Jurassic World: Reino Ameaçado | Terror com dinossauros! (Crítica)

Jurassic World: Reino Ameaçado é um filme que vai dividir a audiência. Uns irão achar interessante ideias e conceitos que o filme dá a franquia, outros vão achar desconexo com aquilo que se espera da série. Oras, eu me sinto dividido a ter apenas uma única opinião a seu respeito.

Acho que dá para dizer que o filme me decepcionou em alguns pontos na mesma proporção que me impressionou em diversos e pontuais momentos de seus atos. Vou tentar destrinchá-los mais abaixo, evitando spoilers para não estragar a surpresa de ninguém que ainda pretender conferir o filme nos cinemas. E vá ver Jurassic World 2 nos cinemas, pois é uma destas produções que quanto maior a tela, mais insano se torna a experiência de assisti-lo.

Em comparação com o primeiro Jurassic World, de 2015, não o achei nem perto de ser tão bom quanto. Eu realmente gosto como o filme de 2015 namora e homenageia a fórmula do clássico Jurassic Park, lá de 1993. Existe a fantasia do conceito de um parque de dinossauros. Há um elenco muito bom, ainda que o elenco mais jovem não seja tão icônico quanto o garoto e a garota do filme da década de 90. Mas enfim, este texto é sobre a sequência e o quanto ela consegue escalar as ideias de seu predecessor.

Reino Ameaçado também tenta se distanciar de O Mundo Perdido (1995), que foi a sequência do filme clássico. Porém não consegue evitar certas equivalências, como o dinossauro ferido que precisa de tratamento médico ou do ponto de trama de fazer os personagens retornarem a ilha ou de dinossauros sendo transportados para fora da mesma.

Terror com dinossauros

O filme tem dois grandes momentos. O primeiro é aquele visto no trailer. O retorno à ilha e a iminente explosão do vulcão que não mais está adormecido. E esse retorno é sempre muito divertido, ainda que repleto de clichês. Sim, eu ainda me encanto com o brontossauro gigantesco sendo visto por algum personagem pela primeira vez na vida.

Esse ponto inicial do filme é muito bom, assim como sua sequência de abertura. Sendo fã da franquia é muito difícil não se empolgar com estes momentos de tensão inicial, quando o filme já pode, mas ainda não quer mostrar todos os dinossauros. Quando tudo ainda é meio misterioso.

A cena inicial no mar, com algumas pessoas chegando à ilha em meio a uma temporal é meio o que eu quero ver em Jurassic Park/World. Toda a tensão, todo o suspense porque eu sei que dinossauros ali, apenas não foram mostrados. E quando eles chegam é grito e correria para toda a parte.

E esse é meio que o ponto em que o filme volta a explorar em seu ato final. Com uma sequência de fuga e perseguição que deixou o meu pequeno, de 5 anos, com medo dentro da sala do cinema. O terror funcionou. Ponto para a direção do filme, que acertou muito bem o tom.

Esse suspense e terror é algo que marca também o filme clássico. A clássica cena dos velociraptors na cozinha e as crianças se escondendo deles em meio a móveis todos laminados com reflexos. A fuga de dentro do prédio central do parque. Em Reino Ameaçado isso acontece dentro de uma mansão. E é incrível e assustadora ao mesmo tempo.

A gordura de um roteiro sem sentido

O que torna Jurassic World: Reino Ameaçado é seu roteiro cheio de gorduras e pontos ruins de argumentos. A ideia de prender os protagonistas em uma mansão, à noite, em meio a um temporal, no meio do nada é o suficiente para dar a emoção e tensão necessária para o ato final do filme, mas não justifica todo o caminho até lá.

As motivações dos vilões são ruins, o planos como um todo é ruim. A repetição de um ponto que foi muito discutido se haveria a necessidade de existir no primeiro filme também é ruim. A conveniência de certos dinossauros sempre aparecendo na hora certa é legal, mas também é uma saída de roteiro preguiçoso. O espectador meio que adivinha parte do que vai acontecer poucos segundo antes de acontecer.

É bacana o retorno do elenco de Jurassic World, Chris Pratt Bryce e Dallas Howard, mas também não acrescentam a trama tanto quanto acrescentavam no primeiro filme. A própria trama do casal não vai a qualquer lugar na história. Os novos personagens vilões são canastrões e óbvios demais. E eu odeio como tentaram recriar um personagem a imagem de John Hammond (o criador original do parque) em cima de um personagem chamado Benjamin Lockwood, que seria um antigo sócio de Hammond.

Existe uma trama em cima da família de Lockwood que é muito mal explorada no filme. Parte de um mistério que não tem qualquer importância ao fim. Exceto dar uma pontinha de reflexão e instigação em torno de até onde a ciência do mundo de Jurassic World pode levar a se pensar. Mas fica por aí, meio que jogado sem um “e agora?”.

Considerações finais

Como roteiro, acho que Jurassic World: Reino Ameaçado é tão fraco quanto as sequências da trilogia Jurassic Park. Com a exceção de que aqui, o diretor J. A. Bayona capricha e ter uma direção mais focado ao gênero do terror. Um tom que os outros filmes não possuem, ou que o original de 93 apenas ensaia um ou dois momentos singulares. Aqui o tom prevalece por boa parte do segundo e terceiro ato.

É um filme de segmentos fantásticos grampeado em um roteiro não muito bem pensado. Há momentos de aventuras, momentos de comédia. A atriz mirim, Isabella Sermon, dá um show aqui, mesmo que seu papel em torno da trama seja em boa parte para se ter uma criança em meio a toda essa confusão com dinossauros perseguindo pessoas. Mas sua personagem tem charme e carisma, e por isso ganha meus votos para que tinha que estar mesmo no filme, ainda que aos trancos e barrancos.

O toque de terror dá uma visão muito boa de para onde a franquia pode brincar mais um pouco. Ainda que claramente os roteiristas precisam rever pesadamente a parte da ficção científica de dinossauros modificados geneticamente. Novos dinossauros é uma parada legal, mas será mesmo que já usaram tudo que existiu no passado? Precisamos apelar ao ponto de ter que inventar novos dinos?

Volto para um terceiro filme? Sem dúvida alguma. Mas sem exatamente saber o que esperar na próxima. Rezando para que clichês e roteiros fracos possam ficar de fora do terceiro filme, previsto para estrear em 2021.

 

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Um Comentário

  1. Análise perfeira, sem colocar e nem tirar uma palavra. O filme se faz “bom” por alguns momentos marcantes, mas o enredo não é realmente o forte dele. E o meu medo maior, é que se realmente se tornar uma trilogia, ele acabe se perdendo.

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