Lego Os Incríveis | Aventura com a família Pêra! (Impressões)

É muito difícil não repetir pontos e argumentos quando se trata de escrever a respeito dos jogos da série Lego, desenvolvidos pela TT Games. Tenho jogado diversos deles ao longo de duas gerações de consoles, e a fórmula – ainda que sempre atualizada – segue certos padrões que não tem como surpreender a quem já se habitou ao estilo destes jogos. Aqui, em Lego Os Incríveis, não é muito diferente.

Trata-se exatamente daquilo que se espera de um jogo de Lego, baseado em um universo de franquia hollywoodiana. Baseado em Os Incríveis, o filme original de 2004 e sua sequência lançada em junho deste ano, no mesmo período em que o jogo também chegou aos atuais consoles da geração e PC.

Alias, o lançamento (em junho) de Os Incríveis 2 justifica muito a produção desse jogo, que não tem o porte e a originalidade de Lego Marvel Super Heroes 2. É um game que foi lançado para pegar justamente a onda do filme nas telonas. O jogo até se esforça para ser um pouco mais do que isso, mas não escapa do rótulo.

De trás para frente

O ponto em que justifica dizer isso sobre o jogo é perceptível logo que o inicia: o game começa exatamente pelo segundo filme, encurtando em seis capítulos toda a trama da sequência (com grandes spoilers para quem ainda não assistiu Os Incríveis 2). Depois que o jogador passar pela nova aventura, o título habilita mais seis fases baseadas no filme original, aquele de 2004. Nesse meio tempo há o jogo livre, a qual volto a falar sobre ele daqui a pouco, mas no geral esse é um modo que só é realmente interessante explorar quando se termina todos os capítulos de história destes jogos da Lego, pois aí o jogador tem personagens com diversas habilidades que o permitem melhor explorar esse modo livre.

O que estou tentando dizer é que Lego Os Incríveis me deu toda uma impressão errada, como se a ordem do jogo estivesse trocada, me deu a sensação de que o iniciei pelo que deveria ser seu fim, enquanto que ao chegar no fim, era exatamente isso que eu queria quando o comecei.

E veja só, eu fui ver Os Incríveis 2 quando a animação ainda estava nos cinemas. Então repassar pelas fases do jogo com base na sequência animada não foi um problema com spoilers pra mim, mas ainda assim são momentos e ambientes meio frescos na memória, então sem tanto impacto quanto revisitar a animação original, mais icônica.

O game perde a oportunidade de explorar as lacunas da sequência (que é um pouco fraca em relação ao filme de 2004), se limitando apenas a reproduzir, com algumas mudanças, alguns dos momentos do segundo filme. Personagens secundários, mais especificamente os novos super heróis, acabam não sendo tão bem explorados assim (e pra ser justo, isso também ocorre no enredo da animação). O jogo mal tenta criar algo novo ou adicional aqui, o que me decepcionou um pouco. E novamente estou pensando justamente em como a TT Games tem capacidade para enredos e tramas originais, pensando no que ela fez recentemente com Marvel Super Heroes 2.

Melhores adaptações ocorrem quando o jogo passa a trabalhar com os capítulos do filme original. Como em muitos momentos da trama original o Sr. Incrível está sozinho, o jogo teve que trabalhar essa perspectiva de uma forma diferente. Há uma fase antes de seu casamento que é basicamente uma versão estendida da cena em que ele encontra a Mulher Elástico. Sua primeira visita a Ilha Nomanisan é realizada com o Gelado, enquanto seu retorno ele encontra o Olho Laser, que ao contrário do filme original, aqui se encontra vivo.

São estas pequenas mudanças que tornam a releitura do filme clássico divertido e interessante dentro da proposta do jogo. Não se limitando apenas a reproduzir a mesma história que toda criança conhece de cor e salteado. Não que adaptações também não ocorram com as fases baseadas no segundo filme, mas como disse, é tudo meio novo demais ali, então não tem muita importância se é ou não diferente.

Passado pelos dois filmes e encerrado os estágios de história, é sempre aquele momento de explorar o modo livre destes jogos de Lego. Para Lego Os Incríveis, a TT Games veio com a ideia de um modo extra chamado Onda de Crimes, em que os jogadores exploram cada um dos distritos da cidade do jogo perseguindo vilões que estão aterrorizando os habitantes de cada região.

São missões menores e secundárias, mas ainda assim com personalidades. Utilizam o ambiente de cada distrito e os poderes e habilidades de cada super vilão que precisa ser combatido. Acabam sendo pequenas histórias, curtas e originais, e são divertidas por estarem acrescentando algo ao universo de Os Incríveis.

E a recompensa dada ao jogador que completar cada uma das Ondas de Crimes do jogo é ainda mais sensacional: é habilitado um bloco de construção da Família Pixar, o que adiciona um personagem jogável tradicional dos filmes da Pixar que não fazem parte do universo de Os Incríveis. Foi uma surpresa, por exemplo, encontrar a Dory de Procurando Nemo, logo na primeira vez que conclui uma Onda de Crimes. É o suficiente para deixar o jogador curioso quais outros convidados especiais serão desbloqueados nas próximas missões.

Nada novo, tudo básico

Lego Os Incríveis talvez não seja tão incrível quanto poderia esperar que fosse, mas também não é exatamente menos do que poderia se esperar de um dos jogos de Lego da TT Games. Toda a fórmula da franquia se repete aqui. Os jogadores saem batendo em tudo pelos estágios, afim de colecionar pecinhas que são o dinheiro do game e utilizadas para comprar outros personagens e veículos.

Os estágios são lineares, baseados em pequenos puzzles que precisam ser resolvidos para continuar avançado, sendo que normalmente são passagens bloqueadas que precisam ser desbloqueadas utilizando as habilidades em conjunto dos personagens que compõem aquele momento do capítulo de história. Há pequenos vilões e raros momentos de chefes, que normalmente não apresentam grandes dificuldades. Também há alguns segmentos de veículos, de corrida e perseguições.

São estágios que possuem diversos segredos, mas que nunca são descobertos em sua totalidade na primeira vez em que o jogador a visita, pois é preciso concluí-los para poder a revisitar no modo livre e assim usar qualquer um dos personagens que já estiverem sido desbloqueados dentro do game. É uma forma que o jogo encontra para dar um valor de replay a estes estágios, e que oferece uma experiência diferenciada quando se torna possível usar qualquer um dos personagens do jogo.

Quanto ao elenco de Lego Os Incríveis, dá para dizer que não é tão diversificado e insano quanto jogos de Lego baseado no universo da Marvel ou da DC. Afinal a franquia Os Incríveis é um tanto limitada por ser focada e centrada na família Pêra e naqueles próximos a eles. Fora que dentro do contexto da história os super heróis estão banidos, então os filmes originais não puderam explorar uma gama tão grande deles ao ponto de tornar o elenco de extras tão grandes para um jogo Lego.

O que o jogador vai encontrar aqui são todos os personagens básicos e diversas versões diferentes de trajes para Gelado e a família Pêra. Não é ruim, ao todo o game tem 119 personagens, porém é um número inflacionado por personagens menores, como civis, que não possuem qualquer tipo de poder ou grande habilidade. Apenas estão cumprindo cotas.

No geral não houve nada que tenha me surpreendido aqui, mas pra ser justo, não achei que haveriam algo nesse sentido. Gosto da ideia que a TT Games tem aplicado em alguns destes jogos, como as mega construções. Isso veio, salvo equívoco, de Lego City Undercover e é reprisado aqui, dentro de um mini game de esmagar botões até todos os membros da família encherem um indicador de construção. É uma mecânica que se faz presente em todo o jogo; fases de história, exploração da cidade e Ondas de Crime.

Alias, a cidade de Lego Os Incríveis também segue essa ideia de “normal demais“. Não é uma mega metrópoles maluca como de Lego Marvel Super Heores 2, e nem impactante como foi a primeira vez em Lego City Undecover. Como esse também é um ambiente que não tem muita expressividade nos filmes originais, isso acaba se refletindo no jogo. O que vale aqui é explorá-la para pequenas tarefas que são encontradas em todos os cantos dela, como destruir ou construir coisas para ganhar blocos dourados. Fora que há também pequenos desafios de corridas, o que é muito legal para usar personagens como o Flecha, que pode inclusive correr pela água.

Considerações finais

Lego Os Incríveis é mais um jogo Lego para brincar em família. Simples e direto assim. Tal qual qualquer outro jogo da série, pode ser jogado em modo cooperativo com um segundo jogador em todas as fases e seus momentos. Ideal para um adulto e uma criança, como no meu caso, um pai e um filho pequeno (de 6 anos). Nós sempre nos divertimos porque é uma experiência que temos juntos. Essa é exatamente a graça e o ponto alto destes jogos de Lego.

Há também que se elogiar o trabalho da dublagem do game. O título chega ao Brasil pela @WBGamesBR totalmente dublado, com as vozes dos dubladores da animação. Isso com certeza é um ponto que faz toda a diferença para esse tipo de jogo, especialmente para um baseado em uma animação Disney/Pixar, que tem como forte exatamente suas dublagens. Para os menores ter estes games em nosso português faz toda a diferença, especialmente aos pequenos que ainda nem sabem ler, pois quando os personagens travam em algum puzzle, os próprios acabam, depois de alguns minutos, falando alguma dica sobre como resolver o entrave.

Tal qual os jogos de Lego de super heróis, Marvel e DC, o título aqui também usa e abusa de uma gama engenhosa de super habilidades. Tem de tudo quanto é tipo. Super heróis que atiram gelo, laser e afins; tem os super rápidos; os que voam e são quase que indestrutíveis; há alguns como a Mulher Elástico que se esticam, fazendo pontes e entrando em dutos; tem aqueles que fazem portais ou emitem ondas sonoras; há os super fortes, os que manipulam objetos; e há o Zezé, o adorável bebê da família que tem diversos poderes e transformações. Com tantas possibilidades o jogo nunca fica tedioso.

Ao fim, Lego Os Incríveis não é o melhor daquilo do que a TT Games normalmente consegue entregar com suas produções, porém imagino que houve um certo prazo apertado para entregar o game junto com o filme nos cinemas. Fora que dentro do universo da franquia da Pixar, me parece que entregaram aquilo que poderiam de fato fazer. Só achei realmente infeliz a decisão da ordem de como o jogo começa, pelo segundo filme. Pra mim isso criou uma dinâmica errada do jogo, me tirou do ritmo, quebrou algumas expectativas. Claro que este sou eu falando, um adulto rabugento. Para o meu pequeno, isso não foi um problema ou incômodo, então imagino que não é algo que o público alvo destes jogos vá de fato ficar incomodado.

Galeria

Extra 1 | Gameplay de uma missão de Os incríveis – duração 34 minutos

Extra 2 | Gameplay de duas missões de Os Incríveis 2 – 47 minutos

Segue a fórmula básica dos jogos Lego (TT Games)
Dublado em português com as vozes originais
Tem um ritmo estranho ao começar pelo 2º filme
Indicado para jogar com crianças, jogo família
Boa ideia adicionar convidados de outros filmes Pixar
Ondas de Crime, nos mundo livre é divertido
Revisitar o primeiro filme dá uma nostalgia

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