só que não é por isso que a revista é exatamente pertinente. O bom é o material extra inserido ao final da edição (na qual algumas fotos estão ilustrando essa postagem), que dá um contexto do que anda e o que acontecerá com o Universo DC daqui em diante. Páginas e mais páginas de pura ansiedade. De fazer passar vontade de ler tudo de novo – uma tarefa improvável para alguns devido ao corre corre da vida adulta.

É evidente que para aqueles que estão chegando em Renascimento zerado, ou seja, sem qualquer conhecimento prévio de qualquer coisa que andou acontecendo nos últimos anos na DC, inevitavelmente irão viajar e não entender diversas coisas. É NORMAL se sentir assim! Com o tempo isso passa, seja porque você corre atrás para entender, seja porque você descobre que não precisa entender tudo a todo tempo.

Por exemplo, Renascimento tem como premissa consertar uma mancada que o Barry Allen (o primeiro Flash) fez anos atrás e que criou algo chamado Ponto de Ignição. Não leu essa HQ? Bem tem uma animação da DC Animation em DVD que explica o básico desse arco genial em menos de 90 minutos. Não é fiel em tudo, mas é o suficiente. Mas mesmo que não se leia ou assista a respeito de Ponto de Ignição não se preocupe, a HQ que abre a fase Renascimento resume o suficiente para que o leitor ao menos saiba do que se trata esse evento que é o estopim para muita coisa na reforma editorial que se passou pela DC Comics nos últimos anos.

Outro ponto é que quando o multiverso, os múltiplos universo da DC, algo como dimensões e mundos paralelos, são fundidos ou divididos e ferram com a cronologia das coisas não é preciso ser nenhum detetive para arriscar o palpite de que o Flash está envolvido em alguma parte destes acontecimentos. Porque o Flash é aquele super herói que tem o superpoder mais conveniente do mundo para esse tipo de reforma editorial: ele é tão rápido que quebra barreiras do tempo e do espaço. Significa que ele volta no passado, vai para o futuro, vai para outras dimensões, o passado de outras dimensões e nisso vai criando linhas paralelas de forma inconsequente.

Renascimento tem como ponto de partida o retorno de Wally West, perdido e apagado da cronologia da editora quando Barry Allen (porque como se não bastasse ter um Flash, a DC tem uma família inteira de velocistas!) causou o Ponto de Ignição que rebosteou… quer dizer, rebootou tudo ao criar Os Novos 52.

Wally foi apagado, mas está navegando no fluxo do tempo, tentando voltar, implorando para alguém lhe ouvir, se lembrar dele. Existe um limite até onde Wally consegue ser esse fantasma do tempo e seu tempo está se esgotando!

Ah e não se preocupe, pois não vou revelar o que vai acontecer com ele ao fim da história. Vale a pena descobrir lendo a edição (tem ela fácil à venda em lojas como Saraiva e Amazon, que foi assim como consegui adquiri-la com tanto atraso em relação ao lançamento).

É uma edição que serve para definir o interesse de qualquer um que esteja querendo começar ou voltar a ler o Universo da DC. Ele define bem o status quo de muitos personagens e o que virá a seguir com muitos deles. Se o ponto de partida agradar, basta continuar lendo as novas histórias dessa nova fase.

Por último, talvez seja importante dizer que esta edição não é exatamente o ponto de partida para qualquer outro personagem ou revista da linha Renascimento. A trama que se inicia nesta revista vai ser trabalhada em outras revistas, Liga da Justiça e a própria revista do Flash. Não é um evento que vai ser disseminado em todo o material que está sendo lançado nesta nova fase e nem vai influenciar alguns personagens diretamente, ao menos não inicialmente.

Já andei lendo alguns dos materiais que foram lançados após essa edição, e que pretendo vir a escrever a respeito aqui no site nas próximas semanas, como a arco inicial do Arqueiro Verde e do Aquaman. Até uma edição do Esquadrão Suicida tive a oportunidade de ler. Em nenhum destes casos a aventura e os enigmas propostos aqui estão influenciando estes personagens. Renascimento é então um evento que parece ser relativamente contido. O que é uma vantagem para quem não dá conta de ler diversas revistas de diversos personagens para conseguir entender o plano geral do que está acontecendo no universo da casa.

E é importante porque dá opções de escolhas do leitor. Ler alguns dos novos materiais, e que essa edição apresenta na parte dos materiais extras, em textos, dizendo o que irá encontrar nas revistas de linha e dando um contexto de cada uma. É uma boa liberdade de conteúdo e parece que flexível e moldado ao tempo e poder aquisitivo dos leitores interessados. O que me parece uma ótima ideia.

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Um Comentário

  1. Tenho curtido muito essa fase da DC. Sempre li muito Batman, e também dei uma abandonada logo após o primeiro arco dos novos 52. Nessa nova fase até o Superman, que era um herói que eu não curtia muito, eu tenho acompanhado. Batman, Superman, Detective Comics, Action Comics e Jovens Titãs são, na minha opinião, as melhores dessa fase. Tô me arrastando com Liga da Justiça mas tá difícil, tá bem arrastado o roteiro da Liga e não tem empolgado. No mais, acompanho os encadernados do Asa Noturna e dos Titãs. Tenho gostado bastante destes também.

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