The Solus Project | Um mistério na solidão de Gliese-6143-C! (Preview)

A desenvolvedora Grip Digital disponbibilizou há algumas semanas o acesso antecipado ao game The Solus Project, via Early Access na Steam e Game Preview no Xbox One. O game continua em desenvolvimento e com previsão para lançamento completo para maio desse ano.

The Solus Project é um game de sobrevivência em primeira pessoa, com uma campanha envolvendo a queda de um astronauta em um misterioso planeta, sobre a premissa dele ser o último ser humano vivo, já que toda a raça humana já foi extinta do planeta Terra. E o jogador como o último remanescente de toda a raça humana, se vê como um náufrago espacial, envolvo em um misterioso planeta. Como a extinção da Terra e um astronauta perdido em um planeta qualquer da galáxia se misturam em uma mesma trama o jogador só descobrirá jogando a campanha do game.

O planeta, chamado Gliese-6143-C, não é um planeta de fácil sobrevivência. O maior inimigo do jogador é decididamente o próprio clima do planeta, pois a temperatura cai a níveis congelantes durante a noite, e durante o dia a temperatura torna impossível de exploração com o sol a pino, restando apenas as sombras para amenizar o intenso calor.

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Entretanto o clima não é o único empecilho imposto ao jogador. A proposta aqui é sobrevivência, então seu personagem possui status que devem ser levados a sério ou seu personagem realmente morre. O jogador precisa ficar alerta a status como nutrição, hidratação, cansaço e temperatura corporal. O game dá ao protagonista da história um pequeno aparelho que lhe permite medir todos estes status e o mesmo emite bipes quando qualquer um dos status estiver a níveis preocupantes.

Normalmente games de sobrevivência possuem uma forte influência da necessidade de serem games em mundo aberto, e apesar de The Solus Project permitir uma exploração livre, definitivamente o game não é um sandbox, pois o objetivo do jogo é seguir uma trilha quase linear para descobrir mais sobre os enigmas do planeta na qual o astronauta encalhou.

Sendo assim o game tem uma campanha onde há um caminho predeterminado a ser percorrido. The Solus Project me lembrou um pouco daquele clima que Metroid Prime possui, especialmente por se tratar de um ambiente alienígena, porém aqui não há os combates de tiro em primeira pessoa em meio a inúmeros inimigos insetóides. Isso porque aparentemente não há vida em Gliese. Nem mesmo animais! Apenas vegetação, que alias é seu principal recurso de alimentos e nutrientes para sobreviver em sua jornada.

Porém logo no começo da campanha fica muito claro que o planeta já foi habitado, ou talvez ainda seja e os habitantes estejam escondidos. Não tem como saber sem se aprofundar campanha adentro. Claramente houve uma civilização no planeta, escondida em templos dentro de cavernas, com estátuas e escadas que te levam para um gigantesco subsolo de escuridão, silêncio e alguns sustos.

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A imersão proposta pela tensão da história é realmente um dos belos prazeres do game. Ficar de olho nos status de seu astronauta perdido representa uma grande agonia, especialmente quando se começa a explorar as profundas cavernas do game e os recursos vão ficando cada vez mais limitados.

E é até de estranhar um pouco um game com tal proposta; de ser uma aventura single player tensa e misteriosa. Especialmente em tempos de shooters e multiplayers online. The Solus Project certamente corre por uma trilha bem diferente do que é realmente popular nos dias de hoje. E isso é ótimo!

Não dá para enquadrá-lo como um game de survival horror, pois apesar do largo tempo em que você passa nas escuras cavernas do game, o efeito aqui é mais o de ficar tenso e alerta do que de tomar sustos e ficar com medo. Não é um game para dar medo, mas para ser surpreendido, e isso são coisas bem diferentes. Quer dizer, não é uma tarefa fácil separar as duas coisas, mas é interessante descobrir após algumas horas de jogatina que as premissas do game se mantém, e não há nada ainda de combate contra inimigos ou seres alienígenas. Nem mesmo armas eficientes de combates cheguei a encontrar na minha jornada inicial. O foco pelo que senti até onde joguei é realmente de explorar um mundo cheio de perguntas que somente se o jogador avançar na história elas serão respondidas.

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Claro que isso também gera um grande risco à The Solus Project: de que a sua narrativa se vê obrigada a manter a qualidade e tensão até o fim, sem decepcionar ao jogador quando tudo for esclarecido. Existe então uma grande responsabilidade pela qualidade da história como resultado final de todo o game, ainda que haja uma parte de mim que diz que a própria jornada e o desafio em si também valha a pena, mesmo que o enigma final não seja tudo aquilo que o jogo parece prometer que será.

E eu ainda posso responder isso, pois não sei e ainda não quero descobrir até onde o acesso antecipado pelo programa do Game Preview me permite ir na campanha. O jogo segue em desenvolvimento e muitos bugs serão corrigidos e algumas opções de jogo ainda serão inseridas. Não quero terminar o game ainda!

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Cheguei a dar uma olhada nos gameplays no You Tube da versão de PC e notei que há linhas de falas (em áudio) que na versão do Xbox One ainda parece que não foram inseridas. Nem mesmo as legendas parecem funcionar como deviam. O que é perfeitamente normal neste estágio de desenvolvimento e especialmente tendo o PC como plataforma principal – Ark Survival Evolved que tenho também no Game Preview do Xbox One também tem um atraso nos updates em relação a versão de PC. Então é o caso de apenas ficar de olho, testar um pouco e ver o quanto as coisas vão sendo inseridas até seu lançamento oficial em maio.

O que também não dá para saber é se quando o game for lançado por completo o estúdio irá manter o mesmo preço cobrado agora: apenas 29 reais! O que, diga-se de passagem, é um excelente preço para um acesso antecipado. Você paga agora pelo game e depois não paga mais nada, entretanto se você deixar para comprar quando o mesmo for lançado, aí não existe uma garantia real que o estúdio vá manter o mesmo preço utilizado agora. Ainda aqui no Brasil onde dois espirros políticos e o dólar baderna todos os preços dos games por aqui.

Antes de encerrar esse preview, acho importante comentar sobre mais dois pontos que gostei bastante dentro da mecânica de jogabilidade de The Solus Project. Uma destas mecânicas é a respeito do dispositivo infinito de teletransporte. O que é isso? Trata-se de um eficiente dispositivo que arremessa um disco, a uma distância curta distancia, e o jogador pode se teletransportar exatamente para onde o disco foi arremessado.

É um item obrigatório do game, você o coleta antes de entrar na primeira caverna do game. O que mais me impressionou é poder arremessar o disco e o mesmo ficar ali, pelo tempo que você precisar, enquanto o jogador não arremessar um novo disco, fazendo então o anterior sumir.

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Parece bobeira, mas não é. Encontrei utilidade nisso quando avancei nas profundezas da caverna inicial da campanha e me encontrei em um trecho de quatro caminhos, sendo um deles fechado por uma grade. O disco não atravessa a grade (eu tentei). Ok, justo. O segredo estava em seguir os outros três outros caminhos, destravar as chaves que existem em cada um deles e voltar para a grade fechada. Ao final de cada caminho se faz necessário voltar ao ponto inicial para poder explorar a entrada dos caminhos restantes. Que saco, não? Ir e voltar pelo mesmo lugar… só que não precisa! Você deixa um disco no ponto inicial, da grade fechada. Vai pelo caminho 1, destrava a chave e bum, se teletransporta pro disco em frente a grade. De lá, caminho 2, destrava a chave e bum, retorna ao ponto inicial pois o disco ainda está lá. Faz o mesmo no caminho 3 e pronto, tudo resolvido, sem qualquer vai e vem! Eu achei isso excelente. E essa é a importância de ir longe do disco arremessado e ele não sumir por conta disso!

Outro recurso bom para o disco? Há certos pontos do jogo onde você tem comida infinita e água infinita. Geralmente você chega nestes pontos com seus status no limite da morte. Recarrega tudo e vai adiante. E se você deixar um disco em um destes pontos? Avançou demais, devagar demais, sem recursos suficientes? Bum, use o disco e retorne ao ponto inicial. E aí você planeja melhor como continuar pelo caminho, indo mais rápido ou sendo mais econômico com seus recursos (economizando mais).

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O segundo ponto que merece elogios são os itens utilizados para se manter vivo no game. Semana passada estava conversando com leitor guilhermeprotzner nos comentários da postagem de Far Cry Primal e no sistema que muitos games hoje em dia usam e chamamos de visão do caçador, que é uma espécie de “Olho de Thundera” (referência de Thundercats, por favor diga que você sabe disso), e que facilita as vezes demais a vida do jogador. Bem… The Solus Project não tem isso!

Os itens que podem ser manejados não brilham ou ficam com cores diferentes, mas há sim um pequeno sinal de exclamação próximo, alertando inteiração do jogador quando você está perto de um objeto interativo. Mas é só isso. Nada de ver um item a 20 metros de distância, ver através de paredes, deles brilharem ou trilhas por caminhos a serem seguidos. O game não facilita nada nesse ponto. Dentro das cavernas é até possível se perder ou se perguntar se é por ali mesmo que você deve ir. Você suspeita a todo momento se está na trilha certa e se haverá recursos o suficiente para seguir adiante.

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E há um número limitado de itens que você pode levar consigo. Garrafas d’águas esvaziam e você pode encher quando encontrar água, mas mesmo assim há riscos de não conseguir chegar em um ponto de salve ou de recursos da mochila acabarem antes de chegar ao final do trecho final para o próximo checkpoint. É preciso se preparar e não presumir que todo o caminho pode ser feito com os itens em que você vai encontrar pelo caminho, pois provavelmente eles não serão suficientes.

Um outro problema de status é o cansaço. O jogo tem um tempo em que seu personagem pode ficar acordado. Eu me encontrei em um problemão em um momento dentro de um templo onde percebi que precisava dormir e meus status de água estavam baixos. Dormir faz você acordar com fome e sede e se não houver como resolver isso, você morre logo após acordar. Precisei dormir o mínimo possível até achar um ponto de água e comida para poder dormir tudo que precisava. E há apenas duas situações onde o game salva: nos pontos de checkpoints, que são pilastras que você ativa ou quando o jogador dorme. O game é cruel em não deixar você salvar a cada esquina virada, e está certo fazer isso dentro de sua proposta.

Claro que o gerenciamento de itens também lhe permite criar outros itens. Criar tochas com canos e cipós secos encharcados em óleo, pedras lascadas para abrir latas e cortar fios e assim por diante. Há também alimentos que bagunçam seus status. Com fome e sede? Há uma planta que te sacia quase todo o nível de fome, porém te deixa com muita sede, esvaziando seus status de hidratação. É um perigo essa planta, pois ela pode estar em locais longe de água! Imagine só.

Andar em lagoas submersas também é um risco no game. Pois você fica molhado e se demorar demais na água começa a ter hipotermia. É preciso fogo, e muito, para lhe secar e te aquecer, e em cavernas úmidas isso não é tão simples assim.

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The Solus Project é um excelente Indie Game. As primeiras três horas de campanha não me apresentou nenhum grande puzzle complicado, apenas me deixou tenso e imerso dentro de sua história, o que provavelmente foi algo excelente. Há desafio, há imersão e há uma maneira diferente de jogar, sem ter que matar inimigos, com a ação se tornando em tensão, e isso é muito bom. O preço dessa versão antecipada é excelente e tentadora, e o estúdio de desenvolvimento realmente perece empenhado em entregar uma ótima narrativa de lhe deixar curioso para ver até onde você sobrevive e se consegue resolver todos os mistérios que o game lhe apresenta!

Neste ponto, certamente vale arriscar se o relato lhe deixou interessado!

Vídeos

Como suspeitava, a campanha está sendo liberada aos poucos. A segunda parte (+6 horas de gameplay segundo o vídeo baixo) foi liberada hoje!

Narrativa densa e imersiva
Ação é trocada por uma exploração e muita tensão
Sistema engenhoso de suporte vital
Preço honesto para um Indie Game
Versão para Xbox One ainda inferior ao PC
Sem localização para português (por enquanto)
Inserção de um inteligente sistema de teletransporte

The Solus Project apresenta uma proposta inteligente e engenhosa. Ainda em desenvolvimento, mas realmente promissor!

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3 Comentários

  1. Pois já peguei, mesmo não gostando de arriscar com gamepreviews. A atmosfera é essa mesma que vc disse. Fique esperto se não vc morre. Pra mim isso é mais assustador que monstros. A sensação de não saber o quem tem no fundo daquele poço ou de que se vc comer a planta errada, é game over. Valeu pela dica Thiago.

  2. Mano tou jogando este game a uma semana simplesmente brilhante eu como assíduo leitor e consumidor de coisas do gênero sci fi amei este game, o level design não é um The Vanish of The Ethan Carter, mas também não deixa a desejar nem de longe, são lindos os cenários principalmente os das cavernas e templos, me lembra a Prometheus (apesar do filme ser fraco), sou fã do primeiro Alien e do criador do concept design do filme H.R Giger, gostei tanto do game que não tive decepção desde o primeiro minuto e imploro para que não acabe logo, sempre exploro qualquer fendinha sequer já para não seguir o ritmo da campanha e ter o desprazer de termina-lo logo. e mais a trilha é boa não tenho o que criticar gostei, mas ousei um pouco já que jogo em PC, desativei a trilha do game e pus a trilha original do filme Alien o oitavo passageiro, Interestellar e Prometheus. velho … uma imersão de outro mundo !! LITERALMENTE !!! fora isto só faltava um Rift pra ficar perfeito !

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