Análise | Helldivers 2

Disponível para PlayStation 5 & PC

Helldivers 2 é um destes jogos que te faz querer ir para a fila do alistamento militar se as batalhas forem contra tropas espaciais de enormes insetos ou robôs malignos, reunindo esquadrões de até quatro jogadores para explorar ambientes recheados de inimigos e tarefas a serem cumpridas, munidos com o básico de um soldado espacial e suas muitas estratégias para sobreviver mais um dia nessa guerra pela Democracia da Superterra.

A iniciativa militar teve início no último dia 8 de fevereiro, nas plataformas do PlayStation 5 e PC, desenvolvida pela Arrowhead Game Studios, um estúdio independente localizado na Suécia, que também foi a responsável pelo primeiro Helldivers, lançado lá em 2015, em quatro plataformas (PS3, PS4, PS Vita e PC). Assim como no primeiro jogo, a Sony Computer Entertainment também se posicionou como publisher global da sequência, continuando assim a financiar essa guerra galáxia adentro.

Importante dizer que apesar de configurar como uma sequência e manter boa parte de sua fórmula, Helldivers 2 apresenta uma grande mudança na perspectiva da jogabilidade, a qual o primeiro era um jogo tiro de câmera isométrica (top-down), enquanto agora passamos para um jogo tiro em terceira pessoa, o que o torna uma experiência incrivelmente diferente de seu antecessor.

Mesmo com tal mudança, parte de sua estrutura se mantém, ainda sendo um jogo com uma forte identidade multiplayer cooperativa, com sistema de estratégias para convocar armamentos e funções de ataques ou defesas frente a linhas de invasão de múltiplos inimigos, com aquela inspiração de ambiente muito semelhante ao clássico Tropas Estelares (1997). O jogo mantém aquele tom levemente debochado, de um contexto que não se leva muito a sério, possuindo certo humor ácido, e até crítico, frente ao exagero de uma investida militar em uma galáxia hostil.

Helldivers 2 está sendo lançado com uma completa localização em português, tal como ocorre em todos os grandes lançamentos exclusivos da plataforma PlayStation, entregando menus, textos e diálogos legendados em nosso idioma, assim como também uma ótima dublagem em português. Inclusive o jogo faz uma bela adaptação de nomes para as muitas armas, dispositivos, armaduras e até mesmo no nome dos inimigos. Isso resulta em uma excelente e competente localização ao mercado brasileiro.

Pela Democracia, pela Superterra

Helldivers 2 não é um jogo focado em uma trama. Não existe uma extensa narrativa contando algum elaborado enredo aqui. A história em si dá apenas um contexto para a existência do mundo e de sua jogabilidade em si. Estamos num futuro distópico, a humanidade habita um planeta chamado Superterra e a mesma sofre invasões de outras raças que habitam planetas próximos em nossa galáxia.

Como resposta a estes ataques foi criado essa super classe de soldados altamente treinados chamado Helldivers, que varrem a galáxia tentando conter estas ameaças, com a filosofia de espalhar a liberdade, a paz e a democracia (da raça humana, claro). Essa elite altamente treinada vai então de planeta a planeta, limpando a escória dos insetos gigantes gosmentos e robôs assassinos que não aprenderam as três leis da robótica de Asimov. E essa é toda a história que você precisa saber para justificar missões interplanetárias com a melhor armada que a Superterra poderá prover.

Mesmo sem uma campanha com história, toda essa abordagem com teor brincalhão em torno do alistamento militar para uma guerra estelar, com essa propaganda de liberdade, paz, e a tal democracia gerenciada (como o jogo alerta algumas vezes) torna a experiência divertida e cria momentos histericamente hilários. As vezes os personagens em jogo gritam coisas como “pela Super Terra“, “pela democracia” de uma forma assustadoramente longa, especialmente quando o esquadrão está sobre pressão da linha de inimigos com uma potencial derrota, o que ocasiona esse heroico urro.

Entendido o contexto, não resta mais nada além de partir para a guerra e aproveitar uma jogabilidade que advém de um ciclo de batalhas em partidas em diferentes planetas, com uma diversidade de missões, um sistema de progressão de armas e equipamentos por meio de um Passe de Batalha na variação gratuita e paga, e a descoberta de atividades em cada partida que vão um pouco além do simples descer num planeta e atirar no quer que esteja se mexendo. É hora de aprender a ser um legítimo soldado, ou morrer tentando.

Importante apenas mencionar que Helldivers 2 é um jogo projetado para ser uma experiência de Multiplayer Online, e apesar de ser possível partir aos planetas e realizar partidas individuais, é altamente recomendado que isso não seja feito. Até porque ir solo para enfrentar uma horda de inimigos, enquanto realiza missões que muitas vezes vai exigir cooperação de outros jogadores, não entrega a experiência a qual o título foi idealizado. Não é um jogo que funciona single player, e até o momento também é um título que não desfruta de qualquer suporte local em seu multiplayer. Fica o aviso.

Estratégia, soldado!

Um dos elementos que mais se destacam em Helldivers 2 é a mecânica das estratégias. Mas para entender como isso funciona, antes é preciso entender o você tem em mãos ao iniciar uma partida: uma arma primária (rifle ou espingarda) e uma arma secundária (submetralhadora ou pistola), além de quatro granadas e quatro injeções que irão recuperar sua saúde depois de tomar dano. Mas esse não será seu único arsenal!

Armas de maior porte, assim como sentinelas, torretas e toda uma parafernália pesada precisam ser solicitadas por meio de um comunicador que cada soldado tem no braço, que irá ser arremessado lá da estratosfera direto ao ponto em que você designar no solo. E não só isso, mas também é possível pedir ataques orbitais entre outros tipos de ataques que são realizados pelas enormes naves que estão sobrevoando o planeta. Tudo isso, e mais um pouco, são as chamadas estratégias de guerra.

Inicialmente o jogador não possui muitas estratégias, mas conforme seu level como soldado progride (ao ganhar experiência), novas estratégias são disponibilizadas para compra, com o dinheiro que se ganha realizando partidas (não é com dinheiro real). As estratégias básicas no começo são: pedir reforços de novos soldados (disponível quando algum companheiro da equipe morre, ou seja, alguém que esteja vivo precisa pedir que o mesmo retorne a partida, e se todos morrerem, a partida acaba), solicitar munição, porque suas armas tem munição bem limitada, e esse reabastecimento também vale pra suas granadas e injeções de cura, assim como pedir um ataque orbital simples de curta duração, uma metralhadora de uso pessoal de grande porte e também uma torreta automática que metralha inimigos próximos.

Conforme sua carreira espacial progride, novos estratégias surgem, assim como variações das básicas vão se tornando mais eloquentes e catastróficas aos seus inimigos. Destaque para uma torre que libera inúmeras minas de aproximação ao redor dela, explodindo ao menor contato, e também um sentinela aérea que vai lhe seguir e atirar em qualquer inimigo que aproximar de você. As torretas também vão ficando mais audaciosas com o tempo, chegando até mesmo a se transformar em morteiros, assim como os ataques orbitais vão causar maior destruição e devastar maiores áreas. Claro que tudo isso tem o revés de maior tempo até poder ser utilizado uma vez que já se tenha solicitado tal recurso. Fora que existe um limite de quantas estratégias cada jogador pode possuir em cada partida.

Porém o aspecto mais maneiro nesse sistema ainda não mencionei: a utilização de longos comandos para se acionar uma estratégia, que se assemelha muito aos antigos comandos de trapaça dos jogos clássicos. Tipo, para chamar uma torreta, você precisa segurar um botão e no D-Pad, realizar comandos como cima, baixo, esquerda, esquerda e direita (só um exemplo). Cada estratégia tem um comando, e se o jogador errar pode acionar uma estratégia errada ou não acionar nada. Aí precisa soltar o botão do comando e recomeçar tudo de novo.

Agora imagina estar sendo perseguido por uma horda de inimigos, atirando ou pulando pra cima do seu soldado, num terreno hostil, que pode lhe deixar lento, enquanto seus companheiros estão mortos e você precisa digitar um comando de cinco ou seis movimentos para que isso libere a estratégia de trazê-los de volta à batalha? Entendeu como pode ser tenso esse sistema, e por isso é tão interessante que seja assim?! Felizmente você pode digitar o comando enquanto anda ou corre, não que isso vá tornar as coisas mais fáceis (e não é pra ser).

Esse sistema de estratégias é o maior trunfo de Helldivers 2, porque equilibra muito o senso de satisfação do jogador, pelo ímpeto de ferramentas mais poderosas para se utilizar, mas com o desafio de ser habilidoso nos comandos enquanto lida com a ação em tempo real da partida em si. Fora o apelo de querer avançar na progressão e assim ir destravando novas e mais poderosas estratégias, afim de lidar com mais eficiência contra os inúmeros perigos de cada nova partida. E a limitação de quais levar para a partida dá aquele gostinho de possibilidade e combinações onde somente o teste prático vai lhe fazer chegar as suas estratégias prediletas.

Cumpra objetivos

O próximo elemento muito bem idealizado de Helldivers 2 é sua estrutura de missões, a qual o jogador tem uma vasta área aberta com inúmeras atividades para serem cumpridas, dentro de uma janela de tempo considerável até que a extração de seu esquadrão torne-se inevitável. É um conceito muito melhor do que apenas descer em uma arena e sobreviver a hordas de inimigos, pois dá camadas de distintas situações e cria cenários únicos para cara partida.

Claro que ainda haverá missões a qual o único objetivo da mesma será defender um ponto fixo, enquanto eliminar um certo números de inimigos que estão invadindo sem pausa o local. Isso ocorre principalmente nas missões envolvendo os Autômotos, a classe de inimigos robóticos do jogo, ainda que a sua região também abra para ambientes maiores e com outras tarefas. Contudo, a invasão das máquinas assassinas em missões de curta duração (15 minutos em média) tem muito um evento influenciado pelo universo dos filmes do Exterminador do Futuro.

Autônomos são muito pouco mais difíceis de se lidar porque são inimigos que possuem melhor resistência balística, e por isso eles não são apresentados logo de cara ao iniciar o jogo. Para lidar com essa raça é indicado que o jogador já conheça melhor um pouco suas opções de armamento pesado e que possa furar suas defesas. São inimigos que possuem pontos fracos bem específicos em suas armaduras, normalmente indicado pelo calor vermelho que saem das fissuras de seus corpos. É aí que você deve atingi-los.

E não vá pensando que essa classe de inimigo é lenta por conta de seus corpos super resistentes. Claro, os maiores tendem a ser um pouquinho mais lentos, ainda que sejam mortais mesmo estando à distância, porém os mais problemáticos são os robôs mais humanoides, que são ágeis e correm em direção ao jogador sem qualquer medo, e alguns portanto enormes serras elétricas. Sua sobrevivência nestes ambientes são bem arriscados. Ficar parado nunca é uma opção frente a uma horda robótica.

Já do outro lado dessa guerra, há os Terminídeos, a classe de insetos gigantes cujo o único impulso é defender seu terreno de qualquer coisa que pise em seu domínio, além dos impulsos de todos os insetos: comer e se reproduzir para aumentar o número de sua colmeia. Estes inimigos são ágeis, chegando a saltar até o jogador. Nem sempre é possível correr dos mais velozes. Na contra partida os Terminídeos possuem, em sua maioria, mais partes moles em sua estrutura corporal, o que permite que uma saraivada de balas seja o suficiente para eliminar boa parte dos mais frágeis da classe.

Contudo ainda assim existem Terminídeos bem mais difíceis de se lidar, especialmente aqueles que cospem ácido nos jogadores, e de uma distância assustadoramente longe. Alguns são muito gordos, resistentes e persistentes, seguindo o jogador por longas distâncias de seus ninhos. Há também alguns que possuem carapaças, o que exigem armamento de maior calibre ou enquanto do desvio de seus ataques para que seja possível acertar suas partes moles.

Nos planetas dominados pelos insetos foi onde encontrei a maior parte das missões de longa duração (média de 30 minutos), a qual consistia em ir até pontos avançados criados pela civilização humana para extrair dados ou coletar combustíveis para grande naves. Só que a grande sacada destes objetivos é que eles consistem na execução por etapas, que vão envolver ativar terminais, redirecionar antenas, enquanto onde recolher certo item e para onde levá-los. Nem sempre estes objetivos são claros e fáceis de se entender num primeiro contato com eles.

Claro que em missões assim, insetos vão invadir postos dos soldados, e nunca vão dar paz aos jogadores, que precisarão de muito jogo de cintura para lidar com as ameaças enquanto cumprem as etapas das atividades. Em cenários assim também haverão muitos objetivos secundários, como encontrar cápsulas perdidas e eliminar ninhos de insetos (jogue uma granada nestes buracos). Quanto mais tarefas realizadas antes de convocar a extração e sair do planeta, mais pontos de experiência e dinheiro do jogo se obtém.

Apesar de boa parte das missões de 30 minutos ter ocorrido comigo nos planetas dominados pelos Terminídeos, também há missões assim nas regiões dos Autômatos, incluindo algumas de destruir estruturas dominados por estes. E em ambas as raças há missões de batalhas contra inimigos mais poderosos, que se encaixam como batalhas de chefes. Além disso, por ser um jogo online, novas missões devem surgir conforte o título for ganhando novos conteúdos por meio de atualizações.

Basicamente este é o ciclo do gameplay de Helldivers 2, forme um esquadrão de quatro jogadores, vá para planetas em guerra na galáxia da Superterra, cumpra objetivos em missões que podem ter entre 15 a 30 minutos, ganhe experiência e dinheiro para subir de nível de destravar e comprar novas estratégias e armas, e repita o ciclo novamente. Existe uma quantidade expressiva de situações, locais, cenários, batalhas e armas que vão tornar a experiência única em cada partida. Há um sentimento de repetição? Existe sim, mas o jogo é tão viciante, que repetir o ciclo não diminui a diversão.

Fogo amigo!

Outro elemento muito importante ao gameplay, e que foi pensado propositalmente, é a existência de fogo amigo em Helldivers 2. Isso que dizer que você pode ferir seus companheiros enquanto está lutando pela paz e liberdade, mas mais precisamente por sua sobrevivência enquanto inimigos está tentando lhe trucidar por diferentes direções.

Claro que você não deseja ferir seus companheiros de batalha, mas as vezes a guerra causa descuidos e acidentes podem acontecer. Na vida real os soldados também precisam ter cuidado para não entrar na linha de fogo de seus próprios companheiros, sob o risco de tomar um tiro que não foi direcionado a ele. Bem, aqui essa lógica (totalmente racional) também existe. Não entre na frente de um companheiro que está empunhando uma arma de fogo!

É um conceito interessante de se aplicar num jogo de guerra porque acaba deixando os jogadores em alerta não só com os inimigos, mas onde seus aliados estão posicionais. E entender isso é o menor de seus problemas. Lembra que você pode usar estratégias para convocar ataques orbitais, torretas e outras ferramentas mortalmente problemáticas ao corpo humano? Então, tudo isso também pode lhe matar!

Posicionar uma torreta atrás da linha de tiro do esquadrão de jogadores é a pior ideia do mundo. Os inimigos vão se aproximar e a torreta vai começar a atirar, e ela não vai distinguir inimigos e aliados, e todo mundo vai morrer! É preciso ter muito cuidado com isso, o que certamente vai gerar momentos cômicos em que você vai matar alguém sem querer, ou você mesmo vai esquecer da sua torreta e passar bem diante dela!

Pior é o dispositivo que joga trocentas minas terrestres em seu entorno. Fazer isso numa área em que talvez você precisa sair correndo em direção as minas é um pedido de suicídio. Mais complicado ainda é quando um aliado faz isso e você não percebe! E quando se tem que andar de devagar entre as minas, mas os inimigos vem e começam a explodir atrás de você? Entende como o fogo amigo aciona um elemento extra na loucura da guerra? Isso é ótimo!

E ataques orbitais? Bem, se certifique seu não tem aliados lutando no meio da horda invasora, caso contrário você corre o risco de explodir todo mundo. E se você pensa que tudo bem sacrificar seus companheiros, pois há um sistema de retorno na partida, então talvez eu tenha que te explicar como funciona o respawn das partidas.

Vamos lá, pensando nos cuidados com fogo amigo, torna-se importante entender como funciona o sistema das vidas em cada partida. Expliquei mais acima sobre os reforços, que é quando alguém do seu esquadrão morre e você precisa digitar o comando para que ele retorne a partida, e que os jogadores precisam fazer isso, porque se todo mundo morrer, a partida é encerrada e a missão dada como fracassada, então você nunca quer correr o risco de ser o único vivo e colocar tudo a perder porque não reiniciou seus próprios companheiros.

Contudo, o que não mencionei é que cada partida tem um limite de vezes em que você pode reviver seus companheiros. 18 vezes é o padrão normal de vezes, e quando esse limite se esgota, há um contador de 2 minutos de espera até que o jogo permite reviver todo mundo novamente. Pode parecer um facilitador tranquilo, mas não é! 2 minutos numa invasão, sozinho, é desesperador. Ainda mais se o tempo da partida estiver no fim e ainda houver objetivos a serem cumpridos antes da extração.

O tempo da partida também é outro fator de pressão. As vezes os jogadores querem empurrar a partida além do tempo estipulado, isso porque ainda querem realizar tarefas dentro do ambiente. O mais legal é que o jogo permite isso, contudo, uma vez que o tempo acabe, as estratégias e seus comandos são eliminadas da partida. Então nada de pedir armas ou reviver companheiros assim. Os jogadores devem dessa forma sobreviver com a munição em mãos e recursos do ambiente, até que a extração os peguem. Quem perder, ainda tem algumas chances porque naves ainda vão tentar te resgatar, mas isso se você chegar aos pontos designados, presumindo que muitos inimigos vão lhe perseguir para impedir isso.

Quanto aos planetas, notei algumas variedades bem legais, mas tudo sempre muito básico desse gênero de exploração espacial. Tem planetas mais rochosos, outros com florestas, tem os com biomas de inverno glacial, outros com gases e muita neblina. Existem também efeitos que estes múltiplos biomas causam ao jogador, normalmente o deixando lento em certos terrenos, ou então gases que explodem quando se aproxima de certos locais e o derrubam. Ou seja, até mesmo o ambiente é um adversário a se lidar em certas situações.

Turbulência técnica

Apesar desta análise estar sendo publicada na terceira semana após o lançamento de Helldivers 2, não posso deixar de mencionar que foram semanas turbulentas e problemáticas para os desenvolvedores da Arrowhead, que trabalham incansavelmente para consertar diversos problemas técnicas que o título teve com relação as conexões online de sua comunidade.

Partidas que não eram encontradas, ou quando eram não se conseguia conexão com os anfitriões, erros de conexões, muitos crashs (quando o jogo desliga sozinho) e até mesmo telas travadas que não iam adiante. Os primeiros dias foram terríveis para encontrar partidas e estabelecer conexões. Muitos acabaram desligando a opção de partidas crossplay, porque sim, o jogo suporte partidas entre jogadores do PlayStation 5 e PC. Será que você já se lembrou de religar essa opção? Se ainda não o fez, pode fazer.

Um dos últimos grandes problemas, e que ainda estava ocorrendo até a semana passada, era a sobrecarga dos servidores, que estava criando uma fila para que jogadores pudessem entrar para o modo online. A fila sequer lhe deixava jogar sozinho, pois o jogo não iniciava. Muitos estava conseguindo burlar essa fila ao usar a função de Atividade do PS5, indo direto para o buscar partida a partir do menu do console. Loucura (e bizarro). Tanto que foi preciso que um patch viesse e começasse a desconectar jogadores inativos no servidor, afim de abrir vagas para quem estava tentando entrar no jogo. O que convenhamos faz sentido.

O patch que conseguiu ajustar bastante os problemas recorrente de conexões, servidores e matchmaking saiu na última sexta, dia 23, 1.000.12, e o mesmo estabilizou bastante as coisas, contudo os desenvolvedores sabem que ainda existem problemas que precisam ser sanados e sequem trabalhando em novas melhorias para as partidas online. Inclusive, hoje (28), data de publicação desta análise, o patch 1.000.13 acaba de ser lançado. E ainda há mais correções para serem realizadas e os desenvolvedores seguem trabalhando nisso.

Contudo, já dá para dizer que houve sim uma melhora significativa na estabilidade das conexões e encontro de partidas em Helldivers 2. Já é possível desfrutar o jogo com maior tranquilidade, sem a frustração de passar um tempo considerável esperando encontrar e conectar partidas. As primeiras semanas foram difíceis para a democracia e a liberdade.

E tudo isso acaba sendo um reforço para a importância dos Testes de Servidores (beta) em projetos assim, afim testar conexões e estressá-las com as conexões globais da comunidade de jogadores, afim de identificar tais erros antes do lançamento oficial. Fica a lição, não?

Helldivers 2 no PC (Performance)

// Este segmento foi escrito pelo colaborador Juliano Aires //

O site também conseguiu experimentar a versão de PC de Helldivers 2 para conferir se o jogo está rodando de acordo com o que foi visto no PlayStation 5. A jogatina no PC rolou utilizando configurações gráficas em Ultra nas resoluções 1440p e 4K.

Utilizamos um computador com processador Intel Core i5-12600K e uma placa de vídeo NVIDIA GeForce RTX 3080 10 GB da Gigabyte, acompanhados de 32 GB de memória DDR4 3200 MHz, configuração que na prática alcança melhores resultados em jogos do que o PS5.

Para efeito de comparação, a versão de console consegue entregar dois modos de qualidade gráfica, sendo o modo qualidade em 4K a 30 FPS e o modo desempenho rodando em 1080p a 60 FPS.

Ao rodar em 1440p com a taxa de quadros destravada, obtive na maioria dos casos uma taxa de quadros média de 80 FPS, ficando com folga a cima dos 60 FPS e rodando sem engasgos. Na experiência em 4K, a experiência que obtive foi de uma taxa de quadros média que ficava oscilando entre 30 a 35 FPS, mas que ainda se manteve jogável.

Portanto, mesmo que não seja um jogo com grande orçamento e gráficos extremamente caprichados, o uso excessivo de névoas e fumaças nos cenários e também o uso de um motor gráfico descontinuado contribuem para que Helldivers 2, apesar de rodar em configurações bem modestas, não consiga entregar grande qualidade gráfica e alta taxa de quadros.

Vale destacar que o jogo não possui compatibilidade com nenhuma tecnologia atual de upscaling como o DLSS 2/3 da NVIDIA e o FSR 2/3 da AMD, impedindo obter no jogo uma taxa de quadros mais alta com pouca perda de qualidade gráfica como oferecem esses recursos, que estão em quase todos os lançamentos atuais e que fazem com que os jogos em 4K mais pesados consigam ultrapassar os 60 FPS sem uma placa de vídeo High-End.

Lembrando que hoje no Brasil o modelo que entrega um resultado semelhante a RTX 3080 é RTX 4070, encontrada por cerca de R$ 3.800 no Brasil. Portanto, somente a placa de vídeo já entrega um valor semelhante ao do PlayStation 5.

Considerações finais

Helldivers 2 é um jogo de videogame em sua pura essência, do tipo que te pega desprevenido e lhe prende num ciclo de diversão mediante uma jogabilidade viciante e recompensadora, que te faz querer ficar só por mais uma partida, ainda que já tenha jogado umas 15!

Visualmente talvez não tenha o capricho de parecer uma CG o tempo inteiro, como em jogos Triple A (AAA), sendo que o mesmo sequer se enquadra nessa categoria, podendo ser considerado um jogo de porte médio, tanto que tem um preço reduzido R$ 199 na PlayStore e Steam – e ainda assim é um jogo visualmente bonito. Acho até um pecado que muitos ambientes utilizem de neblina e poeira para esconder a ambientação, pois nos planetas com melhor luminosidade, a Direção de Arte não deixa nada a desejar.

Também me agrada muito a física da mobilidade dos soldados, um tanto pesada, que não os permite realizar saltos, deixando-os subir em certos terrenos de forma bem desajeitada, assim como a esquiva é um salto de barriga direto ao chão (que aparente ser um tanto dolorido, ainda que não cause dano). A própria mira das armas segue um pouco desse conceito mais desengonçado, já que atirar andando acaba sendo mais difícil do que se manter parado para realizar os disparos. Não é pra ser preciso, é pra ser realmente caótico.

Outro elemento positivo é como o jogo tentar recompensar o jogador a cada partida. Você está sempre destravando uma estratégia ou ganhando dinheiro para tal. Seu personagem sobe de nível com alguma frequência e vai ganhando novos títulos. Há também um Passe de Temporada Gratuito que lhe dá novas armas, granadas, modificadores, armaduras e até mesmo uma moeda premium (que só se adquire com dinheiro), afim de que posteriormente você possa usá-la para comprar um segundo Passe de Temporada Premium, destravando assim ainda mais itens. E tudo bem um jogo assim ter algumas microtransação inserida, até porque é bem pouca agressiva e não causa grandes impactos na jogabilidade.

Meu desejo para Helldivers 2 é que o título passe por esse período que teve muitos problemas técnicos sem perda para sua comunidade online e que em breve a Arrowhead possa começar a olhar para o futuro e nos apresentar um Roadmap do que esperar no futuro do jogo. Talvez mais armas, estratégias, uma terceira raça de inimigos e novas atividades. Até porque este conteúdo de lançamento não é tão grande assim, sendo que em poucas horas (média de 8/10 horas) você meio que já viu tudo que tinha que ver nos mundos apresentados. E tudo bem, é um jogo pensado no ciclo de repetição, mas aumentar esse escopo é como tais jogos sobrevivem no atual mercado.

No mais, Helldivers 2 é um jogo gostoso de se jogar, e por mais redundante que seja dizer algo assim, vivemos numa geração que nem toda obra tem esse fator. O ponto é que a simplicidade de um jogo de multiplayer online não deve ser subestimado apenas porque ele não tem uma grandiosa campanha single player. E a vitória aqui acontece porque a jogabilidade é único, seus elementos são criativos e toda a abordagem do tema é feito de uma forma irreverente e divertida.

O jogo usa sim alguns artifícios da atual indústria, como Passe de Temporada e microtransações, mas em paralelo, entrega uma experiência totalmente singular, sem perder parte da essência que possuía em sua primeira edição, ainda como um jogo de tiro em visão isométrica. É um belo feito realizar tal mudança, e sob um grande risco de cair na mesmice de um jogo de tiro em terceira pessoa, o que felizmente não aconteceu.

Aliás, o uso do fogo amigo acaba sendo um elemento que ajuda bastante nesse distanciamento em relação aos demais jogos de tiroteio desse meio. É um jogo para quem adora jogos de multiplayer online, que pode lhe entreter em pequenas doses diárias, e que estão sempre lhe recompensado com alguma coisa, sempre lhe apresentando algo novo.

Cada partida em Helldivers 2 é diferente porque você está interagindo com jogadores reais, o que torna tudo maravilhosamente imprevisível. É a beleza do caos a serviço da diversão. Você soma isso aos elementos caóticos construidos para que tudo isso funcione, como hordas de inimigos, ambientes hostis e tarefas absurdas enquanto lida com diversas ameaças que vão fazer de tudo para lhe atrapalhar. Recursos você tem, basta realizar os comandos. Pela Superterra! Pela Democracia! Ou apenas por mais um pontinho de experiência para destravar mais alguma coisa de seu arsenal. Faz parte!

Galeria

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Dando nota

História simples, mas com uma apresentação que funciona para a proposta do jogo - 8
Visualmente tem bons gráficos, mas exagera na fumaça e neblina em alguns ambientes - 8
Sistema de estratégia e uma física mais pesada na mobilidade são os trunfos da jogabilidade - 9
Mudar para um jogo de tiro em terceiro pessoa fez muito bem ao título - 9
Funciona bem como uma experiência focada em Multiplayer Online - 8.5
Teve dificuldades técnicas no lançamento, e após muitos patchs melhorou bastante sua estabilidade de conexões e servidores - 7
Boa cauda de progressão, com boas recompensas vinda de diversos sistemas, incluindo um Passe de Batalha gratuito - 8.5

8.3

Viciante

Helldivers 2 tem a pura experiência de um videogame em sua essência, escolhendo entregar uma história que apenas justifica sua jogabilidade repleta de ação e adrenalina, que vicia (positivamente) logo que você termina sua primeira partida. O sistema de estratégia e a forma como se progride pelas partidas são um grande incentivo para se continuar jogando. Traz uma experiência focada em multiplayer online e não é muito indicado para uma experiência solo. Em seu lançamento apresentou muitos problemas técnicos, e felizmente boa parte deles já se encontram sanados na data de publicação desta análise.

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