Análise | Samba de Amigo: Party Central

Disponível para Nintendo Switch

Samba de Amigo: Party Central entrega a essência do que jogo para Nintendo Switch pode proporcionar em termos de Diversão em Família (Family Fun), enquanto também resgata o charme e encanto do gênero musical em jogos eletrônicos, cuja a variedade está cada vez mais rara, sendo que apenas Just Dance (da Ubisoft) é das franquias mais persistente dos últimos anos. Samba de Amigo retorna para dar um novo frescor ao segmento.

Seu lançamento ocorreu no último dia 29 de agosto, sendo que Party Central é uma versão exclusiva para o Nintendo Switch, já que os joy-cons do console podem se comportar perfeitamente como as famosas Maracas da nostálgica franquia. O jogo foi desenvolvido pelos estúdios internos da Sega, que também está distribuindo o título globalmente.

Shun Nakamura, que trabalhou no primeiro Samba de Amigo (2000) também retorna para a sequência, atuando desta vez como Diretor e Produtor do projeto. Dentre outros trabalhos de destaque do Game Designer, que também faz parte da equipe da Sonic Team, estão jogos como (o incrível) Billy Hatcher and the Giant Egg e (o contraditório) Sonic the Hedgehog de 2006. Ou seja, um profissional de peso para resgatar essa clássica franquia.

Vale apontar que em paralelo a Party Central, e também em 29 de agosto, uma versão para Apple Arcade, que recebeu o título de Samba de Amigo: Party-To-Go também foi lançado para o iOS. Entretanto trata-se de uma versão a qual não tive acesso e, portanto, não será analisada neste texto. Mas ambos os títulos compartilham diversos aspectos já que foram desenvolvidos simultaneamente, como boa parte de sua lista de canções, sendo que há 3 canções exclusivas na versão para iOS, assim como um modo campanha, a primeira na história da franquia, que também permanece exclusiva para esta versão mobile.

Além disso, até o final deste ano, uma nova versão do jogo será lançado em Realidade Virtual para Meta Quest 2 e Meta Quest Pro. Não existe informações se outros consoles, como PlayStation e Xbox, podem vir a ganhar alguma versão deste revival de Samba de Amigo.

Samba de Amigo é uma franquia que originalmente surgiu para máquinas de arcades, lá em 1999. Um ano depois, em 2000 a Sega lançou uma versão do jogo para o Dreamcast. Em ambos os sistemas, os jogadores usavam controles maracas para realizar os movimentos indicados na tela, movendo-os nas direções solicitadas. Anos depois, em 2008, o jogo original foi portado para o Nintendo Wii, em uma versão com melhores gráficos e nova lista de canções, aproveitando que a tecnologia do controle Wiimote permitia realizar os movimentos que somente os controles maracas permitiam no conceito original.

Partindo desse histórico, significa que Samba de Amigo, por mais icônico e nostálgico que seja, até então nunca havia recebido uma legítima sequência, algo que finalmente está acontecendo aqui, com Samba de Amigo: Party Central e Party-To-Go. Claro que o Amigo, o macaquinho mascote da franquia, aparece em diversos outros jogos da Sega, como os jogos de esportes e corrida que contam com Sonic e diversos outros mascotes da empresa, o que nunca o deixou cair em esquecimento pelos fãs das IPs da Sega. Então sim, estamos presenciando uma verdadeira sequência de uma franquia que está adormecida por um bom tempo!

Chacoalhe estes joy-cons!

Samba de Amigo: Party Central é um jogo musical rítmico, ou seja, cabe ao jogador imitar os movimentos que a tela do jogo lhe diz para fazer, baseado em três movimentos com duas maracas representadas pelos joy-cons, uma em cada mão. Dentro destes três movimentos básicos (cima, baixo, lados) surgem variações, partindo do principio que cada braço pode executar um movimento diferente do braço contrário.

Então assim, é um daqueles jogos que você precisa separar os joy-cons da base que o molda como um controle mais tradicional de videogame. Sendo inteligente, inclusive, colocar aquelas alças que o prendem no pulso, já que ao chacoalhar eles pra diferentes direções você pode se empolgar e os controlezinhos voarem da sua mão ou apenas escorregarem sem querer, indo direto ao chão. E esse é um controle que tem certa resistência, mas quedas podem facilmente quebrá-los. Fica o alerta.

Claro que há uma opção nas configurações que permite que Party Central seja jogado apenas apertando os botões, num modelo mais tradicional. Aí o esquema muda e você apenas aperta certos botões e mexe nas alavancas dos controles nos movimentos. Vira basicamente um jogo de Quick Time Event. Entendo que alguns possam querer jogar dessa forma, assim como também tem uma questão de acessibilidade para um público mais restrito, contudo, este é um jogo para se movimentar, se mexer. Entendo a existência desse recurso, mas acredito que jogar o título neste formato faz com que o mesmo perca parte de seu propósito e até mesmo sua diversão.

De volta, então, a se mexer com um joy-con em cada mão! Na tela há seis pontos de atenção, dois na parte superior, dois na parte inferior, e dois mais afastados na parte central. As maracas vão seguir para estas marcações, com o jogador mexendo o controle para estes pontos, conforme pequenas esferas saem do centro da tela em direção a estas marcas. Se duas bolinhas forem pra cima, erga os dois joy-cons no momento em que a esfera atingir a marcação. Se for para baixo, abaixe eles no momento correto. Se for para o lado, abra os braços lateralmente. Simples para entender o básico.

Contudo a jogabilidade seria muito chato se fosse apenas isso. Claro que as bolinhas começaram a ir para diferentes direções, com uma indo para cima e outra para o lado, e aí você sobe um braço enquanto o outro vai para o lado. E assim surge outras variações, baixo-esquerda, cima-direita, cima-baixo e vice-versa para todo estas possibilidades. Além disso existem dois tipos básicos de bolinhas que marcam o movimento. As esferas azuis indicam apenas um movimento, enquanto a esfera amarela seguida por outras em fila, quer dizer que você deve manter a posição para onde ela estiver indo, chacoalhando o controle, até a fila de esferas passar completamente pela marcação.

Então haverá momentos em que você estará com um braço numa marcação chacoalhando o controle, enquanto o outro seguirá a esfera azul por diferentes direções. É o tipo de situação que as vezes buga um pouquinho o cérebro, o que entendo ser essa a proposta da brincadeira: fazer o exercício da memória muscular e de atenção, enquanto se treina sua própria agilidade diante das mudanças de duas direções ao mesmo tempo, seja de forma dinâmica ou estática, se alternando enquanto rola a música selecionada.

Mas tem mais! Em certos momentos da jogabilidade, outras marcações vão aparecer na tela. Em alguns momentos uma seta surgiram e fará um movimento da tela, indo de uma marcação para outra, seja em linha renha ou fazendo curvas. O jogador deve seguir o movimento assim que ele começar e terminar junto. Se duas setas surgirem, é preciso fazer com os dois braços, ainda que os movimentos possam não ser iguais (olha o bug cerebral de novo, rs). Em outros momentos um boneco irá surgir na tela, e fará uma pose, sendo necessário segurar os joy-cons na direção em que ele estiver fazendo a pose, o que meio que te fará imitar a pose em tela, ou chegar a algo parecido se você não for muito flexível nesse sentido. A pose pode ser estática, você fica parado, ou dinâmica, pedindo para que o jogador se movimente como ela por alguns rápidos segundos.

Em cada canção também sempre haverá um momento em que uma esfera brilhante surgirá. Se você acertar o ponto em que ela passar pela marcação, um mini game será ativado. As variações desse mini game vão desde uma brincadeira de baseball, acertando a bola em direção a tela, fazendo high five em sticker que vão em diferentes direções da tela, imitando diversos movimentos com as mãos etc. Não são mini games incríveis, mas são divertidos dentro do frenesi de estar pontuando dentro das músicas.

E sim, as músicas possuem pontuação de performance, conforme o jogador vai acertando os pontos das esferas nas marcações, desde o Perfeito, Bom e Mau. No final de cada música, tem o ranking, que vai do C ao S. Da mesma forma que todas as músicas possuem quatro níveis de dificuldade, do fácil, normal, difícil e louco (crazy), sendo que este último sempre traz um monte de movimentos mais caóticos, misturando tudo num ritmo bem frenético e nem sempre fácil de se executar. É um dos modos de dificuldade mais divertido por consequência.

Repertório musical

Se o primeiro Samba de Amigo (2000) se destacava como um jogo musical repleto de músicas latinas, Samba de Amigo: Party Central, mais de duas décadas depois, prefere apostar em uma seleção musical mais eclética, pensando muito mais no gênero musical mais pop dance, ainda que tenha sim pontuais canções com um tempero mais latino em sua essência, desde a clássica La Bamba ou com Ricky Martin cantando The Cup of Life em espanhol.

Ao todo a versão básica de Party Central conta com 40 músicas, com uma interessante diversidade musical, de várias épocas do mundo musical, desde “Bang Bang” com Jessie J, Ariana Grande e Nicki Minaj até a clássica “I Will Survive” em uma versão remix por Gloria Gaynor. A variedade também passa por “Plastic Hearts” de Miley Cyrus, “Sucker” da banda Jonas Brothers e até mesmo “You Give Love a Bad Name” de Bon Jovi.

Sinceramente não me considero um especialista musical, contudo parece que são trilhas que soam joviais aos olhares do público de hoje. Em casa, com minhas sobrinhas, minha esposa e até mesmo minha irmã, muitas das músicas chamaram a atenção delas. Acho que nesse sentido, a versatilidade musical acerta em cheio em não soar moderninha demais, optando por uma pegada que vai atender a diferentes faixas etárias, enquanto ainda também mantém um pouco de sua essência latina.

Trilhas como “Vamos a Carnaval” e “Azukita” soam perfeitas para esse universo de Samba de Amigo, contudo não consigo deixar de mencionar minha decepção ao não encontrar a clássica “Samba de Janeiro” dentre as canções disponíveis na janela inicial de lançamento. Uma faixa tão icônica, que transcendeu todas as versões do jogo original, e que normalmente se faz presente em títulos em que o Amigo aparece, ter ficado de fora da lista inicial é uma tremenda mancada. Sinceramente, a Sega deveria corrigir isso urgentemente com um DLC gratuito para incluí-la – sério mesmo.

Vale também apontar que Party Central já conta com pacotes extras de músicas sendo vendidas a parte da versão básica, com alguns destes pacotes inclusos na versão deluxe do jogo (Pack Sonic & Pack Sega). Essa seleção adicional de canções já conta com três trilhas sonoras icônicas do ouriço, sendo elas: “I’m Here” de Sonic Frontiers, “Open Your Heart” de Sonic Adventure, além de “Reach for the Stars (Re-Colors)” de Sonic Colors: Ultimate. Agora se você só almeja mesmo as 40 canções incluídas no jogo básico, saiba que nelas estão a inesquecível “Escape from the City” de Sonic Adventure 2 e a eletrizante “Fist Bump” de Sonic Forces.

Dentre outros pacotes de canções, há um temático com 3 músicas de outros jogos da Sega (Space Channel 5, RGG Studio e Rhythm Thief) e outro com 3 canções japonesas, sendo que uma delas é “Kaikai Kitan” da banda Eve, que coincidência (ou não), é uma das canções do animê Jujutsu Kaisen. Não é louco um jogo musical de maracas tocar a primeira abertura de Jujutsu Kaisen? Digo que sim!

— Ficou interessado e deu vontade de ouvir a lista de canções do jogo? Aqui está uma ótima playlist dela no Spotify (não é oficial, mas está bem fiel ao conteúdo do jogo na data de publicação desta análise). —

Em termos de custo benefícios, vale apontar que a versão deluxe de Samba de Amigo: Party Central custa 50 reais a mais em relação a versão base (sobe de R$ 199 para R$ 250), trazendo assim seis canções adicionais. O DLC de canções japonesas custa 24 reais. Matematicamente significa que a Sega pretende vender as músicas adicionais na faixa de 8 reais cada uma. Se vale ou não, vou deixar para que o leitor tire suas conclusões, porque é um custo que vai muito da realidade individual de cada um. Pessoalmente acho válido a iniciativa de adicionar músicas e expandir o repertório do jogo. Certamente isso agrega conteúdo ao pacote como um todo.

Dance sozinho ou acompanhado

Deixando de lado o repertório musical, e pensando nas possibilidade dentre os modos de jogo, Party Central não foge muito da regra padrão destes jogos musicais, ainda que tente ser legitimamente criativo na composição e apresentação de cada um dos modos, que possuem opções tanto single player e multiplayer.

No single player há duas modalidades, sendo que uma é a boa e velha lista de seleção de músicas, em que o jogador pode selecionar qualquer uma das canções do jogo em qualquer um dos níveis possíveis de dificuldade existente, pontuando e rankeando em cada um destes níveis, afim de tentar repetidamente bater seu próprio recorde.

A outra opção single player, mais dinâmica, é um modo chamado StreamiGo!, uma modalidade baseado numa formula progressiva de missões baseada em capítulos. Aqui o jogador entra numa competição, simulada claro, em que deve dançar e ganhar seguidores, afim de se tornar o maior influenciador de todos os tempos. Conceitualmente moderninho, não?

Cada capítulo apresenta algumas missões, representadas pela playlist das músicas do jogo, cada qual em uma determinada dificuldade, a qual o jogador deve cumprir certos objetivos, que vão desde atingir certa pontuação, conseguir o melhor ranking ou até mesmo passar pela música em que pode errar compasso musical apenas por um certo número de vezes.

Há também um confronto mano a mano contra alguns personagens, como se estes fossem grandes influenciadores e você estivesse os enfrentando afim de ganhar seus seguidores ao vencê-los. Nestas batalhas, a vitória é de quem pontuar mais durante a música do confronto, exibida em uma barra no menu superior que vai mostrando o desempenho de cada um.

No geral o modo StreamiGo! é divertido no sentido de que dá um mote para o jogador que se sentir perdido apenas jogando as músicas através da seleção musical básica. Por aqui você jogar na ordem e dificuldade estipulada pelo jogo, cumprindo metas que nem sempre você conseguira de primeira. É uma boa forma de dar um senso de progressão ao jogador que busca esse tipo de coordenação.

Agora se você buscar uma experiência multiplayer, Samba de Amigo: Party Central, também oferece algumas boas opções. Primeiro que mesmo nos modos single player, dá para duas pessoas se divertirem dividindo os joy-cons ou revezando a cada música, contudo se a pessoa tem quatro joy-cons, dá para ir até o modo para dois jogadores locais e jogarem juntas.

Localmente dois jogadores podem participar de duas modalidades de disputa, uma em que danças e se confrontam para ver quem marca mais pontos, enquanto em outra modalidade disputam para ver se são compatíveis e o objetivos é acertarem juntos os comandos dos marcadores na tela. Além disso há também uma modalidade para competir nos mini games que são ativados durante as canções quando o movimento do joy-kon acerta a marcação de uma esfera brilhante. Dá para jogar apenas estes mini games diretamente no multiplayer. Por fim, se os jogadores não quiserem essas firulas competitivas ou cooperativas, podem apenas dançarem as músicas numa playlist básica, com os níveis os níveis de dificuldades que bem entenderem, assim como já mencionado modo básico de single player.

Na modalidade de Multiplayer Online, mais novidades, e aqui bem interessantes. O destaque fica para o modo World Party, que reúne 8 jogadores online, numas espécie de competição conjunta, onde todos dançam ao mesmo tempo, juntamente com outros 12 jogadores controlados pela CPU, numa batalha de 20 dançarinos, onde apenas os que mais pontuam passam para um segundo e terceiro estágio, eliminando assim os piores e dando vitórias aos três melhores colocados.

É um modo bem divertido, onde as três músicas das três fases são escolhidas num repertório aleatório. Ao longo da batalha de dança, itens são concedidos aos jogadores que podem ser usados para atrapalharem outros que estão online. Tem item que vai encolher os marcadores na tela, tem alguns que tiram o som da música, te obrigando a jogar em silêncio por alguns segundos, tem outro que retira alguns dos marcadores de ponto da tela, assim como um item que lhe dá pontos bônus sempre que acertar seus marcadores. É de fato uma modalidade muito criativa para esse tipo de jogo.

O outro modo multiplayer online é mais tradicional, consistem em buscar salas de outros jogadores que estejam abertas ou criar sua própria sala e esperar alguém se juntar a ela ou convidar amigos para jogarem partidas privadas. Tudo meio básico mesmo e esperado desse tipo de jogo, deixando o conceito de matchmaking para o modo World Party mesmo.

No geral, Samba de Amigo: Party Central consegue atingir os padrões esperados para esse tipo de jogo, oferecendo uma boa experiência single player, com um bom conceito em como desafiar o jogador, e recompensá-lo por isso, enquanto no multiplayer entrega todo o básico, local e online, mas também se mostra inventivo quando coloca um pequeno número de jogadores para disputarem entre si algumas batalhas em sequência. O título consegue assim agradar a vários tipos de públicos, que jogam tanto sozinho, quanto em amigos ou famílias, e que também vivenciam dessa experiência online.

Código de vestuário

A terceira parte desta análise é a menos interessante das demais, mas é parte das engrenagens da estrutura da obra: o sistema de customização do seu avatar, que só pode ser o Amigo e nenhum outro dos demais animais antropomorfos que aparecem dançando com o mascote das maracas.

O jogador pode customizar o macaquinho desde suas roupas, chapéus e acessórios, cor da pele e até mesmo suas maracas e o som que elas podem fazer quando utilizadas durante o gameplay. Apesar de que mexer no som em que as maracas fazem é meio estranho, até porque o som natural delas faz sentido com a musicalidade das canções, enquanto que trocar isso por uma… buzina, ou até mesmo o som das argolas do Sonic, acaba deixando um efeito sonoro estranho em paralelo aos movimentos e música tocando em conjunto. Não combina muito.

Mas mudar as vestimentas do Amigo e deixá-lo com uma personalidade mais condizente ao estilo de vestuário do jogador é bacana e interessante. Além disso todas as opções de customizações precisam ser desbloqueadas, não estando disponíveis desde o início. E há três formas de desbloquear este conteúdo: moedas que se ganham jogando, sementes douradas que só são obtidas no modo missão single player e na competição online de três fases. Além disso, toda vez que você joga algo, ganha experiência, que aumenta seu nível como jogador e que também desbloqueia conteúdo no guarda-roupa do Amigo.

Por sinal, para quem decidir adquirir a Versão Deluxe, além das músicas adicionais mencionadas, também recebe algumas skins bem legais, que vão desde uma roupa de Sonic ou Tails para Amigo, ou chapéus de Puyo Puyo ou até mesmo maracas do Dr. Eggman. Um mimo puramente cosmético, mas bacana de se incluir num pacote deluxe.

Ao fim, toda essa personalidade não impacta diretamente o gameplay, ainda que o Amigo aparece ao fundo do jogo, em todas as músicas, dançando e se divertido, com as roupas que o jogador escolher para ele usar. É um elemento puramente estético, mas que ao mesmo tempo estimula aquele senso de recompensa. Quero jogar mais um pouco, destravar mais uma roupinha, ganhar mais moedas, afim de ir mudando o Amigo ao gosto do jogador. Funciona como um extra motivacional para seguir brincando e dançando por mais algumas vezes, ainda que já tenha feito toda a lista de canções ao menos uma única vez.

Considerações finais

Samba de Amigo: Party Central é um retorno triunfal de uma franquia que a Sega talvez já pudesse ter ressuscitado nos tempos do Kinect do Xbox, no auge dos jogos musicais, mas que não perde em nada ao fazê-lo aqui, dentro da plataforma do Nintendo Switch, com controles que casam perfeitamente com a proposta de um jogo musical com maracas!

E para um jogo musical, um dos elementos mais importantes é sua playlist, e para esta sequência foi muito bem acertado a escolha de músicas mais populares ao invés de manter apenas uma seleção latina de canções. São músicas que agradam aos jovens e aos adultos, com um conceito mais pop dance, e que funciona bem para um jogo em que o objetivo não é exatamente “tocar maracas“, e sim executar os movimentos apresentados em tela, tal como é qualquer Just Dance ou o (já esquecido) Dance Dance Revolution. No fim, uma boa seleção que vai do pop clássico ao pop atual.

Claro que algumas ausências podem ser sentidas. Sinceramente acho imperdoável a ausência de Samba de Janeiro, contudo, a Sega já prometeu que novas canções serão adicionadas ao repertório. Espero que um mapa de futuros hits podem ser revelados ainda este ano. Estarei de olho. Mas é um jogo que pede por mais conteúdos e expansões, ainda que tudo indique que estas adições tendem a serem cobradas a parte.

Visualmente Party Central também acerta em sua atmosfera festeira. Os fundos são absurdamente coloridos, repleto de elementos e personagens dançando e tocando instrumentos, inclusive com o Amigo sempre participando. As canções tema dos jogos de Sonic até mesmo contam com o ouriço dançando ao lado de Amigo, num fundo que lembra a fase inicial de Sonic Adventure 2, da música Escape from the City.

E essa poluição visual, no bom sentido, não atrapalha os marcadores na tela, que podem ser facilmente identificados pelo jogador. Tudo é muito colorido, mas em um contraste muito bem pensado para que o que ocorre ao fundo não confundo os movimentos em que o jogador precisa executar.

Agora uma crítica que precisa ser feita, e que pra mim, é genuinamente o único demérito da jogabilidade, diz respeito da inteligência dos controles de movimento do jogo, que são bem descalibrados em relação a precisão em que os joy-cons podem possuir. Dá para jogar o jogo apenas chacoalhando os joy-cons sem parar e os marcadores vão identificar o movimento? Sim.

Isso é ruim? Não necessariamente, pois permite que qualquer um possa jogar. Contudo é um jogo que num cenário competitivo, não rola. Pense que no online, sempre poderá ter alguém jogando assim, sem executar os movimentos. É bobo isso, pois os joy-cons podem sim serem bem precisos, o que me soa algo programado pelo jogo para que tenha esse aspecto ridiculamente acessível (“só chacoalhe e tudo bem, vamos considerar um acerto“).

No geral, Samba de Amigo: Party Central é um jogo puramente divertido, para ser passar aquelas tardes ou noites em que você recebe visitas e deseja apresentar o mundo dos videogames aos interessados. É puramente casual, divertido, empolgante e que combina muito com festas e reuniões. Para quem gosta de jogos musicais e sente saudades do tempo de Dance Central no Kinect ou até mesmo quando havia um Guitar Hero todo ano, Samba de Amigo tampa um buraco deixando por tantos jogos de músicas esquecidos no tempo.

Não é um título fácil de levar a outros consoles e plataformas, é verdade, mas que aqui, no Nintendo Switch, se encaixa perfeitamente. E que bom que isso ocorre sem que você preciso comprar um controle maracas ou, alguns vão se lembrar, de quando a Nintendo inventou o controle bongô, para Donkey Konga. Não que controles assim não sejam divertidos, mas encarecem muito o valor final dos jogos e a acessibilidade deles em mercados globais. Samba de Amigo: Party Central não tem isso, você joga com os controles que já tem, e isso é fantástico!

Galeria

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Dando nota

Ótimo jogo para diversão com amigos e família, casualmente compatível para todos - 9
Seleção musical muito dinâmica e com ótimos hits, apostando no gênero pop dance clássicos e modernos - 8.5
Jogabilidade com sensores de movimentos combinam perfeitamente com a proposta da franquia - 8.8
Inteligência dos sensores de movimento pecam por funcionarem mesmo de forma - 5.5
Tanto single player com missões, como o online com 8 jogadores são criativos e divertem bastante - 8.5
Customização do personagem oferece motivação ao jogador para conseguir desbloquear tudo, auxiliando na cauda de replay - 8
Entrega uma boa apresentação visual, que mesmo super colorido, não atrapalha os marcadores na tela - 8

8

Divertido

Samba de Amigo: Party Central é uma adorável sequência, que respeita a essência do clássico de 2000, ao mesmo tempo que moderniza sua seleção de músicas, enquanto se adapta muito bem a jogabilidade com os joy-cons do Nintendo Switch. Perfeitamente casual e divertido para se jogar com amigos e familiares. A experiência funciona tanto para single player quanto no multiplayer, especialmente no modo para 8 jogadores competirem entre si. Um destes jogos que é divertido de jogar ou ver alguém jogando. A indústria atual precisa de mais jogos assim, e que bom que Amigo está de volta para entregar um pouco disso!

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