Análise | Onimusha 2: Samurai’s Destiny
Disponível para PlayStation, Xbox & PC

Sinceramente o tempo está passando muito rápido, acabei de perceber que foi em 2019 que tivemos a remasterização do primeiro Onimusha, e eis que a série finalmente retorna com um revival igualmente impressionante, embora simplista, de sua sequência, Onimusha 2: Samurai’s Destiny.E apesar de ser uma remasterização, que poderia contar obviamente com 21 anos de tecnologia desde o seu lançamento original, parece que tivemos um conta gotas de novidades utilizado aqui.
A Capcom lançou esta remasterização em 3 de maio deste ano para PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series X|S, Nintendo Switch e PC. Esta remasterização está totalmente legendada em português, o que é muito pratico para entendermos o que está acontecendo. Ainda desta vez contamos com dublagem com vozes em inglês e japonês, sendo que a versão original só incluía vozes em inglês.
Onimusha 2: Samurai’s Destiny é o retorno de um clássico de ação em terceira pessoa originário do PlayStation 2. Para quem não se lembra, a série Onimusha juntamente com Dino Crisis e Devil May Cry são os primeiros spin-offs de Resident Evil criados pela Capcom. Os jogos da série Onimusha têm em sua estética o visual dos primeiros Resident Evil, mas em um cenário medieval japonês, possuindo por sua vez ênfase no combate corpo a corpo ao invés do uso de armas de fogo.
Outra curiosidade é que aqui também usamos ervas para recuperar a energia, algo que nos remete obviamente ao Residente Evil. Onimusha 2: Samurai’s Destiny foi lançado em 2002, apenas 1 anos após o primeiro Onimusha, algo impensável hoje em dia, mas que na época era possível e nos brindava com continuações e novos títulos a cada ano, bem diferente do que temos atualmente.
A volta de Nobunaga Oda
Em Eiroku III (1560 D.C.), o senhor da guerra Nobunaka Oda derrotou seu rival Yoshimoto Imagawa em Okehazama. No momento da vitória suprema, Nobunaga foi abatido por uma flecha disparada aleatoriamente por um dos arqueiros de Imagawa. Contrariando toda a razão, sua morte não marcou o fim do destino de Nobunaga.
O mal que ele havia causado enquanto estava na Terra atraiu a atenção das legiões demoníacas. Logo após sua morte, ele foi ressuscitado pelo poder de demônios que residiam nas profundezas do submundo. Com Nobunaga agora como seu líder, os demônios começaram a rondar a Terra e a atacar os seres humanos.
Um jovem samurai chamado Samanosuke surgiu. Após inúmeras batalhas perigosas, ele finalmente derrotou o Rei dos Demônios. No entanto, o pesadelo, assim como o próprio Nobunaka, não morreu. Nobunaga ascendeu ao trono demoníaco. Como rei dos demônios, ele jurou realizar sua antiga ambição de submeter todo o Japão ao seu domínio opressor. Agora, vários anos se passaram…
Dez anos depois que o espadachim solitário, Samanosuke, se levantou contra um exército de guerreiros demônios, a campanha maligna de Nobunaga continua a causar estragos no Japão feudal. Atualmente, Jubei Yagyu (como se tornou habitual na serie Onimusha, Jubei também tem seu rosto baseado em um famoso ator japonês, desta vez foi em Yusaku Matsuda), outro jovem guerreiro, ao retornar para casa, a vila Yagyu, uma remota e outrora vibrante vila, entra em choque ao encontrar todos que um dia conheceu mortos ou a beira da morte.
Tudo está destruído e seus antigos conhecidos estão caídos em meio às ruínas da destruição total, causada pelos asseclas de Nobunaga. Com a força da vingança em seu coração, Jubei Yagyu embarca em uma jornada épica e mágica, que poderá revelar seu destino final. Ao longo do caminho, ele deve conquistar o respeito de companheiros para ajudá-lo a combater o exército infinito de demônios de Nobunaga, além é claro de superar uma série de armadilhas, descobrir e resolver enigmas e talvez tentar derrotar o rei dos demônios.
Um aviso: caso esteja jogando o primeiro Onimusha, tome um pouco de cuidado, pois temos aqui uma recapitulação cheia de spoilers dos eventos do primeiro jogo logo no início Onimusha 2, então comece com cautela.
Controles simples e funcionais
Temos aqui uma jogabilidade muito semelhante à do primeiro título, ou seja, a exploração e os quebra-cabeças de um Resident Evil clássico, combinados com um sistema de combate corpo a corpo no estilo hack’n slash. Falando como um todo, o sistema de combate de Onimusha responde muito bem, essa nova edição introduziu novos recursos se comparado ao primeiro Onimusha, como os ataques carregados e as combinações de botões, o que por si só já adiciona uma profundidade maior no controle do jogador nas partes de combate.
O combate em terceira pessoa gira em torno do se manusear bem os botões do controle, temos um botão para o ataque corpo a corpo, outro para fazer com que Jubei absorva as almas dos inimigos derrotados, sempre cuidando é claro para absorvê-las em momentos oportunos e preferencialmente não perigosos.
Por falar nas almas, elas fazem parte da jogabilidade como um todo, já que temos tipos de almas diferentes representadas por cores: as almas amarelas recuperam vida, as vermelhas são pontos de experiência (usados para evoluir as armas e armaduras), as almas azuis recuperam magia e as roxas transformam Jubei em Onimusha.
É um sistema de combate simples, mas cheio de opções, já que somos livres para usar as armas que quisermos à medida que vamos conseguindo as mesmas. Obviamente alguns inimigos são mais suscetíveis a danos com armas específicas, mas podemos bancar os teimosos e usar apenas as que preferimos, e isso é interessante, não somos obrigados a usar todas caso não tenhamos paciência para isso.
Armas variadas, poderosas e transformações
As armas disponíveis ainda contam com magias diferentes que podemos usar no meio dos combates ao serem carregadas e ainda existem as de longo alcance, além das armas corpo a corpo usuais, que podem ser usadas segurando um dos gatilhos. Pressionando o outro gatilho podemos alternar a arma selecionada. E ainda atacar exatamente no momento em que seríamos atingidos por um ataque inimigo vai realizar um contra-ataque crítico, causando grandes danos ou até mesmo eliminando imediatamente determinados inimigos.
Ainda podemos aprimorar tanto as armas quanto as armaduras utilizadas por Jubei. Há uma tela de aprimoramento onde podemos ir injetando almas adquiridas. Selecione um item para aprimorar e pressione X para começar a injetar almas. O item estará totalmente aprimorado quando você injetar uma certa quantidade de almas. Ficando assim mais fortes/resistentes e adquirindo novas capacidades defensivas ou ofensivas.
Explicando melhor, ao inserir almas nas armas com poder de ogro o dano dessas armas e movimentos especiais será aumentado. Se inserir almas no colete Yagyu, teremos uma redução do dano causado pelos ataques inimigos. As perneiras Yagyu ao ter almas inseridas desencadeará um aumento no dano causado nos inimigos com seus chutes e finalmente, as manoplas Yagyu ao terem almas inseridas vão permitir a Jubei realizar ataques carregados mais rapidamente.
Jubei também pode se transformar em Onimusha absorvendo cinco almas roxas (revelar o motivo dele ter essa capacidade nata seria um spoiler de graça, mas você vai saber o motivo logo na segunda parte do jogo, então, não vou revelar aqui, ok?). Durante a transformação, Jubei fica temporariamente invencível e seu poder de ataque é aumentado. Um Medidor de Onimusha aparece na tela e diminui gradualmente. A transformação de Jubei Yagyu termina quando o medidor se esgota.
Companheiros de jornada
Uma das técnicas clássicas e que nem de longe parece ser algo de 21 anos atrás, é a profunda mecânica de seus companheiros. Cada um dos quatro companheiros (Oyo, Ekei, Magoichi e Kotaro) pode receber itens de presente para aumentar seu vínculo com eles, o que lhe concede itens em troca e pode fazer com que eles tenham um papel maior na história e até mesmo em suas próprias seções jogáveis.
A reação deles é única ao receber cada presente o que traz um diferencial e não faz o jogador ouvir os mesmos agradecimentos ou reclamação de personagens diferentes em situações parecidas, como no caso de dar um presente não condizente com a personalidade ou situação vivida no momento.
Obviamente o jogador terá que se esforçar para descobrir o que eles gostam, o que pode ser captado em frases soltas ditas nas interações entre Jubei Yagyu e eles ao longo da jornada e nas partes interativas fora das batalhas.
Às vezes, ocorre uma situação de jogo em que você controla um personagem diferente de Jubei Yagyu. Durante esse período, seus controles básicos são os mesmos, mas seu personagem não pode aprimorar itens nem se transformar em Onimusha. Se a vitalidade do personagem secundário se esgotar durante o evento, seu jogo termina.
Considerações finais
Onimusha 2: Samurai’s Destiny foi remasterizado com gráficos em HD (temos a opção para jogar em widescreen ou 4:3 original) e tem um carregamento rápido, mas não há muito conteúdo extra, exceto por uma galeria de artes conceituais, uma jukebox com a trilha sonora, opções de dificuldade mais elevadas e minijogos de desbloqueio antecipado que só os fãs mais dedicados vão apreciar.
A troca de armas rápida e reformulada é a única mudança notável, que torna a jogabilidade mais fluida, evitando a necessidade de acessar e navegar pelos menus a todo momento que optamos pela troca de armas. Para quem, assim como eu, viveu a época do PlayStation 2, e jogou a serie Onimusha, essa é uma boa oportunidade de dar uma volta pelo passado e experimentar mais uma vez esta série.
Para quem nunca jogou, é uma boa ideia dar uma chance, mas aconselho jogar o primeiro título da série antes, já que temos spoilers monstruosos logo no começo e, caso comece por aqui, jogar o primeiro título pode parecer desinteressante mais tarde. Como contamos com um pacote contendo ambos os jogos nas lojas digitais, vale a pena pegar ambos juntos e ainda aproveitar um extra incluso no pacote.
Lembrando que a Capcom está preparando um novíssimo jogo do zero para a franquia, chamado Onimusha: Way of the Sword, e que deve vir a ser lançado em 2026 para os atuais consoles da geração. Revisitar os clássicos é uma ótima forma de se preparar para o promissor novo título.
Galeria
Dando nota
História sem frescura com um tom memorável, sendo igualmente cafona e arrepiante ao mesmo tempo - 9
O combate é extremamente satisfatório e a mecânica de acerto crítico funciona que é uma beleza - 9
O sistema de companheiros é surpreendentemente profundo e funcional - 8.5
Os ângulos de câmera fixos podem acabar confundindo o jogador em determinadas situações, mas antigamente já era assim… - 7
Acaba sendo uma remasterização bem simples, sem muitos extras notáveis - 7
A segunda parte do jogo retira totalmente a liberdade do jogador sendo somente seguir uma linha reta, sem espaço para “liberdades” - 6
7.8
Nostálgico
Onimusha 2: Samurai's Destiny é uma relíquia de um passado repleto de ideias e oportunidades, e que mesmo parecendo arcaico em tempos atuais, ainda é um título repleto de personalidade, com bons personagens, história bem idealizada, e uma jogabilidade que, mesmo antiquada, ainda entretêm e diverte, especialmente em um remaster repleto de charme e saudosismo, apesar da falta de novos extras.