Análise DLC | Lost Judgment – The Kaito Files

Disponível para PlayStation 4 e 5, Xbox One e Series

Lost Judgment, para quem não se recorda, foi lançado em setembro do ano passado, para consoles PlayStation e Xbox, e permanecem apenas para estes até o momento desta publicação. Também escrevi uma analise para o jogo, que pode ser conferida na íntegra neste link. Sendo bem sucinto, trata-se de um jogo dos gêneros ação e aventura em mundo aberto, mas que em sua execução mostra uma mistura de beat’em up 3D, RPG, com foco na narrativa de uma história que nos mostra grande parte da cultura e costumes do Japão. Foi publicado pela Sega e desenvolvido pelo Ryu Ga Gotoku Studio, responsável pela franquia Yakuza, a qual este título também faz parte.

Em Lost Judgment acompanhamos toda uma narrativa focada na resolução de um assassinato, sendo que o protagonista da aventura é o detetive particular Takayuki Yagami que conta com a ajuda de seus amigos nessa jornada em busca do culpado pelo crime. Tudo se desenrola em Kamurocho (inspirada na cidade de Kabukicho) e parte em Isezaki Ijincho (inspirada na cidade Isezakicho, de Yokohama). Particularmente gostei do jogo e admito que entrei nele mais algumas vezes após escrever o review aqui para o site, simplesmente para dar uma passeada pelas ruas e acabar com alguns bandidos pelo caminho. O sistema de combate é muito bem executado e deixa aquele sorriso no rosto após derrotar vários inimigos com golpes certeiros e espetaculosos.

Entre os personagens presentes na aventura original há o “brutamontes” Kaito, amigo e sócio de Yagami em sua agência de detetives e também um ex-membro da Yakuza. A expansão Lost Judgment – The Kaito Files chegou em 28 de março deste ano como parte do Passe de Temporada do jogo, além de estar automaticamente incluído na Versão Ultimate de Lost Judgment, ou podendo ser adquirido separadamente para quem possui o jogo principal.

O que há nesta expansão?

Como o próprio nome da DLC sugere “The Kaito Files” entrega uma narrativa focada totalmente em Kaito, e logo no começo já somos apresentados ao motivo de Yagami não estar presente no momento, já que ele está fora ajudando uma família a encontrar um parente desaparecido, e não tem uma previsão da data de seu retorno, o que deixa então, Kaito com todos os holofotes sobre ele nessa jornada.

O DLC se passa após os eventos do jogo original, contudo caso ainda não tenha terminado a história principal, não entre em pânico, pois é possível acessar o conteúdo após concluir o terceiro capítulo da campanha principal. Tanto que o acesso ao mesmo está em uma opção a parte no menu inicial do jogo.

Junto com essa opção também temos uma nova adição no menu do título inicial o “The Gauntlet”, opção que nos disponibiliza um modo de dificuldade ainda mais elevado, com missões com condições específicas e que fornecem itens raros na primeira vez que são completas. Uma opção interessante para os amantes de desafios mais complexos e recompensadores.

Kaito é abordado por Kyoya Sadamoto um importante CEO de uma grande empresa que oferece uma montanha de dinheiro para que o detetive ajude a descobrir a verdade por trás dos recentes avistamentos de sua ex-esposa nos arredores de Kamurocho nos últimos meses, sendo que ela havia sido dada como morta há 2 anos atrás, quando “aparentemente” havia cometido suicídio e deixado uma carta de despedida.

A cereja desse bolo é que segundo Kyoya, Kaito é o único detetive que pode encontrar sua amada já que conhece ela “muito bem”. E com uma jogada do destino Kaito descobre que o nome da “desaparecida” é Mikiko Natsume, um ex-amor de Kaito, com a qual o detetive teve uma história durante a sua época de Yakuza e foi exatamente por sua vida na Yakuza que o casal acabou se separando e seguindo caminhos distintos nesses anos todos. O empresário e atual “viúvo/marido” promete uma verdadeira fortuna caso Kaito solucione o mistério e encontre sua amada Mikiko.

Como se isso já não fosse estranho, um jovem aparece no fliperama local procurando por Kaito, o jovem é filho de Mikiko e alega acreditar que Kaito seja seu verdadeiro pai, conforme registros encontrados nos diários de sua mãe. O jovem tem todo um ímpeto explosivo de partir para a ação sem pensar nas consequências, mas estranhamente desmaia quando é ameaçado por armas brancas. O que será que aconteceu com ele para ter essa reação ao simplesmente ver uma faca?

O jogador estará então, de certa forma, explorando também uma fase do passado de Kaito, quando revivemos memórias dele com Mikiko de seu passado e saberemos um pouco da vida dele antes de se tornar um detetive de respeito e amigo de Yakami. Durante diversas passagens de suas lembranças, poderemos reviver eventos e batalhas do passado de Kaito, onde utilizaremos um Kaito mais jovem e mais descuidado do que a sua versão atual. Suas técnicas no entanto continuam as mesmas em ambos os períodos de tempo.

Os super sentidos

Não, não se preocupe, Kaito não desenvolve super poderes em meios as batalhas, na verdade ele já tem alguns. Brincadeiras à parte, sim, Kaito consegue “sentir” o ambiente ao seu redor através de super sentidos, através de uma tela acessada ao se pressionar um dos analógicos.

Ao contrário de Yagami, que na jornada principal do jogo utiliza de diversos aparelhos tecnológicos para encontrar itens pelo cenário, Kaito pode usar sua investigação sensorial, chamado aqui de Primal Focus, que permite a Kaito literalmente farejar pistas através do olfato, audição ou visão. Todos esses sentidos possui uma área de detecção e vão ficar mais nítidos ao melhorarmos essas habilidades.

Quando acionarmos essas habilidades em locais de interesse, geralmente Kaito faz algum comentário de que percebeu algo próximo, podemos ouvir conversas de telefone, farejar itens ou encontrar gatos escondidos. Muitos desses coletáveis fornecem “itens” que podem ser equipados para dar uma melhoria em algum status de Kaito. Como os gatos espalhados que fornecem medalhões da família, dando pequenos upgrades em algum dos status de Kaito ou o acesso a novas técnicas de combate mediante, é claro, do uso dos pontos de habilidade.

No fim, estes sentidos de Kaito funcionam como as ferramentas de Yagami, onde segue a mesma estrutura de entrar na visão em primeira pessoa, escolher o sentido e mover a câmera até localizar o que se precisa.

Os estilos de luta

E por falar em Yagami, ele contava com diferentes estilos de luta e Kaito também conta com os seus. Temos dois estilos para sair descendo porrada nos inimigos pelo caminho.

O chamado estilo Bruiser (pugilista) é o feijão com arroz de Kaito, disponível desde o começo da aventura, é o mais agressivo e consiste em desferir poderosos socos enquanto se desvia dos ataques inimigos. Uma opção de fácil assimilação e execução.

Conforme vamos evoluindo as técnicas desse estilo, ganhamos acesso a técnica chamada Repelir, uma defesa que se executada no tempo correto, permite a execução de contra-ataque automático. Futuramente novas técnicas aumentam a velocidade dos próximos ataques após repelir com sucesso ataques inimigos.

Mais técnicas vão se tornando disponíveis, como um rolamento na esquiva e ataque duplo. Kaito ainda pode conseguir um ataque extremo do estilo Bruiser que vai permitindo a extensão dos ataques seguidos, ideal para lidar com grupos de inimigos ou dar aquele aperto nos chefes que são mais duros na queda.

Já o estilo Tank (tanque), faz jus a fama que precede Kaito, de que ele era um guarda costa, com uma defesa praticamente impenetrável combinando armas com uma forte defesa. Kaito pode sair batendo nos oponentes com praticamente qualquer coisa que ele consiga pegar pelo caminho, incluindo bastões, tacos, motos, bicicletas e até cones de trânsito.

Ele também consegue resistir a ataques vindos de qualquer direção usando a Guarda de Ferro, embora isso não o salve obviamente de ataques como tiros. Este estilo também é excelente para agarrar os oponentes, permitindo um forte contra-ataque.

Mais do mesmo

Por se tratar de uma DLC espera-se obviamente que siga a estrutura padrão do jogo principal e de fato este não é um caso que se foge à regra. Toda a exploração da cidade e a forma como iremos solucionar os casos com o jogador precisando escolher as evidências corretas para conseguir progredir continuam as mesmas.

Um ponto positivo que evita a frustração é que caso o jogador tome uma decisão de forma equivocada e errada, esta não terá qualquer impacto mortal para o mesmo, já que teremos simplesmente uma pequena cutscene e estaremos novamente em busca da solução correta para a investigação.

Mas temos aqui uma aventura de curta duração. O jogo conta somente com 4 capítulos e ao contrário do título principal, onde estive mergulhado por várias horas, aqui jogando sem perder muito tempo podemos tranquilamente passar um capítulo do jogo em pouco mais de 1 hora ou 2 horas caso você fique perambulando como fiquei para encontrar itens escondidos e derrotar alguns bandidos para subir de nível.

Inclusive isso é uma premissa que se mantém aqui, se quiser se manter sempre pronto para os chefes do jogo é recomendado ficar derrotando inimigos que sempre andam em bandos pela cidade e partem para cima de Kaito quando avistam o mesmo.

Aliás há algo interessante aqui, que são inimigos mais barra pesada que estão caminhando normalmente pelo cenário da cidade, eles são identificados por ícones de outra cor e parte na selvageria para cima de Kaito. Todos contam com armas brancas e a morte pode vir em segundos caso não se esteja preparado para esses embates. Obviamente estes inimigos fornecem mais experiência e dinheiro, mas se estiver meio mal, corra e saia de vista. Fica a dica.

Consideração finais

Lost Judgment – The Kaito Files é uma história para se encarar do começo ao fim, dificilmente o jogador não irá se entreter com essa aventura protagonizada por Kaito, onde o mesmo se mostra mais carismático do que no jogo principal, exatamente por ter a centralização da história dele e na busca por seu ex/eterno amor.

Ficamos a cada capítulo com mais dúvida do que realmente aconteceu com Mikiko, e sair encarando vários inimigos sempre traz um certo grau de satisfação, por contar com um estilo de luta mais “soco na cara”. Kaito nos deixa extravasar as frustrações do dia a dia em uma boa pancadaria.

Para os momentos mais amenos temos a exploração do ambiente, a busca por colecionáveis e porque não, a jogatina em máquinas arcade da Sega disponíveis pela cidade. Existem coisas para fazer por todo lado, basta sair procurando e explorando.

A parte investigativa dentro de prédios pode frustrar algumas vezes por não deixar exatamente claro o que estamos afinal buscando e ficar alternando entre os “sentidos” de Kaito nem sempre nos mostra a solução correta. As vezes podemos ficar vários minutos sem saber o que devemos encontrar, e o fato do jogo (infelizmente) não estar em português pode afastar alguns jogadores nesses momentos, a qual faria uma grande diferença podermos ter dicas em nosso idioma, pois nem sempre as dicas em inglês são facilmente perceptíveis.

Sendo um conteúdo adicional, The Kaito Files cumpre tal papel de entregar mais tempo de jogo dentro de uma fórmula preestabelecida. Não chega para inovar, contudo adiciona novas horas de conteúdo dentro de um mundo que se você se divertiu, não tem porque não se divertir aqui também.

A troca do protagonista, saindo Yagami, para colocar Kaito nos holofotes da aventura, dá um frescor importante ao conteúdo. Afinal permite se brincar com novos estilos de lutas e cenários, sem que se reinvente toda a proposta da jogabilidade original, enquanto também entrega novas interações narrativas mediante um personagem com outra personalidade.

Por fim, também me impressiona bastante como a desenvolvedora sempre consegue, de uma forma ou outra, apresentar de forma sutil a menção respeitosa de assuntos sempre complicados de se lidar, como o suicídio e a violência doméstica. Isso traz o universo do jogo para um realidade bem impactante, mas com bom senso, razoabilidade e, claro, aberta a discussões e diálogos que valem a reflexão. A DLC não perde esse toque que também se faz presente na campanha original.

Galeria

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Dando nota

Uma DLC que entrega uma boa história contida, entrega uma narrativa interessante - 8
Kaito funciona extremamente bem como protagonista - 8.5
Tirando a mudança nos estilos de luta, é simplesmente mais do mesmo - 7.5
Dentro do Passe de Temporada é seu melhor conteúdo, e individualmente é um tanto salgado seu preço por aqui - 6.5
Com somente dois estilos de luta, comparado com o jogo principal, parece dever um pouco mais nessa direção - 7.5
Explorar o ambiente com os super sentidos de Kaito é mais sensato do que os apetrechos do Yagami - 8.5
Mantém a boa direção de arte e sonografia do jogo principal, pena ainda deve na localização em português - 7.5

7.7

Bacana

Lost Judgment - The Kaito Files nos traz novamente ao mundo imersivo de Lost Judgment, nos lembrando que esta é uma série de alta qualidade dentro do universo da franquia Yakuza. Kaito funciona bem como protagonista e a aventura, por mais auto contida que seja, o que é aceitável sendo uma DLC, traz o jogador para mais lutas, investigações e exploração em uma jogabilidade conhecida e muito apreciada. Pena que meses após o lançamento original, Lost Judgment siga sem localização em PT-BR, diferente do que ocorreu com Yakuza: Like a Dragon, hoje já localizado em português. Nova história, pequenas adições, mas fiel a fórmula da campanha principal. Quem gostou de Lost Judgment, e ficou sedento por mais desse mundo, The Kaito Files é uma expansão perfeita.

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