Análise | Gran Turismo 7

Disponível para PlayStation 4 & PlayStation 5

Gran Turismo 7 celebra 25 anos da franquia apresentando uma nova edição da famosa série de corridas, ainda transicionando entre a geração PS4 e PS5, entregando uma agradável jornada pela contagiante história de décadas do automobilismo. A estreia do jogo ocorre hoje, 4 de março de 2022. Para poder entregar esta análise já no dia do lançamento o site contou com um acesso antecipado ao título, cortesia da assessoria da Sony aqui no Brasil.

Seu desenvolvimento segue sob a tutela da Polyphony Digital, responsável historicamente por todos os demais títulos franquia, estúdio first-party pertencente a PlayStation Studios. Sendo assim, a distribuição global fico a cargo da Sony Interactive Entertainment, sempre responsável pelos exclusivos de seus estúdios subsidiários.

Vale apontar também, como lembrete, que o último título numerado de Gran Turismo aconteceu em 2013, quando Gran Turismo 6 foi lançado no PlayStation 3. Já no PlayStation 4, a Polyphony Digital chegou a lançar em 2017 o Gran Turismo Sport, a qual hoje é considerado um título da série principal da franquia, ainda que não tenha recebido a numeração sete em seu título. Com isso, dá para dizer que Gran Turismo 7 é o oitavo título da franquia principal. Além disso, conceitos de GT Sports foram transportado para este novo jogo, demonstrando assim a importância de seu legado para a continuidade da série.

Depois de um hiato de cinco anos, Gran Turismo está de volta às pistas. Trazendo uma experiência de campanha single player, diversos modos de jogos, uma garagem de mais de 400 carros, e pistas baseadas em diversas localidades do mundo inteiro, além, é claro, de um multiplayer online competitivo para sentir o desafio de competir com jogadores reais de qualquer parte do planeta.

A visão de quem está chegando agora

Quem acompanha os reviews aqui no Portallos já sabe que estou retornando ao universo PlayStation com esta nova geração de consoles, tendo me ausentado a esse mundo nas duas gerações de consoles da Sony. Não é pra menos que só agora conheci o mundo de Uncharted, só para ficar em um exemplo. Então a minha experiência com Gran Turismo 7 é basicamente como se estivesse o descobrindo hoje, sem o impulso de compará-lo com suas edições passadas.

E essa é uma sensação boa a meu ver. Nem sempre os jogadores conseguem ter esse sentimento neutro em relação a sequência destas franquia famosas, ainda que conscientemente a gente sabe que tem uma parcela muito grande novos jogadores que também estão chegando por aqui justamente agora, na transição de geração de consoles, ou simplesmente porque não tinham uma idade para videogames a meia década atrás, quando a última edição do jogo foi lançado. Então, uma visão assim é sempre bem vinda quando possível.

Sem grandes expectativas, como um fã da franquia certamente estaria, posso dizer que Gran Turismo 7 entrega justamente um jogo que não vem com uma bagagem prévia, apresentando tudo do zero, me deixando muito confortável para adentrar em seu mundo por esta nova edição. Um elemento tão importante nestes títulos que precisam de numeração em seu título. Da necessidade de atrair novos jogadores, enquanto mantém a base de fãs. Por isso, posso dizer que Gran Turismo 7 consegue isso, pegando na mão de quem está chegando agora, enquanto permite aos veteranos da série se divirtam no melhor estilo de desafio que a série pode proporcionar.

Bem vindo ao Café!

Uma das grandes atrações do novo Gran Turismo 7 é a forma como a progressão da campanha single player ocorre, através de uma área denominada Gran Turismo Café. Não é exatamente um modo história, está mais para um modo carreira, apresentado em um formato mais… elegante. Logo que o jogo inicia, uma personagem lhe dá boas vindas e começa a lhe mostrar o mundo do jogo, e dentre eles, o tal Café.

De lá o jogador é apresentado ao dono do Café, que lhe oferecerá um cardápio, que vai funcionar como um indicador de missões. No repertório do cardápio estão missões de coletar carros, de executar mecânicas do jogo (lhe ensinando como elas funcionam), para participar de campeonatos e assim por diante. Mas o Café lhe dá apenas uma missão por vez, e não cabe ao jogador escolher qual deseja. Esse hub lhe dirá qual a próxima missão e ponto, para progredir é preciso fazer o que lhe pedirem. É uma forma diferente para lhe dar um norte, sem que o jogador se perca dentro dos muitos modos e possibilidades que há dentro do jogo.

Esse formato me agradou demais. Normalmente jogo de corridas são muito mais “secos”, lhe dando um menu com diversos modos e o gameplay de forma imediata, sem que o jogador exatamente entenda todas as mecânicas, e com isso não aproveita o potência que o título pode oferecer. Gran Turismo 7 tem uma curva de apresentação bem longa, fazendo que você não perca um detalhe sequer das possibilidades existentes. E isso só é possível graças a ideia do Café.

Nesse spot do mapa ficarão presentes todos os quadros de carros coletados, além dos troféus conquistados em torneio. O bacana é que nesse espaço há personagens que virão comentar contigo sobre o carro que você estiver utilizando e que aparece estacionado na parte externa do Café. Eles lhe contarão histórias e curiosidades sobre o modelo do veículo. É muito bacana estes detalhes à parte do gameplay.

Dentro da missão em que o Café lhe pede para coletar três tipos específicos de carros, isso quer dizer que o jogador é apresentado a três pistas em diferentes partes do planeta (as vezes é em uma mesma região), a qual deve disputar uma corrida afim de conseguir uma boa posição e ganhar os carros solicitados, em cada um dos três percursos destravados. Contudo, as vezes você já pode ter o carro, porque talvez o tenha comprado na loja de usados, o que elimina a necessidade de fazer a corrida que lhe daria tal carro.

Ao terminar de ganhar os carros, o dono do Café lhe contaram algumas curiosidades sobre os modelos solicitados, da fabricante dos mesmos e do período em que foram lançados. Gran Turismo é muito sobre enaltecer a paixão do ser humano pelo mundo do automobilismo, então o título entrega muito contexto histórico sobre esse universo, sempre com muita paixão pelo tema. Isso é bem impressionante.

No mais, o Café é o norte a qual os jogadores irão se direcionar e seguir. Pelo menos no que diz respeito a campanha single player. Claro que nem sempre você precisa seguir a missão do Café para curtir o jogo. Depois de um tempo, com todas as funções e áreas do grande mapa do jogo estiver habilitada, é possível curtir outras corridas opcionais para ganhar CR, a moeda dentro do título, em diversos modos a qual você já terá sido apresentado. Contudo, a progressão para novas pistas, novos campeonatos, novos carros, só segundo as metas principais do cardápio do Gran Turismo Café.

Corridas com o DualSense

Se tem um elemento que se sobressai em Gran Turismo 7 em relação a sua versão do PlayStation 4 contra a do PlayStation 5 certamente é a utilização do controle DualSense no quesito da jogabilidade. E não é de hoje que elogio esse maravilhoso controle do console. Em toda análise que faço aqui no site para o PS5 e me deparo com um bom uso das features do controle, faço questão de enaltecer o quanto isso eleva a imersão do jogo a um novo nível. Em GT7 não é diferente.

Os gatilhos adaptativos do DualSense são o futuro, e o futuro está aqui. Sentir a pressão do gatilho como se fosse o pedal de um carro é incrível, tanto para a aceleração quanto para a frenagem. É uma sensação muito boa, que lhe permite controlar o nível da aceleração e dos freios com uma precisão que realmente jamais achei que um controle poderia entregar.

Gran Turismo 7 é um jogo que tem uma pegada muito mais do gênero corrida simulação do que o simples arcade, a qual a física realista muitas vezes é deixado de lado em contrapartida a velocidade e acessibilidade dos comandos. Neste jogo a física é uma parada séria, então saber desacelerar para fazer uma curva, sem que precise frear, é algo que estes gatilhos com pressão permite que aconteça. É um jogo em que raramente penso em apertar o botão do freio de mão, por exemplo, porque sinceramente consigo controlar com bastante exatidão a minha velocidade ao sentir a pressão dos gatilhos do DualSense.

Some isso a outro efeito: a vibração. Essa é outra função que o controle está sempre me impressionante. Em GT7 dá para sentir os solavancos de algumas pistas. Você sente o tremelique das faixas laterais do percurso quando passa pelo mesmo, inclusive no lado em que estiver passando pela mesma. O lado esquerdo do controle treme mais se você estiver passando por essa faixa neste lado, e vice-versa. Impossível sair da pista sem que o controle lhe alerta de que isso está acontecendo (e posso dizer que em uma ocasião em que estava jogando de madrugada, meio sonolento, era isso que me impedia de cochilar e sair da pista). É realmente muito incrível a forma como a vibração age nesse controle em diferentes situações.

Além disso o controle também realiza os pequenos efeitos sonoros que estão sempre me impressionando na plataforma PlayStation (e que a concorrência não faz). Adoro que o alerta sonoro para o início da corrida saia do controle, assim como o do final da corrida, quando o jogo acumula meu dinheiro e quilometragem rodada. Quem não gosta muito disso, não se preocupe, pois são realmente poucos, mas que pra mim dão o charme necessário. Não tem nada de ronco de motor via controle ou música. Contudo, no Rally Musical, a qual abordarei mais abaixo, a plateia vibra diretamente pelo DualSense quando passo por um checkpoint. Adorável!

Modalidades para queimar pneus

Na questão de modos de jogos, Gran Turismo 7 entrega um repertório que até pode soar um tanto quanto básico, mas não é demérito nenhum jogar seguro e ser objetivo em sua proposta. Os jogadores que chegam por aqui querem corridas e é o que irão encontrar.

No Café quando lhe é ordenado conseguir carros, o jogador parte para uma corrida contra 8 carros controlado por uma CPU, em uma disputa que normalmente consiste em correr duas voltas por um circuito. As vezes são três quando o percurso é um pouco menor. Nos campeonatos, o jogador disputa duas corridas em sequência, necessitando se qualificar nas três primeiras posições para ganhar algum troféu, seja bronze, prata ou ouro. Conforme o jogo avança, o número de corridas dentro destes campeonatos vai aumentando. E não há um modo campeonato para ir de forma direta. É preciso jogar progredir pelo cardápio do Café Gran Turismo para ir habilitando os campeonatos.

Outra modalidade muito boa, perfeita para iniciantes em Gran Turismo, é a modalidade de licenças. Para certas corridas e competições é preciso que o jogador tenha a licença para disputas com maiores desafios, e para receber essa licença, é preciso jogar na Central de Licenças.

Lá o jogador disputa pequenas partes de algumas pistas do jogo, precisando chegar do Ponto A ao Ponto B o mais rápido possível, com três tipos de tempos estabelecidos, que lhe garante méritos de bronze, prata e ouro. Contudo o interessante nessa modalidade é que o jogo vai lhe ensinar exatamente como agir em certas situações de pistas, basicamente como se fosse uma auto escola.

No licenças se aprender a fazer uma curva com precisão, quando reduzir em uma curva muito acentuada, quando não frear e fazer a curva sem sequer baixar a marcha do carro (o famoso movimento fora-dentro-fora), como agir em pistas molhadas, a qual o carro realmente escorrega muito facilmente e assim por diante. Pra cada categoria de licença, o jogador passa por 10 lições, e para passar basta pegar o tempo bronze. Contudo se conseguir ouro em tudo, o jogador recebe um senhor carro quando sua licença é concedida.

Digo que aprendi muita coisa na central e que isso tornou o jogo bem mais acessível pra mim, acostumado com jogos de corrida mais arcade, onde quase não há tanta física a ser aplicada. Um game de corrida com simulação exige uma finesse um tanto mais apurada para lidar com curvas e ultrapassagens. Contudo, achei muito legal que Gran Turismo 7 permite que o jogador regular a dificuldade em até três níveis de dificuldade, sendo que a mais fácil, deixa o game bem relaxante para quem não quer se estressar demais, mas ainda precisa obedecer a física deste tipo de jogo. E, claro, quem gosta de um desafio e de milissegundos de precisão para ultrapassagens, os níveis normais e difícil estão aí para lhe desafiar.

No mais, também conferi algumas missões do modo que leva justamente tal nome. E aqui me senti um pouco desapontado, pois ele é bem parecido com a Central de Licenças, mas sem que o jogo lhe ensine o que deve fazer para cumprir o tempo desejado para as três colocações bronze, prata e ouro. Mas o conceito é o mesmo: ir do ponto A ao B, em questão de alguns segundos. Sem que seja um corrida completa dentro do circuito criado. Conforme o seu nível de piloto aumenta (basta cumprir as missões do Café para tal) novos cenários de percursos são liberados nessa modalidade. O que pega é que esse modo tem uns pôsteres tão bonitos, que achei que seria uma modalidade de corrida em pistas especiais, como um passeio. Me senti um pouquinho enganado quando percebi que não era exatamente isso.

Outra modalidade interessante do single player é o Rally Musical, mencionado no tópico mais acima. Aqui o jogador percorre um circuito ao som de uma trilha sonora, com as batidas sendo o relógio para o sucesso ou fracasso. Seja rápido, passe pelos checkpoints para adicionar mais batidas ao seu contador e corra até que a canção acabe. São três qualificações possíveis, dentro da maior distancia percorrida. O único porém dessa modalidade, que estranhamento está à parte do mapa principal do jogo, é que são apenas seis pistas musicais, com novas adições a serem lançadas futuramente.

Por fim, não posso deixar de mencionar o multiplayer, local ou online, ainda que não tenha tido muito tempo para testá-lo, tendo em vista que os servidores online só forma ligados na véspera do dia do lançamento. Mas pude testar um pouquinho, afim de entender sua proposta. Se tudo vai rodar lisinho, sem desconexões ou erros técnicos, só saberemos nos próximos dias e semanas, mas o conceito básico deu para entender.

A começar dizendo que o jogo tem um modo local para dois jogadores em tela dividida. O que em tempos onde meio mundo está preocupado com modos online, é legal ver que a boa e velha tela dividida ainda permanece como uma opção para quem quer dividir o mesmo sofá e ver quem é o mais ligeiro no volante. Só acho estranho que mesmo para tela dividida, o jogo deva estar conectado na rede online do console. Não é um modo que funciona com o console offline. Ao menos nesse momento. Um patch futuro poderia liberar isso, sem dúvida.

Na modalidade Online de multiplayer, notei duas modalidades, uma trazendo os aspectos GT Sport do último game da série lançada antes deste, a qual o foco é um cenário mais competitivo e rankeado, com matchmaking. Aqui é onde o jogador irá encontrar os desafios diários e campeonatos regionais, que serão realizados de forma periódica ao longos dos próximos meses dentro de um calendário de constantes atividades.

Uma coisa que gostei nessa área do modo Sport, é que no desafio diário (único modo disponível ontem, quando os servidores foram ligados), enquanto o jogador aguarda a contagem do matchmaking, foi a possibilidade de praticar na pista do desafio. Uma espécie de aquecimento enquanto a corrida não começa pra valer. São estes pequenos detalhes que me pegam positivamente, no pensamento em como o jogador não necessita ficar esperando uma tela estática a busca pelos seus adversários, me dando algo para brincar (ou treinar).

Do outro lado, para quem procura algo mais informal e casual, há uma modalidade de lobby, salas pessoais, privadas ou públicas, em que os jogadores podem criar suas próprias corridas, aceitando o convite para amigos ou desconhecidos fazerem um racha bonito, sempre seguindo as regras de etiquetas do jogo. Regras estas estabelecidas antes de adentrar nos modos multiplayer.

PP, tunagem, fotos e a vida fora do volante

Não posso deixar de comentar outros aspectos deste lançamento, a parte dos momentos em que você está queimando pneus nas mais diversas pistas da aventura. Por exemplo, adorei o sistema de PP (Pontos de Performance) para estabelecer qual o nível do seu carro frente ao desafio de alguma corrida. Não é preciso analisar a potência do seu motor, quantos cavalos o carro tem, qual sua aceleração máxima e outras coisas que os não aficionados por carro talvez não entendam muito bem (e eu estou nesse grupo), pois o jogo faz uma espécie de média de tudo isso e cria um nível (level) do seu carro, quase como uma ficha de um personagem de RPG, atribuindo ao cada carro de sua garagem um valor de PP, os tais pontos de performance.

Então ao adentrar em uma corrida, ela vai lhe dizer o nível de PP médio dos competidores. Pode ser 350, 400, 500, 600 e por aí em diante. Conforme o jogo avança em sua campanha, maiores serão os PP exigidos. E então cabe ao jogador apenas olhar o nível de PP de seu carro. Usar um carro de 350 numa corrida de 500, vai ser terrível, pois seu carro basicamente não vai chegar na velocidade de seus competidores. É uma forma inteligente de tornar compreensível os tipos de modelos de carros utilizados em cada disputa do jogo.

Mas não para por aí, pois e se você gasta de um certo carro, e digamos que ele esteja apenas um pouco atrás do nível de PP que uma corrida possui? Bem, então talvez valha a pena tunar esse carrinho e aumentar seu nível de PP. Para isso tem uma oficina com jogo, com diversas peças, em diversas categorias que vão sendo liberadas na progressão da campanha. Troque pneus, disco de freio, suspensão, peso da carroceria e veja em tempo real o nível de PP que seu carro passará a ter.

Claro que essa troca custa CR, a moeda do jogo, então não dá para ser mão de vaca. Quanto mais avançado é a categoria da peça, mais caro ela irá custar, porém melhor será o aumento de PP de sua caranga. E outra coisa, em muitas situações da progressão inicial, quando você não pode sair comprando uma Ferrari ou um Porsche, muitas vezes é melhor tunar o carro que está perto do valor de PP de certa corrida, do que simplesmente comprar mais um carro, que vai custar 4x o valor que gastaria nas peças para tunagem.

Por outro lado, as vezes comprar novos veículos é um luxo que um jogador de Gran Turismo quer ter. Afinal são 400 tipos de veículos, novos e históricos, que existem de verdade. E para isso vale sempre ficar de olho no saldão de usados, pois dá para encontrar verdadeiras pechinchas lá. Não espero o mesmo no salão dos novos, recém fabricados, pois estes vão lhe custar uma boa grana.

Falando em números, em termos de pistas, Gran Turismo 7 tem cerca de 90 layouts de percursos. Não são necessariamente pistas únicas, e sim que dentro o número de percursos, alguns se alteram, ou até funcionam de forma espelhada, afim do jogador sentir que está correndo em circuitos distintos e diferentes. Não é um número ruim a meu ver. Nas muitas horas que joguei nessa última semana pré-lançamento, em nenhum momento me senti fadigado por algum percurso.

Agora duas coisas que me impressionaram bastante dentre as atividades extras do jogo, foram as curiosidades que sempre são apresentadas sobre os carros e as eras em que foram fabricados, assim como o modo fotografia do jogo, que é uma coisa realmente espetacular.

Funciona da seguinte maneira: há incontáveis paisagens, como mosaicos, preestabelecidos dentro do modo fotografia. O jogador pode escolher um entre essa seleção imensa ou mandar algo aleatório para ver o que irá sair. Com a foto em questão, dá para selecionar qualquer carro de sua garagem e facilmente inserir dentro da paisagem escolhida. Em diversos ângulos, fundos, filtros e efeitos. É muita coisa mesmo. Imagine pegar uma foto antiga, realista, e inserir um carro do jogo ali, enquanto mantém o efeito realista. É inacreditável. Para quem ama essa coisa de fotos em jogos, vai ficar de queixo caído com tal modalidade.

Claro que depois de fotos, os próprios carros podem ser customizados. Há uma área inteira para manutenção e customização dos carros. É possível até mandar lavar o carro, veja só que nível de loucura realista. É possível fazer a manutenção das peças, para que a performance do carro não caia, assim como mudar a cor da carroceria e outros enfeites, e alguns nem tanto, como os aerofólios para possuem propósitos para as corridas. É um nível de cuidado muito grande. Mérito de aplausos.

Há pontos críticos?

Preferi usar a terminologia do ponto crítico no título acima, ao invés de ponto fraco, porque ter algo a pontuar como crítica não necessariamente tem a conotação da ruim que o ponto fraco pode passar. E tem mais, sempre que possível digo que não existe jogo totalmente perfeito e que qualquer jogo, mesmo que excelente, tende a tropeçar em algum aspecto ou elemento.

No caso de Gran Turismo 7, para não ficar apenas nos elogios, trago aqui 3 pontos que não são ruins, mas também não são exatamente bons. A começar pelo sistema monetário do jogo, que abre espaço para microtransações. E novamente, não que microtransações sejam ruins, mas comprar dinheiro do jogo com dinheiro real é algo que nunca soa bem, não concorda?

Tanto é que os carros novos, top de linha, são extremamente caros. Para obtê-los é preciso jogar muito, progredir pela campanha, até alçar tal valor monetário. Tudo bem que estes carrões de fórmula um ou de luxo milionário, não são carros para o início da aventura. Começa-se lá de baixo e vai progredindo na classe e categorias de carros, até atingir estes caríssimos.

Mas pensar que alguém com dinheiro sobrando, pode simplesmente ir lá e colocar grande real na grana virtual do jogo para apenas comprar estes carros (e muitas vezes usá-los no multiplayer), pra mim é algo que não precisava. Não que isso também fosse muito diferente se fosse um pack DLC de carros… enfim, faz parte da atual indústria de jogos. A crítica está aí, mas felizmente todo mundo pode comprar qualquer carrão, basta ir ganhando CR pelas corridas mesmo. Menos mal.

O segundo ponto crítico pra mim é algo controverso, porque a ausência de vozes dentro do jogo pode soar como elegante em um título que venera o automobilismo e, portanto, o que vamos ouvir em Gran Turismo 7 é o ronronar dos motores dos carros, mas eu sinto falta, não tem jeito.

A campanha single player tem essa apresentação em que personagens falam com o jogador por meio de uma tela de texto, com os nomes e avatares de seus rostos acima do texto. Há uma personalidade para cada um deles, ainda que não tenha áudio estes diálogos. Mesmo assim, seria muito legal se houvesse estas vozes, sendo que não vejo exatamente motivo para não tem, exceto pela desculpa acima: é um jogo de carros e estamos enaltecendo os carros. Sei lá. É estranho estar no PlayStation 5 e ler caixas de diálogos sem qualquer áudio, ainda que não fosse em nosso idioma. Se eu já critico a Nintendo por ainda fazer isso, não seria justo não mencionar o mesmo acontecimento aqui.

Por fim, o último ponto crítico diz respeito a alguns efeitos visuais do jogo. E não, Gran Turismo 7 não é feio, longe disso. Visualmente o jogo cumpre o que se espera de um título transicionando entre gerações. O que me incomoda são alguns efeitos, como o da chuva, que é muito simplório quando colocado em perspectiva com outros jogos, dentre eles o atual Forza Horizon 5, da concorrente Xbox.

O efeito da mudança do clima no jogo é muito impressionante, como começar uma corrida em um entardecer e quando ver o jogo já está de noite. O efeito é muito sutil e você só percebe quando se fato já escureceu, ou então amanheceu. As nuvens no céu são incríveis. O efeito do asfalto, do cenário também faz bonito, mas é uma direção “dura”, sabe? Não consegui, por exemplo, ver árvores pendendo com o vento. Público em algumas corridas pode acontecer, mas não houve qualquer destaque visual pra mim. É uma direção artística muito sóbria mesmo.

Quando você coloca sob a comparação de um Forza Horizon 5, em que você pode estar correndo nas areias de uma linda praia, isso me pega. É bonito, mas o sentimento é que gostaria que fosse inesquecivelmente bonito. Mas não, só é bonito mesmo. No sentido de toda essa nova tecnologia ray-tracing e HDR, claro. Tem tudo isso e… ainda assim eu queria mais. Desculpe.

Considerações finais

Gran Turismo 7 é uma experiência fantástica dentro do gênero da corrida por simulação. Difícil compará-lo com suas edições anteriores, especialmente porque saíram em outro momento da indústria dos games, há muitos anos atrás. A nova edição ver com ares de modernidade, para ser apresentado a uma nova geração de jogadores, mas sem perder a base de fãs das antigas.

O amor pelo automobilismo permanece presente, muito mais do que qualquer outro jogo de carros que possa existir hoje em dia. A paixão do estúdio que o desenvolve é inegável, e sabem muito bem como transmitir isso aos jogadores, até mesmo para aqueles que não ligam pra isso, e olha que sou um destes. Conhecer as marcas, os modelos, as fabricantes, a história dessa indústria chega a ser fascinante na forma como o game me entrega isso.

Na parte prática, colocando a jogabilidade em evidência, não consigo dizer como o título está no PlayStation 4, mas imagino que seja um destes jogos que você deve querer jogar no PlayStation 5, para pode utilizar o fantástico controle DualSense. Aceleração por meio dos gatilhos adaptáveis é o que há, e não tem como outra coisa soar melhor que isso, não nesse momento. Funções como a vibração, assim como pequenos alertas sonoros, só aumentam ainda mais a imersão que o controle entrega. É a melhor jogabilidade possível para o gênero. Vai ser bem difícil jogar algum concorrente em outro console sem estas features do DualSense.

Também há que se fazer bastante elogios da forma como foi criado a campanha single player deste título. Super agradável, tranquila, com uma curva de aprendizado macia e suave para quem está chegando agora, mas sem sufocar demais os veteranos, sabendo dosar as coisas entre lições e corridas pra valer. O Café Gran Turismo é um lugar muito agradável para visitar e receber suas metas de progressão. Além disso, o jogo entrega um bom repertório de modos, com destaque para a escola da Central de Licenças, assim como para o bem ritmado Rally Musical. No multiplayer, que está abrindo duas portas hoje, o que temos é a promessa de eventos e muito conteúdo para entreter a comunidade na modalidade competitiva Sport.

No que diz respeito a conteúdo, são 400 carros inicias, de todas as principais marcas e fabricantes mundiais de carros. Não vejo como alguém reclamaria desta quantidade. Fora que mais carros devem chegar por meio de atualizações nos próximos meses. E espero que o mesmo ocorra com as pistas. 90 layouts para começar é um começo, as vou torcer por mais, não nego.

Não abordei muito a parte sonora do jogo, isso porque a trilha sonora realmente não me chamou muito atenção, especialmente porque o roncar dos motores dos carros parecem ser a estrela aqui. O charme está em ouvir os carros ronronarem, tanto é que a trilha toca de uma forma mais baixa do que isso ao longo das corridas, com exceção do Rally Musical, a qual a trilha se sobrepõe a todo o resto. Só que aí são apenas seis canções, e nem todas podem lhe agradar.

Visualmente é bonito, mas tem coisas que vão ser ditas pelas comunidades de diferentes consoles. É um jogo bonito, a qual o a taxa de quadros constante em 60 FPS mantém tudo tinindo e vibrante, assim como ray-tracing e HDR, contudo é o que disse mais acima, é uma direção de arte sóbria, mais realista e não muito glamourosa. Aqui os carros são muito enaltecidos (reflexos no vidro, por exemplo, me deixaram arrepiado), e a ambientação nem sempre tem o destaque que mereceria. Ainda assim, é uma experiência incrível.

E é um jogo que você quer jogar com a visão de dentro do carro. Por favor, não jogue com aquela visão do carro inteiro, como normalmente seria em um jogo mais arcade. A imersão está em ter a perspectiva de dentro do carro, com o volante e todos os indicadores ali, diretamente no painel. É assim que você quer jogar Gran Turismo 7.

Para concluir, Gran Turismo 7 é um jogo para se ficar na memória. Vai ser difícil imaginar um representante do gênero, dentro da família PlayStation, que o vá superar pelos próximos anos. É um título impecável em sua paixão pelo automobilismo, entregando uma jogabilidade mais realista possível, sem que isso torne um fardo para quem está chegando agora. Super acessível, muito bem localizado em português, com uma longa e duradoura experiência single player, e funções fantásticas para o DualSense. Um título que certamente precisa estar na biblioteca de todo PlayStation 5.

Galeria

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Dando nota

Longa e agradável campanha single player, com muito charme no formato criado - 9
DualSense reina na jogabilidade, entregando uma imersão fantástica - 10
Super acessível a novos jogadores, com três níveis de seleção de dificuldade e ótima curva de aprendizado - 9
Expressa muito bem o amor ao automobilismo que é marca e identidade da franquia - 9.5
Visualmente é bonito, com a mudança do dia para a noite, tropeçando apenas em alguns efeitos, como da chuva - 8
Rally Musical é uma ótima ideia, mas são poucas faixas, enquanto a trilha sonora em geral não se destaca demais - 8.5
Multiplayer Local em tela dividia, e um Online competitivo prometem dar longevidade ao título - 8.8

9

Incrível

Gran Turismo 7 é uma expressão de amor ao mundo do automobilismo, entregando uma fantástica edição de uma consagrada franquia. Com uma agradável e duradoura campanha single player e ótimos extras, dentre corridas opcionais, um impressionante modo fotografia, multiplayer online competitivo, assim como local para tela dividida. Não faltam opções. No PlayStation 5, o DualSense reina na parte da jogabilidade, entregando a imersão desejada ao futuro do gênero. Visualmente é lindo, mas tem alguns tropeços, contudo ainda assim faz bonito e entrega tudo a que se propõe. Será difícil imaginar outro título do gênero fazendo frente a ele na família PlayStation.

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