Vingadores: Guerra Infinita | Havia uma ideia… (Crítica)

Eu gostei da maioria dos filmes da Marvel Studios e minhas expectativas para Vingadores: Guerra Infinita eram… infinitas.

A última aventura dos Heróis Mais Poderosos da Terra está finalmente em cartaz nos cinemas mundo afora. E não dá para deixar de sentir uma tremenda nostalgia pensar em 2008 e relembrar da estreia do Invencível Homem de Ferro na telona. Parece que foi ontem mesmo…

“Havia uma ideia, Stark sabe disso, chamada Iniciativa Vingadores. A ideia era reunir um grupo de pessoas extraordinárias, ver se podiam se tornar algo mais. Ver se podiam trabalhar juntas quando precisássemos delas. Para travarem as batalhas que não conseguíssemos.” – Nick Fury

Naquele 2008, Jon Fraveau comandou aquilo que seria o começo da ascensão da Marvel no cinema, com um time de produção reunido para fazer aquilo que somente ela poderia fazer: filmes bons de seus personagens. Sem concessões bizarras ou descaracterização da essência do herói.

Lembranças e recordações

Pois antes da Marvel Studios surgir para exatamente isso, tivemos outros filmes estrelados pelos heróis da Casa das Ideias. Com resultados variados de sucesso e fidelidade ao conceito do personagem. Seja um Justiceiro em Miami ou um Homem-Aranha salvando Mary Jane dos tentáculos do Dr. Octopus, eu sempre tive a expectativa de que o resultado poderia ser melhor.

Não é segredo nenhum que a Marvel passou por apuros financeiros naquele final de século XX. E mesmo antes os direitos de produção de filmes dos seus personagens acabavam nas mãos errados. E assim abominações como um Capitão América enfrentando um Caveira Vermelho italiano eram um duro golpe no coração de cada marvete.

Então, quando chegou a vez da Marvel enfim dar início a um projeto onde ela própria teria o controle dos filmes com seus personagens, tudo ainda era muito duvidoso e parecia mais arriscado ainda. Afinal, eram tempos pré-Disney, o dinheiro não era tão fácil, e um fracasso poderia ser mortal para os planos futuros da editora…

Mas aqui estamos nós, 18 filmes depois, algo que nem o mais otimista fã da Marvel teria imaginado. Eu 10 anos atrás sonhava em ver pelo menos um filme do estúdio por ano, e nos últimos tempos esse desejo veio em dobro. Que época para se viver!

Quase vinte filmes depois, o saldo é extremamente positivo, e me sinto satisfeito. E olha que em termos de filmes com personagens Marvel, ainda temos curtas, séries, e filmes vindos de outros estúdios. Realmente, é algo que eu desejava ver desde a infância, de vez em quando dá uma vontade de me beliscar…

Como eu havia dito, gosto da maioria dos filmes do Marvel Studios, e dois dias depois de ver o novo filme e refletir sobre ele, e consigo colocá-lo ao lado de Os Vingadores como o meu TOP 3 Marvel. Mas, se é um TOP 3, qual o outro filme? Por enquanto é Capitão América: Guerra Civil.

Enfim a Guerra Infinita, sem spoilers!

Aqui em meu texto não vamos dar nenhum spoiler significativo, mas a campanha promovida pela Marvel para que as pessoas não deem spoilers de Guerra Infinita é altamente justificada. Mesmo eu, que até gosto de spoilers, acredito que Guerra infinita tem que ser visto sem saber dos acontecimentos do filme.

Mesmo com tantos filmes de supers saindo ainda há um vasto material para ser explorado. E as grandes sagas envolvendo um montão e heróis ainda era algo apenas vislumbrado no terceiro filme do Capitão.

Então coube a Guerra Infinita mostrar ao mundo que é possível sim fazer um filme com cara daquelas sagas gigantescas lidas nos quadrinhos. Qualquer um que pense no assunto deve concordar que fazer isso desenhando no papel é uma coisa, mas fazer um filme com pessoas é de uma complexidade quase… infinita.

Pois histórias em quadrinhos não conhecem limites de orçamento e nelas tudo é possível, qualquer ideia maluca pode ser realizada. Porém, em um filme, a tecnologia e a maturidade da indústria de cinema de hoje é que podem viabilizar esse feito de maneira tão legal.

Basicamente, Guerra Infinita pega tudo o que foi feito nos últimos 10 anos e usa como ingredientes para criar uma receita infálivel, capaz de conquistar até mesmo corações peludos daqueles que não gostam tanto do gênero. Para alcançar tudo isso, entretanto, é óbvio que o filme precisou ser exaustivamente trabalhado para tentar abraçar tudo, e realmente, qualquer resultado que fosse não agradaria a todos.

Depois de tantos filmes, é normal as pessoas estarem apegadas com determinados personagens e estilos de filmes. Tem aqueles que gostam do jeitão mais sério dos filmes com o Capitão América, já outros se divertem com o estilo mais solto dos Guardiões da Galáxia. Não dá pra equilibrar tudo isso em um filme sem deixar algumas lacunas.

Mesmo essas lacunas não afetam gravemente o filme. Todos os diferentes núcleos de personagens são respeitados e sua interações são interessantes. Tony Stark dialoga com o Senhor das Estrelas e com a mesma naturalidade conversa com o Dr. Estranho.

Os personagens são numerosos, mas todos acabam tendo a sua importância e tem alguma função na história. Claro que cada um tem o seu preferido e, dependendo de qual for esse, pode vir a acontecer uma impressão de mal aproveitamento. Mas eu achei tudo bem equilibrado e de acordo com a história que está sendo contada. Os personagens das fotos que ilustram esse post são os meus destaques do filme!

Eu achei uma ótima sacada em como tudo no final parece apontar para uma referência ainda melhor do que aquela vista em Os Vingadores. E notei que isso é algo que incomoda algumas pessoas por não perceberem isso. Eu vislumbro algo muito legal acontecendo no futuro e tudo o que acontece com os personagens em Guerra Infinita não é nada gratuito e está servindo para contar uma história que ainda não se encerrou.

Esse é justamente um ponto no qual as pessoas precisam prestar bastante atenção. Os filmes do Marvel Studios quando são unidos formam uma grande história, funcionando exatamente como os tradicionais crossovers dos quadrinhos. Fica injusto analisar qualquer filme sozinho, ainda que exista aquela ideia de que um filme deve ser capaz de se sustentar por si mesmo.

Guerra Infinita até pouco tempo atrás era somente a primeira parte, com um filme em 2019 servindo como continuação direta. Porém a Marvel mudou os planos e o filme vindouro ainda irá ter seu nome revelado.

Agora, se você me perguntar se eu encontrei falhas no filme que me incomodaram, posso assegurar que sim. E isso é perfeitamente normal. Se fosse um filme sem falhas é que eu acharia estranho. Mas eu tenho certeza que todo o time de produção se esforçou para entregar o melhor filme possível.

Depois de tanto tempo convivendo com esses personagens é de se esperar que eles tenham criado muitos vínculos com todos os responsáveis por eles. E mesmo entre os atores e diretores que estão chegando agora dá para perceber que eles estão curtindo tudo isso.

O público então, nem se fala. Com os personagens estabelecidos na cultura popular, já podemos notar o quanto são queridos pelas pessoas. Se hoje é perfeitamente normal andar pelas ruas e vermos pessoas com roupas desses heróis. Entrar em bares e ver que a rodinha de amigos está em um debate ferrenho sobre qual deles é melhor. Se até nas provas escolares citam o Capitão América. Fica fácil entender que essa galerinha de roupas coladas e armaduras poderosas não são mais coisa só de nerds.

Por isso, um filme como Guerra Infinita merece aplausos, conseguindo abraçar todo o público. E as demonstrações de sentimentos provocados nas pessoas que começaram a explodir após saírem das salas de cinema é, no mínimo, algo justificado. Com tudo isso em mente, o filme se preocupa em abordar menos sobre as motivações dos heróis e ganha um foco na ameaça que já botava medo no coração dos fãs mais antigos da Casa das Ideias: Thanos.

Perceber que na realidade Thanos é a principal estrela de Guerra Infinita foi algo fantástico. Normalmente nos filmes o vilão tem pouco tempo de tela e fica difícil do público conseguir se relacionar com ele. Mas Thanos é um privilegiado e pode ter os holofotes para si, uma decisão muito bem acertada dos diretores. E mais uma vez os irmãos Russo conseguem dirigir um filme excelente, já podem pedir música no Fantástico e tudo…

Considerações finais

Guerra Infinita é como um passeio no mais divertido parque de diversões do mundo. Provocando os mais diversos sentimentos, sem deixar muito espaço para que o fôlego seja recuperado. Claro que eu tenho a certeza de que o público que não acompanha os quadrinhos vão ser mais impactados pelo filme. E isso é um tipo de experiência que eu secretamente adoraria ter.

Mas veteranos como eu vão poder degustar o filme de uma maneira diferente. É como se você tivesse descoberto um lugar muito incrível, e então pegasse uma galera e levasse todos lá. É um sabor de poder confirmar tudo aquilo que você já achava bom. Uma parte técnica espetacular na maior parte do tempo, elenco afiado, trilha sonora na medida, tem até um fôlego ali no meio para se ajeitar melhor na cadeira do cinema…

Poder ver vários dos meus heróis preferidos interagindo entre si no mais alto nível é uma das melhores experiências que já tive em minha vida. E eu sempre digo que é um desejo da infância se realizando tardiamente, mas cuja espera valeu a pena. Muito.

Enfim, como eu disse, esse é um texto sem spoiler. É mais sobre sensações e uma abertura para podermos falar mais abertamente sobre o filme nos comentários. Pois acho que um filme como Guerra Infinita merece isso. Tem que ser experimentado. E mesmo eu que gosto de spoilers, procurei me afastar deles nos últimos dias.

Após ver o filme, ficar longe dos spoiler foi uma sábia decisão. Não posso deixar de pedir para vocês apresentarem essa década maravilhosa de heróis para quem ainda não a conhece. Levem então essas pessoas para o cinema para verem Guerra Infinita. É um evento bacana que provavelmente nunca mais vai se repetir. Ainda que os produtores do filme vão estão dizendo que a próxima aventura será ainda melhor.

Impossível? Bem, se tem algo que nossos heróis nos ensinam é que no mínimo devemos tentar possibilitar esse impossível. Nossa parte é a mais fácil, ainda mais só sentados comendo pipoca e curtindo o poder da Manopla do Infinito!

10 anos de Universo Marvel nos cinemas!
Um elenco de personagens sem igual!
Efeitos especiais mais que especiais!
Cenas grandiosas e empolgantes!
Emoção do começo ao... fim.

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Um Comentário

  1. Fui ver o filme ontem. Tentando também me manter fora da zona de spoilers, pois é justificado que as pessoas irem ver o filme se saber demais sobre ele, digo que Guerra Infinita entrega aquilo que se propõem desde o começo: reunir todo o elenco Marvel no cinema para um combate cósmico ao jeito que são tais arcos nos quadrinhos. Mérito conquistado e bem sucedido.

    Acho que o Thanos é um dos melhores personagens do filme. De fato um vilão muito bem trabalhado que levanta uma questão filosófica interessante a respeito do universo e sua superpopulação. Sobre fome, miséria e pobreza. E ele não está tentando ser um governador supremo ou algo assim, o que afasta a figura dele como um ditador que deseja governar a tudo e todos. Ele é no mínimo um… visionário.

    Não que ele esteja certo, é claro. Mas é uma visão interessante à que ele coloca à mesa. Apenas sua solução é radical demais.

    Como filme, Guerra Infinita me deixou com aquela sensação de quando fui assistir o primeiro Senhor dos Anéis pela primeira vez: trata-se de uma jornada épica. Gostei muito dessa sensação. Cada núcleo do filme estava em uma “quest”, uma jornada. Cada um precisava cumprir um objetivo. E todas são épicas e urgentes. Você, como espectador fica com o coração na mão.

    Dito isso, duas coisas: o filme não é um projeto que funciona sozinho. É preciso ver algumas coisas antes dele. Thor Ragnarok e o segundo filme dos Guardiões da Galáxia em particular. Tive em minha sessão uma pessoa que não havia assistido estes filmes e estava totalmente perdida no plot desses personagens. Sem saber porque o Thor estava no espaço, sem olho, sem martelo e diferentão do que até então o personagem era em outros filmes. Nos Guardiões idem, sem entender Mantis ou o Groot adolescente.

    Sem ter visto nenhum dos Guardiões o filme fica ainda mais confuso. Em especial no que diz respeito a relação de Thanos e Gamora. É preciso então de um certo background para entender melhor alguns personagens. Ah, Doutor Estranho. Ele é um personagem foda e incrível em Guerra Infinita, mas não tê-lo visto em seu filme solo é meio que um pecado.

    No mais, ainda sem spoilers diretos, só acho que o filme desapontou pra mim no finzinho. Quando ele exagera demais em seu ato final e deixa óbvio demais que algo será “reiniciado”. Deveria ser um momento de impacto, de despedida e pra mim foi só um… “é… isso é total quadrinhos… agora eles tem uma merda em mãos que planejam desfazer em 2019, claro”.

    Não que seja ruim, mas argh, esse é um dos pontos em que mais de critica em quadrinhos. Especialmente em finais de arcos e sagas especiais. O exagero do gesto e como por conta disso a obviedade de que coisas precisam ser desfeitas para minimizar os danos.

    Pra mim a bola escorrega ali, no finzinho, quando troca-se o coeso pelo exagero. Não é audácia. É só… previsível.

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