Análise | Tony Hawk’s Pro Skater 1+2

Disponível no PlayStation 4, Xbox One & PC

Tony Hawk’s Pro Skater 1+2 nos leva de volta as origens com o inesquecível Tony Hawk. Pois é, se você perguntar por aí, até mesmo para os mais jovens, é difícil quem não associe seu nome a famosa série de games de manobras em skate (skateboarding) conhecido como Tony Hawk’s Pro Skater, que leva o nome do famoso skatista no título desde os primórdios no primeiro PlayStation, com seu primeiro título lançado no distante ano de 1999!

Pois bem, depois de longos anos de hiato, já que o último título da série havia sido lançado em 2015 e recebido duras críticas da mídia e dos jogadores, a Activision se reuniu novamente com a Vicarious Visions, estúdio responsável pelo fantástico Crash Bandicoot N. Sane Trilogy, para resgatar mais uma IP clássica da era inicial da linha PlayStation. O resultado é exatamente Tony Hawk’s Pro Skater 1+2, que chegou para PlayStation 4, Xbox One e PC agora no último 4 de setembro, justamente com a premissa de revitalizar os dois primeiros títulos da série, dando não só uma completa repagina visual, mas também realizando um enorme upgrade geral, porém mantendo-se o mais fiel possível ao gameplay original, em dois clássicos que fizeram muito sucesso início dos anos 2000.

O resultado soa como um título moderno, condizente com o que se vê nos jogos atuais, mas sem a perda do DNA original, especialmente em termos da jogabilidade, no estilo arcade, na tão importante trilha sonora e a memória afetiva ao se respeitar pistas e seus cenários originais, a qual certamente muitos jogadores veteranos vão se impressionar com a transformação fiel a qual estes ambientes passaram. Bem semelhante ao que aconteceu quando a Vicarious Visions trabalhou com os três primeiros jogos de Crash Bandicoot no remaster lançado em 2017. Respeito ao material original, essa é a palavra chave aqui.

Pegue seu skate

Em THPS 1+2 além do próprio Tony Hawk temos uma vasta lista de skatistas famosos do passado, assim como também foram incluídos alguns dos tempos atuais. Do passado, vale mencionar estrelas como Bob Burnquist e Rodney Mullen, enquanto no time estreante não posso deixar de mencionar a Leticia Bufoni, skatista brasileira que chega pra brilhar nessa nova versão do jogo.

Para os que gostam de colocar sua própria cara no personagem ou que gostam de recriar outras celebridades no jogo, há uma opção de criar o seu próprio skatista, utilizando de uma vasta gama de opções para personalização, ainda que alguns possam achar ruim não poder mexer na estrutura corporal, como peso e altura. Também é meio chato que não haja uma opção para adicionar óculos ao seu personagem. O sistema cobre o básico, de forma quase completa, mas deixa de lado estes pequenos detalhes que dariam uma camada adicional de personalização pessoal.

O jogo também traz boas opções de vestuário e tudo mais para personalizar o look do personagem. Com isso há também uma LOJA DO SKATE, onde você encontra diversas opções de roupas, acessórios e skates personalizados para o seu skatista, e para comprar na loja você deve usar dinheiro no jogo, que recebe conforme vai finalizando provas e cumprindo desafios. Nada de microtransações por aqui, ao menos neste momento inicial de seu lançamento .

A jogabilidade encontrada em THPS 1+2 é bem leve e fluída, um pouco mais ágil do que se pode recordar, e evolui de maneira perfeita o que se era encontrado nas versões originais. É fácil passar horas fazendo combos e tentando superar suas próprias pontuações. As transições de manobras são bem orgânicas e também bem precisas, qualquer erro na hora de executar alguma manobra pode ser crucial para que o skatista perca o equilíbrio e falhe. Quanto maior os combos e a sequencia de manobras, a barra de especial vai enchendo para que possa utilizar os especiais do personagem, mas claro que se errar alguma ou se demorar muito para realizar a sequência a barra se esvazia.

É uma mecânica simples, fortemente inspirada em uma pegada bem arcade, mas que funciona bem até os dias atuais. Inclusive o título mantém aquele estilo descontraído do original, com diversos colecionáveis espalhados pelas pistas e que o jogador deve procurar e até mesmo se esforçar para atingir os pontos para colecionáveis. Sejam as letras da palavra Skate, sejam as fitas cassetes (que talvez a criança sequer saiba o que são). Como não adorar uns colecionáveis voando pelo cenário? Isso é muito o estilo dos primeiros jogos tridimensionais.

Quanto a variedade, o título traz modos para um jogador e também para jogar com um amigo, no modo offline, com a clássica (mas ainda querida) tela dividida. Temos 3 modos a disposição, em um deles podemos jogar a lista de pistas do primeiro jogo, tendo que cumprir os objetivos de cada uma para ir liberando novas pistas. A segunda opção funciona da mesma maneira que a primeira, porém com as pistas encontradas na segunda edição do jogo original. Já na última opção você pode jogar livremente por todas as pistas do jogo, sem necessariamente ter que cumprir objetivos ou se preocupar com tempos, e o legal é que nesta terceira opção todas as pistas já estão liberadas desde o início do jogo!

Um detalhe que havia nas versões originais, e que foi deixada de lado nessa nova versão, é que no modo clássico, onde é preciso ir completando as fases para liberar novas, você podia jogar cada fase com um skatista de forma independente, onde os resultados obtidos por cada um eram separados, aumentando assim o fator replay para uma época que não havia ainda modos online. Na nova versão o jogador pode utilizar toda a ampla lista de skatistas para completar os desafios de cada fase, que são contabilizados de forma conjunta, facilitando um pouco para os menos habilidosos, e deixando uma pontinha de saudades para os que amavam “zerar” cada fase com um personagem diferente. Ainda assim, cada personagem conta com uma lista de desafios próprios, que podem ser completados durante a jogatina e que liberam bônus quando completados, dando um pouco mais de desafio para quem gosta justamente de testar todos os personagens.

Manobras multiplayer

Para quem gosta de desafios contra outras pessoas, há o Modo Multiplayer, que é dividido entre Lista Rápida para o Modo Online, onde há duas opções, uma casual chamada ROLÊS para os mais descompromissados e a opção COMPETITIVO para queles que gostam de disputar com os mais viciados no jogo. Nos modos online vão rolando playlists de disputas aleatórias, e que há modos em que vence aquele que faz mais pontos dentro de um período de tempo, ou o modo em que primeiro a fazer um super combo com determinada pontuação vence instantaneamente, dentre outros tipos de desafios contra os jogadores online. Vale frisar que não há como criar playlists ou selecionar o modo desejado para essa disputa.

Quanto ao multiplayer local, é possível jogar com mais um amigo na (já mencionada) tela dividida, como nos bons tempos de PSOne e, nesse caso, é possível não só escolher a pista desejada para a jogatina, como também a escolha de modo de jogo é totalmente personalizável. Quer jogar uma disputa de 2, 5 ou 10 minutos? Você poderá escolher para desafiar seus amigos! E é bacana mencionar que os modos disponíveis são:

  • ESTILO LIVRE: Aqui você pode simplesmente relaxar com um amigo fazendo manobras e curtindo um bom som.
  • PROVA DE MANOBRAS: Quem estourar o tempo máximo com o maior número de pontos vence!
  • DESAFIO DE PONTUAÇÃO: Como na PROVA DE MANOBRAS, mas aqui o limite de pontos é escolhido antes e quem chegar nele ganha a disputa!
  • BATALHA DE COMBO: Nesse modo quem fizer o maior combo dentro do tempo determinado sai como ganhador.
  • DESAFIO DE COMBO: Como na BATALHA DE COMBO, nessa disputa é estipulado um valor para o combo, e quem atingir essa pontuação em uma tacada só, leva!
  • GRAFITE: Aqui quem terminar a rodada com o maior número de objetos do mapa pintados com a sua cor é o vencedor.
  • HORSE: Executar combos até alguém soletrar HORSE é o caminho da vitória.
  • PEGA-PEGA: Aqui não tem segredo, no tradicional pega-pega o último que tiver sido pego ao final do tempo perde a disputa!

Ah, e vale lembrar que todos esses modos aparecem no modo online, porém de forma aleatória!

Servindo como uma maneira de estender a longevidade do jogo, encontramos o modo para criar sua própria pista, além da completa biblioteca de half’s, piscinas e todas as parafernálias necessárias para montar a pista de skate dos sonhos. Aqui temos a novidade em que é possível compartilhar a sua criação com outras pessoas online, além de ter acesso também a pistas criadas por outros usuários, o que torna bem legal e excitante para os mais viciados em manobras! Isso aumenta exponencialmente o valor de replay do título, especialmente para aqueles que curtem esse conceito de criações da comunidade. É uma grande adição ao título.

Visuais renovados, com uma trilha sonora que dá gosto ouvir

Dá pra perceber logo de cara que capricharam muito na remasterização dos cenários, preenchendo de forma bem natural as lacunas visuais que não existiam nos gráficos limitadas da era do PSOne. As fases estão com um visual impecável, muito bem trabalhados e proporcionam uma ótima experiência ao jogador. Os modelos dos personagens seguem o estilo gráfico do jogo e estão bonitos, dá para sentir que a evolução no geral é enorme para as versões originais de ambos os jogos. Afinal, já se passaram décadas e a evolução de hardware permite com excelência que jogar THPS 1+2 seja visualmente maravilhoso.

Um detalhe que me chamou a atenção é que em alguns cenários os efeitos de luz estão muito bem feitos, o que me faz pensar que se o jogo utilizasse o ray tracing (e ele não usa), o quão poderiam ficar ainda mais bonitos os reflexos e as luzes dos cenários. Mesmo assim o trabalho é digno de elogios, e quem sabe um port para a próxima geração de consoles não possa adicionar isso. Além tudo isso, o jogo possui suporte a HDR, o que privilegia quem tem televisores ou monitores que suportem a funcionalidade, permitindo que a imagem como um todo fique ainda mais agradável aos olhos.

Indo adiante, é impossível não mencionar que a série Tony Hawk’s Pro Skater sempre foi muito conhecida pelas músicas incluídas no jogo. Quem nunca se pegou ouvindo Superman do Goldfinger e não lembrou na hora do jogo? Bem, devido aos direitos autorais de algumas músicas, nem todas dos jogos originais estão presentes nessa versão, porém foi feito um ótimo esforço para que grande parte fizesse retorno nesta nova versão, como a própria Superman, e as famosas Police Truck do Dead Kennedys e a Cyco Vision do Suicidal Tendencies.

A boa notícia é que além das músicas trazidas do passado, também foram adicionadas novas músicas, atualizando assim o repertório, e que no geral tem agradado a crítica e também a comunidade, com faixas que combinam muito bem com o título. E como não mencionar também a grata surpresa de uma música brasileira da banda Charlie Brown Jr., a canção Confisco, que tem batidas bem rápidas e dinâmicas como todo bom jogador de THPS gosta.

Uma dica preciosa, para quem quiser conferir as músicas que estão presentes no jogo, basta clicar aqui para ser levado a uma playlist no Spotify criada com toda a soundtrack presente no jogo.

Considerações finais

Sabe aquela memória que temos de um determinado jogo da infância, mas que infelizmente ao jogarmos tempos depois não passa a mesma impressão que tínhamos? Em Tony Hawk’s Pro Skater 1+2 isso não acontece, pois o cuidado da Vicarious Visions é certeiro ao entregar uma jogabilidade fluida, gráficos lindos e músicas incríveis, assim como todo o pacote desse jogo que faz com que aquela sensação que havia ao jogar os primeiros Tony Hawk’s reapareça e faça com que a cada jogatina você se sinta um skatista profissional.

Depois de anos de espera, temos novamente um jogo digno de levar o nome de um grande skatista como Tony Hawk e a todo sucesso que a série, que leva seu nome, fez ao longo de gerações de consoles – ainda que as últimas sequências tenham grandes tropeços. O trabalho aqui é justamente o resgate glorioso de uma fórmula que funcionava em sua origem e que precisava ser reativada como tal. Algo que felizmente o estúdio responsável pelo seu desenvolvimento já provou ter grande talento e respeito aos detalhes originais, afim de não riscar a sensação clássica que os originais possuem.

Se você já conhecia, e ainda é fã da série, com certeza irá amar essa versão. E se, por ventura, você não conheça ainda, ou tenha jogada as sequências inferiores, é muito capaz que você se apaixone com a imersão que este novo jogo irá lhe entregar, com uma curva de aprendizado apesar de ser fácil, ao mesmo tempo bem desafiadora para executar manobras de, quem sabe, até 2 milhões de pontos!

Galeria

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Dando uma nota

Cenários repaginados com uma qualidade fora de série deixando os gráficos lindos - 9
De Goldfinger a Charlie Brown Jr, o som pauleira está presente dando ritmo insano a jogatina - 9.5
Remaster de respeito, o jogo entrega tudo aquilo que havia nas versões do PS1 com um toque de atualidade - 9
Apesar de novos desafios, poderia ter sido mantida a opção de zerar as fases com cada personagem - 8.5
Criar suas próprias pistas é legal, compartilhar é mais legal ainda, replay infinito - 9
Controle na mão, skate no pé! Jogabilidade gostosa que te faz querer jogar mais e mais! - 9.5
Multiplayer local com tela dividia e Multiplayer Online, o melhor dos dois mundos - 9

9.1

Excelente

Se você procura diversão e desafio, aqui você encontra os dois somados a uma trilha sonora incrível e gráficos bem feitos, respeitando o legado de um IP inesquecível. Tenha sob seu controle seu skatista preferido ou uma versão de si próprio e se torne o rei das pistas de skate nesse jogo imperdível, o melhor Tony Hawk’s Pro Skater da última década!

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