Crônicas Veríssimo: Remorso – Orgias

DESCULPA! Eu sei que a crônica tinha que ter sido publicada na segunda. Não consegui (de novo!). Maldito speedy. Sinto como se tivesse voltado no tempo, quando exisita apenas internet discada.  Está tudo tão demorado nas últimas semanas para fazer que ando atrasando tudo. Mas como diz aquele velho ditado, antes tarde do que nunca. E vamos lá!

Pedimos, claro, das pessoas que gostam e são fã deste grande escritor brasileiro, que comprem seus livros de crônicas, já que são baratinhos, principalmente os mais antigos. Prestigiem e apoiem. Isso aqui é apenas uma amostragem mínima do quão bacana são os textos de Luis Fernando Veríssimo. Esta semana o livro escolhido é Orgias.

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Remorso

Deus criou o mundo em seis dias, descansou no domingo e na segunda se arrependeu. Desde então, a segunda-feira ficou consagrada como dia internacional do remorso. Dia de ardência no esôfago e segundos pensamentos. De telefonar para os amigos e avisar que não nos responsabilizamos por nada dito, feito ou sugerido das seis horas de sexta-feira à meia-noite de domingo. Nem pelas ofensas nem pelos elogios.

– Alô, Fulano? Desculpe por tudo.
– Desculpe por quê?
– Não sei, mas desculpe. Não lembro de mais nada depois que saímos para o Butikin.
– Mas nós não estivemos no Butikin.
– Então foi pior do que eu pensava. Escuta, quantos são os mandamentos?
– Da última vez que contaram eram dez.
– Eu só me lembro de ter desejado a tua mulher, deixa ver, levantado falso testemunho, roubado, desonrado meus antepassados por vários gerações… Até aí são quatro, só na sexta-feira.
– Mas você me deu uma grande alegria, disse que eu era um cara sensacional e…
– Então são cinco, menti também. Em todo caso, obrigado por me trazer em casa.
– Mas foi você quem nos deixou em casa no seu carro.
– Impossível, eu não tenho carro! Que noite…

A Loteria Esportiva institualizou o remorso. Você começa se martirizando por não ter adivinhado – meu Deus, tava na cara! – que o Palmeiras empatava com o Sergipe e termina desencavando culpas arqueológicas, dando toda razão aos fados por não premiarem o seu indigno, ignóbil, pretensioso, ridículo cartão da Loteria. E a Sena, você tem certeza, só sai para os puros de espíritos. Aí você jura que não bebe, não peca e não joga, nunca mais. Ou pelos menos até a próxima quinta-feira.

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