Análise | Dandy Ace

Disponível para Xbox One e Series, Nintendo Switch & PC

Dandy Ace é um roguelite sobre um mágico bonitão preso em um palácio repleto de cartas e criaturas mágicas comandadas por um hilário vilão que tem muita raiva de seus subordinados andarem por aí derrubando cupcakes. Esse bem humorado indie game foi lançado em março deste ano para PC, e como em um passe de mágica, fez recentemente sua estreia, em 28 de setembro, no Xbox One, Xbox Series X|S e Nintendo Switch. O título também foi adicionado ao catálogo serviço do Xbox Game Pass, e até o final do ano deve chegar a plataforma do PlayStation.

Trata-se da mais nova produção do estúdio brasileiro, Mad Mimic Interactive, que também é responsáveis pelos premiados No Heroes Here e Mônica e Guarda do Coelho. Sua distribuição em todas as plataformas de lançamento ficou a cargo da Neowiz, uma publisher global que trabalha com diversos estúdios independente.

Curioso apontar que Dandy Ace é uma investida diferente para a Mad Mimic, que sai um pouco do escopo de seus dois últimos games lançados, a qual eram extremamente focados em multiplayer “obrigatoriamente” cooperativo, e passam para uma experiência genuinamente single player, ainda mantendo o alto da padrão do estúdio ao entregar uma aventura muito bem planejado em seu nível de desafio e dificuldade, que aliás são dois pontos bem importantes quando se está fazendo um roguelite.

O título está completamente localizado em português, e com um adendo bem maneiro: todas as linhas de diálogos do jogo foram dubladas em nosso idioma, e trazem ao elenco algumas vozes de famosos influenciadores digitais. Há uma boa parcela da comunidade que se diverte ao ouvir a voz dessa galera. Contudo, deixo um pause nessa conversa e juro já volto a abordar essa questão.

Palácio Mágico

Sendo um roguelite, ou seja, um gênero profundamente baseado em repetição, há diversos pontos importantes para que um jogo assim seja interessante, instigante e divertido, e um destes pontos é sua ambientação. Sua abordagem que incentivará jogadores a quererem saber mais desse mundo e ver até onde isso se estica em sua progressão.

No caso de Dandy Ace tudo tem uma temática do espetáculo mágico, de uma fantasia que simula um imenso palácio mágico. Em sua trama, você está preso dentro de um espelho (também mágico) que lhe transporta a esse local denominado Palácio que Sempre Muda. Porque esse é outro elemento chave de roguelites: a mudança procedural dos ambientes, com o objetivo de criar labirintos com caminhos únicos a cada nova partida.

O jogador é um mágico boa pinta que dá título ao game, o tal Dandy Ace. Com inveja de sua fama e seus fãs, Lele, “O Ilusionista de Olhos Verdes“, como ele mesmo se auto denomina, resolve aprisioná-lo dentro de tal espelho, com o objetivo de frustrar e azucrinar o mágico, afim de se provar ser melhor mágico do que Dandy Ace.

Com isso o jogador se vê preso nesse mundo que representa o palácio e seus arredores. Passamos por locais como salão de hospedes, de banquetes, de gala, pátio, jardim, a loja do palácio entre outros locais temáticos a essa proposta de ambiente. Visualmente cada ambiente tem seus detalhes únicos em sua cenografia, mas o design cru dos labirintos se assemelham bastante, incluindo os pontos em que as mobílias ficam posicionadas em cada cômodo destes ambientes, assim como a divisão de seus corredores.

Dentro de cada ambiente sempre há quatro portões trancados, representados pelos quatro naipes do baralho (Ouro, Copas, Pau e Espada). Estas chaves estão espalhadas pelo game e uma vez que o jogador as encontre, você as adquire de forma permanente, ou seja, não perde quando reinicia suas partidas. Em posso destas chaves, o jogador tem a liberdade para tomar novos caminhos pelos labirintos, assim como chegar a visitar caminhos alternativos entre os estágios do jogo.

A título de conhecimento, estas chaves não surgem de forma aleatória dentro da fórmula procedural. Elas estão posicionadas dentro de certas áreas afim de que a progressão siga um determinado caminho. Por, exemplo, a terceira chave, que abre o caminho do meio na primeira parte do mapa, só pode ser encontrada após vencer o primeiro chefe do jogo, podendo estar em uma das duas áreas posteriores. E dentro desse caminho aberto pela terceira chave é que se encontra a quarta (e última) chave.

Indo adiante, outro elemento muito bacana de Dandy Ace se dá pelo fato do título estar totalmente localizado em nosso idioma, com direito inclusive a uma dublagem de todos os diálogos do jogo. Vai na contramão de muitos roguelites aliás, que nem sempre possuem qualquer tipo de dublagem, limitando sua narrativa a diálogos em caixas de textos. Dandy Ace ainda se utiliza desse recurso dos diálogos em textos e imagens estáticas, já que cutscenes (cenas de animação) possuem um alto custo, levam tempo a serem feitas e nem sempre se fazem necessárias dentro do escopo do gênero. Contudo a dublagem faz toda a diferença para dar vida aos personagens e a trama em si.

Nada de Cupcake

A decisão da Mad Mimic de convidar influenciadores digitais para esse trabalho de dublagem é uma boa jogada de marketing, pois são profissionais que possuem uma legião de fãs e que vão querer conferir o resultado dessa iniciativa. O resultado ficou idêntico ao de um dublador profissional? Particularmente não acho, porém longe dizer que ficou ruim.

E tem mais, no cenário de jogos independentes que recebem dublagem, é bem comum que os próprios membros dos estúdios dublem vozes de seus personagens. Acontece muito lá fora, com a dublagem em inglês de diversos indie games. Nem sempre um estúdio indie pode arcar com a contratação de empresas ou dubladores profissionais, ou quando podem, o fazem para um ou outro personagem que tenha maior destaque narrativo.

Dito isso, preciso fazer elogios ao Vinicius Torres de Mattos (VinieMattos), que foi o responsável por dar voz ao Lele, vilão principal da história, e certamente é o personagem que mais tem falas dentro do jogo, pois o antagonista também atua como narrador em tempo real, enquanto se está rolando o gameplay. O trabalho do Vinicius em dar voz ao Lele ficou simplesmente animal, entonação na medida certo, excelente timbre de voz, timing perfeito para o humor. Achei fantástico.

Lele é o tipo de vilão que tem um aspecto visual meio Waluigi, de Super Mario, mas tem uma personalidade muito mais de um Patolino (ia dizer Plucky Duck, mas a referência a Tiny Toons não é para qualquer idade). É um vilão meio abobalhado, mas cheio de personalidade, tanto que ao ser aprisionado dentro desse palácio mágico, Dandy Ace encontra o Lele logo de cara, disfarçado de um qualquer, e ele segue Dandy Ace ao longo de toda a progressão, contando histórias do palácio, dizendo que o grande ilusionista Lele (ele mesmo) estará na grande sala do trono, que é para onde Dandy Ace deve ir.

O melhor de tudo é que Lele fica tecendo comentários enquanto o jogador progride pela aventura. Diz para inimigos atacarem, fica irritado quando eles perdem, diz ao jogador para não abrir baús, as vezes fazendo chacota de você ter que abri-los porque é fraco demais, ou dizendo que dentro deles não tem nada que preste. É bem divertido.

Tem uma piada recorrente do jogo que sempre me causou sorrisos, que ocorrem sempre que um inimigo morre e deixa um cupcake no cenário (restaura sua saúde). Lele sempre reclama disso, dizendo que não é para ninguém levar um cupcake para a batalha. E há diversas frases com essa piada do cupcake. Acabo sempre achando engraçado esses áudios dizendo que não é pra ninguém soltar cupcakes. O Vinicius mandou muito bem nestes diálogos bem humorados.

Posso dizer que o personagem Lele, na voz do Vinicius, é 90% do charme da apresentação do jogo. Imagino que alguns podem achar a voz irritante após algum tempo, tanto é que nas opções do jogo é possível diminuir a frequência das falas de narração de Lele, ou até deixá-lo calado, mas comigo as falas funcionaram. Tanto é que ao invés de deixar a narração em “normal“, acabei aumentando para “constante“.

Quanto aos demais personagens, sejam as assistentes de Dandy Ace, sejam dos chefes de progressão, não há tantas linhas de diálogos assim, então a dublagem não me despertou tanto a atenção assim. Acho que cumprem seu papel e está ótimo assim. Todo mundo fez o seu melhor, tenho certeza.

Já no caso do próprio Dandy Ace, aqui dublado pelo Luis Gouveia (LJoga), me sinto dividido. Acho que o Luis teve um trabalho de dublagem bem difícil, porque o protagonista do jogo é meio insosso, meio sem graça, e dar voz para um personagem assim, nem sempre é simples. Acontece que Dandy Ace é muito cheio de si, super confiante, se acha um galã (do tipo última bolacha do pacote) e ainda assim nem sempre é muito inteligente. Encontrar o tom de voz certo para um personagem assim não é tarefa fácil (ao menos é o que imagino).

Não é que a voz não tenha combinado com a proposta do personagem. Ela combinou sim. É só que não senti muita afinidade mesmo pelo herói. Mas sinto que esse é sempre um problema quando o vilão tem uma personalidade que ressalta os valores de sua contra parte. Um perde o carisma em detrimento do outro. Não sei se precisava ser assim, mas foi a minha impressão pessoal. Não tenho problema em jogar como Dandy Ace, contudo foi Lele quem realmente me divertiu através do ator de jogar essa aventura.

Poderosas cartas

Focando agora no gameplay, Dandy Ace segue uma estrutura bem tradicional desse gênero, a qual o jogador avança por um calabouço (dungeon) criado de forma procedural, a qual o jogador nunca tem 100% de certeza de onde ou quando tempo falta para encontrar sua saída. Essa área é dividida por salas, ligadas por corredores, e em cada sala, para que se consiga avançar, é preciso eliminar todos os inimigos que estarão por ali.

Dentro desse combate haverá situações em que se permitirá que o jogador recue para o corredor da sala, afunilando um pouco o combate, enquanto em outros momentos grades se erguerão e aprisionarão o jogador dentro da sala, obrigando-o a eliminar todos os inimigos, afim de que a sala abra estas grades. Em algumas salas as batalhas se dão por duas ondas, o jogador elimina alguns inimigos e logo em seguida um segundo grupo surge para também ser eliminado.

Este combate se dá por um inteligente sistema de poderes mágicos, advento de cartas que o jogador encontrará pela exploração do mundo. Estas opções de ataque possuem diferentes efeitos, desde atacar arremessando algo à distância, a ter um combate mais a curta distância, assim como criação de armadilhas, ou ataques que causam efeitos negativos nos inimigos. Há também um grupo específico de cartas que oferecem ao jogador formas diferentes de impulso, que desloca Dandy Ace em uma curta distância, servindo inclusive como uma esquiva.

Estas cartas mágicas se dividem em três cores: rosa (diversos tipos de ataques diretos), amarelo (armadilhas e ataques que causam efeitos negativos nos inimigos) e azul (o mencionado impulso). É possível que o jogador crie um deck de 4 cartas, que representarão uma ação para os botões ABXY. E cabe ao mesmo customizar estes botões. Por exemplo, se terá todos os quatro botões com cartas rosas, ou vai equilibrar entre cartas de diferentes cores.

Na minha opinião, a melhor estratégica é o balanceamento. Duas caras rosas, uma amarela e uma azul. Ou se você tiver uma carta rosa que se sinta muito confortável com seu ataque, duas amarelas e uma azul também é uma alternativa válida. Contudo o ideal é montar uma regra de qual botão representa qual cor, afim de não confundir os botões na hora do combate. Por exemplo, deixe a carta azul, de impulso, sempre sendo realizada pelo mesmo botão.

Para visualizar melhor o que cada tipo de carta faz, menciono alguns exemplos. Cartas rosas: atirar certas mágicas, como bolhas, baralhos, estrelas, esguicho de veneno, socos telecinéticos, morcego bumerangue, adagas etc. Cartas amarelas: feitiço que aprisiona movimentos dos inimigos, cartas fixas no chão que explodem ao contato, orbs que circulam ao seu redor e lhe protegem de projéteis, buracos negros que puxam inimigos, uma enorme estrela que atordoa inimigo, clarão de luz que os cegam etc. Cartas azuis: impulso comum, um que afasta os inimigos próximas, outro que causa um impacto no chão e causa dano em que estiver na área, outro que te teleporta, um que cria um fantasma que lhe segue para o novo ponto e dá dano em quem estiver no caminho etc.

Um elemento muito interessante dessa estrutura de combate é que além dos quatro slots de cartas que vão customizar os quatro botões de ação do controle, o jogador ainda pode encontrar mais quatro cartas e aplicá-las como melhoria a cada uma das cartas de combate. O exemplo perfeito: a carta rosa de esguicho venenoso, se o jogador colocá-la como um melhoria de qualquer outra carta rosa fará que seu ataque cause dano de veneno em qualquer inimigo.

E por que não usar diretamente o esguicho de veneno, então? Porque essa carta é para combate a curta distância. Melhor usá-la como um melhoria de uma carta que atira projéteis a longa distância, dando uma folga ao jogador para manter distância dos inimigos, e infligindo dano tanto do ataque normal, quando aplicando veneno ao mesmo.

Isso serve para uma infinidade de combinações. Cartas que ao serem colocadas como melhorias podem empurrar inimigos, aprisioná-los, colocarem pragas e contadores de danos bônus em concomitante com os ataques proporcionados as cartas ativas em cada um dos quatro botões principais.

Em resumo, é possível ter até 8 cartas em seu deck. Quatro ativas, que dão a ação de cada botão, e quatro de melhorias, que turbinam estes quatro ataques, de alguma forma. Conforme novas cartas vão surgindo, o jogador pode descartar a vontade, e inserir a nova carta, que é encontrada em baús ou até certas batalhas contra inimigos elas podem se dada como recompensa. Há também lojas em cada estágio que permitem comprar estas cartas, utilizando suas moedas obtidas derrotando inimigos. Cartas e moedas se perdem quando o jogador morre, pois aí se precisa reiniciar a partida.

A progressão de Dandy Ace também lhe obriga, inicialmente, a ficar trocando de cartas constantemente, pois ela possuem níveis, de um a dez, e cada estágio aumenta a força e saúde dos inimigos. Ficar com uma carta nível 1 lá pelo terceiro estágio já lhe trará extrema dificuldade para derrotar adversários.

E se você gosta muito de uma carta específica? Após vencer o primeiro chefe do jogo, você encontrará um vendedor que lhe oferece uma atualização permanente ao gameplay, caso lhe dê 250 cristais, que é a moeda do jogo para atualizações permanentes – as que não desaparecem independente de quantas partidas forem Feito esse pagamento, este vendedor orelhudo (pois é um coelho), ativará máquinas de escalada de nível de suas cartas preferidas, mediante o pagamento de moedas de ouro.

Assim é possível começar com uma carta favorita fraca e ir fortalecendo ela estágio a estágio, contanto que tenha moedas para tal. E moedas de ouro se vai conseguindo de diversas formas, dentre elas, vendendo as cartas que surgem pelo gameplay e você não as tem interesse de equipar, assim como equipando novas cartas, suas velhas podem ser vendidas também.

Tenho que admitir que é um sistema bem engenhoso e extremamente viciante. Quanto menos de espera, você já tem suas cartas de ataque prediletas, aquelas que sempre usará como melhorias, as que você sempre venderá, assim como as estratégias de ordenação dos quatro botões de ação, onde cada carta e sua respectiva cor irá se posicionar ali.

É um sistema que dá muita liberdade para o jogador decidir quais táticas mágicas sempre usará, quais as que servirão como plano B, enquanto suas favoritas não surgem, e sempre experimentando novas cartas, que vão sendo desbloqueadas aos poucos, conforme se avança dentro desse ciclo que esse tipo de jogo possui.

Nem tudo é perdido

Uma característica que distingue um roguelite de um roguelike, é justamente quanto da progressão é mantida, independente de quantas vezes o jogador é levado a recomeçar desde o início quando fracassa em sua partida (run). Dandy Ace se enquadra muito mais como um roguelite, porque existem diversos elementos que são mantidos e aprimoradas entre as partidas. Um roguelike tente a ser mais punitivo, com o jogador tendo que recomeçar com uma perspectiva do zero de uma forma muito mais marcante.

Em Dandy Ace existem alguns upgrades dentro da progressão que são mantidos entre as partidas. Diagramas de cartas e acessórios encontradas pelos estágios, contanto que estas áreas sejam finalizadas, o jogador adiciona estes novos itens dentro de um hub central, a qual precisa comprá-los para aí sim serem destravados definitivamente.

A compra deste itens se dá por cristais, que são itens também obtidos derrotando inimigos pelo jogo, juntamente com as já mencionadas moedas de ouro. Ao morrer, o jogador perde todos os cristais e moedas, sendo impossível carregá-las para uma nova partida. Por isso é sempre interessante gastar estes cristais entre os estágios, destravando novas cartas e acessórios. Se uma carta custa 15 cristais e o jogador só tem 14, ainda assim é possível depositar os cristais nessa compra, deixando o restante para depositar em outras partidas. Não é preciso ter o valor exato ou maior, para conseguir depositar seus cristais. Pode ir pagando aos poucos.

Estas compras permanentes são realizadas entre as vitórias de estágios, quando Dandy Ace para em uma espécie de acampamento, com diversas tendas, a qual suas ajudantes mágicas ficam esperando por ele. Uma delas cuida das cartas e acessórios a serem destravados dentro do repertório do seu save, e a outra permite que você equipe um acessório (até no máximo de três) a cada estágio vencido.

Estes acessórios são bem interessantes, por sinal, pois estes apresentam alguns status bônus aos atributos do jogador, como melhorar seus ataques, ou suas defesas, assim como outras coisas adicionais, como criar um efeito em que pode fazer com que inimigos derrubem mais cupcakes, mais moedas e afins. Um acessório extremamente útil é obtido após derrotar o segundo chefe do jogo (ao menos foi assim que ele surgiu pra mim), chamado “Tour Guide“, a qual se equipado o jogador passa a enxergar todo o mapa do estágio, incluindo seus paus, itens escondidos e todas as saídas que ele tiver. Incrivelmente útil. Depois que o destravei, não consegui não usar tal acessório.

Mas voltando a outra tenda, a qual se gasta cristais, nela também estão alguns atributos permanentes, a qual uma vez destravados, não possuem a limitação dos acessórios, a qual só se pode equipar três. Estes upgrades permanentes são muito valiosos, como um item que o jogador passar a ter em suas partidas que permite restaurar sua saúde uma vez por partida (uma xícara de chá), e que pode ser reabastecida entre as áreas (no normal, em dificuldades elevadas não). E depois pode-se ainda melhorar ainda mais esse chá, permitindo que se usa duas, e depois três vezes por partida. Há também um acessório que pode ser equipado e que permite usá-lo uma vez extra, mas nesse caso sob o revés de que ele restaura 30% a menos de sua saúde.

Outros destes upgrades permanentes, que não precisam ser equipados, é começar as partidas com algumas moedas, melhorar a aleatoriedade das cartas no início, começar com cartas de um nível pouco melhores e afim. São atualizações permanentes que tem como finalidade permitir que o jogador entre nas áreas iniciais mais forte, afim de conseguir ir mais além da progressão do mapa, e de forma muito mais ágil do que inicialmente ia. É uma forma de agilizar a progressão e evitar a repetição exagerada do jogador sempre morrendo sem a sensação de que não está progredindo.

Há também outra tenda especial, que concede atualizações permanentes importantes, e que o jogador só irá encontrar após vencer um chefe. Aí cabe pensar se vale guardar os cristais para essa tenda especial, pois precisa vencer algumas áreas sem morrer, ouse usa apenas os cristais obtidos através do chefe vencido, o que fará com que você demore um pouco mais para destravar estes upgrades permanentes. Mas essa tenda é importantíssima para, por exemplo, o jogador conseguir manter suas cartas favoritas e conseguir atualizar o nível de poder delas, enquanto progride pelos estágios, conforme relatei alguns parágrafos acima.

Com estas possibilidades, fica claro que apesar da estrutura roguelite, Dandy Ace é bem eficiente em promover alguma progressão entre as partidas que sempre vão recomeçar do mesmo estágio inicial. São ferramentas de extrema importância para evitar a frustração do jogador com esse ciclo proposto pelo gênero. Chaves que abrem novos caminhos, novas cartas sempre com novos poderes interessantes, que mudam a mecânica do combate, melhores acessórios a serem equipados, atributos permanentes que lhe deixam mais resistente a tantos inimigos e novos meios de sempre avançar, de pouco em pouco, pelos ambientes do jogo.

Considerações finais

Dandy Ace é um roguelite super carismático e extremamente acessível. Para quem não está muito habituado com esse gênero, sua dificuldade em modo normal é bem tranquila de ser vencida, sendo bem equivalente a um modo fácil. Contudo, se você quer desafio, o título ainda tem mais níveis de dificuldades, indo ao difícil, muito difícil e pesadelo. Nestes níveis há mais cartas, mais inimigos e mais upgrades a serem destravados. E uma vez vencido uma dificuldade, este mesmo save retorna ao início do palácio, já no nível superior ao vencido, permitindo manter sua progressão de cartas, acessórios e atributos permanentes.

Na parte das críticas, não tenho tantos pontos a reclamar, mas tenho alguns. Dentro do escopo da aventura, fiquei com a impressão de que a campanha tem poucos chefes. Quatro ao todo, mas basta vencer três para chegar ao final. E não são tão difíceis assim. Severino, o porteiro, inclusive achei mais difícil de ser vencido do que o próprio Lele ao final.

Dito isso, se os chefes não são muitos e nem tão agressivos, o mesmo não posso dizer quando a variedade de inimigos e seus inúmeros meios de atacar o jogador. Tudo bem que existe aquele velho clichê de usar o mesmo inimigos, mudando um pouco seu visual, para reutilizá-lo momentos a frente da progressão, apresentando-o em uma versão mais difícil, mas independente disso, ainda assim há uma variedade muito boa deles.

Existem inimigos que atacam a distância, outros que puxam o jogador para si, fazendo com que o mesmo fique rodeado de inimigos, tem os que arremessam coisas, os que partem para cima, os que são mais resistentes, torres que ficam fora do cenário (que se pode pisar) atirando a distância, uns muito ágeis, os que se teletransporta ao seu lado assim que identificam o jogador. Há realmente muitas classes de inimigos e o jogo é muito eficiente em misturá-los em diversas salas, fazendo com que o jogador tenha que lidar com essa horda com abordagens diferentes.

Visualmente o jogo é super charmoso. Com bons gráficos desenhados à mão, e apesar do estilo isométrico de câmera, que tornam os personagens um tanto pequenos, especialmente no modo portátil do Nintendo Switch, ainda assim nota-se que são repletos de pequenos detalhes. Os ambientes seguem uma padronização, mas a cenografia tem um cuidado muito delicado aos detalhes, objetos que compõe cada um destes ambientes. Fora que a parte da trilha sonora também combinar, e ter essa localização por dublagem que entrega uma apresenta muito única aos jogadores brasileiros.

É um título que roda muito bem, tanto no Nintendo Switch, quanto em uma Xbox Series, sendo que neste último tem a vantagem das telas de carregamento super ágeis, enquanto o Switch ainda se engasga um pouco nesse elemento (o que é normal para qualquer jogo multiplataforma entre ele e estes novos consoles). E me agrada muito essa decisão dos desenvolvedores de permitir esse esquema de controle a qual o jogador escolhe os botões que irão representar as cartas e seus ataques ao longo de cada partida. Isso cria uma sensação de que o jogador está criando suas próprias táticas e customizando aos botões que melhor lhe convier.

No geral, a experiência com Dandy Ace é muito divertida e assim que entende suas regras, cada partida realmente acaba sendo única, com o jogador explorando caminhos alternativos, táticas diferentes por meio de novas cartas descobertas, se divertindo com a narração de Lele, com um desafio que vai escalando de forma muito balanceada. E ainda tem um ótimo valor de replay, com novos níveis de dificuldade que adicionam novos conteúdos a esse mix, enquanto tornam algumas regras mais difíceis. É um ótimo roguelite, que não surgem para reinventar o gênero, mas apresenta uma proposta tranquila para trazer novos fãs à fórmula. Gostei demais!

Galeria

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Dando uma nota

Roguelite super acessível, boa progressão, ótimo desafio - 8.5
Com gráficos desenhados a mão, o visual é todo charmoso e bem detalhado - 8
Localização em português, com uma incrível dublagem do vilão/narrador - 9
Jogabilidade bem fluída, com diversos poderes mágicos legais, boa diversidade de habilidades - 8
Poucos chefes, porém com diversas classes de diferentes inimigos - 8
Ambientação segue um estilo que pode soar um pouco repetitivo - 7
Divertido descobrir novas cartas, habilidades e possibilidades de upgrades permanentes - 8

8.1

Ótimo

Dandy Ace é um ótimo roguelite, pois entrega uma experiência amigável, a qual permite certos elementos que irão permanecer entre as partidas, sem que isso ocasione a perda do desafio proposto pelo gênero. Com direito a dublagem em português, dando um destaque fantástico ao vilão/narrador da aventura. Entrega uma boa jogabilidade, com diversos tipos de cartas e habilidades mágicas, sem nunca perder a proposta do tema de sua ambientação, o do espetáculo mágico e ilusionismo. Tem um ótimo valor de replay.

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