Blood Blockade Battlefront Vol. 01 | A Nova York do mundo sobrenatural! (Impressões)

Sigo esvaziando a pilha de primeiras edições de mangás, lançados recentemente no Brasil, que se encontram atualmente na minha mesa. Ando mesclando títulos e gêneros diferentes, para evitar que mangás com uma mesma vibe atrapalhe a minha avaliação sobre minha próxima leitura. E para hoje resolvi pegar um mangá com toques de sobrenatural!

Lançamento do finzinho de março, pela Editora JBC, chega as bancas do país um mangá chamado Blood Blockade Battlefront, o nome internacional de Kekkai Sensen, mangá de autoria de Yasuhiro Nightow, conhecido popularmente por ser o criador de Trigun, um clássico dos mangás que nasceu lá na década de 90 e, pasmem, nunca li (ou vi o animê). Mas algum dia corro atrás de Trigun e corrijo isso, prometo!

Blood Blockade Battlefront é um título da Shueisha, poderosa organização japonesa — que quer dominar o mundo por meio de excelentes mangás — de onde sai quase todos os melhores/mais populares mangás desse planeta — tudo bem, isso é um tremendo exagero da minha parte, mas eu curto o selo Jump, me processo por isso oras! No caso de Kekkai Sensen, sua publicação não aconteceu na Weekly Shonen Jump, mas pela mensal Jump Square, a mesma casa atual de D.Gray-man, só para dar um único exemplo.

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É um mangá que foi dividido em duas fases, sendo que a primeira começa aqui, no volume que irei abordar, e que encerrou em décima edição. Atualmente sua segunda fase, iniciada em julho de 2015, chamada Kekkai Sensen Back 2 Back, segue em publicação no Japão.

E pronto! Repassado os dados essenciais, é hora de viajar para Hellsalem’s Lot!

Nova York não existe mais!

Blood Blockade Battlefront trabalha com uma história de fantasia sobrenatural, trazendo como base o fato de que há três anos na passado do ponto de partida da história uma misteriosa névoa engoliu Nova York, a conectando com um outro mundo, um mundo sobrenatural, de criaturas bizarras e outros seres que poderiam até serem chamados de Deuses. A cidade entrou em colapso e uma nova realidade foi criada.

E o leitor é apresentado a esse mundo 3 anos depois, na perspectiva de um jovem humano chamado Leonardo Watch. Humanos e monstros agora vivem juntos. Não necessariamente em harmonia, mas sempre buscando algum tipo de equilíbrio. E o mundo observa com cuidado o que vem acontecendo na extinta Nova York.

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Não fica muito claro (ou eu não interpretei direito) se todos ali estão presos em Nova York, ou como a cidade agora se chama: Hellsalem’s Lot. Quer dizer, o mangá não trabalha com o fato de monstros saindo da cidade, mas que o ambiente na extinta Nova York agora é habitada por um mundo mestiço, entre seres sobrenaturais e seres humanos. Talvez em volumes futuros isso fique mais claro.

Tanto que o protagonista da história, o Leo, é apresentando com o pretexto de que ele estaria chegando ali há apenas 3 semanas, com a desculpa de que precisa de dinheiro para ajudar a sua irmã que… bem, isso é spoiler e não irei contar!

O caso é que essa apresentação inicial de Hellsalem’s Lot é visualmente impressionante. O autor do mangá faz um trabalho incrível mesclando um mundo humano repleto de monstros, dos mais bizarros possíveis, andando pelas ruas e vivendo entre as pessoas, como se todo mundo já estive se acostumado com suas presenças após três anos desde o incidente que mudou tudo. Sei que eu tive um pouco daquele vislumbre de um mundo surreal, tal como A Viagem de Chihiro, do Studio Ghibli, passa pela primeira vez para quem assiste a animação.

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E como todo mangá com elementos que poderiam beirar o caos, Blood Blockade Battlefront tem regras para que essa diversidade de seres possam existir em um mesmo plano. A força policial do mangá é pau para toda obra, utilizando-se de robôs mechas para manter a paz na cidade, da forma como puderam claro, ainda que existam certas limitações.

Sendo assim há a uma força ainda maior em Hellsalem’s Lot. Trata-se de uma organização secreta e misteriosa chamada Libra, que tal como o nome sugere é a força que mantém a balança equilibrada entre o mundo dos humanos e o outro mundo.

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Impressões de primeira leitura

É interessante como o roteiro do mangá faz para redirecionar Leo para um encontro inesperado com a Libra e como os eventos surgem para com isso o protagonista acabar se juntando a organização secreta. O autor soube fazer um link interessante entre Leo não ser ninguém a princípio e no fim ser o cara que vai se tornar essencial para o problema principal deste início.

Há ótimas cenas e momentos nesse começo da história. A destruição do prédio da Libra, a caçada ao macaco sônico (que mascotinho mais carismático!) e toda a tensão da contagem regressiva para o temeroso evento que todos estão tentando impedir.

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Aliás, gostei de Blood Blockade Battlefront trabalhar com histórias fechadas em capítulos dentro do próprio volume. Como o mangá sai na Jump Square, que é uma publicação mensal no Japão, cada capítulo tem muito mais páginas do que um mangá semanal normalmente possui. Por isso a primeiro edição do mangá apresenta apenas duas histórias, sendo que a inicial é bem maior do que a segunda, pois é a apresentação desse universo.

É legal essa mudança de ares para variar, sem pegar um mangá na qual a sua narrativa nunca termina até um arco gigante compostos de vários volumes o finalizar. Então, basicamente cada volume de Kekkai Sensen possui um começo, meio e fim. Ao menos é isso que dá a entender vendo esta primeira edição e em uma rápida pesquisa no Google pelos capítulos inseridos nos próximos volumes.

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A primeira história, a que abre o mangá, nem achei lá grande coisa, mas dou um crédito ao autor, que precisava apresentar um mundo complexo, seus novos personagens, criar criaturas, um vilão e ainda apresentar os poderes dos personagens. É muita coisa em pouco tempo. Há bastante confusão nesse primeira história e o ritmo narrativo ficou meio atrapalhado, na minha opinião é claro.

No que diz respeito ao traço do mangá digo que tem altos e baixos. Achei fenomenal a quantidade de páginas duplas que esta primeira edição possui, e todas muito bem feitas, com desenhos incríveis. Porém há vários momentos do mangá, quando alguns quadros encolhem que são bem difíceis de entender o que diabos está acontecendo na ação e com os personagens. O desenho do Yasuhiro é ótimo, mas as vezes ele perde a mão na ação e quando os movimentos dos personagens precisam indicar malabarismos ou movimentos em quadros menores, e aí os ângulos ficam todos esquisitos e eu não sei mais o que era para estar olhando ali. E olha que fazia tempo que um mangá não me confundia tanto assim. Felizmente são poucos momentos onde isso ocorre nesta primeira edição.

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Quanto aos personagens da Libra, Zapp Renfro, Klaus Von Reinherz e Chain Sumeragi ainda é um pouco cedo para ter uma opinião sobre cada um. Gostei do Zapp como parceiro de aventura do Leo, pois ele é um personagem mais malucão, querendo não se importar, mas se importando. Chain é meio seca, mais difícil de se simpatizar, enquanto Klaus é o personagem misterioso, chefe da organização, e que obviamente esconde algum segredo. Na segunda historia do volume há um novo personagem chamado Steven que é mais simpático do que Klaus, mas que ainda não tem toda sua personalidade exposta, porém de alguma forma achei que ele interage muito bem com Klaus, dando mais um toque de humor ao mangá.

A respeito do humor, Blood Bockade Battlefront o faz de forma harmoniosa com toda a fantasia e ação do mangá. Não tem muitas cenas escrachadas que estraguem o clima da história ou que tire o tom dos eventos que estão ocorrendo a todo o momento. No geral o humor é pontual, sabendo ser usado e que quando vem, gera momentos engraçados, como a introdução inicial da segunda história da edição com Zapp pelado discutindo com Leo, enquanto tenta tomar a caixa de pizza do garoto. Alias o melhor do humor do mangá vem da interação da dupla, enquanto a rivalidade de Zapp e Chain não me agradou muito.

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O mangá trabalha com os personagens tendo poderes sobrenaturais, porque… bem, está dentro da cartilha do gênero. Mas é interessante como Klaus e Zapp utilizam poderes envolvendo o sangue, criando armas e outras artimanhas para usar nos momentos de ação do mangá. Daí o “Blood” no nome do título. Leon vai ter um poder sendo revelado nesta primeira edição, e que também há uma justificava para tal. O mangá então dá coerência a tudo, sem exagerar ou soar forçado.

Preciso dizer que apesar de ter achado a primeira história apenas OK, gostei bastante da segunda, envolvendo uma perseguição de um veículo fantasma que somente Leo conseguiu ver. As cenas na pequena moto do Leo ficaram ótimas, enquanto toda a expectativa pelo fio de sangue ser ativado dá o tom certo ao plot. E a explosão final, envolvendo Leo entendendo melhor seu poder e Klaus chegando na  voadora são ótimas.

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A segunda história, ainda que possua menos páginas, tem a tensão necessária, e os desenhos estão mais incríveis do que a primeira história, e os personagens já se relacionam sem a estranheza de terem acabado de se conhecerem. E até mesmo a ação é mais justificada e empolgante. Parando para refletir, talvez o vilão da primeira história não tenha me agradado, enquanto o da segunda é mais coerente com a proposta do enredo.

Diante de todos os pontos abordados, o mangá me convenceu e me deixou com vontade de querer ler os próximos volumes. Se a qualidade se mantiver com base no que vi nessa segunda história, Blood Blockade Battlefront tem potencial para ser um ótimo mangá de seres sobrenaturais. Ao menos no meu gosto pessoal para o gênero.

Vale ou não vale apostar em Kekkai Sensen?

A JBC está trazendo este mangá em um formato mais tradicional por aqui. Nada de muito luxo. Versão em papel jornal mesmo, mas com boa impressão. Não tenho do que reclamar de folhas transparentes ou impressão ruim nos tons em preto que o mangá possui. E mesmo sendo em um formato normal, há todo o capricho com as capas internas coloridas, o freetalk e extras do volume japonês. É realmente uma JBC bem diferente de uns anos atrás, quando seus mangás não tinham nada disso. O preço também está dentro do esperado: R$ 13,90. Com a crise, sendo um título que é relativamente desconhecido, é um preço compreensível.

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Certamente vale adquirir a primeira edição e tirar suas próprias conclusões. Quem gosta desse gênero mais fantasia, mas mantendo a ação, batalhas contra monstros enormes e aquele toque de sobrenatural, Blood Blockade Battlefront parece um prato cheio.

Ah! E antes que eu me esqueça, existe um animê da série, lançado em 2015, porém com singelos 12 episódios. Olhando por aí já fiquei sabendo que a animação não segue necessariamente os eventos do mangá, possuindo até mesmo um final que não é idêntico a primeira fase do mangá e que foram criados personagens que também não existem na versão impressa. Vi uns trechos da animação no You Tube e parece excelente, sendo animado pelo estúdio Bones.

Infelizmente o animê não foi licenciado oficialmente aqui no Brasil, nem pela Netflix, nem pela Crunchyroll, nem pela Daisuki.net. Como anda fazendo falta a FUNimation por aqui. Geralmente tudo que não tem por aqui, está no catálogo da FUNimation, que está sempre aí prometendo que vai se expandir para outros territórios além dos Estados Unidos, mas anda enrolando o máximo com isso.

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Em todo caso, independente do animê ter saído aqui ou não, o mangá está oficialmente sendo lançado para nós. Em um formato acessível, sendo publicado mensalmente, com uma fase pequena sendo concluído em 10 volumes. E é um mangá relativamente curto. Para quem está a procura de algo novo, me parece uma boa indicação e que não geram um compromisso a longo prazo. É isso!

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Boa construção de ambiente e as regras deste universo
Personagens carismáticos e diferentes
Mangá com incríveis e constantes páginas duplas
Traço as vezes pode parecer confuso
Histórias fechadas dentro de cada volume
Ótima qualidade na versão JBC, mesmo sem estar na linha de luxo

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