Análise | Ninja Gaiden Ragebound

Disponível para PlayStation, Xbox, Nintendo & PC

Ninja Gaiden: Ragebound teve seu lançamento em 31 de julho deste ano, saindo para PC (Steam), Nintendo Switch & Switch 2, PlayStation 4 & PlayStation 5 e Xbox One & Xbox Series X|S, tendo seu desenvolvimento feito pela The Game Kitchenmais conhecida pelo jogo Blasphemous – e publicado pela Dotemu, sob licença adquirida da Koei Tecmo, dona da IP dos jogos da série Ninja Gaiden.

O jogo segue um estilo retrô em 2D dando um ar de homenagem ao jogo original, mas apresentando gráficos modernos e mecânicas atualizadas para os dias atuais. Infelizmente não possui dublagem, mas está totalmente legendado em português, das conversas dos personagens à descrição de itens, menus e tudo mais.

Dupla inesperada

Tudo se passa paralelamente aos eventos do primeiro Ninja Gaiden, lançado lá em 1988. Ao contrário do que estaríamos esperando, não iremos jogar com o famoso Ryu Hayabusa, desta vez assumimos o controle de Kenji Mozu, um discípulo de Ryu Hayabusa, que na ausência de seu mestre (que viajou pela primeira vez aos Estados Unidos para vingar a morte de seu pai) acaba tendo que enfrentar uma invasão demoníaca.

Aliás, falando o pai de Ryu Hayabusa, é a primeira vez que podemos ver a aparência dele e inclusive jogar com ele, na jornada fatídica que levou-o a seu fim, parte esta que acaba sendo o começo de tudo.

Durante a aventura para tentar salvar a vila Hayabusa, Kenji acaba encontrando Kumori, uma kunoichi do clã rival Aranha Negra, e ambos acabam tendo que unir forças para sobreviver. Lembrando que ambos por sua vez possuem habilidades distintas. A dupla acaba dando certo, já que temos uma química dinâmica entre o idealismo de Kenji e o pragmatismo calculista de Kumori.

Antes que se deem conta da gravidade da situação e por um jogada do destino, Kenji e Kumori acabam tendo suas almas fundidas, criando uma jogabilidade diferente do que ao jogar com cada um deles individualmente.

Os cenários por sua vez são bem variadas, começando obviamente pela famosa vila Hayabusa, e indo muito além, chegando a florestas, cavernas, bases militares, castelos e até mesmo covil de piratas, há até uma piada, já que Kumori nota a euforia de Kenji ao estar visitando um antigo esconderijo de piratas, e ele admitir que gosta da temática de piratas.

E sabe de uma coisa, nenhum destes níveis cai na mesmice que alguns jogos acabam caindo de simplesmente mudar o fundo da fase, aqui as coisas mudam mesmo, temos mecânicas novas, áreas com armadilhas, passagens secretas, tudo isso ainda tendo inimigos novos e mais desafiadores, obviamente.

Prepare-se para o combate

O combate é sempre ágil e fluido, tanto quando jogamos com Kenji sozinho (nos primeiros níveis) ou com Kumori (em partes específicas), e também quando o jogo engrena e jogamos com a fusão de Kenji e Kumori.

Aliás, deixe-me explicar uma coisa. Kenji tem como arma básica uma katana e Kumori usa kunai e pode se teletransportar quando está no reino demoníaco, então temos basicamente 2 armas que podemos usar na fusão, a Katana usando o botão padrão de ataque e o arremesso de Kunai usando o botão de ataque secundário que invoca Kumori para atirar as kunais.

Somado a isso temos dash, saltos acrobáticos e a morte de muitos inimigos com um único golpe, o que deixa tudo mais dinâmico e rápido, mas temos inimigos protegidos que não morrem de primeira e os chefes que têm níveis absurdos de vida.

Mas até aí é o padrão de jogos certo? Nada de novo, então eis que surgem as novidades. Temos o Guillotine Boost, um movimento que funciona basicamente como um pulo duplo, mas que pode ser usado sequencialmente. Você pula de encontro a um inimigo, ou ataque que venha em sua direção e aperta o botão na hora exata, rebatendo Kenji em outra direção e se tiver outro inimigo ali, poderá fazer isso novamente e ir se locomovendo dessa forma. Isso se torna basicamente o que você mais vai usar para explorar o ambiente (que conta com caminhos secretos que nos levam a itens especiais) e também para ter uma maior chance na luta contra os chefes, já que muitos ataque deles podem ser “desviados” dessa forma.

Outra novidade é a habilidade Hypercharge. Ela ativa ataques superpoderosos ao se derrotar inimigos com uma aura especial ao redor, conseguindo isso, o seu próximo ataque será mortal, mesmo para inimigos mais duros na queda. E também vai causar danos consideráveis em chefes, que geralmente vão invocar comparsas que terão essa aura especial e vão permitir o ataque hypercharge. Note que se estiver já fundido, você poderá arremessar uma kunai com a técnica, permitindo eliminar inimigos de longe ou até mesmo causar danos massivos nos chefes sem nem ter que chegar perto.

Se tudo isso não bastasse, ainda temos as Ragebound Arts que são ataques especiais, que usam uma barra específica junto a vida do personagem, uma técnica usada por Kumori para acabar com vários inimigos na tela e muitas vezes o golpe final nas batalhas contra os chefes, contando com uma barra específica embaixo da vida que vai se enchendo ao longo dos combates.

Resumindo, podemos dizer que os outros jogos da série Ninja Gaiden se focavam nas reações extremamente rápidas do jogador, no posicionamento punitivo dos inimigos e nas plataformas que exigiam a perfeição do jogador, ou ele não iria avançar um pé sequer. Ragebound ainda é desafiador, mas de uma forma mais aceitável, podemos inclusive diminuir o dano causado pelos inimigos, caso estejamos trancados em uma área por tempo demais, e podemos ajustar isso novamente depois para deixar as coisas mais normais novamente, é algo a ser usado em situações específicas onde você deve escolher entre manter sua sanidade mental ou manter a dificuldade alta. E cá entre nós, com as correrias do dia a dia, ficar mais de hora trancado em uma luta de chefe vai acabar incomodando uma hora ou outra.

Pixel Art de outro nível

Temos aqui uma maestria no uso de pixel art. Tudo em Ninja Gaiden: Ragebound é incrível, o visual é único e espetacular. Resumindo, podemos dizer que os caras pegaram aquele pixel art que você conhece lá dos anos 90 (se você tiver um pouco mais de idade como eu, caso seja mais jovem, procure no google para você ver como eram as coisas) e o atualizaram para os padrões modernos, adicionando obviamente animações incríveis e criam um estilo visual incomparável.

E antes que me esqueça de falar, a trilha sonora também tem toda uma pegada de anos 90, mas com atualizações suaves para os dias atuais. Muitas músicas do Ninja Gaiden original sofreram reimaginações e atualizações, e estão aqui em RageBound. Não é algo que vai ser percebido por todos, eu mesmo descobri isso indo atrás de informações sobre a trilha sonora, pois não joguei o título de 1988, mas é inegável que cuidar até disso é algo que demonstra respeito com o legado da série.

Considerações finais

Ninja Gaiden: Ragebound nos traz um ótimo trabalho como spin-off para os fãs de longa data de Ninja Gaiden, mas também é um bom jogo para jogar sem que precise ter nenhuma experiência prévia com outro jogo da série Ninja Gaiden. O jogo pode ser apreciado então pela geração mais antiga e pela geração mais nova igualmente.

Os elogios aos aspectos técnicos são enormes. Sua pixel art já foi altamente elogiada acima, mas é preciso mencionar a qualidade dos detalhes construídos para a ambientação do mundo, e da mesma forma como o layout dos estágios são muito bem idealizados e construídos, entregando ao jogador uma constante sensação de ação em meio a um combate frenético e com bons desafios de plataforma e escalada.

A habilidade do Guillotine Boost, aquele em que o jogador cria um novo pulo no ar ao rebater no inimigo está ligado diretamente a construções dos estágios, fazendo com que essa habilidade vá muito mais do que um comando opcional do jogo, e se torna parte integrada da própria exploração do mundo e da sobrevivência do jogador. Acelera o ritmo e cria uma dinâmica muito boa.

O combate, de alto valor frenético, também se soma muito bem aos conjuntos técnicos. E não só isso, mas todo estágio tem segredos e itens colecionáveis, então além do constante estado de alerta de inimigos que surgem de todos os cantos, o jogador também precisa ficar de olho atrás dos crânios e besouros escondidos, pois são itens que permitem expandir suas habilidades na loja, equipando perks que podem aliviar a pressão da dificuldade ou aumentá-la ainda mais.

Os chefões podem não ser extremamente difíceis, já que telegrafar seus movimentos resolve boa parte do desafio, contudo, são batalhas intensas e divertidas, que trazem algo novo ao ritmo dos estágios, e colocam o jogador em teste para tudo que ele aprendeu, seja esquivar, atacar na hora certa ou usar o pulo rebatido afim de escapar de um projétil ou do próprio chefão que partiu em sua direção.

Um jornada que leva em torno de 6 horas para se concluída, mas que pode durar muito mais se o jogador resolver revisitar estágios, afim de conseguir melhores ranking, procurar os colecionáveis que deixou para trás (porque alguns estão muito bem escondidos) e simplesmente tentar uma abordagem diferente em uma nova tentativa, afim de também concluir os desafios impostos em casa estágio, inclusive alguns que envolvem não tomar dano ou cair em buracos.

Não só isso, mas o jogo também foge um pouco do convencional ao dar 2 protagonistas, criando momentos em que deve-se jogar com um ou com o outro, com habilidades diferentes de combate. Faz com que o jogo não fique repetitivo ou cansativo. Para um 2D de plataforma e ação, Ninja Gaiden Ragebound entrega uma incrível experiência retrô altamente modernizada.

Claro que no fim do dia, ainda é um jogo 2D avanço lateral de tela. Talvez não seja o que alguns fãs da franquia esperam tanto em vista o que os últimos jogos da franquia em 3D andaram entregando, além disso, estamos as portas de Ninja Gaiden 4, que será lançado em outubro. Mas sendo bem sincero, quem não dar uma chance a Ragebound, irá perder a entrega de um sólido game, que cumpre tudo aquilo que se propõe e dá uma experiência legítima de um puro videogame. E isso é fantástico.

Galeria

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Gameplay *via nosso canal no YouTube

Dando nota

A história é interessante e conta com várias reviravoltas únicas que prendem o jogador - 8
Todas as novas mecânicas de combate são funcionais e rapidamente aprendidas pelo jogador - 8.5
Entrega um equilíbrio certo de dificuldade, não é nem muito fácil e nem muito difícil - 8.2
A transição entre estar agarrado à parede e ter que se pendurar no teto em seguida não funciona muito bem e acaba gerando momentos de frustração ao longo da jornada - 7.2
Combate é acelerado e envolvente, a jogabilidade dá diversidade e ritmo, traz intensidade na medida correta - 9
Conta com um modo de assistência bem robusto que permite personalizar a dificuldade, o nível de dano recebido, o tamanho dos hitbox dos golpes e muito mais, adaptando o jogo a qualquer jogador - 8.8
Desafios de ranking, colecionáveis, modo difícil e fases secretas estendem significativamente o tempo de jogo - 8.8

8.4

Ótimo

Ninja Gaiden: Ragebound é uma grata surpresa que chegou e agora faz parte da série Ninja Gaiden, tenho um espírito clássico aqui, mas que traz novidades na suas mecânicas, diferentemente de seus irmãos que seguem passos diferentes mais focados na dificuldade. O jogo apresenta combate frenético, mecânicas engenhosas, estágios diversos e com situações únicas, dois protagonistas, embalado em uma pixel art de encher os olhos. Com muitos colecionáveis e incentivo a revisitar fases para maiores ranking, o título cativa os amantes do estilo 2D, enquanto convence jogadores modernos que há muita bagagem de alto nível na clássica fórmula do 2D side-scrolling.

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