Rurouni Kenshin – Versão do Autor – Vol. 1 | O erro de nunca ler lido ou assistido Samurai X? (Impressões)

Em fevereiro desse ano a Editora JBC lançou aqui no Brasil um especial em dois volumes chamado Rurouni Kenshin – Versão do Autor, uma edição toda diferente do universo de Samurai X (como a série antigamente era conhecida por aqui) e é sobre essa obra que quero comentar um pouco nesta matéria.

A versão do autor na verdade é uma realidade alternativa da história do mangá original. O autor Nobuhiro Watsuki foi chamado novamente em 2012 pela Shueisha, após tantos anos sem mexer no mundo de Rurouni Kenshin para fazer algo especial por ocasião de um filme live action, que foi produzido no Japão mesmo, contando a uma nova geração as aventuras do espadachim andarilho.

A história de como essa edição especial surgiu é contada com muitos detalhes nas páginas extras no final da edição. Lá Nobuhiro conta que o convite foi feito sem que houvesse uma definição do que ele poderia fazer ao revisitar o mundo de Kenshin. O autor afirma que não queria contar nenhuma história após o final original do mangá e então veio com a ideia de uma história resumida e alternativa para a obra. Ele chega a citar como adora os quadrinhos americanos, onde se pratica muito essa ideia de realidades alternativas para tantos super heróis famosos. E foi o que ele fez aqui.

Há uma clara indireta também do autor em relação ao filme live action. Ao menos foi o que senti na tradução realizada pela JBC. Nobuhiro cita como em um filme prevalece a visão do diretor muito mais do que a visão do autor ou da obra. Como tudo isso gera algo diferente as vezes. Ele cita mídias diferentes e tal. No fim, esse especial é meio que uma resposta dele ao live action, na minha opinião, é claro. O diretor fez sua visão alternativa de Samurai X e Nobuhiro fez o mesmo, conseguindo a oportunidade de recontar tudo de novo, de forma impressionantemente resumida, e assim apresentando sua obra a novos leitores, sem que necessariamente ignorassem os velhos fãs, que puderam matar a saudade dos personagens clássicos.

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De bônus há um prequel nesta primeira edição, uma história curta que se completa aqui mesmo, e que mostra o que Kenshin estava fazendo antes de encontrar os personagens da série original, antes de se estabelecer no dojo da Kaoru Kamiya. O autor conta que a sua ideia era dar algo novo, mas que respeitasse a ideia original do mangá e que também servisse como um ponte, justificando porque um andarilho que vagou por aí por dez anos resolveu se estabelecer no dojo de uma jovem de forte personalidade. O prequel mostra uma personagem dando um conselho que Kenshin leva na boa e que faz a ponte para sua decisão que dá pontapé a sua historia com Kamiya. É legal que o autor tenha pensado em algo tão bacana assim. Nobuhiro também comenta a oportunidade que recebeu para trabalhar com personagens estrangeiros, que era algo que ele não conseguiu no mangá original. Uma pena que tenha sido tão rápido e até de uma forma superficial.

O mundo que nunca conheci

Preciso abrir um enorme parênteses aqui na resenha. Eu nunca li o mangá ou assisti o animê de Rurouni Kenshin. Sei que a JBC já o lançou no Brasil duas vezes, em dois períodos bem diferentes em nosso mercado, mas o fato é que esse é um daqueles títulos que a gente vai deixando abaixo da fila das prioridades e quando vê, perdeu a chance. Apesar que ainda dá tempo para rever isso, afinal o mangá está em um pacote bem interessante na Saraiva, pena que no momento o cofrinho está vazio. Mas quem sabe se esse pack durar mais alguns meses por lá.

Cheguei a comentar também, há algumas semanas, atrás na fanpage do site no Facebook, por conta justamente de estar lendo essa versão do autor, que tentei assistir o animê da década de 90, pois o mesmo está disponível aqui no Netflix (pena que somente legendado). E dormi vendo o primeiro episódio! Rá!

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Me disseram que o animê envelheceu um meio mal, fora que pesquisando por aí notei que ele tem fillers aos montes, além do último arco do mangá nunca ter sido animado. Porém, eu ainda dei uma nova chance depois a versão que está na Netflix. Vi mais uns 3 ou 4 episódios, mas cheguei a conclusão de que perdi o timing desse animê. Hoje em dia ele simplesmente parece cansativo. E lá na Netflix há o filme live action de 2012, mas ainda não tive coragem de conferir. Digamos que não me dou muito bem com live actions japoneses. Mas eventualmente devo correr o risco e ver o filme.

Porém meio que acredito ter entendido um pouco da proposta básica de Rurouni Kenshin. O autor teve uma ótima ideia de criar um personagem que possui um grande passado, viveu uma grande aventura, e que seus grandiosos dias ficaram no passado. O mangá começa com Kenshin 10 anos depois, vivendo dias como um andarilho, deixando seu passado sangrento de lado. Claro que o mangá retrata a ideia dele estar em busca de um objetivo, mesmo que não saiba qual, e é aí que vem o plot dele se reestabelecer e ficar no Dojo da jovem que ele conhece nestas andanças. E como um mangá precisa de batalha, eventualmente ele precisa voltar a ativa. Bem, claro que isso é só a premissa, a estrutura básica, que pude deduzir lendo esta versão do autor e vendo os primeiros episódios do animê. Não faço ideia para onde o autor levou essa estrutura após 28 volumes do mangás. E admito que isso me deixa curioso.

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Um ponto de partida

É difícil avaliar Rurouni Kenshin – Versão do Autor sobre a perspectiva dos fãs e veteranos do universo de Kenshin. Como expliquei, não me enquadro nessa linha de pensamento. Acredito que um leitor que esperasse algo novo nesta versão talvez se decepcione com a ideia de ter uma história resumida e alternativa de algo que hoje em dia é um clássico para muitos.

O principal da versão do autor é exatamente o conto alternativo, que apresenta tudo de novo. Aqueles que não souberem levar isso na brincadeira vão fica meio chateados com isso. Eu nem mesmo li o volume dois para saber como termina a saga principal, ainda que não tenha muitas criticas negativas para o que vi nesse primeiro volume.

O que posso dizer é que o prequel, que não exige que o leitor conheça muito desse universo de Samurai X, eu gostei mais do que achei que gostaria. É uma HQ fechada, com começo, meio e fim. Porém é uma história curtinha, tanto que nos extras do final do volume e autor fala mais de seus personagens e da história e como certas coisas ele precisou deixar de fora por conta desse limite de páginas.

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Alias eu gosto do Nobuhiro Watsuki justamente por essa conversa de bastidores que ele faz. Não havia ligado os pontos inicialmente mas conheço o autor por conta de uma outra obra dele, que este sim eu colecionei: Buso Renkin! Também foi lançado no Brasil pela JBC há muitos anos atrás (também há um kit completo no mangá na Saraiva). E o autor fazia muito disso como extras no volumes de Buso Renkin. Conversar com os leitores sobre suas ideias e enredo do mangá. Sempre achei muito legal isso, pois é uma forma da gente entrar dentro da mente do autor, mesmo que seja só um pouquinho.

Uma pena que o trabalho mais recente dele, o mangá chamado Embalming não conheça muito bem (ainda que haja um one shot dele publicado em Buso Renkin e que não lembro muito bem do mesmo). Envolve a lenda do Frankenstein e apesar dele ter iniciado essa série em 2007, e o mangá continua em publicação, porém deve ter sofrido alguns hiatos, pois atualmente só há 10 volumes lançados. Mas eu gostaria de ver essa obra publicada por aqui. Fico na torcida.

Fiz uma volta enorme, não? Enfim, é porque meio que acabei já abordando tudo que tinha que abordar em Rurouni Kenshin – Versão do Autor. O mais legal mesmo foi poder conversar sobre uma obra que meio que nunca comentei por aqui no site. Esta resenha acabou permitindo isso.

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Fico com a impressão final de que esta versão do autor funciona mais como uma porta de entrada do que como um bônus realmente especial aos fãs. Quem nunca leu ou acompanhou a lenda do Samurai X acaba ficando meio curioso para conhecer mais, de correr para o animê ou ler o mangá original, que ainda pode ser adquirido. Ao menos comigo funcionou assim.

É um extra interessante aos colecionadores, sem dúvida alguma. Não duvido que em alguns anos, se esse mangá sumir das lojas, vai ter colecionador pagando o preço dele em ouro apenas para ter na prateleira. Não pela qualidade do enredo ou da história, mas pelo legado mesmo da obra. E não vejo nada de errado com isso.

Agora a pergunta que fica na minha mente é se já não é hora de um novo animê de Rurouni Kenshin. Animado com a qualidade dos animês de hoje em dia, cheio de ação e visuais arrebatadores. E com finalmente o arco final em animê. Nessa onde de remakes e clássicos retornando, espero que alguém lá no Japão já tenha deixando o Kenshin na fila.

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Recontar em uma versão alternativa um clássico é uma tarefa difícil
Ato Zero - Um curta que precede tudo!
Acabamento impecável da versão JBC
Deliciosos extras por meio de enormes Freetalks
É uma boa porta de entrada para o mundo de Rurouni Kenshin
Precisa ser encarado como algo extra e não um complemento

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2 Comentários

  1. O anime realmente envelheceu mal, mas alguns momentos, como a saga de Kyoto, valem muito o esforço. Mesmo tempos atrás, os primeiros episódios já eram meio difíceis de serem tragados.

    Contudo, se puder, assista os OVA, principalmente os 4 primeiros, Tsuiokuhen. Contam o passado do Kenshin, mas com pequenas mudanças sobre o mangá. Embora sejam um pouco antigos, esses 4 episódios valem principalmente pelo esmero técnico do trabalho – a trilha sonora é o ponto principal, na minha opinião.

    Existem mais 2 OVA, Seisouhen, que contam uma história posterior ao mangá e que não existe nele. Algumas pessoas não gostam destes dois episódios, devido ao seu tom depressivo e trágico, principalmente. Contudo, são tão sensíveis e bem feitos, quanto os quatro primeiros.

    É possível encontrar esses OVA em ótima qualidade pela internet, ou mesmo no Youtube com qualidade bem inferior.

  2. Cara, veja os Live Action, não vai se arrepender, e leia o mangá, ele continua tão bom quanto antes. Sobre o anime… Nem veja, eu também tentei ver ele após ler o mangá e assistir os live action e não gostei.

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