Destiny 2 – Expansão II | Jornada em A Mente Bélica (Impressões)

Vai ser um pouco difícil falar sobre a segunda expansão de Destiny 2, chamada A Mente Bélica, e não repetir alguns dos pontos já levantados quando fiz minhas impressões sobre Maldição de Osíris. A Bungie parece conseguir ouvir sua comunidade, porém continua tento enorme dificuldade para concretizar estes desejos na prática. Tantos nas expansões quanto nas atualização que o game tem recebido desde seu lançamento.

É uma situação muito complicada porque a comunidade do jogo vive dividida. Entre aqueles que só querem mais do mesmo e aqueles que querem mais e melhores conteúdos, porém sem o risco de desbalancear aquilo que já existe entre as diversas modalidade do jogo. Se torna mais sobre a experiência que Destiny 2 oferece a longo prazo do que a de imediato. E, pra mim, esse é o maior ponto que merece ser avaliado na franquia.

O grande porém aqui é que jamais esperei que A Mente Bélica fosse conseguir consertar alguns problemas presentes em Destiny 2. Não daria tempo, pois trata-se de uma expansão já previamente programada, antes mesmo do lançamento do jogo base. Que está em desenvolvimento em concomitante às mudanças que o próprio feedback da comunidade tem repassado ao estúdio por meio das redes sociais e seus canais de interação. Seria um milagre se A Mente Bélica conseguisse consertar tudo.

A boa notícia, talvez a mais importante nesse caso, é que a segunda expansão, tal como a primeira, não estraga a experiência de Destiny 2. Pelo contrário, ajuda a colocar coisas em movimento, abre possibilidades para a reforma que o jogo merece ter. Agora quando tais mudanças acontecerá só a Bungie pode dizer. Depende muito do quão longe o estúdio, e a Activision, quiserem levar Destiny 2 — ou se a janela de longevidade ativa do game pode vir a ser diminuída em favorecimento de um terceiro Destiny.

Rasputin e a corporação Clovis Bray

Admito que a minha maior expectativa para esta nova expansão estava justamente na possibilidade de retornar à Marte, território ausente no lançamento do jogo ano passado, mas icônico em relação ao primeiro Destiny. Talvez esperançoso do retorno de velhas áreas ou antigas atividades. Justamente pensando nessa escalada de que suas expansões precisam de mais conteúdo e mais caldo.

Aqui o jogador tem acesso a história da personagem Ana Bray, uma guardiã que não tem muito respeito pelas ordens da Vanguarda. Isso no sentido de que existem certos segredos em Marte que não se devem ser remexidos. O que leva ao fato de Ana ter uma relação com a corporação Clovis Bray em Marte, que por consequência tem relação com Rasputin, arma bélica de imensurável poder a qual muitos não sabem exatamente suas origens ou pleno potencial. A Mente Bélica tem como objetivo responder um pouco disso.

E em parte essa promessa por respostas é cumprida. O jogador descobre um pouco mais sobre as origens de Rasputin em Marte, da corporação pertencente a família de Ana, e deixa um gancho para que a Mente Bélica possa voltar a ser pauta de história do game em algum evento futuro. Tudo naquele estilo narrativo da franquia, onde há muita interpretação pelo jogador e nem todas as respostas são claras e diretas. Muita coisa vaga ainda fica no ar.

Assim como ocorre na primeira expansão, a história aqui também não continua ou acrescenta muito aos eventos posteriores ao final da campanha principal. Nada sobre o despertar do Viajante, nem sobre o enigmático inimigo despertado que está à caminho da Terra.

De volta ao planeta Marte

Funcionando como uma história à parte da trama central, A Mente Bélica leva o jogador a uma nova área em Marte, que mistura ambientes com aquele característico deserto vermelho, as instalações da corporação Bray e também uma parte mais profunda e congelada em Marte. Sem retorno para antigos ambientes do primeiro game.

Não tenho do que reclamar da direção artística da expansão e deste retorno à Marte. A Bungie manda muito bem na construção visual do jogo nestas situação. Gosto muito da área pública criado para esta expansão. Muito maior e dinâmica do que a área de Mercúrio da primeira expansão. Ainda não tão grande e vasto com as áreas públicas existentes no conteúdo base do jogo, mas ainda assim com um tamanho satisfatório para a proposta de seu conteúdo.

Toda a área pública ao redor da corporação Bray é muito bem arquitetado. Com diversos locais para eventos, atividades públicas e confrontos. Não é aquela azeitona que é a área pública em Mercúrio, a qual o jogador decora todos seus pontos de acesso e o que tem a se fazer em questão de 10 minutos.

Os ambientes criados para as fases de história, jornadas extras e assaltos em Marte também funcionam e são bem arquitetados. Porém não encontrei nada excepcionalmente impressionante. No sentido de um cenário ao fundo ou ambiente que tenha me surpreendido por sua beleza singular. Marte é a mesma Marte de sempre, mesmo nas áreas gélidas. Queria ter me impressionado. Algo que Mercúrio conseguiu isso na primeira expansão, quando visitei o passado do planeta.

Fórmula manjada

Um ponto aqui é que o caminho linear de progressão das missões de campanha, jornadas ou assaltos de A Mente Bélica possuem muitos poucos desafios. Nada de grandes saltos em plataformas, grandes percursos ou arenas diferentes. É tudo muito básico da estrutura de progressão normal de fases da série. O que para uma expansão acaba sendo meio decepcionante. É esperado algo novo, algo diferente. E não veio nada disso desta vez. Até nesse sentido a expansão anterior também mandou melhor.

Da mesma forma que me desagrada bastante que os novos assaltos de A Mente Bélica sejam exatamente duas missões da nova campanha estruturadas para serem assaltos. Com um desafio maior, algumas falas diferentes dos personagens e trechos apenas remodelados. É muito decepcionante saber que o único assalto genuinamente inédito é aquele que se encontre temporariamente exclusivo para a plataforma do PlayStation 4, deixando os donos de Xbox One e PC na mão com assaltos parcialmente reciclados da campanha. Ponto este que já era questionável na primeira expansão de dezembro do ano passado.

Não é fácil entender essa nova política da Bungie de que missões da campanha viraram assaltos. Gostava muito mais quando estas atividades de conteúdo do game possuíam conceitos separados. Até mesmo níveis maiores de dificuldade. Ou o contrário: os assaltos de nível mamão com açúcar dentro da progressão das campanhas, separados da lista dessa atividade.

Agora se tem algo que vale elogio é exatamente a batalha final da campanha de A Mente Bélica, que também é um assalto na lista de tal atividade. A batalha contra uma minhoca espacial gigante. É diferente, é inusitado. Tem um ritmo diferente do esperado e é quase a melhor coisa que essa expansão tem a oferecer. É algo que eu gostaria muito de ver mais vezes na franquia: grandes monstros espaciais.

Jogador solo e o griding

Tem alguns pontos que esta segunda expansão parece enaltecer muito mais do que o jogo até então havia destacado: o quão curta é sua experiência para àqueles que gostam de uma experiência mais single player. Tudo bem, há uma nova campanha, mas é curtíssima. Quase que não dura duas horas. Talvez uma das campanhas mais curtas que a franquia já recebera.

Fechado a campanha o que sobra para o jogador solo é o grinding. Jogar para atualizar seu nível do personagem e poder de luz. Realizar as jornadas que pincelam mais detalhes sobre a história em torno dos elementos da expansão, participar de alguns eventos públicos e fazer as missões de campanha em suas versões de assalto na lista de tal modalidade. Coisas esperadas e até… óbvias.

É um ciclo que está afastando cada vez mais os jogadores. Há um sentimento de “eu não preciso disso” neste Destiny, a qual o jogador não encontrava no primeiro título da série. Será cansaço? Ou talvez jogos concorrentes estão mais interessantes nessa atual geração? É muito difícil pontuar. Talvez há que considerar o sucesso que jogos de battle royale (PUBG & Fortnite) tem conquistados de um ano pra cá.

Fora que para o jogador single player o grinding sequer é interessante. Modalidades como anoitecer e incursões continuam sendo atividades sem matchmaking. Não há exatamente um modo PvE como havia com A Prisão dos Anciões no primeiro Destiny. E mesmo que se pense nos assaltos na modalidade heroica, volto a pensar como eles não são tão icônicos ou épicos como alguns eram no primeiro jogo.

Multiplayer desatualizado

E aí entra a parte multiplayer de Destiny 2. Incursões, eventos públicos, assaltos heroicos e de anoitecer. E claro, o Crisol, o desajeitado e estranho modo player versus player que a Bungie achou que seria genial reduzir o número de jogadores e muitos odiaram.

O Crisol segue 4 versus 4. A Bungie atualizou o game para suportar 6 contra 6, mas reservou tal modalidade para funcionar somente em eventos especiais, como a Bandeira de Ferro. Aliás, há uma acontecendo exatamente na semana de publicação deste post.

Vendo a Activision anunciar que o próximo Call of Duty este ano terá uma modalidade battle royale me fez pensar no quanto Destiny 2 está caminhando na direção contrária as tendências multi online de mercado. O multiplayer de Destiny 2 continua sendo algo que limita muitos modos somente para lista de amigos fechadas, carente de matchmaking em várias modalidades. Continuam insistindo no 4v4 como melhor balanceamento.

E aí olho para como são divertidos os eventos públicos desta nova expansão, especialmente uma modalidade chamada agravamento e fico pensando porque Destiny 2 não continua indo nessa direção, da inclusão de jogadores e acessibilidade? Não é fácil entender.

Não acho que Destiny 2 precise de novos mapas multiplayer. O que o Crisol e outras atividades que exigem conexão com outros jogadores precisam é justamente de inclusão. Mais jogadores, mais acessibilidade. É restringindo tudo a tantas regras que faz com que o título se torne engessado quando se olha para as loucuras de outros jogos online multiplayer que estão dominando o atual mercado.

Altos e baixos

Enfim, não acho que seja o ponto de pensar em abandonar Destiny 2. O game continua sendo altamente viciante, mesmo diante de todos seus pequenos problemas. Posso passar meses sem colocá-lo para rodar em meu Xbox One, mas é só colocá-lo para me perder em seu mundo.

Na semana em que me dediquei ao conteúdo desta expansão, para escrever este texto, voltei a me perder em seu mundo. Não vi a hora passar, fui dormir de madrugada. Me peguei refazendo coisas que já havia feito, como grinding em eventos e localidades só pela recompensa semanal da atividade. Fui refazer todo meu inventário, desconstruindo armas, coletando novos equipamentos e subindo o nível de exóticas. O jogo continua sabendo manter sua hipnose quando se está em seu mundo, sendo seu maior problema apenas conseguir me convencer a voltar para ele após deixá-lo.

  • Atirar continua sendo ótimo

Esse é a parte em que Destiny 2 está sempre no ponto certo. A expansão finalmente trouxe armas que conseguiram me fazer aposentar armas que usava desde o lançamento do game. Algo que a primeira expansão fracassou vergonhosamente. Há armas lendárias e exóticas novas, sendo que algumas exóticas possuem jornadas próprias para conquistá-las.

Apenas ainda não encontrei armaduras legais nessa nova versão. Continuo usando o set da Complexo da Devastação que tenho desde finalizado o jogo base. Gosto demais dela. Se bem que a Armamentarium do primeiro Destiny está de volta nesta expansão. Ainda não a encontrei, mas é uma das exóticas que mais usei e gostei de ter no primeiro game. Estou animado pela chance de encontrá-la novamente.

  • Agravamento e eventos públicos em Marte

Não tenho certeza se participei de todos os eventos públicos possíveis, mas acredito que Marte não tenha nenhum evento público na proporção do evento que a expansão anterior recebeu em Mercúrio. Existem os mesmos eventos que estão disponíveis em outros planetas. O que é meio chato se não fosse pelo agravamento, a qual citei mais acima mas que merece seus elogios e explicações agora.

Agravamento não é um evento que o jogo ativa de tempos em tempos, mas um em que os jogadores podem ativar a qualquer momento. Mas somente aqueles que concluíram a campanha principal da Mente Bélica. Basta ir até uma certa plataforma onde uma antena de satélite surge e que deve ser ativada.

Ao fazer isso o evento, que se passa na área pública de Marte, começa a ativar hordas e mais hordas de inimigos da classe da Colmeia. São criaturas de alto nível, fortíssimas. Nisso um contador entra em cena e o jogador precisa vencer toda a horda antes do tempo esgotar. Não é sobreviver – veja bem – é eliminar tudo antes do tempo acabar.

É uma dinâmica bem diferente, é um desafio bem grande e é uma atividade que basicamente chama todo mundo que está nessa área pública para participar. Não tem como ignorar esse chamado. É genial. Algo que funciona tão bem que a Bungie deveria levá-lo para outros planetas com outras raças de inimigos. Certamente seria incrível.

  • Segredos escondidos

Pra mim a ideia de esconder 45 fragmentos por Marte, como uma espécie de atividade especial para adquirir armas exóticas me parece meio gordura. Algo que justamente incentiva esse ciclo ruim de ficar indo, vindo e revisitando tudo dentro de um ambiente a ponto de enjoar ficar ali coletando migalha. Mas eu entendo quem curta.

A Mente Bélica tem um tanto disso. Mas pra mim isso serve apenas como disfarce para dizer que a expansão tem conteúdo. Quando de fato não tem o tanto quanto deveria ter. Nesse sentido eu gostava muito mais dos fantasmas escondidos no primeiro game. Ainda que estes eu também não tenha tido muito saco para coletar todos.

  • Quanto a Incursão…

Não gosto muito de falar sobre as incursões em Destiny. Sempre fico com a sensação de que estou sendo mais rabugento do que deveria. Não gosto da ausência de matchmaking, ainda que muitos defendam que a modalidade não funcionaria com tal opção ou que jamais participariam se houvessem tal recurso.

Enfim, o fato é que a Mente Bélica tem mais uma incursão inédita para os apreciadores de tal modo. Vi alguns trechos dela no You Tube e achei bem legal uma parte com ventiladores gigantes. É um tipo de puzzle progressão de ambiente que gostaria muito que outras modalidades desta expansão tivesse. Pois é, a nova campanha não possui um momento singular assim. Que pena.

A única coisa que me incomoda um pouco nas incursões de Destiny 2 é o fato de todas se passarem em um mesmo lugar, o tal antro do leviatã. Tudo bem que não são as mesmas salas e os mesmos desafios, mas a arquitetura e o visual de todas as atuais incursões seguem um mesmo tema visual. Acho meio sem graça isso.

Dito isso,  fico pensando como era legal as incursões espalhadas nos planetas no primeiro Destiny. Locais em que os jogadores passaram e não imaginavam que ali ficariam a incursão quando a mesma fosse lançada. Quando elas estavam interligadas diretamente ao momento e mundo que ali recebia a interação dos jogadores.

Agora que todas se concentram em um único lugar, em um único ambiente a parte de todo o restante do game, a sensação é que a Bungie quer realmente que haja essa sensação desconexa entre todo o conteúdo do game e as próprias incursões. Não curto muito isso. Será que as próximas vão continuar se passando nesse mesmo local? Está na hora de mudar isso, não?

Considerações finais

Segunda expansão, título se aproximando de um ano de lançamento. Certamente Destiny 2 tem feito uma jornada interessante até aqui. A Bungie e seu time de desenvolvimento está sempre comentando em seus canais o quanto o game não está exatamente do jeito que a comunidade gostaria que estivesse. Em como estão trabalhando arduamente para tornar Destiny 2 melhor. E eu acredito realmente que estejam, entretanto me pergunto se já não será tarde demais.

Fico até meio aliviado que a fase das expansões pequenas acabaram. Agora é hora das expansões maiores. Aquelas que precisam mostra e provar que podem remexer nas bases e fundações do game. As expansões grandes do primeiro Destiny conseguiram com muito mérito isso. E pense que as primeiras expansões menores do primeiro game também foram bem fracas em vários sentidos. O próximo passo de Destiny 2 me parece crucial para definir o que vai acontecer a seguir com a franquia.

No que diz respeito A Mente Bélica, me parece que não foi aquilo que os fãs esperavam. Isso parece certo dizer. A recepção da crítica, de comunidades, no You Tube indicam exatamente isso. Uma campanha curta, algumas ideias legais, mas que não aproveitam qualquer potencial que possam ter. Single player tem problemas e aposta demais no grinding, em ação por repetição, enquanto o multiplayer não consegue mais ser tão viciante quanto foi no passado.

Destiny continua sendo Destiny. Seu mundo continua sendo divertido e imersivo. Novos conteúdos são bem vindos, porém o valor cobrados por eles não anda sendo equivalente ao que estão entregando. É preciso provar ao jogadores que novos e melhores horizontes virão. A Mente Bélica poderia ter feito isso, mas infelizmente não conseguiu.

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