Star Wars Battlefront II | Melhor em 2018! (Impressões)

É inegável que a Electronic Arts e todos os estúdios responsáveis por Star Wars II Battlefront  – DICE, Criterion Games e Motive Studios – sofreram duras (e verdadeiras) críticas quando o aguardado game foi lançado em novembro do ano passado. As microtransações amarradas a um falho sistema de progressão mataram o título.

Para corrigir esse cenário muitas desculpas foram feitas. Além da promessa de que iriam consertar tudo que, desastrosamente, fizeram de errado com o jogo. As microtransações eventualmente foram retiradas e um novo plano para o sistema de progressão entrou em desenvolvimento. Este plano e o novo sistema foi lançado agora no último mês de março.

Antes disso, em dezembro, o título também recebeu os primeiros conteúdos adicionais. Chegaram a todos os jogadores totalmente de graça, sem qualquer custo adicional. Estavam inclusos nesse conteúdo a expansão da campanha single player, chamada Ressurreição, trazendo o final da jornada de Iden Versio, e novos conteúdos multiplayer baseados em cenários de Star Wars VIII – Os Últimos Jedi. Incluindo aí Finn e Capitã Phasma como personagens jogáveis nos modos online que utilizam personagens especiais.

A sensação é que Star Wars Battlefront II hoje é um game totalmente diferente daquele lançado em novembro. Bem… maios ou menos. O gosto amargo deixado pela ganância de ganhar dinheiro por meio de microtransações ainda não sumiu completamente. Porém, de certa forma foi uma lição importante à indústria de desenvolvimento de games como um todo.

Sendo assim, feito todas as desculpas. Consertado toda a situação. Lançado conteúdos gratuitos. Melhorado o sistema de progressão. Acredito que este sim é um momento interessante para analisar Star Wars Battlefront II. Diferente do produto lançado em novembro, as impressões deixadas pelo título para aqueles que estão chegando ao mesmo agora certamente são bem mais positivas.

A jornada de Iden Versio

Vou dizer logo de cara: eu gostei da campanha de Star Wars Battlefront II. É uma história habitual do universo de Star Wars, e imagino que até mesmo contada inúmeras vezes em outras mídias que trabalham a franquia, com outros personagens em situações similares. Não é ruim, mas está muito aquém de ser algo fantástico. E mesmo assim me diverti e me empolguei.

Há duas críticas principais em torno da campanha: é curta e não é aquilo que a EA tentou vender antes do lançamento do game, que seria uma trama sobre o lado negro da força, de uma agente do Império Galáctico. São pontos razoáveis de discussão, ainda que não devem incomodar a todos.

Iden Versio de fato é uma figura importante para o Império, e o jogador começa o game desse lado da história. Porém, eventos e circunstâncias prematuramente mudam esse status. Entendedores entenderão. Iden segue tendo uma história legal, porém ela está longe de ser uma vilã. Muito pelo contrário.

É clichê, mas é o que Star Wars também sempre se torna, seja nos filmes, nos livros, ou até mesmo nos games. Talvez houvesse aquela expectativa de ser algo como Star Wars: Force Unleashed, lançado na geração passada, onde o protagonista também atuava no lado sombrio da força. Não é. Expectativas erradas acontecem.

  • Conclusão um mês depois, na expansão Ressurreição

O que teria me irritado muito, caso tivesse jogado essa história em novembro, seria mais o fato da campanha em seu lançamento não ter um final conclusivo. Na verdade o que havia era uma gancho para sua expansão. Esta que viria a ser lançada em dezembro, um mês depois do título ter sido lançado. Um salto de 30 anos na história da Iden, que aí sim conclui e encerra a jornada da protagonista. A expansão chamada Ressurreição.

Gostei do final realizado na campanha Ressurreição. Esse sim é um bom final. Talvez as coisas sejam meio apressadas nessa expansão. São apenas 3 capítulos adicionais ao modo campanha, mas tudo funciona bem neles.

Só achei vacilo que o último capítulo da campanha principal ser justamente um gancho para essa Ressurreição. Imagino que foi esse corte de interrupção de um mês na trama que irritou alguns jogadores. Porquê o final antes do salto de 30 anos é um bom final também. Originalmente a história poderia ter sem encerrado ali.

  • Nem tão curto assim

Já no que diz respeito ao argumento da campanha ser curta, podendo ser originalmente finalizada em apenas quatro horas, digo que é um ponto meio exagerado.

Jogando às pressas, sem apreciar direito a aventura, indo muito bem em algumas missões, de fato a campanha pode ser finalizada muito rápida. Comigo a experiência foi um pouco diferente. Houve alguns capítulos em que realmente demorei para vencer certos objetivos dentro deles.

E a campanha também tenta criar ritmos distintos. Há missões com naves e veículos do universo da franquia, em outras com ambientes abertos em que o jogador precisa ser furtivo ou sobreviver a hordas de inimigos enquanto defende um ponto. Também existem alguns momentos de corredores de diálogos (como ocorre em jogos como Gears of War).

Há também uma quantidade impressionante de longas cenas animadas em computação gráfica entre o início e o final das missões. Por diversos momentos tive a sensação de estar assistindo a um filme de Star Wars, o que não achei necessariamente ruim. A qualidade destas CGI no game são incríveis e criam o contexto dos atos e motivações de muitos personagens.

Em termos comparativos, a campanha de Star Wars Battlefront II é tão dinâmica, talvez apenas um pouco menos, do que a campanha de Titanfall 2. Que por sinal esta foi bem elogiada pela crítica (e também aqui), mesmo sendo mais curta do que um game que tem como foco principal uma campanha single player teria.

Mesmo com todos estes pormenores, a campanha ainda se esforça adicionando colecionáveis e também três modalidades de dificuldade. Não é um modo que sustenta um game solo, mas complementa muito bem todo o mix de conteúdo que é oferecido ao jogador.

Disputas online (Multiplayer)

Para entender como está funcionando atualmente o multiplayer de Star Wars Battlefront II é preciso entender como ele era originalmente. Basta saber que todo o sistema de progressão estava todo amarrado a um sistema de loot box (caixa sortida de recompensas). Atrelado a um sistema de compras com dinheiro do jogo e também com microtransações com dinheiro real.

Estas caixas davam cartas que permitiam pequenas melhorias em classes, personagens ou veículos. Melhorias como causar maiores danos, melhorar defesa e recarregar mais rapidamente habilidades. Estas cartas também possuíam quatro níveis de qualidade. Sendo a mais alta a que tinha um percentual maior daquilo que ela aprimorava.

Era um sistema ruim, tanto porque não existia opções de caixas que eliminassem a aleatoriedade excessiva das mesmas. Se tirava muitas cartas de classes, veículos e de personagens que o jogador sequer usava ou possuía. O sistema ainda exigia uma quantidade absurda de dinheiro de jogo para se destravar personagens especiais. E as caixas davam cartas de personagens que o jogador sequer ainda tinha obtido.

Em resumo, era um sistema ruim ainda que não houve microtransações. Foi nesse ponto que a comunidade e a crítica fizeram ser ouvida. Obrigou a EA a se retratar e prometer que mudanças seriam realizadas. E foi o que aconteceu.

  • Sistema de progressão, versão 2018!

Esqueça microtransações, esqueça loot boxes. Star Wars Battlefront II não tem mais nada disso. A atualização de março apresentou um sistema totalmente novo de progressão multiplayer. O jogador sobe de nível apenas jogando e ganhando pontos em partida (Battle Points), que também são usados para usar veículos e personagens especiais nas modalidades em que isso é possível.

Tudo está destravado. Todos os veículos, todos os heróis e vilões. O que está travado por meio de um processo de progressão são justamente as cartas de aprimoramento. Assim todo jogador agora sobre de nível igual.

Ao chegar no nível 2, duas cartas são liberadas. Isso também ocorre no nível 5, 10, 15, 20 e 25. Só lembre que cada classe, cada veículo, cada personagem especial tem seu nível individual. Ou seja, pode-se subir de nível na classe de assalto, enquanto outro jogador pode se dedicar a outra classe, como especialista.

Cartas liberadas precisam ser desbloqueadas. E aí entra os pontos de habilidade que o jogador recebe em cada classe, veículos ou personagens especiais. O jogador pode usar esse ponto para liberar o uso permanente de uma carta e também pode utilizar para aprimorar uma carta já liberada.

Isso porque o sistema antigo tinham cartas de níveis diferente. Isso continua aqui. Sua carta de causar dano pode ficar mais forte conforme mais pontos de subida de nível o jogador obtiver para usar em cartas. E fica à escolha do jogador: ter mais opções diferentes de cartas para utilizar, ou pegar uma ou outra especificamente para aprimorá-la ao máximo.

  • Melhor dessa forma

Eu gostei desse sistema. Ainda que seja muita coisa que suba de nível individualmente, incluindo as próprias cartinhas, – que são muitas – a sensação de estar sempre progredindo é constante e prazerosa. Muito superior ao sistema de microtransações e loot boxes. Não há dúvida alguma nisso.

O jogador tem apenas que se dedicar as classes, personagens, veículos e cartas que mais lhe interessar. É um sistema que requer tempo e dedicação. Ao revés de que não se pode mais pagar com dinheiro de verdade para acelerar esse processo.

Tenho pra mim que se o sistema fosse assim desde o começo, e em contrapartida também houvesse essa opção de acelerar o nível do jogador pagando por tal, teria sido menos ofensivo e incomodado bem menos a comunidade. Capaz de nem dar a polêmica que deu.

O grande mal mesmo dessa geração é esse elemento máquina de caça níquel atrelado a recompensas aleatórias e sortidas na qual você nunca sabe o que irá receber. Isso deveria acabar em todos os games, mantendo apenas recompensas cosméticas… e olhe lá.

Por fim, agora a frustração é menor ao se deparar com um adversário que tem cartas de grande nível de melhorias atreladas em uma classe de alto nível. Ao menos você sabe que o cara se esforçou para chegar até esse ponto. E não que apenas pagou pra ser melhor do que você.

Não faltam opções de modos

Se há algo que merece elogios em Star Wars Battlefront II é sua quantidade absurda de modos, cenários e opções para se desfrutar no multiplayer online.

Ataque Galático, que coloca vinte jogadores contra outros vinte ainda é a modalidade mais jogada e potencialmente a mais divertida. Há tantos mapas e eles possuem um ciclo tão bem feito de rotatividade que é quase impossível jogar o mesmo duas vezes seguidas.

Esse é o modo onde o jogadores devem executar objetivos enquanto a equipe adversário tenta impedir. A ideia é que eliminem a equipe da missão até que o número de 100 respawns (vidas extras do grupo) cheguem ao fim. Nesse modo o jogador usa as quatro classes bases, enquanto acumula pontos para usar heróis ou veículos.

Tive inclusive a impressão de que os desenvolvedores aprimoraram ou reduziram a quantidade de pontos necessários para se usar os heróis. Essa era uma reclamação também no lançamento original. Agora parece tranquilo usar ao menos um vez na partida um herói, mesmo que acabe sendo o mais barato.

  • Naves e heróis

Diferente do Ataque Galático, o multiplayer ainda conta com outros modos tão divertidos e interessantes quanto. Ataque com Caça Estelares, por exemplo, é um modo apenas com naves, de doze versus doze jogadores. Similar ao Ataque Galáctico, também é uma modalidade onde um lado tenta cumprir uma meta, enquanto a outra tenta acabar com as vidas extras do time contrário.

Aliás, todo o multiplayer de Star Wars Battlefront II é baseado nesse conceito de realizar metas enquanto os adversários tenta impedir. Em alguns modos tais metas são mais simples. Como defender uma base ou roubar algo dentro do mapa. Ou apenas destruir alguma coisa.

Há apenas um modo, chamada Batalha, onde dez contra dez jogadores lutam entre si em um mata mata mais tradicional. Cada time tem direito a 100 vidas, compartilhada entre todos. O time que esgotar o respawn do time adversário vence.

Há também modalidades com um menor número de jogadores, como Heróis contra Vilões, onde são quatro contra quatro jogadores. O objetivo aqui é eliminar o alvo predeterminado pelo game. Sendo ao fazer isso, um outro jogador aleatório é selecionado para ser o alvo. Vidas são infinitas. O jogo só acaba quando um time eliminar o 8 alvos em uma rodada.

Essa modalidade, alias, é excelente para subir de nível um personagem especial. Afinal nos outros modos, onde eles são usados acumulando pontos de batalha, acaba se usando-os por um tempo muito menor. E muitas vezes pontuam bem menos porque todos os outros adversários ficam loucos para eliminar um Luke Skywalker ou Darth Vader ao avistá-los na tela.

Considerações finais

Star Wars Battlefront II talvez tenha sido um dos títulos mais odiados em 2017. Não tiro as razões para tal. Entretanto, acredito que o game soube se redimir de tudo que fez de errado em seu lançamento.

As microtransações foram eliminadas, o sistema de progressão foi totalmente refeito e não há mais loot boxes. Agora finalmente se sobe de nível de forma natural e de uma forma em que o jogador decida como quer se aprimorar.

O conteúdo de expansões, que certamente seriam bancados por meio do extinto sistema de monetização imposto no lançamento, continuou gratuito. E a equipe de desenvolvimento promete que mais desses conteúdos irão ser lançados em 2018. E ao que indica vão continuar de graça para todos que adquiriram o jogo.

Apesar dos pesares, Star Wars Battlefront II continua com uma boa comunidade online. Estou testando o game há algumas semanas e em nenhum momento encontrei dificuldade para achar partidas em seus principais modos online. Tudo rodou bem, sem lag e sem jogadores escrotos em nível máximo (mas eles existem).

E novos jogadores devem chegar quando o título for liberado em algum momento desse ano no catálogo do EA Access. Então ainda há gás para sua comunidade online ao longo desse ano.

A campanha me entreteve como não achei que conseguiria. Bem dublado (em português), com ritmo e diversidade de gameplay. Não é isenta dos clichês da franquia Star Wars. Nem é uma história do lado negro, mas certamente é uma história do universo de Star Wars.

  • Olhando o futuro

Para daqui em diante, a EA prometeu que o dinheiro virtual que está atualmente sendo adquirido no multiplayer online voltará a poder ser usado. O estúdio não menciona ainda dinheiro real. Mas a promessa é que apenas itens cosméticos poderão ser adquiridos com estes créditos.

Enquanto isso, para incentivar a comunidade a se manter jogando, skins temáticas e especiais para os personagens tem sido liberadas como desafios de jogos ao final de semana.  Faça tantos pontos, jogue tantas partidas. Coisas que não são exaustivas de serem realizadas. Admito que tem sido bem divertido.

Acredito que, ao fim, Star Wars Battlefront II entrou nos eixos. Talvez não aquela IP que monetizaria horrores nas custas de seu público. E sim aquele na qual a comunidade de jogadores de fato espera que qualquer jogo online seja ao final do dia. Muito conteúdo, boa progressão e sem caça níquel de cartinhas que dependam de sorte e azar. Com isso, certamente vale a pena conhecer a versão de 2018 do game.

Galeria de imagens

Boa campanha, melhor com a adição de Ressurreição
Conteúdo de Os Úlitmos Jedi é excelente
Novo sistema de progressão no multiplayer online
Muitos modos online, com diferentes regras
Cicratrizes ficam, mas não há mais microtransações
Bem localizado, com dublagem em português

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