Análise | Patapon 1+2 Replay

Disponível para PlayStation 5, Nintendo Switch & PC

Patapon 1+2 Replay é uma dupla viagem musical a dois dos maiores clássicos do PSP (PlayStation Portable), agora remasterizados em novas e atuais plataformas, oferecendo uma experiência tanto portátil quanto em uma telona maior. Reúna e comande o exército desta criaturas minúsculas, escolhendo classes de pelotões, aprendendo e realizando combos musicais que os instruem a certas ações, enquanto eles partem em uma jornada para uma Terra Sagrada, em uma busca que sequer sabem direito o que é. A nova edição reapresenta os dois primeiros títulos da trilogia, sem muitas mudanças ou adições inéditas, provando que a fórmula não envelheceu e a franquia ainda é encantadora, desafiadora e viciante em toda sua estrutura original.

Esta nova edição foi lançada no último dia 11 de julho, chegando ao apenas ao PlayStation 5, Nintendo Switch (compatível com o Switch 2) e PC. Vale observar que esta compilação não foi lançada na plataforma Xbox, ao menos neste momento, sem qualquer anúncio de que pode vir a ser lançado futuramente.

Talvez a ausência do jogo em plataformas do Xbox seja por conta da Sony Interactive Entertainment ainda ter todos os direitos da franquia Patapon, onde a empresa licenciou os jogos para que a Bandai Namco pudesse trabalhar com este projeto de relançamento. As parcerias entre Xbox-PlayStation tem ocorrido, mas ainda de forma lenta e pontual em títulos realmente muito seletos.

De volta a Bandai Namco, com a tarefa de cuidar da icônica franquia, a empresa contratou e creditou o desenvolvimento desta edição ao estúdio japonês SAS CO, LTD, que já tem em seu histórico o trabalho com outro jogo de ritmo, Theatrhythm Final Fantasy (DS, 2012), ficando para a Bandai Namco a distribuição global da remasterização.

Entender tudo isso é interessante, mas não necessariamente essencial para apreciar Patapon 1+2 Replay, contudo observar estes movimentos em torno da IP talvez expliquem um pouco porque o resultado é uma remasterização estritamente limitada aos jogos originais, sem adições de novos conteúdos ou grandes implementações.

Contudo é importante relembrar que o primeiro Patapon é um jogo lançado originalmente em 2007, enquanto Patapon 2 foi lançado um ano depois, em 2008, ambos foram desenvolvidos originalmente pelos estúdios Pyramid e Japan Studio, a qual ambos não estão mais em atividades, e foram divididos em outras divisões internas da Sony.

Alguns dos desenvolvedores originais de Patapon, atualmente criaram um estúdio e estão desenvolvendo um sucessor espiritual chamado Ratatan, que deve vir a ser lançado até o final do ano nos consoles e PC. Por fim, também vale lembrar que ainda existe um Patapon 3 (2011), que fecha o ciclo da história dos personagens, mas que no momento não há informações sobre a Bandai Namco ter planos de lançá-lo posteriormente.

Patapon 1+2 Replay está sendo lançado sem qualquer adição de novos idiomas em relação aos jogos originais, o que significa que o título chega ao nosso mercado sem localização em português, tendo o inglês como idioma principal. Não que isso atrapalhe muito a jogabilidade, mas existe um fio condutor em sua narrativa que apresenta uma história que é legitimamente interessante (ainda que pareça simples), que também conduz ao jogador o que fazer, e qual fase ir, já que a aventura nem sempre oferece uma progressão linear.

PATA PATA PATA PON

Para quem nunca jogou, os jogos da série Patapon são um mix de jogos de ritmo com estratégia. O jogador não controla propriamente os personagem em tela, mas envia comandos, através de uma ordem ritmada específica para que eles executem o desejado. Atacar, defender, fugir, defender e assim por diante.

Diferente de um jogo de ritmo em que o jogador só precisa acompanhar a música e executar a ordem dos botões em que surgirem na tela, em patapon o ritmo está sempre presente por meio de uma batida rítmica, mas é você quem cria a ordem dos botões e comandos. Cada um dos quatro botões principais representam um som: PATA, PON, CHAKA e DON.

Após executar um comando, os patapons cantam esse comando e o executam, para logo em seguida o jogador criar o próximo comando ou repetir o anterior. Caso não faça, a cadeia de combo se quebra e o Patapons passam a ficar parados. Só que inimigos e ameaças não param, então seguirão atacando. Manter a cadeia de comandos sem a interromper permite entrar em um estado de Fever, onde os patapons ficam super empolgados e realizam suas ações com muito mais intensidade, potencializando ataques, defesas, esquivas etc.

Alguns patapons também se tornam mais efetivos quando o jogador consegue manter o Fever Mode, como é o caso dos Kipapons, que utilizam um montaria. Este passam a correr pegando distância e saem em velocidade a frente do exército, se chocando contra os inimigos e empurrando-os. Se os kipapons não estivem em Fever, eles apenas ficam frente ao inimigo e atacam com suas lanças de forma não muito eficaz.

No primeiro Patapon, existem seis classes destes personagens: lança (yaripon), espada e escudo (tatepon), arco e flecha (yumipon), cavalaria (kipapons), brutamontes (dekapon) e um tipo que usa trompetes para causar uma espécie de dano sonoro (megapon). Patapon 2 adiciona mais três classes, montaria voadora (toripon), um com luvas metálicas enormes (robopon) e feiticeiro (mahopon), além de adicionar o conceito de um único patapon herói que pode ser customizado pelo jogador com um classe e uma mascará com diferentes poderes e efeitos.

Apesar de tantas classes, o jogador não pode usar todas elas nos estágios. Basicamente é preciso escolher três unidades destas classes para seguir em um estágio, pensando sobre o tipo de combate deseja realizar, com personagens que podem atacar a longa distância, ou com proximidade, ou como mesclar ambos, diante do que cada classe pode realizar quando misturada com outras classes. Algumas classes comportam 6 patapons, enquanto outras apenas 3.

E é nestas limitações que entra a parte de estratégia de ambos os jogos. Escolher três pelotões, ir para a batalha, entender o que não está dando certo, e recomeçar com uma melhor escolha entre as unidades disponíveis. Nem todo estágio tem apenas um jeito de vencer, dependendo muito do jogador em utilizar comandos como defesa e fuga com eficiência para que os patapons não morram. Não basta atacar de forma persistente e inconsequente.

Em muitos casos, o jogador precisa aplicar efeitos especiais nos estágios, aprendendo músicas especiais com o comando DON. Chamar a chuva num ambiente de extremo calor que coloca os patapons em risco, ou mudar a direção do vento para que arqueiros inimigos não lhe atinjam… são dois bons exemplos. Estes efeitos, no entanto, tem curta duração, então é preciso reutilizá-los com certa frequência.

Estas mecânicas e regras permeiam a estrutura básica do jogo. Mas há mais a ser aprendido. Coletar recursos, criar novos patapons diferentes e mais fortes, encontrar armas mais poderosas e com efeito de status… tudo isso adiciona o elemento de grinding (rejogar fases para melhorar atributos) ao jogo.

Há estágios apenas para caçar recursos de criaturas que ficam fugindo do jogador, assim como todos os chefes ficam disponíveis para serem desafiados novamente, com níveis de dificuldade elevados a cada nova vitória, concedendo assim novos e melhores itens a cada nova vitória.

Quando não se está em uma fase, é possível passear pela tribo patapon, analisando seus pelotões, arrumando suas armas e equipamentos, jogando mini games de ritmo que serve para trocar alguns itens coletados.

Patapon 1 VS. Patapon 2

Como se trata de uma coletânea com dois jogos, talvez seja interessante apontar que mesmo semelhantes, ambos os títulos tem suas peculiaridades.

Talvez a mais óbvia seja dizer que o primeiro Patapon tem uma estrutura muito mais simples do que sua sequência, contudo também é um jogo bem mais desafiador do que os jogos que foram desenvolvidos posteriormente.

Por exemplo, manter o Fever Mode no primeiro é bem mais difícil, tento em vista que a partir do segundo jogo, quando o jogador erra o ritmo, um alerta aparece e dá uma nova chance de consertar o ritmo. No primeiro título isso não existe, então se errou, o estado de fever acabar e é preciso recomeçar tudo novamente.

Não só isso, mas a partir de Patapon 2, é apresentado uma árvore de evolução de todos os tipos de patapons, permitindo que o jogador possa escolher com melhor precisão e visão qual tipo de patapon deseja ter em seu esquadrão. Isso porque patapons são criados a depender dos tipos de materiais escolhidos, e não primeiro jogo não tem nenhum guia ou indicador, e vai muito do teste de “junta dois itens e veja o que sai“.

Não só isso, mas o conceito do herói a partir do seguindo jogo, traz um pouco mais flexibilidade as batalhas. Um patapon mais poderoso que os demais, com golpes apelões, é sempre mais prático do que somente as três unidades básicas. Funciona tão bem que esse elemento do herói se expande ainda mais no terceiro jogo. E é uma pena que Patapon 3 não está presente nessa coletânea.

 O segundo Patapon 2 também tem um pouco mais desse elemento de revisitar fases e estágios atrás de mais e mais itens, necessários para abrir novos patapons, melhorar o nível do que você já abriu, entre outras funções. No primeiro jogo, itens e moedas para criar novos patapons são bem mais limitados. A sequência, é também muito maior do que o primeiro jogo, ainda que reutilize diversos vários chefes do jogo original, juntamente com a adição de muitos novos chefes e tipos de inimigos e perigos, além de diversos novos ambientes e canções.

No geral, ambos os jogos de complementam, ainda que a curva inicial de ambos sejam um pouco semelhantes, o com jogador precisando aprender as canções básicas no segundo de uma forma quase parecida com que aprendeu no primeiro jogo, ambos os títulos tem conteúdo e atrações diferentes. Vale muito a pensa começar pelo primeiro, aceitar que é mesmo mais desafiador, e depois passar para o segundo, que tem mais uma pegada mais amigável, mas viciante da mesma forma.

Input Lag

No que diz respeito a remasterização oferecida por Patapon 1+2 Replay, acredito que alguns apontamentos precisam ser realizados. Para escrever essa análise, tive acesso ao jogo na plataforma do Nintendo Switch e tive a experiência do título diretamente no hardware do Nintendo Switch 2. Não vi pessoalmente como o título está se comportando no PC ou no PlayStation 5.

Mas pesquisando pela internet (Reddit e Steam), parece que há bastantes questionamentos, reclamações e jogadores perdidos no que diz respeito a latência de resposta dos controles, em determinadas condições, variando entre plataformas, monitores e até mesmo televisores. Um problema que também tive. Até mesmo os desenvolvedores acabam se manifestando sobre isso nesse comunicado na página do jogo no Steam.

No geral isso demonstra o quão complicado um título como Patapon é para funcionar apropriadamente em diversas plataformas, computadores, monitores e televisores com diferentes respostas de input lag, ou seja, o tempo que demora para o comando sair do controle do videogame e chegar até o console que corresponde isso com a TV. Se a sua TV tiver um atraso na imagem (ou no som), você vai responder errado no controle, e o timing do ritmo acaba saindo errado.

Meu caso. Tenho uma televisão TCL de 50 polegadas, que adquiri em 2019, não é tão antiga assim, onde descobri que no modo dock pelo Nintendo Switch 2, é praticamente impossível manter o Fever Mode acontecendo no primeiro Patapon. Imagem da TV com controle, com o som, simplesmente não se encaixam, no sentido de microssegundos que se faz necessário acompanhar a mecânica do jogo.

Não estou dizendo que tenho dificuldade em todos os jogos que uso nessa TV. Talvez parry em jogos como Dark Souls sejam bem suados de conseguir, mas no geral é uma TV que atende uma demanda básica para entretenimento e videogames. Mas nessa nova coletânea de Patapon… não rolou.

Mas é a TV ou é o sistema de dock do Switch 2? Sinceramente, não sei dizer. Não adquiri o título no PS5 para testar. Contudo, no modo portátil, o título funciona perfeitamente. Mantenho o Fever Mode de forma consistente e que dura todo e em qualquer estágio do primeiro jogo. Ora, se consigo no portátil, haveria de conseguir na TV. Não é o jogo então, é o que estou usando para rodar ele.

Patapon 2, como comentei mais acima, tem um Fever Mode mais generoso, então foi possível segura isso melhor na minha TV, mas ainda assim, é perceptível que é muito mais difícil, requer atenção e antecipação, do que quando rodo o jogo em modo portátil. Na TV sinto que estou a frente do ritmo para mandar, enquanto no modo portátil estou dentro do ritmo. Curioso, não?

Achei que os desenvolvedores poderiam soltar algum patch para melhor isso, devido a muitos relatos de jogadores mas não sei é possível equilibrar isso por meio de uma correção que facilitasse o tempo de resposta ou considerasse o atraso de alguns equipamentos, contudo, passado algumas semanas desde o lançamento do jogo, nada foi mencionado, então não dá para dizer se isso irá ocorrer.

Há nas opções de jogo uma opção de adiantar ou atrasar o tempo de resposta em 5 segundos. Mas é uma configuração um pouco complexa, porque o usuário aumenta ou diminui um número, e precisa ir até um dos jogos e ficar jogando para entender se deu certo ou não. Eu fiz vários testes e sinceramente não consegui configurar isso. Senti que faltou acessibilidade nesse tipo de configuração. De mexer no tempo de resposta e na mesma tela ter algum tipo de teste prático para conferir a melhor configuração. Ou o próprio jogo dar uma sequência para seguir e ele mesmo encaixar o tempo que a tela e o controle do usuário demoraram para se comunicar.

Entendo que isso pode frustrar um pouco alguns jogadores, então pode isso trouxe essa questão na análise. Em uma plataforma como no Switch/Switch 2, você pode jogar em modo portátil e tudo estará maravilhoso, mas admito que tenho curiosidade de saber se o jogo de sustenta bem no PlayStation 5 em qualquer monitor/TV ou até mesmo como ele se sairia no PlayStation Portátil.

Considerações finais

Patapon 1+2 Replay é maravilhoso no sentido do retorno de uma franquia que se manteve adormecida na última década. E sua chegada a novas plataformas, especialmente na versatilidade de algumas como o Switch/Switch 2 acaba permitindo uma experiência muito similar ao que o jogo entregava em seus tempo de glória no eterno PSP.

São dois jogos que continuam tão encantadores e viciantes quanto sempre foram no passado. Apresentando uma jogabilidade única e original, com personagens incrivelmente carismáticos, entregando bons desafios e mecânicas que imergem o jogador nesse mundo, com uma trilha sonora que gruda na cabeça, dentro de uma melodia inesquecível.

Claro que por mais que sejam jogos ímpares, há também que se avaliar a remasterização em si, que coloca ambos os títulos em novas resoluções e novas plataformas. Cumpre o básico, com resoluções que deixaram os jogos lindos, mas que peca em ir um pouco além do esperado nesse tipo de obra. Não há novos idiomas, não há nenhuma novidade técnica, nenhum modo novo, nenhuma adição. Não há surpresas, o que soa como oportunidade desperdiçada. Não só isso, mas é uma franquia que originalmente se completa dentro de uma trilogia, sendo que a coletânea não traz Patapon 3 para fechar o ciclo narrativo da tribo Patapon.

A coleção traz os dois primeiro jogos apenas, e lá fora está sendo vendido na faixa de 30 dólares. Há que se pensar se não teria sido melhor trazer toda a trilogia e cobrar um pouco mais por tudo. Dito isso, o valor de 15 dólares pelos dois primeiros jogos soa como uma boa oferta. Nas lojas nacionais o preço ficou entre R$140(Steam), R$160(PS5), R$170(Nintendo). O que diante da nossa atual economia, com o dólar acima de 5 reais, é o que conseguimos nessa faixa – podia ser até pior.

Meu único desejo era que a remasterização oferecesse algum frescor novo aos jogos clássicos. Quem jogou e debulhou os jogos no PSP, não irá encontrar nada de novo aqui. Em tempos onde jogos estão buscando opções de acessibilidade, para diferentes deficiências, imagino que impedir o input lag em alguns monitores deveria ser o mínimo esperado, mas não é o que parece acontecer. Nem mesmo uma galeria de extras e artes originais.

Por sorte, ambos os jogos são excelentes por si só. São obras intocadas que se sustentam até os dias de hoje. Quem nunca jogou, tem a oportunidade de ouro de conhece-los, e isso, por si só, já é algo muito valioso para a franquia e quem sabe, até mesmo para seu renascimento. Seja pata um Patapon 4, pelas mãos da Sony, seja pelo tal Ratatan, dos criadores originais agora sobre o comando de um estúdio independente. O ponto é que essa coleção coloca a fórmula dos comandos rítmicos mais uma vez em evidência!

Então, pegue seu tambor, aprenda a melodia e leve a tribo para a tão aguardada terra prometida. — Pata Pata Pata PON!

Galeria

Este slideshow necessita de JavaScript.

Dando nota

Remasterização simples, até demais, dá a sensação de que falta um tempero adicional - 7
Patapon 1 ainda é difícil e desafiador, propositalmente engesado - 8.5
Patapon 2 é maravilhoso, expande tudo e torna a obra mais divertida do que desafiadora - 9
Trilha sonora continua imbatível, grudenta e fenomenal - 10
Fórmula se mantém original, criativa e divertida, sem sinais de envelhecimento - 9
Input Lag, atraso na resposta entre ação e imagem pode ocorrer em algumas TV ou monitores - 6
No Nintendo Switch 2, em modo portátil, se obtém uma experiência incrível, bem próxima da experiência original - 9

8.4

PATA

Patapon 1+2 Replay é um resgate mais do que bem vindo de um dos maiores clássicos do PSP, um jogo que marcou época e se tornou icônico. Contudo há que se dizer que trata-se de uma remasterização simples, sem qualquer conteúdo inédito, sem localização em português e com uma questão de input lag que pode ou não ocorrer com alguns jogadores. Não só isso, mas a ausência de Patapon 3, que fecha a trilogia é perceptível. Dito isso, os jogos são incríveis, a fórmula não envelheceu um dia sequer. Ambos continuam fantásticos! No Switch 2, em modo portátil, a experiência é incrível.

Isso também pode lhe interessar

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo

Adblock detectado

Dê uma ajuda ao site simplesmente desabilitando seu Adblock para nosso endereço.