Crítica | O que esperar quando você está esperando! – Eu fui!

(Por Pedro Ivo)

O livro O Que Esperar Quando Você Está Esperando já vendeu mais de 13 milhões de cópias desde o seu lançamento em 1984, e é destinado principalmente a mães de primeira viagem. Como praticamente tudo o que faz sucesso, Hollywood encomendou uma adaptação. Mas tem um pequeno problema: o livro não tem história nenhuma. É apenas uma sucessão de perguntas e respostas sobre gravidez dos primeiros aos últimos meses de gestação. Mas desde quando isso é um empecilho para os engravatados de Los Angeles? Desesperados pelo lucro fácil, contrataram um roteirista qualquer e um diretorzinho de esquina e lançaram O Que Esperar Quando Você Está Esperando, o filme. Uma produção que nem de longe espelha as qualidades da obra original e que jamais será útil para as mamães ao redor do mundo assim como o livro é até hoje.

Transformaram o livro numa comédia romântica que acompanha a vida de diversos casais grávidos, e as dificuldades que cada um deles tem durante o processo. Mas ao invés de agregar algum valor informativo, ele se limita a tentar fazer graça de tudo segundo após segundo (conseguindo ser mais irritante que alguns dos piores de besteirol), mas nunca passa disso – as tentativas jamais se concretizam. Da década passada para cá vem surgindo no sub-gênero da comédia romântica a tendência de realizar filmes com várias tramas amorosas, e dentre as mais recentes nesse estilo cito os péssimos Noite de Ano Novo e Idas e Vindas do Amor. É de se espantar que mesmo com dois precedentes tão ruins, este O Que Esperar (vamos encurtar, né?) não faça esforço algum para se diferenciar, para levantar a bandeira e dizer “ei, filmes assim ainda podem dar certo!”.

As histórias que acompanhamos ao longo das quase duas horas de filme são as seguintes: a de uma mulher viciada em exercícios físicos que engravida de um dançarino (o Mr. Schuester de Glee), e tem que lidar com a pressão da mídia por ser uma celebridade; Jennifer Lopez faz par com Rodrigo Santoro, e o casal enfrenta as incertezas da adoção; a de um casal interpretado por Ben Falcone e Elizabeth que demorou dois anos para conseguir engravidar, mas sente frustração pois o pai do personagem de Falcone conseguiu engravidar a nova esposa sem nem querer; e a de um casal improvavél de jovens que engravida após uma noite sem compromisso. Aliás, esse último merece um comentário em separado: é a única trama que tenta trazer algum peso dramático ao filme, mas que falha exatamente por parecer tão distante da realidade da produção (além de ser bem rasa).

Um clichê desse sub-gênero é o do sujeito que, apaixonado mas sem saber o que fazer, pede ajuda a um amigo. Em O Que Esperar ocorre algo semelhante com Alex, personagem de Rodrigo Santoro. A diferença é que as inseguranças do rapaz referem-se ao fato de que muito em breve ele será pai, então ele faz com uma espécie de “clube da luta dos papais” (a ideia não foi minha, no próprio filme dizem isso), um grupo onde pais se reúnem uma vez por semana para basicamente reclamar de como muitas coisas mudam para pior de depois do casamento e do nascimento dos filhos. Eles até mesmo idolatram um sujeito chamado Davis, que adota o estilo de vida solteirão – viaja o tempo todo, não quer saber de relacionamento sério, etc. Fica bem claro para os espectador desde o primeiro encontro de Alex com o tal grupo que isso não o ajudaria a se acalmar com a ideia de ser pai. Mas mesmo assim ele continua frequentando! Poxa Santoro, não custava nada ter parado de ir pra deixar o filme mais curto!

Não se deixe levar pelo nome. O Que Esperar Quando Você Está Esperando pode até ser “baseado” (se é que dá pra chamar de baseado quando a obra original não tem enredo) num dos mais importantes livros sobre gravidez já lançados, mas para por aí. É um filme que provavelmente passaria despercebido no meio da enxurrada de comédias românticas lançadas anualmente não fosse o seu título. 100% dispensável, daqueles que você só vai ver para não deixar a namorada chateada (e após muita insistência da mesma).

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