Batman O Inimigo Dentro | Ep. 1, O Enigma – Charadas e consequências! (Impressões)

É meio estranho a forma como o título da segunda temporada do Batman da Telltale Games, The Enemy Within, foi localizado para o Brasil como O Inimigo Dentro, não? Não que esteja errado, porém o título me dá a mesma ideia de Inimigo Interno. Soaria melhor assim… apesar de que se a intenção era fazer um título que chamasse a atenção, o que foi escolhido me parece mais indicado.

Tradução, adaptações e títulos à parte, Batman: The Enemy Within segue as aventuras do herói nesse universo paralelo na qual a Telltale tem adaptado e trabalhado para ter pontos distintos, impactantes e diferente de demais adaptações para games, cinema, quadrinhos e televisão que o morcego de Gotham já teve.

Se a primeira temporada já possui algumas ousadias perspicazes a segunda temporada chega chutando o pau da barraca. A Telltale já vem neste primeiro episódio dizendo e deixando bem claro que nenhum personagem, mocinho ou vilão, está a salvo. Qualquer um pode morrer a qualquer momento. E quando isso acontece aqui é de uma forma inesperada e repentina. O jogador não vai estar preparado para isso!

Minha única crítica em relação a matar personagens consagrados do universos do Batman se dá ao fato de que isso ainda está roteirizado linearmente dentro da trama em si. Não tenho como evitar ou escolher entre duas opções de quem vive e quem morre. Uma pena, porque isso já foi algo grande e desesperador na série da Telltale de The Walking Dead. Bem, digo “foi” porque já não sei dizer se agora o impacto para quem continua jogando a série permanece tão grande assim.

É preciso ter jogado a primeira temporada para depois jogar a segunda? Não necessariamente. Antes é importante esclarecer: quando digo primeira temporada estou me referindo aos cinco episódios de Batman: The Telltale Series. Esse título é o arco inicial de supostamente será uma série de jogos. Um arco que tem um começo, meio e fim. Um encerramento mesmo. Dê uma olhada nas impressões a respeito do game que já estão aqui no site.

Depois desse primeiro título está sendo lançado agora a sua segunda temporada, também composta por cinco episódios, sendo que apenas o primeiro foi disponibilizado na data da publicação dessa postagem e é o objeto destas impressões. Esta nova temporada é chamada de Batman: The Enemy Within (ou O Inimigo Dentro). Esta temporada também é um arco isolado, ainda que conectado de uma certa forma aos eventos e decisões dos jogadores no game que compõe a primeira temporada. Aqui é o começo, sendo que ainda é cedo para se fazer presunções sobre o meio e o final.

Tudo indica que a trama será melhor. Tudo bem se você não for um grande fã do Charada dentro da galeria de vilões do Batman. Ao contrário do Duas Caras e Pinguim no game anterior, o Charada não é o antagonista principal aqui. Na verdade tudo indica que o “João Ninguém”, no original conhecido como “John Doe”, aka o Coringa vai ser a grande estrela do espetáculo.

É claro que quem jogou o game anterior vai entender melhor certos pontos que esta nova temporada apenas menciona por cima, no sentido de o que levou o Batman e outros personagens secundários a estarem do jeito que estão aqui. Dá para citar o Alfred sofrendo de um certo stress pós traumático depois de ter sido sequestrado e maltratado no final do ano 1, ou o Batman já amiguinho do Gordon trocando figurinhas no holofote no terraço da delegacia de Gotham ou a forma como o Bruce pode ser meio mal educado com uma das administradoras das empresas Wayne, Regina Zellerbach. Estes são momentos que se conectam ao ano 1 e que quem jogou vai apreciar.

Felizmente em nenhum momento a trama vai soar confusa ou incompleta caso alguém esteja pensando em começar por aqui. É uma nova história com diversos novos personagens que criam um novo cenário e novas ameaças. Esta temporada também parece que vai trabalhar muito mais a faceta do Batman do que a do Bruce Wayne, como aconteceu na primeira temporada.

Novos personagens, novas dinâmicas

O Inimigo Dentro apresenta alguns novos personagens bem interessantes. Uns adaptados, outros ainda a serem melhor trabalhado em futuros episódios. Tem uma versão bem violenta do Charada. A chegada da sempre prepotente Amanda Waler e dos agentes Iman Avesta e Vernon Blake, sendo que Avesta tem um papel realmente grande no primeiro episódio, sendo a detentora de um dos melhores diálogos/interrogatórios contra Bruce Wayne que já vi. Há também a apresentação da filha de Lucius, Tiffany Fox, que é meio nerd tech e tudo indica que também terá um papel pesado a desempenhar ao longo da temporada. Sinto que neste episódio todas as minhas decisões na forma de como lidei com a Tiffany foram erradas.

Com estes novos personagens há basicamente três núcleos de eventos que mesmo interligados geram consequências individuais. Batman precisa prender o Charada, precisa saber lidar com Amanda enquanto também se cria um triângulo de poder, lealdade e confiança entre ela, o morcego e o Gordon e decidir o que fazer quando alguém próximo a ele morre no fogo cruzado dessa vida de herói de Gotham. Come pelas beiradas da trama um outro plot mostrando um Alfred cada vez mais vingativo, com pensamentos mais agressivos e que me deixa um tanto preocupado.

Não houve neste primeiro episódio grandes decisões que me deixaram dividido entre ter tomado a decisão certa ou me arrependido e desejar voltar atrás. Sinto que estou mais adestrado aos jogos da Telltale. Não há uma escolha boa muitas vezes. Abas vão gerar consequências ruins de uma certa forma que fará a trama andar para onde os roteiristas precisam levar a história. Ainda que o rumo de algumas conversas certamente eu teria levado de uma forma diferente.

João Ninguém

Um dos melhores momentos da primeira temporada da série aconteceu no quarto episódio, quando João Ninguém, esta figura que irá se tornar oficialmente o Coringa nesta segunda temporada, surge. Um favor pode ser prometido na ocasião, mas de forma alguma me comprometi a isso. Porém João volta para lembrar que tendo prometido ou não, ele ajudou Bruce de uma certa forma e que agora Bruce deve isso a ele. Será mesmo?

O fato é que claramente João já está puxando algumas cordinhas. Seu reaparecimento neste episódio da nova temporada já deixa bem claro que a insanidade está a solta em Gotham. É novamente um dos melhores momentos do episódio e onde rolam as melhores escolhas de diálogos. Sempre deixando o jogador tenso em saber como responder e lidar com esse personagem que você sabe que irá se tornar o Coringa.

Só que fica aquela dúvida: será que se o Bruce for legal com o João, ele irá se tornar “menos Coringa”? Porque no primeiro ano eu tive exatamente essa impressão quando consegui que Harvey não tivesse seu rosto desfigurado pelo Pinguim. Não o impedi de se tornar um vilão psicótico, mas achei que ao fim ele era menos Duas Caras do que inicialmente pensei que ele se tornaria. Será que consigo esse mesmo efeito aqui com o João? O melhor vilão está para surgir e não sei se quero evitar isso, se for possível evitar, é claro. Eu quero realmente o pior Coringa possível!

Mecânicas aprimoradas

Batman: O Inimigo Dentro traz alguma mecânicas novas e aprimoradas em relação ao joga anterior. O game agora avisa quando uma relação ou um sentimento com um personagem e o Batman/Bruce mudam diante das escolhas de certos diálogos.

Há vários momentos assim entre Gordon e o Batman neste episódio, na qual a relação de confiança e lealdade é colocado em prova, seja com revelações que chocam Gordon, seja com a pressão e imposição da chegada da Amanda Waler a Gotham. E são momentos em que o jogador torce para que esse vínculo entre a dupla não se rompa.

É um informe bem mais interessante do que os momentos em que o game ficam me dizendo “ele se lembrará disso”, como se eu conseguisse prever futuramente o momento em que o game me alertou dessa minha decisão. Estes informativos ainda existem, mas o da relação é bem mais explícito e funcional aqui.

O levantamento dos meus atos e decisões também está mais dinâmico quando o episódio termina. Agora o jogo também apresenta a forma como minhas decisões refletiram na personalidade de alguns personagens centrais da trama. Se eles ficaram tensos, nervosos, tristes etc em relação a forma como lidei com eles. Enquanto também mantiveram o formato tradicional, apresentando quantos em percentual tomaram as mesmas decisões que tomei e quantos foram pelo lado contrário nas cinco escolhas principais da história.

No que diz respeito a parte da ação, gostei das cenas de combate. O Quick Time Event, momento na qual o jogador fica apenas pressionando botões para dar continuidade a ação está tão bom quanto o capítulo final da primeira temporada. Agora é possível, em alguns momentos apenas, escolher o tipo de golpe que o Batman deve executar. É legal porque dá certo poder, ainda que bem limitado, ao jogador. Os botões também estão mais explícitos no sentido do jogador sentir se apertou ou não o botão e o game respondeu com exatidão. Esse era um problema que tive no jogo anterior, especialmente nos primeiros capítulos.

Entretanto nem tudo são flores, claro. A queda de quadros por segundo, frame rate, ainda persiste nos momentos em que o game precisa de mais ação, ao menos na versão em que joguei o game (Xbox One). Não atrapalha, mas é visível e pinica, como uma coceirinha, como se isso não devesse realmente acontecer. E tal como no primeiro ano, também acho chato essa coisa de não haver consequência por erros. É apertar no tempo certo ou Game Over e faça de novo. Ao menos dessa vez tiraram aquela barra que ficava enchendo no canto da tela que existe no game anterior e que não servia para basicamente nada.

Considerações finas

O primeiro episódio de Batman: O Inimigo Dentro entrega mais do que as expectativas diziam que iria entregar. E ao contrário do primeiro jogo, que precisava de tempo para se apresentar e explicar como seria esse universo que a Telltale estaria criando para o icônico Batman, esta nova temporada vem sem estes bloqueios de ritmo.

O game tem uma grande cena de abertura, tem uma reviravolta chocante em determinado momento que irá levar a morte, que não é a única do episódio, enquanto há momentos de diálogos realmente tensos entre personagens. Tudo isso somado ao brilhante personagem do João Ninguém, que rouba totalmente a cena quando surge para lembrar que ele é o astro dessa temporada. Temos que nos preocupar com ele.

Quem esperava encontrar charadas ou cenas de investigação inteligentes pode se decepcionar um pouco com o capitulo. O jogo até tentar criar alguns puzzles com a presença do Charada, mas não são enigmas que travam o jogador. Basta ir respondendo e tentando até acertar. Não há realmente um desafio. As cenas de investigação então foram bem óbvias pra mim. Não me surpreenderam, mas também não é a parte que mais aprecio nestes games da Telltale. Passei por estes momentos sem muita empolgação, esperando por mais momentos de impacto nos diálogos e decisões narrativas, que é justamente onde estes games da Telltale sabem fazer tão bem.

Tudo indica que as coisas estão só esquentando agora. O segundo episódio, O Pacto, chega já na próxima semana e com ele uma nova leva de inimigos e personagens entram na trama, incluindo aí a Arlequina. Será que a máscara de João Ninguém já irá cair logo no segundo episódio? Estou animado! O palhaço está chegando!

Trailers

Episódio 2 – O Pacto

Episódio 1 – O Enigma

Primeira Temporada

Galeria de imagens

Personagens continuam evoluindo e amadurecendo
Ninguém está a salvo da foice da morte da Telltale
Mecânicas foram refinadas e aprimoradas
Legendado em português (sem erros)
João Ninguém tem tudo para virar um ótimo Coringa
Queda da taxa de quadros incomoda um pouco

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