Afinal, vale a pena salvar a série do Constantine?

Está rolando um pequeno movimento na internet a respeito da nova série do Constantine, já que a NBC anunciou ontem que a série não vai ganhar mais do que os 13 episódios iniciais já encomendados para a sua primeira temporada.

Talvez você pense que isso é uma coisa boa, afinal as melhores serias da atualidade são as que possuem temporadas mais enxutas. Só que no caso das produções dos canais da TV aberta nos Estados Unidos, como é o caso do Constantine passando pela NBC, isso não é algo muito bom. A TV aberta americana ainda é tradicionalista nesse sentido, e ela precisa de seriados que preencham sua grade, e que a série fique no ar por muitos meses gerando audiência. Uma série de temporada reduzida não tem a mesma visibilidade na TV aberta da mesma forma que ela tem nos canais fechados que possuem outro tipo de flexibilidade para lidar com este tipo de entretenimento.

Com tudo isso, já rola aquela clássica suspeita de que Constantine não vai durar muito e que após a exibição do 13º episódio a série deve ser cancelada. Faz sentido se for analisar que essa é uma tendência natural de seriados novos que estão estreando lá fora. Há duas situações, aqueles que fecham a produção e terminam de serem exibidos (em grande parte porque muitas vezes a audiência é apenas OK e não há nada para o canal preencher no horário) e aqueles que somem da grade antes mesmo de serem exibidos por completo porque as vezes uma série ruim acaba refletindo negativamente no ibobe de uma outra série que passe no mesmo bloco de horário.

Constantine não estão indo de mal a pior nos índices de audiência, porém está longe dos padrões da NBC no geral. Por isso, já rolam as apostas de que a série em breve irá para o limbo dos fracassos da temporada. E será que Constantine merece ser cancelada?

Eu assisti apenas os dois primeiros episódios e sem muita expectativa depois de toda a confusão com o vazamento do piloto meses atrás e com a enxurrada de críticas negativas que ele recebeu pela internet. Não é pra menos que os produtores até mesmo trocaram a coadjuvante parceira do protagonista no segundo episódio da série (sai a Liv e entra a Zed). Pra mim não fez uma diferença gritante essa troca, apenas tirarem uma personagem que era meio adolescente demais e colocaram uma já meio adulta, mas no geral ambas não mudam tanto assim a atmosfera da série, até acho que a habilidade da Liv de ver o mundo fantasma era muito mais macabro e interessante do que a da Zed, que é meio vidente, cheia dos clichês do gênero em si.

O caso é que não acompanha os quadrinhos de Hellblazer. Uma gafe feia admito, porém por muitos anos eram quadrinhos complicados de se acompanhar oficialmente no Brasil, aí depois a Panini acertou isso com encadernados, mas já era tanto material acumulado, sendo que quanto mais antigo, mais envelhecido os primeiros contos são e por isso nunca bateu aquela urgência ou sentido de correr atrás desse material. Fora aprender a cronologia, o que se faz necessário ler, por onde começar e o que pode ser descartado para não perder tempo. Falta achar um bom guia para ler esse universo. Sendo assim, o que sei sobre o personagem é o pouco aquilo que já vi pela internet, pelo filme do Keanu Reeves de 2005, alguns podcasts sobre o personagem e o pouco que vi dele na fase Os Novos 52 da DC. É uma mistura muito rasa para construir algo, eu sei.

Na visão então de um telespectador sem qualquer carga emotiva pelo personagem Constantine me parece apenas mais do mesmo dentro de seu próprio gênero, ficando quase como uma cópia de Supernatural, ainda que ironicamente parte do mix das aventuras dos irmãos Winchester também tenha pego um pouco de influência do próprio quadrinhos do Constantine (entre outras coisas também, claro), antes mesmo de se cogitar uma série do personagem. E isso não é um fator positivo agora que Constantine como um projeto solo precisa trazer novidade e se sobressair sobre o que já existe em seu gênero. Até porque vejo o show muito mais como uma série de sobrenatural do que uma série de quadrinhos, ainda que tenha sido foda ter visto o elmo do Sr. Destino no piloto da série.

https://www.youtube.com/watch?v=T87yEXrXXgI

É bem diferente da pegada de outras séries da DC como Arrow e Flash, sendo que esta última vem conquistando bons índices na CW e parece ser uma das melhores novidades da temporada de séries, mesmo com todos seus clichês e personagens juvenis, coisa que Constantine eliminou já no piloto porque a galera não curtiu a personagem Liv. As séries de super heróis podem brincar mais, mexer no formato e no caso de Constantine isso já é algo bem mais complicado, por tudo que já existe e já foi feito. Não está fácil encontrar a novidade fresquinha.

Acho que por mais que os fãs critiquem também o filme de 2005 com o Keanu Reeves e pela total descaracterização e história do personagem, eu ainda tenho na memória os efeitos e impactos que ele causou na época. Em 2005 ele era uma filme interessante, com efeitos doidos e uma história diferente. Hoje já não tem mais o mesmo impacto, e isso dá para sentir completamente nessa nova série, por mais que haja uma fidelidade visual com o próprio personagem do Constantine e as limitações da produção na TV aberta, como ele não fumar, por exemplo.

Talvez a série não mereça ser cancelada. Mas com certeza ela merece sair da TV aberta. Constantine seria muito mais insano num outro canal ou um serviço de streaming como da Netflix ou Amazon. Eu queria uma série mais hardcore, mais violenta, mais macabra, mais sem pudor, com nudez e coisas grotescas, porque pra mim que olha de fora esse universo dos quadrinhos, é essa tipo de quadrinhos adulto que Constantine é. Se ficar ali pasteurizado, no feijão com arroz da TV aberta americana, não acho que ele vá a algum lugar… aí é melhor bater o prego nesse caixão de vez.

Constantine merece ser salvo sim… da NBC! Que ele possa ir para um canal sem restrições de conteúdo!

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9 Comentários

  1. acho que ele merecia migrar para o netflix e ser melhor aproveitado. Nao precisaria ser um reboot mas sim, contornar os problemas da serie e focar no que nao consegue caminhar na tv aberta americana.

  2. acredito que ele ir para tv fechada está de bom tamanho, pelo menos para os produtores terem um pouco mais de liberdade para fazer a série, pois a cada episódio sinto que os episódios poderiam ser muito melhor se o roteirista tivesse a liberdade de criar esse universo, apesar de que o quarto episódio pelas limitações da tv aberta para mim foi o melhor até agora, eles adaptaram bem o primeiro capítulo de hellbrazer que era sobre o demônio mnetoth, se tivesse mais episódios daquele nível talvez ele saísse desse sufoco de ser cancelado…

    há boatos de que a série vá trocar de emissora…

    sobre a comparação, é impossível não beber a mesma água da fonte de supernatural, supernatural é a série desse tema que tem mais sucesso, como se lançarem uma série de zumbis eles com certeza vão beber a mesma água da fonte de the walking dead, como How I met your mother é parecido com friends e por aí vai, então é impossível não ter comparação, e também é impossível não criar um episódio onde alguém não compare com supernatural, são a mesma temática…

    1. Na verdade o primeiro capítulo do Hellblazer, onde ele identifica Mnemoth em um antigo “amigo” e depois tenta destruir o demônio usando a própria malandragem, é bem mais grotesco nos quadrinhos. Sinceramente teria sido muito melhor se eles tivessem feito uma adaptação direta da história, ao invés de querer misturar coisas existentes com inventadas.

      Uma coisa interessante que colocaram foi o “trauma” Constantine com o incidente que levou a Astra Logue a ser sugada para o inferno, quando Constantine era mais novo e iniciante na magia negra.

      É realmente meio complicado sair do padrão Supernatural na TV aberta, porém se essa série fosse pra um canal fechado ou até mesmo o Netflix da vida, o potencial poderia ser mais bem explorado. As tramas de Constantine (dos quadrinhos), na minha opinião, são mais grotescas e complexas do que as criadas para o Supernatural (pelo menos até a quinta temporada, que foi onde parei).

      Resumindo, se repensarem Constantine fora da bolha de Supernatural e outras séries ou filmes de horror, e mostrarem histórias mais aprofundadas como nos quadrinhos, a chance de chamar a atenção é bem maior.

      1. por isso se chama adaptação, adaptar não quer dizer você reescrever os quadrinhos em série, pois além do contexto histórico( já que esse capítulo foi lançado lá na década de 1980) e até mesmo a linguagem não permitia você adaptar da maneira mais perfeita possível, mas como eu disse, com as limitações da série sendo na tv aberta é o melhor episódio até agora…

        Mudanças tiveram que ser feitas e eles aproveitaram bem o fato do amigo do john começar a usar heroína por conta dos acontecimentos de Newcastle, como também aquela brisa maluca daquele curandeiro tirar o olho do john e olhar nos olhos dele e tudo mais, esse capítulo eu senti uma certa filha da putagem de John, porque em todo o episódio ele falava que o amigo dele não tinha jeito, além de ter dito que as pessoas que andam ao lado dele morrem, aceite isso, foi bem filha da putagem do personagem…

        óbvio que em hellbrazer, constantine é mais filha da puta que isso, tanto que os espiritos literalmente ficam julgando ele(que nem aquela parte que os fantasmas de seu passado ficaram encarando ele enquanto ele dormia), mas para uma adaptação em tv aberta de acordo com as limitações tem que ser analisado, e ele foi melhor do que eu esperava…

        Se tivesse mais episódios do mesmo jeito que o episódio 4, acredito que ele escaparia do cancelamento, ou será que fui o único que me senti pertubado vendo o gary(acho que é esse o nome) se debatendo de dor enquanto segura a mão de constantine, aquela cena é de enlouquecer, sinceramente….

        1. Bom, eu ainda acho que, mesmo sendo uma adaptação, dava para fazer melhor. Mas de qualquer forma o ep. 1 não ficou ruim.

          Não falei que a história precisava ser exatamente igual nem ambientada na mesma época dos quadrinhos, só acho que iria fazer bem “sugar” mais das HQs.

          Uma coisa que acho sensacional nos quadrinhos é a narração do próprio Constantine (os quadros de narração), pensamentos dele sobre lugares, coisas, pessoas. Isso enriquece muito e ajuda a fugir um pouco do formatinho de sempre; ia ser muito bom se tivessem incluído isso na série.

          Mas enfim, minha opinião!

          1. acredito que ele sugou até demais…

            Poderia colocar o papa meia noite ajudando ele a tirar o mnenoth do corpo dele? Poderia, mas ele tinha aparecido no episodio 3 e ia ficar meio saturado o papa meia noite aparecer três episódios seguidos…

            Ele poderia ter viajado nos confins da África? Acho que é meio ilógico, tanto na HQ, já que tinha um demônio a solta destruindo a cidade e o cara tem que ir lá na África para saber como derrotar o demônio e retornar, então acabou que ficando mais aceitável ele encontrando esse curandeiro na própria cidade.

            Ele poderia ver fantasmas do passado? Seria meio contraditório depois de que no episódio um ele deixar claro que não tem essa habilidade….

            Então, na medida do possível ele adaptou muito bem, tem que concordar 😀

            Sobre a narração, praticamente todas as HQs tem narração dos pensamentos do protagonista, e nem por isso eles usam isso nos filmes do homem aranha, superman, porque usaria na série constantine? São linguagens completamente diferente, enquanto a narração do personagem facilita em mostrar os sentimentos dos personagens nos quadrinhos, já que mesmo com a expressão facial do personagem, ainda sim necessita dessa ferramenta para demonstrar os sentimentos do personagem, não parecer superficial, enquanto em uma série de TV ou filme, a expressão é interpretada pelo ator, logo não há necessidade de colocar monólogos do personagem dizer como está se sentindo ou algo assim, essa ferramenta pode funcionar muito bem nos quadrinhos, mas na série não fica tão bom assim…

  3. Não conheço tambem os quadrinhos, mas curti muito o filme e ando curtindo demais a serie. Pena que provavelmente não terei mais ela para acompanhar.

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