Análise | Gato Roboto

Disponível para Nintendo Switch e PC

Gato Roboto é, em uma simples definição, um metroidvania para novatos. Desenvolvido pela Doinksoft e distribuído globalmente pela Devolver Digital, o título chegou ronronando ao Nintendo Switch e PC no final de maio deste ano. Custa a bagatela de 8 dólares, menos se você o comprar no Steam, e ocupa apenas 450MB de espaço.

Seu visual segue um estilo similar ao que pode ser encontrado em Minit, outro título que a Devolver abraçou ano passado, mas que não pertence ao mesmo desenvolvedor. São jogos que seguem uma ambientação retrô, com gráficos que emulam a experiência de pouco bits de uma outra era dos videogames.

Há um charme minimalista nesse estilo de jogos independente, onde a ausência de cores, sendo apenas em preto e branco, dão um contraste simplista ao jogo. No caso de Gato Roboto existem outras paletas de cores chapadas que podem ser encontradas, como colecionáveis, ao longo da aventura. Algumas são terríveis e valem pela brincadeira em si, enquanto outras são aceitáveis, porém tenho que admitir que não me agradam tanto quanto o preto e branco básico.

Desastre felino

Tudo começa quando um patrulheiro espacial recebe um chamado de emergência de uma localidade que supostamente seria um laboratório abandonado em um planeta por aí, galáxia adentro. O patrulheiro recebe permissão para investigar, e começa a se aproximar com cautela do local, quando sua gatinha sobe no painel de controle da nave e causa um pequeno e desastroso pouso.

O patrulheiro fica preso dentro da nave, de alguma forma. Ninguém responde seu chamado pelas proximidades. Resta somente uma solução, mandar a gatinha sair da nave e buscar qualquer tipo de ajuda. Além de investigar as redondezas do local e descobrir quem mandou aquele chamado de emergência. Humano e felino se entendem aqui, ainda que a gatinha só saiba miar.

Assim tem inicio a aventura de Gato Roboto, onde o jogador está no controle de uma gata, que não tem qualquer poder e morre caso venha a sofrer qualquer tipo de dano. Felizmente a frágil gatinha logo encontra uma roupa robótica, um mech suit, bem estilo Samus Aran de Metroid. Kitty consegue entrar e pilotar com a facilidade que qualquer gato poderia ter ao encontrar um traje como tal.

Metroidvania linear

A aventura de Gato Robo é curta. É um jogo independente que se consegue fechar em poucas horas. Eu mesmo levei cerca de três horas e meia, com 80% de tudo encontrado. Talvez pudesse gastar aí mais uns 40 minutos para voltar e coletar alguns colecionáveis das primeiras áreas da campanha.

O título segue a fórmula de um jogo metroidvania, ou seja, há áreas que o jogador sabe que existe, mas não consegue acessar. Para tal é preciso encontrar uma rota alternativa, ou ganhar uma habilidade, ou até mesmo acionar uma alavanca ou enfrentar um boss para abrir uma nova área. O mundo do jogo é interconectado, o que significa que não há fases em seu conceito mais tradicional.

Além disso, Gato Roboto oferece uma progressão totalmente linear. É impossível o jogador ficar perdido. Existe até mesmo corta caminhos para que o jogador não tenha que refazer a exata mesma trilha de retorno após chegar ao seu objetivo ao final de certas áreas.E é sempre claro para onde ir e como avançar pelas áreas. Não dá para ir para locais em que ainda não seja exatamente o momento de visitá-los.

Traje certo para a ocasião

Um dos pontos mais agradáveis de Gato Roboto diz respeito aos controles. É muito agradável pular, atirar e realizar outras proezas com sua armadura robótica. A aventura cria boas experiências de plataforma, especialmente após encontrar uma habilidade que lhe garante um pulo duplo.

Além disso a sua armadura não é invulnerável. Nada de chegar perto d’água ou lava. O jogador toma dano ao encostar em inimigos, espinhos ou líquidos. A gatinha não tem energia, então encostou ela morre, enquanto a armadura tem alguns pontos de resistência. Porém eventualmente ela pode ser destruída se continuar tomando dano. Recuperar sua saúde é realizada em qualquer ponto de salve do jogo.

Existe momento da aventura em que seu traje é grande demais para certas aberturas. Neste caso é preciso sair do traje e seguir o caminho apenas com a gatinha, que passa em quase qualquer fresta. Kitty também tem a habilidade de basicamente andar pela parede. O que a torna ótima para escalar locais que a armadura não poderia alcançar.

Gato Roboto então intercala momentos em que o traje é importante e momentos em que só a gatinha pode avançar. Habilidades para o traje são encontrados ao longo da aventura e funcionam como gatilho para acessar novas áreas.

Inimigos e chefes

Mesmo sendo uma aventura curtinha, o título encontra espaço para exibir um bom catálogo de diferentes tipos de inimigos e perigos. Há sapos e abelhas na categoria de animais perigosos, entretanto os mais complicados certamente são os robôs, dentre drones, escavadores e aqueles que atiram em você.

Não são inimigos impossíveis de serem vencidos, mas quando reunidos em uma única sala, ao mesmo tempo, podem ser intimidadores. Mas não a ponto de destruir sua armadura. A armadura tem uma resistência até acima do que seria necessário. É mais fácil morrer quando Kitty está fora da mesma.

Minha maior surpresa em Gato Roboto foi sem dúvida as batalhas de chefes. Não há um número grande de batalhas, mas as que existem são realmente divertidas e com um desafio maior do que os inimigos comuns do jogo. As que envolvem um certo rato são particularmente boas.

Outros aspectos

Pensando em outros aspectos agradáveis da aventura, gostei da surpresa de usar um pequeno submarino nas áreas inundadas a qual a armadura não pode ser utilizada. São detalhes que trabalham na dinâmica da aventura, sem nunca deixá-la maçante ou na mesmice.

As próprias área em que é preciso sair do traje são interessantes. Há desafios que envolvem não encostar em inimigos, enquanto em outras é preciso lidar com o vento saindo das tubulações e também com saltos enormes para salas verticais em que a gatinha precisa escalar.

A trilha sonora do jogo também é super agradável a atmosfera proposta. Da mesma maneira como os efeitos sonoros são perfeitos para a imersão. Gosto em particular do barulhinho das conversas entre o piloto da nave, da gatinha e até mesmo do misterioso rato que ronda pelas instalações abandonadas do laboratório.

Considerações finais

Gato Roboto é um adorável indie game. Não é um destes jogos que tem a pretensão de mudar as regras da fórmula ou trazer uma experiência extraordinária. É simples e charmoso. Agradável sem que seja tedioso ou enjoativo. Claro que para quem estiver procurando algo hardcore dentro do gênero metroidvania vai se decepcionar um pouco com o título. Mas é importante reforçar que não é isso que o mesmo promete.

Trata-se de um metroidvania para quem não está habituado com o gênero. Perfeito para jogadores mais novos, iniciantes no gênero e até mesmo para crianças, já que nada na sua trama é ofensivo ou inapropriado para essa faixa etária. E não estou dizendo que é infantil. O humor é bobinho, porém agradável.

Não é um jogo que consiga pontuar muitos defeitos. Não dá para dizer que ser curto é um problema. Poderia ser maior, mas isso não o torna ruim. Também é apenas uma pena que não haja nada que dê valor de replay para ele, exceto coletar os colecionáveis e jogá-lo novamente em outra paleta de cores. Fãs de speedruns podem se divertir com o título.

Enfim, Gato Roboto é quase um jogo casual. Perfeito para sessões curtinhas, pois tem muitas salas de salvamento, na mesma forma que também é um destes jogos que você consegue retirar de seu backlog em uma única tarde de sábado. Valeu seu (amigável) preço. É um jogo bacana para apresentar aos amigos não habituados com videogames.

Galeria

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Dando uma nota

Metroidvania simples, mas sem que isso seja pejorativo - 8.3
Design retrô muito bem aplicado, com um bom toque de humor - 8
Controles e mecânicas de plataforma e combate são ótimos - 8.5
Batalhas de chefes são divertidas e com a dificuldade certa - 8.8
Linear, mas sem tirar a graça da exploração - 7.5
Curtinho, porém condizente com seu preço e proposta - 7
Pende para o tipo de jogo casual, bom para jogadores iniciantes e crianças - 8

8

Miau

Gato Roboto é um ótimo indie game para quem não está habituado com jogos do gênero metroidvania. É amigável em todos seus aspectos. Sem que isso comprometa a diversão ou até mesmo o desafio de jogá-lo. É curtinho, mas é condizente com o preço cobrado. Tem um charme retrô, mas sem soar ultrapassado.

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