Análise | Sonic Frontiers

Disponível para PlayStation, Xbox, Nintendo & PC

Sonic Frontiers é uma reestruturação do conceito de como um Sonic 3D pode, e deve, funcionar. Num comparativo, dá para dizer que Frontiers propõem o frescor que Sonic Adventure se propôs quando lançado lá em 1999, como carro chefe do Dreamcast. Hoje, sem um console próprio, a Sega tem outros desafios, e um deles é manter seu icônico mascote relevante, interessante e revigorante. E tais méritos são obtidos nesta nova aventura do ouriço.

Desenvolvido pela Sonic Team, distribuído globalmente pela própria Sega, Sonic Frontiers foi lançado no final de 2022, em 8 de novembro, chegando a todos os atuais consoles do mercado, incluindo aí o PlayStation 4 e o Xbox One, que insistem bravamente em coexistir com seus sucessores, o PlayStation 5 e Xbox Series X|S. Frontiers também chegou ao Nintendo Switch e, claro, ao PC. Para esta análise, tive como experiência o título no Xbox Series S.

O destaque de Sonic Frontiers fica no formato de como sua jogabilidade é conduzida, mesclando um verdadeiro playground em mundo aberto, com breves momentos de estágios tradicionais (verdadeiramente pequenos) no clássico modelo tanto 2D quanto 3D. A sensação de liberdade para explorar um imenso mapa, somada a grande velocidade e mobilidade de Sonic é um dos maiores pontos da proposta do jogo, juntamente com alguns méritos técnicos louváveis, como uma câmera precisa e responsiva.

Importante também ressaltar que o título foi lançado com localização com legendas em nosso português, mantendo as opções de áudio tanto em inglês quanto em japonês. Dado que trata-se de um jogo que reinventa algumas mecânicas, ter as explicações em nosso idioma é dar acessibilidade ao público para entender a proposta do título. Além disso é muito mais agradável acompanhar a história do jogo quando as legendas estão em nosso idioma, porque sim, a trama de Sonic Frontiers é algo a ser apreciado.

Ilhados entre real e digital

A narrativa de Sonic Frontiers nos leva para a misteriosa locação denominada Starfall Islands. Lá encontramos Eggman mexendo em antigas estruturas, atrás dos segredos da tecnologia ancestral do lugar, até que algo dá errado e o mesmo é sugado para dentro de um antigo altar, não sem antes ativar o que quer que esteja na ilha protegendo seus segredos.

Sonic, Amy e Tails já estavam rastreando Eggman até as ilhas, assim como de uma estranha energia que os remetem as Chaos Emeralds, quando de repente são sugados por um vórtex. Sonic passa por um local que lembra Green Hill até que é jogado para fora desse portal, caindo aos pés do antigo altar visto por Eggman. Ele está sozinho, seus amigos sumiram e a aventura abre com mais perguntas do que respostas.

Logo o jogador entende que há duas realidades aqui, a real, a qual Sonic se encontra, mas também um espaço digital chamado Cyper Space. Tails, Amy, Knuckles e até mesmo Eggman estão presos nesse espaço. Uma presença enigmática, chamada de Sage, se apresenta ao ouriço, dizendo que se ele deseja libertar seus amigos será preciso enfrentar os Titãs que guardam as ilhas ancestrais.

O que de fato acontecerá quando todos os Guardiões forem derrotados? Por que apenas Sonic consegue entrar e sair do Cyber Space? E acima de tudo, o que aconteceu com os habitantes destas ilhas, que estão presos em pequenas formas de pedras e são chamados de Kokos? Em quê tudo isso se relaciona com as Chaos Emeralds?

Gostei muito da forma como a condução narrativa de Sonic Frontiers se apresenta ao jogador. A construção do mundo é feito aos poucos, conforme a aventura vai progredindo. O jogador vai aprendendo sobre tudo junto com Sonic, que também não entende o que está acontecendo.

Contanto o maior mérito aqui é o elemento emocional aplicado a história. Há um senso de solidão, ainda que Sonic consiga fazer contato com seus amigos, pois na maior parte do tempo ele está sozinho, explorando um mundo que enfrentou uma tragédia, enquanto o passado dos Kokos vai se revelando.

Cada amigo preso dentro do Cyber Space também está passando por mais bocados, e muitos diálogos que são realizados com o herói da aventura chegam a tocar o coração do jogador. Amy não esconde mais seus sentimentos por Sonic, assim como sua frustração de não ser correspondido, enquanto Knuckles sente o peso de um passado a qual não confiou no ouriço. Tails, por outrora, sente que deveria sei mais do que um fardo a ser salvo, mesmo que Sonic nunca o tenha visto desta maneira. É tocante como cada personagem recebe uma construção narrativa com elo emocional.

Então, Sonic Frontiers constrói uma bela trama, com muito mais emoção do que clássicas aventuras do ouriço, a qual há muito mais ação, piadas e momentos de adrenalina, sem tanto espaço para trabalhar personalidades e sentimentos dos personagens, especialmente os principais da série, já estabelecidos e conhecidos pelos fãs há tantos anos.

Há muitas camadas interessantes aqui no roteiro apresentado. Mesmo que ela não se apresente a todo momento, afinal, ainda estamos em um jogo de aventura, e aqui, especialmente, de exploração livre em uma ampla área aberta. O que me leva ao próximo ponto desta análise.

Playground em alta velocidade

Se há que se apontar a estrela mais brilhante de Sonic Frontiers, certamente é que aquela que trabalha seu gameplay, com mecânicas de exploração, em como a câmera se comporta diante de um amplo cenário e a liberdade para se descobrir mais sobre o mundo ao seu redor. A tão sonhada livre movimentação que sempre se sonhou ter em um jogo de Sonic.

Funciona da seguinte maneira: a campanha apresenta cinco ilhas, que se comportam como grande mundos abertos. E quando digo abertos, estou sendo bem literal. É deferente dos trilhos e caminhos de um mundo de um Super Mario 3D em algumas de suas edições. Sonic pode ir para qualquer canto, em qualquer direção, e sempre encontrará algo em todas as direções possíveis, ainda que as recompensas possam variar das mais simples as mais raras. Não existe uma ordem certa para investigar o mundo, e ainda que as fases possam ser enumeradas não é necessário enfrentá-las em tal ordem.

Qual o objetivo em cada mundo? A história lhe diz que deve derrotar cada Titã Guardião, contudo para isso é preciso encontrar as sete Chaos Emeralds de cada ilha. Sim, cada ilha tem as sete esmeraldas. Para pegar as esmeraldas é preciso de algumas chaves de altar, e para conseguir as chaves é preciso entrar no espaço digital e vencer as fases do jogo. Só que para entrar no espaço digital é preciso de algumas engrenagens, que são liberadas enfrentando grandes inimigos da ilha. Notou a escalada de objetivos, certo? É o efeito borboleta, a qual de pequenas tarefas se alcança grandes tsunamis de causa e feito.

Em paralelo a isso, cada ilha mantém um amigo de Sonic preso no Cyper Space, ao menos nas três das cinco ilhas do jogo. A frente desta análise menciono o diferencial das duas últimas ilhas. O ponto é que para conseguir dialogar com esse amigo preso na dimensão digital, Sonic paga um pedágio recolhendo ao longo das ilhas itens que permitem executar essa ação. E são muitos itens recolhidos para cada um dos possíveis diálogos, dentre obrigatórios e opcionais. Mas recolher estes itens são fáceis e nunca empaquei na progressão por não ter a quantidade necessária.

Isso ocorre porque as ilhas são repletas de fragmentos de pistas de ação características das fases tradicionais do universo de Sonic. São trilhos e plataformas por todos os locais, encaixadas em incontáveis formações distintas, a qual cada fragmento recompensa o jogador de alguma forma, sejam itens que vão permitir que se aprimore as habilidades de Sonic, sejam os itens para destravar diálogos e a progressão da campanha, sejam argolas, sejam novos caminhos e atalhos que levem a novos confrontos contra os inúmeros inimigos encontrados na ilha. Ou seja, a bem verdade é que explorar cada ilha vai muito além de um avançar plano, apenas correndo em qualquer direção. Há muita verticalidade encontrada no design do mundo.

Já falando dos inimigos, posso dizer que Sonic Frontiers tem um sistema de combate dos mais elaborados da história dos jogos de Sonic. Aqui não estamos mais presos no simples conceito de pular e instantaneamente eliminar um adversário. Os inimigos da ilha são muito mais elaborados e resistentes, possuindo diversos formatos de combate e mecânicas de confrontos. E isso vale para os mais diversos tamanho de inimigos.

Adversários pequenos podem ser rápidos e resistentes em suas defesas, exigindo que o Sonic use sua velocidade e habilidade única para quebrar barreiras. Já inimigos maiores possuem estágios de confrontos, sendo necessário avançar etapa a etapa até conseguir da cabo do mesmo. Em alguns é perseguir até conseguir estar perto o suficiente, enquanto em outros inimigos o segredo é ir quebrando-os em partes.

Já adiantando sobre as habilidades, desta vez Sonic recebeu uma árvore de diversas habilidades para lidar com as muitas ameaças das Starfall Islands. Talvez a mais interessante seja a que permite criar um rastro de energia azul por onde Sonic passa. Ao fazer isso, o rastro pode se cruzar num círculo, nocauteando qualquer inimigo que esteja dentro do mesmo, causando dano e quebrando barreiras. Fazer um círculo, independente do tamanho, também gerar argolas e, com maior raridade, outros itens coletáveis da aventura. Gerar argolas é ideal para não morrer definitivamente, assim como nos segmentos em que você se tornará Super Sonic, e sim, será possível assumir essa forma algumas vezes ao longo da campanha, sempre no segmento que finaliza a ilha, antes de partir para a próxima.

Voltando um pouco, retomando o assunto da exploração do mundo aberto, acredito que seja interessante apontar que o que torna esse aspecto interessante seja a forma como o jogador descobre momentos e eventos dentro de cada uma das ilhas presentes na campanha. Essa sensação de descoberta é forte porque o mapa não dá todas as localidades no momento em que Sonic pisa sob ela. É preciso encontrar beacons, pontos de sinalização que emitem um radar sonoro que mapeia um pedaço do mapa ao jogador. Normalmente o suficiente para saber onde se encontra o próximo beacon.

Estes pontos de descoberta do mapa são interessante porque não basta apenas chegar aos locais, sendo necessário executar pequenas tarefas, normalmente mini games, para que, uma vez vencido, o beacon seja ativado. Estas tarefas são as das mais diversas, seja correr até um local, ativar plataformas, coletar algo, resolver puzzles em pisos e assim por diante. São bem diversificados e mesmo repetindo várias vezes ao longo da aventura, nunca são cansativos ou frustrantes na dificuldade. Pelo contrário, é muito satisfatório correr atrás de beacons e ativá-los para entender a verdadeira dimensão da área de cada ilha.

Mas posso explorar o mundo sem ativar os beacons? Pode, mas o mapa não é revelado só porque está em uma área em que não o ativou. Então é uma exploração às escuras. Além disso, quando um ponto de descoberta é acionado, ele cria um trilho de alta velocidade que o permite viajar até o beacon mais próximo, que tanta já esteja ativado. Funciona exatamente como um viagem rápida, sem tela de transição. Tudo é realidade em tempo real ao gameplay, podendo inclusive interromper a viagem e parar pelo meio do caminho, caso veja algo que lhe interessa ao horizonte.

Então cabe refletir, Sonic num mundo completamente 3D funciona? E a santa câmera, que nos jogos anteriores sempre nos jogou para fora dos cenários ou se posicionou em locais nada práticos para a proposta de hipervelocidade do gameplay? Pois então, não é que a câmera de Sonic Frontiers é uma danada de inteligente? Cheguei a ficar impressionado com isso assim que comecei a rodar pela primeira ilha, a ponto de parar minha progressão somente para adentrar nos mesmos pontos de ação em trilha por diferentes direções afim de descobrir meios de quebrar a câmera. E em 99% das vezes não consegui! Uau.

A mágica ocorre porque quando Sonic bate em um bumper ou entra em um trilho, o jogo automaticamente sabe para onde você deve olhar e por isso vai sempre lhe posicionar no exato ponto de visão necessário para prosseguir pelos desafios de trilhos, saltos e plataformas. Mas isso em segmentos criados dentro do playground da aventura. Num terreno qualquer do jogo, a qual não há nada que possa ser ativado para ação, a câmera vai se comportar como uma outra câmera qualquer de videogame: você mexe, posiciona como bem entender nestes casos. Mas novamente, na maior parte da exploração, você estará engatado em trilhos, bumpers, e faixas de aceleração, o que fará com que a câmera lhe mostre para onde olhar.

Consigo concluir este segmento da análise em torno da exploração aberta de Sonic Frontiers dizendo que é uma grande reformulação de gameplay ao relação as obras anteriores do personagem. Claramente existe uma forte inspiração de reconstrução do gênero de mundo aberto que surgiu quando The Legend of Zelda: Breath of the Wild veio ao mundo. A Sonic Team não tenta imitar ou copiar Zelda, mas adapta o amplo conceito de “vá, descubra e faça como quiser” dentro de uma abordagem que funciona plenamente ao acelerado Sonic. O resultado é revigorante para a franquia do mascote azul da Sega.

Fórmula tradicional em rápidas fases

Antes de seguir para a parte final desta análise, acho válido separar um momento para mencionar as fases tradicionais que são parte do objetivo da campanha, sendo necessárias encontrá-las no mundo aberto para conseguir chaves que vão liberar as Chaos Emeralds.

Estas fases são bem curtinhas, sempre na média de 1 até 3 minutos, sempre com algumas metas e objetivos para conseguir certo número de chaves. Dentre estes objetivos estão coletar certo número de argolas, encontrar todas as 5 fichas vermelhas, fechar a fase dentro de um certo tempo e assim por diante. Não é difícil conseguir três ou quatro objetivo, o que é o suficiente para progredir pelo jogo. Apenas a meta de fechar dentro de determinado tempo é mais complicado quando se está buscando os demais objetivos, mas nada que mais duas ou três tentativas não resolvam, e como são curtinhas, é de boa tal repetição.

Estes estágios mesclam alguns modelos da fórmula tradicional. Algumas fases ocorrem totalmente no formato 2D, com Sonic avançando lateralmente pela tela, assim como há algumas em 3D, com Sonic avançando para a frente da tela. Também há o 2.5D, que é aquela mistura de tela lateral e tela frontal. Há então todos os formatos de construção de fases da fórmula tradicional dos jogos do ouriço.

Há um total de aproximadamente 30 fases nesse estilo dentro da campanha de Sonic Frontiers, contudo é importante apontar que a ambientação destas fases tentem a se repetir. Os jogadores encontrarão apenas 4 temas de ambientes: Green Hill, Chemical Plant, Sky Sanctuary e Highway (uma zona que parece uma imensa autoestrada surreal). Soa bem pouco, não?

Não que as fases soem repetitivas, mas acho que perde-se parte do grande design que normalmente os fãs encontra em jogos do Sonic, com zonas realmente diferentes, repletas de estilos e afins. Uma Carnival Zone, por exemplo, daria todo um toque especial ao pacote. Talvez o desenvolvimento do título em meio a pandemia tenha podado alguns recursos? Talvez, não há como afirmar isso, mas é uma impressão.

Contudo, como já mencionado, estes estágios são apenas um pedaço muito pequeno do gameplay oferecido por Sonic Frontiers. Inclusive o jogo funcionaria completamente ainda que estas fases não estivessem incluídas no conjunto da obra. A meu ver, soa mais como um salvo conduto. Estão ali apenas pelo risco da possibilidade, caso os jogadores ficassem fadigados com o conceito da exploração mais livre, o que não acho que vá acontecer.

E as fases, mesmo curtinhas, tem a mesma montanha russa de qualidade que tradicionalmente existe em jogos da franquia. Alguns são excelentes, outras apenas óbvias. Desta vez não encontrei nada aqui que causasse grande impacto. São fases realmente básicas, de velocidade, múltiplos caminhos, e que funcionam pela repetição de tentá-la vencê-la uma segunda ou terceira vez, tentando algo diferente para chegar ao final da fase.

Inclusive elas são tão bem construídas que nunca tive problema com as cinco fichas vermelhas que estão espalhadas por todos os estágios. Mesmo tomando diferentes rotas, parece que os desenvolvedores tiveram o cuidado de escondê-las, em boa parte das vezes, nas bifurcações dos estágios, a ponto do jogador entender para onde deve ir, caso queira coletá-las. Foram raras as ocasiões em que terminei um estágio e não encontrei ou avistei uma destas fichas. Mérito de um bom layout de fase.

Considerações finais

Posso dizer, sem qualquer dúvida, que Sonic Frontiers é uma experiência que fãs do mascote devem procurar ter.  É sim algo completamente novo, mas sem descaracterizar o que são os jogos do personagem, fortemente influenciado pelas boas tendências dos atuais jogos de mundo aberto e de aventura em si.

Houve um grande mérito na criação de sua narrativa, conseguindo colocar emoção nos muitos diálogos com Sonic e seus companheiros, algo que jogos passados já fizeram sim, mas algo soa um amadurecimento de tudo já feito. Sem dramatizar demais, mas ainda muito mais adulto do que se espera. A sensação de solidão de Sonic também é interessante, do peso de tudo em suas costas e como isso vai afetando-o ao longo da aventura. Mesmo com contado com seus amigos, a ausência da presença física é sentido, equiparando um pouco dessa relação que muitas pessoas tem no mundo real, quando interagem com colegas e amigos digitalmente, esquecendo da importância do contato físico.

Quando ao mundo aberto, também acho que foi uma sacada inteligente fragmentá-lo em cinco grandes ilhas. Não tem motivos para ser um único mapa absurdamente grande. Ao menos nos consoles da atual geração, a transição entre ilhas é um clique de menu, ocorrendo em poucos segundos. Cada ilha também possui um bioma específico, indo de floresta, deserto e vulcão e montanhas geladas. Claro, isso vale para as três primeiras ilhas.

A quarta ilha é um rolê muito rápido porque tem algo a vem com a premissa da história, então não posso revelar demais, mas ela funciona como um estágio gigante, com muitos desafios de escalada, subindo gigantescas torres, tendo como playground quase todos os meios de locomoção e plataformas que estão presentes na aventura. É um desafio interessante, ainda que não seja nada que vá lhe fazer arrancar os cabelos. Já a última ilha, mesmo sendo enorme como as três primeiras, repete padrões de bioma floresta e não inova muito em seu ambiente. E como esse padrão é a primeira coisa que se vê no jogo, voltar ao mesmo no final acaba sendo bacana. Infelizmente senti falta de um bioma mais industrial, mais urbano, o que seria total cara de uma ilha Eggman.

No aspecto gráfico a impressão que tive foi de um jogo que dança muito bem com a atual geração de consoles, o Xbox Series e o PlayStation 5, ainda que não atinja o pleno potencial que estes consoles possuem. É bonito, parece um patamar acima dos jogos anteriores, escala um pouco mais graficamente o que a geração passada faz, mas ainda não é o ápice que poderia ser. A atmosfera mais sóbria do mundo também passa um ar melancólico, bem diferente dos jogos anteriores com cores vibrantes. Foi ousado essa paleta mais pastel em quase tudo.

Alias, gosto muito que o mundo do jogo tenha um clima dinâmico, podendo fazer sol, anoitecendo e até mesmo chovendo. As primeiras vezes em que estas mudanças de tempo ocorrem são bem marcantes. A aventura em si começa com chuva, então é muito legal quando ela para e começa o raiar de um dia ensolarado em seguida.

Também não posso deixar de elogiar as batalhas contra inimigos gigantes, até mesmo os que estão pelo mundo aberto. Sempre mecânicas diferentes e divertidas, contudo a grande estrela de ouro desse aspectos são as batalhas contra os Titãs ainda maiores do jogo, e que exigem que o Super Sonic seja ativado. O que posso dizer destes confrontos é que eles são dignos de batalhas nível Dragon Ball Z. O jogador sai voando, mil raios no seu campo de visão, golpes hipersônicos, gritos do Titã, explosões e toda uma tensão de ter que derrotá-lo antes que suas argolas esgotem e com isso o super do Sonic é desativado. É sensacional, pra mim o melhor uso do Super Sonic até então.

Talvez possa fazer algumas críticas também a trilha sonora, pois tradicionalmente os jogos do Sonic sempre possuem uma trilha sonora que fica entre um punk rock e pop punk, com boas batidas e ritmo acelerado. Para Sonic Frontiers, a trilha não é tão agitada quando pensei que poderia ser. Como existe essa atmosfera mais melancólica, as faixas sonoras também passam esse sentimento. São trilhas mais instrumentais, numa batida lenta, menos agitada. Claro que tem pontuais momentos em que dá uma acelerada, mas em grande parte do jogo, a trilha me soou mais calma do que gostaria que fosse. Achei que em boa parte das vezes é só uma faixa sonora óbvia. Tensa quando tem que ser, tranquila quando se está explorando.

Indo para meu parágrafo final, acredito que seja estes os sentimentos que tive ao jogar Sonic Frontiers. Há pontos críticos, alguns acabo de mencionar, mas são pequenos comparados com tudo que o jogo entrega. O jogo entrega o que promete, reinventa a forma de olhar para uma aventura de Sonic, apresenta novas mecânicas, tanto de exploração, quanto de combate, assim como amadurece a forma de trabalhar a narrativa e as emoções e personalidade dos personagens. É um grande título, e espero que possa influenciar futuros jogos da franquia. Não que a antiga fórmula tenha morrido e não mais interesse. Pelo contrário, acredito que haja espaço para todos os formatos, mas que esse seja mais um a ser realizado mais vezes no futuro.

Galeria

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Dando nota

É um novo formato para os jogos do Sonic, e é sensacional - 9.5
Narrativa com profundidade, sabe trabalhar o emocional de muitos personagens - 9
Explorar grandes ilhas livremente é o playground que os fãs sempre sonharam - 10
Mecânicas de combate agora possuem alguma complexidade, e funcionam muito bem - 9
Fases no modelo tradicional estão por aqui, mas são curtinhas - 8.5
Visualmente transita entre gerações de consoles, tem um tom mais sóbrio, mais melancólico - 8.8
Trilha sonora acompanha o aspecto gráfico, e perde um pouco da identidade punk da franquia - 8

9

Fantástico

Sonic Frontiers é um marco para a franquia. Não reinventa conceitos do zero, mas soube olhar muito bem o que o gênero de mundo aberto tem feito atualmente em seus aspectos positivos. Explorar ilhas enormes com Sonic é fantástico porque mecanicamente está tudo muito bem alinhado, tanto controles, quanto câmera, assim como layout de mundo. A trama tem um toque emocional muito bem trabalhado, o que casa com a atmosfera mais sóbria da aventura. Fases tradicionais são curtinhas e não são marcantes, contudo estão longe de ser a grande atração do pacote. É um dos melhores jogos do Sonic 3D em décadas, olhando principalmente o aspecto da jogabilidade. E isso é um baita feito!

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