Análise | Tales of Vesperia: Definitive Edition

Disponível para PlayStation 4, Xbox One, Nintendo Switch e PC

Tales of Vesperia: Definitive Edition como o próprio nome sugere é a edição definitiva de Tales of Vesperia, lançado lá em 26 de agosto em 2008 somente para o Xbox 360. 10 anos após seu lançamento original, em comemoração a esta data especial, agora a jornada se expande para PlayStation 4, Xbox One, Nintendo Switch e PC (Steam). O que na minha opinião é ótimo pois o número de jogadores atingidos aumenta exponencialmente. A versão recebida para teste foi a do Xbox One.

A versão remaster chegou em 11 de janeiro de 2019, mais uma vez pela BANDAI NAMCO, e obviamente abrangendo o estilo JRPG de Ação. Como extras dessa versão definitiva temos, é claro, uma melhora nos gráficos, personagens novos, e DCLs inéditos. O game apresenta a opção de escolher entre o áudio em inglês e japonês, e conta com legendas em português, algo que não existia no lançamento original. Cá entre nós: as legendas estão ótimas.

O visual definitivo

O estilo visual, na minha humilde opinião, é bom. As animações (que são semelhantes ao de um anime) são mágicas e lhe transportam ao mundo do jogo sem a menor dúvida.

Mas, obviamente, Vesperia não conta com a mesma qualidade gráfica dos jogos mais recentes da franquia. Esta versão recebeu sim uma melhora gráfica, mas a mesma torna-se somente perceptível em seus 100% em PCs de alta capacidade. Nos consoles a qualidade existe, mais pode passar batida, e algumas vezes você vai notar que algo está meio desfocado. Tudo bem, tem que ser muito chato para reparar nisso e deixar o restante do game perder pontos.

Quando se troca a arma equipada do personagem, ela muda visualmente no seu personagem na tela, tanto nas batalhas (obviamente) quanto ao andar pelo mapa das cidades. Todas as vezes que mudei a arma de Yuri Lowell, notei a mudança na tela imediatamente, o que achei isso muito bacana.

As cenas de animação dentro do game também são influenciadas por isso, a vestimenta de todos os personagens muda seus respectivos visuais (os itens equipados como as armaduras não), mas ver as mudanças visuais que você fez repercutir nas cutscenes do jogo é também muito legal. Admito que fiquei alguns minutos trocando elas para conferir os reflexos nos personagens, contando inclusive com vestimentas de outros personagens da série Tales of, mas não gostei muito dessas pois muda até o rosto do personagem. O que força um pouco a barra no meu ponto de vista.

Esta versão definitiva está realmente bem interessante. Conta com um capricho nos menus, que foram refeitos em alta resolução, algo que pode parecer bobo, mas que em RPGs me chama a atenção, e a maioria dos jogos que são refeitos não refazem esta parte. A fonte dos diálogos casa com o jogo perfeitamente, e como o jogo é todo legendado em português isso acaba sendo importantíssimo.

Outra coisa, sobre estar em português, fica uma dica: em determinada área do jogo, na qual precisamos desvendar um enigma e escrever a resposta… esta deverá ser em português! Sim, eu tentei em inglês por razões óbvias né, mas foi dado um cuidado até para isso.

Nesta versão sua equipe será maior

Tudo começa no mundo de Terca Lumires, quando Yuri é chamado por uma criança do Distrito Inferior (local na qual Yuri mora) para ajudar na fonte do local que está com defeito, causando um problema no fornecimento de água aos habitantes. Ele descobre que um mal elemento roubou a Blastia, uma tecnologia antiga que controla várias coisas na civilização presente no mundo, como fornecimento de água, criação de barreiras para proteger as cidades de ataque dos monstros, ativar máquinas de teletransporte, entre outras funcionalidades que vamos descobrindo ao longo da jornada.

A frustração de Yuri é que estas Blastias são controladas pelo Império, e o mesmo não parece se importar com o Distrito Inferior. Ele parte em uma jornada para recuperar o artefato necessário para restaurar a fonte, indo ao próprio castelo do Império tirar maiores satisfações. Com isso o jogador descobre que Yuri tem um conhecido no Império, o cavaleiro imperial Flynn Scifo, seu melhor amigo. Rapidamente a situação foge do controle de Yuri, e o jogador se encontra em uma jornada muito maior do que a restauração de uma fonte d’água. Yuri irá conhecer muitos outros personagens e fazer grandes amizades. Calma, não se emocione ainda.

Yuri acaba encontrando uma jovem, no castelo do Império a qual o mesmo acabou sendo preso. Ela se chama Estelle, e a jovem está determinada a ir aonde for necessário para achar Flynn Scifo. Nessa jornada para achar o ladrão da Blastia e encontrar  Flynn, a dupla juntamente com o cão de estimação Repede – que acredita não ser um cão e por isso fuma cachimbo e maneja espadas – rapidamente encontram mais companheiros, Karol (capitão Karol), Rita, Raven e Judith.

Todos eles já estavam disponíveis na versão anterior do game. O mais interessante aqui é que nesta versão definitiva temos mais 2 membros para se juntarem a briga: a jovem Patty Fleur e o cavaleiro Slynn Scifo. Para evitar contar segredos do game, o que deixaria as surpresas sem graça, não vou especificar como eles entram na turma, ou suas particularidades ou maiores informações. Somente tenha em mente que em umas 4 horas de jogo sua equipe já terá 4 membros.

Aproveitando a oportunidade, gostaria de avisar a quem está jogando o game, independente de em qual plataforma seja, de que temos 2 conteúdos para download disponíveis gratuitamente. Baixando ambos vamos receber mais vestimentas para todos os personagens, kits de itens, receitas culinárias e, pasmem, um tipo de item que permite subir o level de toda a sua party em 5 ou 10 níveis (tem mais de um de cada) automaticamente. Admito que não usei estes ainda, pra não facilitar a jornada, e também porque quero ter todo mundo na party em níveis próximos. Certamente um item que pode ser uma mão na roda em um momento de desespero, ao se enfrentar um chefe muito apelão e seus personagens estiverem meio fora do nível recomendado.

Outro ponto bem divertido: existe toda uma interação entre sua equipe, alguns por meio de quadros animados, pausando rapidamente a aventura para uma breve cena animada. Elas ocorrem em diversos momentos chaves, como conversas após a batalha: do tipo Estelle levando ao pé da letra comentários de Yuri, como ele falando que foi a luta do século e ela perguntando como ele sabia disso, ou na interação de comemoração entre Rita e Estelle, quando Estelle tenta se enturmar com Rita, ou Repede latindo a pedido de Yuri e Yuri tirando sarro de Karol por ele estar segurando as pernas para não tremerem de medo.

Ao longa da aventura essa interação fica cada vez mais verídica, ao se referenciar as interações mostradas anteriormente, e como elas mudam ao longo do tempo, ou quando um personagem ao interagir com outro comenta sobre a interações com os outros, feitas pelo personagem em questão, comentando que elas melhoraram ou tiveram outras mudanças, tudo em virtude da aproximação dos membros do grupo uns com os outros. Em suma, os personagens fazem conversas cruzadas, que os humanizam além do esperado pelo jogador.

A jogabilidade definitiva

O jogo também faz acréscimos significativos ao sistema de combate em tempo real – uma marca registrada da série -, permitindo que os jogadores batalhem em enormes áreas e aprendam novos ataques especiais ao longo dos combates, muitos deles sendo exclusivos de determinada armas equipadas aos personagens.

Muitas armas ao serem usadas por um determinado tempo acabam fazendo com que seu usuário aprendam novas habilidades, e as mesmas acabam ficando “aprendidas” pelo personagem após a troca de arma. Golpes especiais de finalização podem ser utilizados ao se pressionar o botão correto após uma sequência de golpes, muitas vezes desferidos pelos companheiros de equipe e terminados pelo protagonista. Conseguir realizar tais golpes acabam por dar ao jogador itens exclusivos para a confecção de novas armas ou aprimoramento das já coletadas.

Só se deve cuidar para não encarar inimigos muito poderosos sem estar com itens em estoque, energia/magia recuperada e em um nível apropriado. Dá para se ter uma noção se estamos dentro ou fora do nível ideal pela comparação com o nível em que os novos personagens entram na sua equipe: eles sempre chegam de forma apropriada para os combates próximos, justamente para não lhe causarem problemas. Eu sempre observava isso, e quando alguém entrava com um nível maior que o meu ficava upando um pouco para não passar muita vergonha nas batalhas adiante.

Os itens são facilmente encontrados nas lojas, em variados locais, sejam nas cidades ou até mesmo em bases inimigas ao se soltarem os vendedores que estavam presos lá. Há também uma caravana que vai aparecer em seu caminho, que pode suprir a necessidade de descanso do seu grupo. Também é possível montar acampamentos em determinados locais. Descanse sempre que precisa, essa é uma dica importante.

Controlando a aventura

Os controles mudam conforme o que estamos fazendo. No mapa do jogo, e dentro das cidades, tudo se resume a caminhar e interagir com objetos, enquanto nas batalhas suas funcionalidades aumentam consideravelmente. Temos botão de pulo, botão de defesa, 2 botões de ataque e os analógicos que guardam os atalhos para as ARS (as habilidades especiais de cada personagem). É possível configurar os atalhos conforme a sua preferência. Por exemplo, se pressionar o RS para cima vai usar um golpe especial (ARS), e para baixo, esquerda ou direita, outras ARS. Dica: lembre que as do LS devem ser usados em combo com o botão A, que por si só já usa um golpe sozinho.

O jogador ainda tem a opções de configurar o controle para manual, onde você faz tudo; semi-auto, onde somente a corrida até o adversário vai ser automática, mas a aplicação e escolha dos golpes fica por sua conta; ou a automática, onde você somente assiste as lutas. Pra mim a opção do modo semi-auto se saiu mais confortável, pois a achei mais fluida e fácil de controlar. A manual acaba sendo meio chata em batalhas com inimigos espalhados. E a automática… não tem graça nenhuma (!), pois o jogador não faz nada, o que é bizarro, pois em jogos assim a emoção está em participar das batalhas, ainda que seja apenas para upar level.

Em certo ponto da jornada, após um determinado personagem entrar para a equipe, abre se o controle sobre um barco. Essa navegação com esse personagem segue a mesma lógica de controlar Yuri pelo mapa, só que desta vez no mar. Ao se aproximar de praias e portos pode-se atracar o barco e explorar a pé a região. Isso é ótimo para descobrir algumas áreas com monstros mais poderosos e encontrar itens secretos. Além de ser necessário o barco para dar prosseguimento a aventura de Yuri e sua turma.

Da cozinha ao multiplayer

Em determinado ponto da aventura encontramos um cozinheiro que nos ensina a cozinhar com os itens que encontramos pelo mundo do jogo ou ao derrotarmos inimigos. O engraçado disso é que ele propõe um desafio de encontrar ele pelo mundo. Mais especificamente nas cidades, onde ele se disfarça de peixe gigante, ou um boneco de pano pendurado em uma casa. Admito que achei hilário. Sim, acostume-se a mexer em tudo nas cidades do jogo, pois este cozinheiro pode estar onde menos se espera. Toda vez que o jogador o encontra, além de aprender uma nova receita (com variados efeitos, desde a melhora de status até a restauração de vida) você ainda ganha conjunto de itens para preparar a receita. É uma mecânica extra que realmente me encantou.

Outro ponto bacana de se mencionar: Tales of Vesperia: Definitive Edition tem um modo multiplayer local onde cada jogador pode controlar um personagem. Isso dá uma nova dinâmica a todo o combate em si, pois presume-se que seus colegas humanos vão ser melhores que o controle da CPU – por poderem tomar decisões inteligentes – seja de correr para lhe auxiliar em meio as lutas problemáticas, curando uns aos outros em momentos de aperto e, é claro, ajudando na execução de combos grandes e avassaladores.

O mundo e seus encontros

Todas as localidades do mundo de Terca Lumireis contam com uma tela de abertura que nos mostra a entrada do local e seu nome completo. Isso ajuda a nos localizarmos no mundo do jogo. Na primeira vez que adentramos um local novo ele aparece nomeado como interrogações, mas após a tela de abertura toda a vez que nos aproximarmos do local o nome completo vai aparecer. Isso é um facilitador bacana, foi algo que senti falta quando joguei e escrevi a respeito de Shining Resonance Refrain em seu review. Ficar perdido no mundo do jogo nunca é legal.

Para saber aonde devemos ir, basta prestar atenção nas conversas dos personagens aos eventos significativos. Eles sempre vão dizer a direção que devemos ir, por exemplo, mencionando uma fortaleza que fica a oeste do castelo. Como temos uma bússola na tela no canto superior é fácil achar o que procuramos. Entendo, porém, que isso pode ser um pouco frustrante para os jogadores mais impacientes, que não gostam de ler as conversas dos personagens. Caso você seja um destes, ainda tem uma salvação: o jogo registra em livros, encontrados na tela de itens uma espécie de diário da aventura, onde estas informações ficam salvas. Basta consultar estes diários, que também possuem as indicações dos tutoriais de batalha, uma enciclopédia de monstros, que apresentam seus pontos fracos, seu elemento, nome e quantidade de energia.

No mapa do mundo do jogo, pode-se ver os monstros andando livremente, dando a opção de escolher se vamos ou não entrar no combate. Porém se der bobeira eles partem pra cima. Cada monstro no mapa representa um grupo da mesma coisa, assim como Yuri representa toda sua party, então cada batalha vai trazer “N” monstros para o combate.

Em batalhas dentro de cidades, cavernas e masmorras também podemos ver os inimigos, mas aqui eles podem pegar o grupo desprevenido, atacando por trás. Isso muda a forma de combate, pois além dos personagens estarem sem esperar pela batalha, inclusive com falas específicas para a situação, o grupo entra em batalha em ordem invertida: personagens na reserva entram em batalha por estarem “atrás” dos outros. E como a ordem de batalha se inverteu, por conta da emboscada, cabe ao grupo reserva lidar com a situação. Achei isso muito criativo, pois criar todo um envolvimento com todo o time. Faz o jogador se preocupar com a necessidade de subir o level e dominar as técnicas de toda a sua equipe, e não somente de seus favoritos.

Considerações finais

Mesmo sabendo que existem vários Tales of, o único que joguei antes do Vesperia foi o Tales of Symphonia, lá no meu antigo GameCube  – que por motivos de força maior não está mais entre os meus consoles. Lembro que na época o terminei e gostei muito dele. Também me recordo de ser um título que durou bastante, algo que na época era necessário devido a ainda estar na escola e a grana ser bem curta para jogos. Coisas de jovem sem grana, mas ter tempo, enquanto hoje é o contrário: há grana (bem… mais do que antes), mas ter tempo se tornou o grande complicador.

Dei uma pesquisada por aí e descobri que a série Tales of conta com a “Santíssima Trindade”. Quer dizer que há os jogos que os fãs consideram os 3 melhores de todos os tempos: Tales of Vesperia, Tales of Abyss e Tales of Symphonia. Logo fica claro que esta versão definitiva de Tales of Vesperia é uma das melhores oportunidades para se conhecer um dos maiores sucesso que a franquia tem a oferecer.

A história é altamente imersiva e cativante. O mundo de Terca Lumireis, o qual nossos heróis habitam, é deveras interessante, com diversos segredos e curiosidades pedindo para serem descobertos. Contamos aqui com diversas coleções para completarmos, bestiário para preencher, e materiais para recolher (usados para melhorar armas e armaduras). Além disso há mini games para participar, além de opções de atividades extras. Não há realmente algo que tenha sentido falta, por não encontrar algo a me entreter e me divertir.

E o jogo não terminar exatamente quando encerrado. Há o sempre bem vindo New Game+ para aqueles que ainda querem desafios após o término da aventura, onde se tem acesso a mais áreas do jogo, novos níveis para personagens e maior dificuldade para a jornada em si. Dá um merecido valor de replay.

Todos os personagens são carismáticos, sendo fácil se identificar com suas histórias e jornadas. Cada um tem seu estilo, seu jeito de ser, suas ambições e seus segredos. Todos de uma forma ou outra acabam por começarem a se importar com os demais companheiros, enquanto aprendem a aceitar a liderança do protagonista Yuri. Tudo isso deixa a jogatina ainda mais interessante, é encantador ver o desenrolar destes relacionamentos, que também extrapolam tanto nas batalhas quando nos muitos diálogos em cenas animadas.

Para quem gosta do estilo dos RPG japoneses, sem sombra de dúvida vale a pena apostar em Tales of Vesperia: Definitive Edition. O jogo foi desenvolvido no auge dos tempos de grande desenvolvimento desse gênero no Japão. Até mesmo àqueles que o jogaram no passado devem sentir a energia que o game emana. É uma nostalgia que realmente entretém. Para terminar, só consigo pensar no grito de guerra, que muitos somente vão entender ao jogarem este clássico: Brave Vesperia!

Galeria

Extra – Gameplay da hora inicial

Dando uma nota

Personagens são muito carismáticos - 10
Ótima jogabilidade, bem flexível na customização dos controles - 9
Perfeitamente legendado em português, áudio tanto em inglês quanto em japonês - 10
Bom fator replay que incentiva retornar a aventura - 8.9
Cheio de segredos, mecânicas e coisas para se explorar e descobrir - 9
Combates são intensos e apresentam um bom repertório de variedades e situações - 9
Pode ser apreciado em multiplayer, o que não é algo que se vê todo dia - 9

9.3

Excelente

Tales of Vesperia: Definitive Edition é obrigatório para quem curte os famosos RPGs japoneses e ainda não se aventurou por Terca Lumireis. O título entrega incontáveis horas de aventura, descobertas e aprendizado. Para quem jogou a versão anterior pode não parecer um prato tão apetitoso assim, mas por que não aproveitar as melhorias e se aventurar novamente por estas bandas? Dizem que a segunda vez é sempre melhor!

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