As Crônicas dos Reinos de Ferro! (Parte 2)

A investigação começa!

Salve galera! Para quem não lembra, comecei a escrever aqui uma história baseada num RPG que eu e uns amigos estamos jogando. A idéia é pegar os principais fatos das sessões de jogo e convertê-los numa espécie de narrativa para ilustrar como a história está andando, o que os personagens fizeram e algumas das pérolas que acontecem a cada jogo. Da vez passada foi a introdução dos três personagens centrais da trama, os personagens dos jogadores. Eu fiquei feliz pelos comentários que recebi, e agradeço imensamente cada um deles. Se possível, gostaria que vocês comentassem de novo, e aos que não o fizeram, por favor, é um estímulo a mais ao escritor! Para quem ainda não leu o primeiro capítulo e os subsequentes que forem sendo adicionados, criarei um mini-índice contendo cada um deles e o link para a visualização.

No capítulo de hoje, temos a aparição de Lobo das Estepes e o início de uma investigação que vai dar o que falar!

-Índice-

Ato 1

Capítulo 1 – Reencontros
Capítulo 2 – A Mansão Vazia

Capítulo 2 – A Mansão Vazia!

O rosto de Lobo das Estepes não demonstrava nenhuma feição que denota-se o seu humor ou o que estivesse pensando. Parecia muito um livro fechado e trancado à chaves. Seus cabelos longos e desarrumados, de uma cor cinza que de certa forma contrastava com a palidez acentuada de sua pele, se moviam suavemente pelo vento frio de outono que soprava naquelas colinas. Os olhos penetrantes azuis fitavam Ryon com uma neutralidade assustadora.

– Não estou mais na Companhia – Ryon respondeu – Sou um homem livre.
– Aprecio a liberdade – respondeu Lobo – O que quer de mim? Se veio até aqui, certamente não foi para me fazer uma visita.
Ryon apontou para o anão que devorava ferozmente o pedaço de coelho, sujando as tranças de sua barba – Este é Orik, suponho que você se lembre dele.
– Minha memória não é tão curta como a de vocês humanos. E sim, lembro perfeitamente, o anão que se recusou a voltar para Rhûr.
– Lembro de você também – bradou ele de boca cheia – luta bem, e eu gosto disso!
Ryon voltou-se novamente para o elfo e recomeçou a falar:
– Venho lhe trazer uma missão, se a você interessar. Trabalhamos juntos antes, e você nos ajudouu conhecendo bem essas terras. E deve haver uma recompensa.
– Prossiga.

Ryon recapitulou o que havia descoberto de Gwen e do taverneiro. Havia sido menos do que imaginara. Conforme ia relatando o que havia passado nas mãos da mulher, o anão Orik gargalhava entre uma ou duas mordidas e soltava algum ou outro comentário malicioso sobre o ex-mercenário. Quando terminou, Ryon observou o rosto de Lobo por mais um minuto até que este se dispusesse a falar:

– É tudo?
Ryon assentiu.
– Deixe-me arrumar minhas coisas, não vai demorar.

Após o que pareceu uma hora entre a preparação de Lobo e a volta para Pedra do Lorde, o dia chegava à sua metade, com o sol pálido por entre as nuvens acima.

– O primeiro ponto é ir até a mansão dos Bolovan e interrogar o garoto, Joffrey – disse Ryon.

A mansão era menor que alguns dos maiores prédios que Ryon havia visto na sua vida de mercenário. Ainda assim era grande e austera, intimidando a quem quer que chegasse perto pelo seu poder e influência. A escadaria que levava para a entrada era feita de uma madeira escura, bem como a própria porta. Ryon bateu três vezes até que um homem velho e cansado atendeu a porta e perguntou o que eles desejavam.

– Estamos aqui a respeito do sumiço do pai do garoto Bolovan.
– Ah, isso? Podem entrar – disse o velho abrindo a porta para que passassem. Ryon e Orik caminharam rapidamente, mas Lobo não saiu do lugar, alternava o olhar entre a sacada e o interior luxuoso da mansão.
– O que foi? – perguntou o ex-mercenário.
– Não quero entrar – respondeu o elfo.
– Está seguro, ande logo não vai querer que o frio fique entrando – insistiu Ryon lembrando vagamente da natureza desconfiada de Lobo.

Relutante, ele entrou fechando a porta suavemente por trás e olhou ao seu redor. Era ainda maior por dentro, com objetos caros para onde quer que dirigisse os seus olhos. Móveis da mesma madeira escura estavam espalhados à um canto, diante de uma grande lareira quente e aconchegante. Nas paredes, pinturas diversas mostrando cenas mais diversas aindas, mas a que mais chamava a atenção era sem dúvida a que estava diretamente acima da lareira. Um homem de meia idade de trajes elegantes e bigode que caía-lhe sobre a barba espiava diretamente de dentro da moldura. A casa era grande e luxuosa, mas faltava algo. Era uma casa vazia.

– Aquele é o patrão – disse o velho observando a curiosidade de Lobo – Joseph Bolovan – e olhando novamenta para Ryon – Me permitam que eu me apresente, podem me chamar de Erik, sou o mordomo da família.
– Ryon, este é o Orik, e ele Lobo das Estepes – Ryon pigarreou – Ouvimos boatos sobre o sumiço do pai do rapaz e viemos ver o que podemos descobrir falando com ele.
– Sinto muito, mas o senhor Joffrey está muito abalado e não sai do seu quarto. Ele quer ficar lá até o pai voltar, está muito triste e tem comido pouco, não está em condições de ver ninguém, mesmo que ele quisesse.
– Mas como vamos procurar pelo Joseph se não nos deixa falar com ele? – respondeu Ryon.
– Sinto muito senhor. Mas eu posso lhe ajudar com o que sei – Erik apontou a mobília para o grupo e esperou que cada um sentasse antes de recomeçar a falar – Vocês já devem saber, talvez da mesma forma que ficaram sabendo sobre o patrão. Não houve apenas um desaparecimento, mas três.
– Sim, é o que falam por aí, pessoas estão desaparecendo e nenhum dos casos parece conectado.
– As pessoas não sabem de nada. Os três são Bolovan. Joseph, Anastacia e Boris.
– Tá aí uma coisa que eu não esperava – bradou o anão.
– Há três dias, Anastacia e Boris estavam vindo de Skirov, e eles haviam passado do tempo de chegar. Enviamos homens para averiguar, pois pensávamos que eles poderiam ter se atrasado ou mesmo se perdido.
– Como poderiam ter se perdido, se eles são uma família da região? – indagou Lobo.
– Mas os homens encontraram apenas a carroça destruída e nenhum sinal dos dois – respondeu Erik tristemente – logo depois, foi a vez do patrão desaparecer, aqui mesmo na casa, debaixo de nossos narizes.
– Sabe dizer a última vez onde Joseph foi visto? – perguntou Ryon.

Erik os levou para uma porta lateral que dava para uma espécie de pátio aberto de onde se encontrava no seu meio uma grande fonte, que devia ter sido bela outrora, mas agora estava vazia. O pátio era coberto de grama, já amarela, e também cercado pelas janelas da mansão. Do outro lado encontrava-se uma grade que mostrava a rua.

Ryon e Lobo começaram a analisar cuidadosamente cada canto do pátio. O ex-mercenário se dirigiu primeiro à fonte, instigado pela sua falta de água. Achou algumas manchas de sangue aqui e acolá, mas nada contudente ou que levasse à alguma trilha ou coisa do tipo.

Lobo das Estepes, por sua vez, estava agachado a um canto analisando a grama. Naquele ponto ela estava pisoteada e maltratada:
– Eles brigaram, houve conflito – disse ele finalmente se erguendo – Não sei dizer se o levaram por cima da grade, mas é o que parece ser .

Então Lobo sentiu como se estivesse sendo vigiado, olhou para cima rapidamente, e viu em uma das janelas, cortinas se balançando como se alguém estivesse espreitando momentos antes. Sem tirar a visão, aguardou alguns instantes antes de perguntar – É o quarto do Joffrey não é?

O mordomo, pego de surpresa pela pergunta, olhou para onde Lobo estava observando e assentiu com a garganta – O patrão têm sofrido muito, estava com ele, com o pai. Agora se querem saber a minha opinião… Acho que tem dedo dos Petroki no meio. Eles e os Bolovan não têm se dado bem, há muito ressentimento entre essas duas famílias.

– Qual é essa história, Erik? – indagou Ryon olhando para as pessoas que passavam do lado de fora da grade.

– Eu não sei – respondeu – Os patrões não falam sobre isso.

Dentre as pessoas que passavam pela rua, Ryon viu um garoto imóvel observando de longe. Assim que foi visto, ele começou a correr. O ex-mercenário também correu em direção a grade e o perdeu de vista antes que tivesse chance de escalá-la. Se virou para o grupo e encontrou Lobo das Estepes observando atentamente um pássaro que voava sobre eles.

– Vocês viram o que eu vi? – perguntou Ryon.
– Não gosto deste pássaro… – disse Lobo.
– Não estou falando disso, raios! Havia alguém ali – apontou na direção.
– Para lá fica a casa dos Petroki – disse Erik.
– Ok, chega – disse Ryon, e andando a passos largos se aproximou do grupo – vamos nos dividir, não vamos conseguir mais nada aqui. Eu darei um jeito de entrar na casa dos Petroki e investigar sobre eles. Orik, você fica aqui guardando a casa e o garoto, se for preciso monte guarda na porta do seu quarto e fique atento a qualquer barulho estranho. Se eles estão pegando os Bolovan mesmo, eles virão atrás do garoto.
– Eu irei investigar a cena dos outros dois. Talvez eu descubra para onde eles foram levados – disse Lobo.
– Não se distancie muito. E Erik, pode reforçar a guarda?
O mordomo assentiu.

Os três se separaram ali mesmo e Ryon seguiu as direções ditas por Erik. Na sua cabeça, ele conseguia pensar em várias teorias. Se os Petroki estariam mesmo naquilo, pareceria muito óbvio. Eles não poderiam sujar a mão de tal forma sem parecer suspeitos. Fosse de qualquer modo, ele precisava descobrir sobre essa rixa que havia entre as duas famílias, e colocando Orik aonde ele colocou lhe deixou mais seguro. Joffrey poderia estar em choque conforme Erik dissera, mas se recusar a falar com as pessoas que queriam ajudar o deixou desconfiado. O valoroso anão poderia descobrir algo interessante.

_____________

Extras

Para quem achou estranha a parte do pássaro, há uma explicação bem legal. O Narrador pediu para que cada um rolasse um dado para fazer um teste de observar para ver se viam o garoto detrás da grade. No 1d20 (dado de 20 lados), um 20 significa um sucesso estrondoso no teste, e o 1 significa um erro horrível. Pois bem, o jogador de Lobo das Estepes tirou um 1 no dado. O que aconteceu, vocês já sabem…

Ainda sobre Lobo das Estepes, isso é so um nome pelo qual ele é conhecido, mas ele possui um nome seu. Não me perguntem qual é, é muito complicado, e eu nem lembro. Mas vocês podem esperar, quem sabe ele não revele seu nome, ou mesmo apareça nos extras?

E, ah, estou sem idéias para imagens de abertura para os posts, alguém pode dar uma dica? A abertura desse post ficou meio nada a ver, porque realmente não sei o que colocar, ai ai… E ah, se eu estiver muito apressado na narrativa, descrevendo pouco, me avisem que eu tento dar uma freada e fazer mais devagar.

No próximo capítulo, o grupo se divide para tentar descobrir novas pistas, não percam!

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