No Man’s Sky (2018) | Mineradores galáticos! (Impressões)

É difícil começar qualquer texto a respeito de No Man’s Sky sem relembrar que o título foi originalmente lançado em 2016 e que sofreu várias controversas por não oferecer tudo que sua campanha pré-lançamento dizia a respeito de funções e elementos que existiriam dentro do game.

Sua desenvolvedora, a Hello Games, sofreu com isso. Entrou em um casulo por um bom tempo, sem contato com imprensa ou em suas próprias redes sociais. O jogo foi duramente criticado, com notas abaixo do esperado… e o resto da história está por toda a internet. Não é preciso procurar muito para encontrar.

Entretanto quero deixar o passado no passado no texto de hoje. O máximo que isso for possível, claro. No Man’s Sky passou por mudanças desde seu lançamento original. Recebeu patches de expansões que adicionaram novos conteúdos ao longo dos anos. E mais recentemente, em julho deste ano, o título chegou ao Xbox One, juntamente com sua maior atualização chamada Next. Colocando assim o título nos trilhos daquilo que a Hello Games havia prometido originalmente. Com algumas ressalvas, talvez. E eu chego nelas mais a frente neste texto.

Também é importante ressaltar que a minha visão para com No Man’s Sky é um tanto… nova. Sem os preconceitos e desgostos que muitos tiveram com o jogo original. Eu só fui testar o jogo de forma prática agora, com sua chegada ao Xbox One, sem o julgamento que o título teve no passado. Conheço sua história, revi antigos vídeos de reviews, ouvi podcasts da época, sei o que o jogo era e o quanto mudou desde então. Porém, em termos práticos, nada disso faz parte da minha experiência pessoal com o título. Estas são as (minhas) impressões de No Man’s Sky 2018, após sua atualização Next.

Antes de continuar se faz essencial já agradecer de antemão a nossa parceria com a SharePlay Store, que foi parceira do site também nestas impressões. Assim como a loja nos ajudou em diversas outras análises ao longo desse ano, como State of Decay 2, Sea of Thieves, The Biding of Isaac, Cuphead e Dragon Ball FighterZ. A lista não para de crescer. Uma iniciativa louvável e que é preciso deixar sempre claro o gesto. E se você que está lendo isso, e curte nosso conteúdo, peço que dê um pulo no link da loja, aqui mesmo neste parágrafo ou no banner ao final da página, e a visite, conheça seus produtos e preços, principalmente se estiver precisando de um cartão pré-pago para sua plataforma de preferência. Fortaleça a nossa parceria!

Encantamento imediato

Se tem uma coisa que parece não ter mudando no jogo desde seu lançamento original é o quanto ele é deslumbrante em suas primeiras horas. Na curva inicial a qual o jogador anseia por conhecer suas mecânicas, possibilidades e propostas. O início de No Man’s Sky é altamente imersivo. As primeiras horas realmente prendem o jogador, que anseia por mais pistas e mais possibilidades do aparente riquíssimo universo do jogo.

E a ideia do jogo é simples: você é um Viajante Intergalático a procura de algo que ninguém lhe diz exatamente o que é. Pistas estão sendo deixadas e um mapa galático está sendo traçado. Você deve seguir as migalhas, enquanto um mundo de outros elementos e mecânicas vai lhe tomando tempo e tentando lhe entreter. A recompensa do game é cumprir estas etapas, enquanto novas descobertas vão sendo realizadas.

Qual o segredo? O objetivo final? Hoje em dia todo mundo sabe o que é, porém não vou contar por aqui caso você realmente não saiba. Mas foi exatamente isso que deixou a desejar para muitos jogadores que se propuseram a ir até o final do game. Basta saber que isso não vale realmente à pena descobrir. No Man’s Sky continua sendo um jogo não sobre seu final, mas sobre a sua jornada pessoal dentro do mundo do jogo. Terminá-la é apenas uma mera opção, a qual provavelmente você irá odiar ao se dedicar apenas à isso.

Muito se discute se a mecânica de metas, tarefas e objetivos de No Man’s Sky podem ser consideradas uma Campanha em si. Ou se é apenas uma forma de motivar o jogador a ir sempre em frente. Tenho pra mim que sim, é uma Campanha, um mote narrativo a qual o jogador se sente compelido a investigar, enquanto vai progredindo pelo sistema do jogo. Por meio dessa pequena lista de etapas, por meio de tarefas que o jogo lhe dá desde o começo, existe uma sensação de que está se aprendendo mais, conhecendo mais desse universo e se sentindo mais motivado a ir mais a fundo. Não é isso que uma campanha deve realizar? Talvez?

E não estou julgando aqui se o enredo ou sua trama é de boa qualidade. Possivelmente não é. E a lógica é simples: não são as mecânicas que trabalham para contar uma boa história, e sim uma história simples que trabalha para dar ao jogador boas mecânicas, compelir o mesmo a jogar e se divertir com essa experiência em seu sentido mais puro.

O ponto que talvez mereça uma crítica aqui é o quanto a história consegue ser intrigante e misteriosa, dando algo a qual o jogador sente-se compelido a querer descobrir mais, e na contra partida de que a mesma não cumpre as expectativas de recompensar o jogador na mesma proporção a qual o intriga. Leva-se tempo para coisas acontecerem, e o jogo conversa em enigmas o tempo todo. Charadas que ao fim não cumprem a promessa de explodir sua mente. Sabe quando uma piada é longa demais e toma tempo desnecessário para se concluída, e por isso cansa, e praticamente perde a graça ao seu final? No Man’s Sky tem um mistério que é usado para contextualizar seu mundo de mecânicas, fazendo que sua conclusão não seja satisfatória pelo tempo levado. Simples assim.

Dito isso, volto a reafirmar, No Man’s Sky encanta por suas possibilidades. Pelas primeiras horas a qual tudo é novo, interessante e intrigante. Depois que o jogador entende e saca o que o game está fazendo, é preciso cortar o ritmo um pouco. O que você vai querer fazer? Explorar, cumprir metas secundárias ou continuar atrás de pistas? O ideal é que você vá fazendo de tudo um pouco, sem ansiar pelo final do jogo, que pode levar dezenas, possivelmente mais de uma centena de horas para sua conclusão. O momento em que se para de contemplar No Man’s Sky é exatamente o momento em que o jogo para de funcionar. Fique atento a esse exato momento.

Minerador intergalático

Quanto às mecânicas de No Man’s Sky um elemento fica muito evidenciado ao iniciar o game: trata-se de um jogo com forte influência do sistema de crafting, tal qual Minecraft. Tudo dentro do game exige que o jogador colete recursos para transformá-los em outras coisas essenciais, tanto para sobrevivência quanto para sua locomoção espacial.

Essa é a cauda longa de No Man’s Sky. Tudo no game leva tempo, muito tempo, para ser executado. Construir máquinas, combustíveis para viagens, material para sobreviver a atmosferas de muitos planetas e até mesmo a recarga das armas que você utiliza para minerar recursos. Nada é perpétuo e infinito. Tudo gasta, tudo é preciso recarregar.

Essa é a parte chata do jogo? Não necessariamente, porém certamente é a que toma mais tempo. E isto tem correlação direta com o que estava discutindo mais acima. O jogador com pressa de avançar, de ter mais itens, mais equipamentos, mais exploração, certamente acaba sentido frustrado com essa mecânica de que tudo precisa de recursos e a velocidade a qual os mesmos se esgotam.

Claro que com o tempo é normal ficar mais ligeiro com recursos sempre essenciais, como o combustível para sair de planetas, o de dobras espaciais, assim como aqueles que lhe protegem de ambientes hostis e que recarregam suas armas de mineração. Mas isso não diminui o fato de que você está a todo momento preocupado com isso.

Uma boa dica é diminuir a sangria por novos planetas, novas galáxias. A bem verdade é que cada planeta oferece um mundo de coisas a serem exploradas. Desde destroços espaciais a templos onde se aprende novas palavras para os idiomas das raças encontradas ao longo do jogo.

Até porque, verdade seja dita, a diversidade de mundos e ambientes em No Man’s Sky não é infinito e improvável quanto o jogo faz pensar que seja. Existem sim vários tipos de ambientes: planetas incandescentes e gelados, inóspitos e carbonizados, assim como radioativos. Todos oferecem riscos, mas a geografia de todos são bem semelhantes entre si. Seria como se a skin mudasse, mas pouco se alterasse.

As plantas são sempre estranhas, há sempre minérios derivado de pedras e rochas, e os animais do jogo são quase todos muito estranhos, mas nunca impressionantes, independente dos planetas em que se viaja. Por aí vejo imagens e relatos de grandes animais, mas talvez esteja dando azar, pois nada que vi me impressionou. Nada de enormes animais que me lembrassem dinossauros, o que me deixou meio triste. Adicione também o fato de que a fauna não serve para muita coisa dentro do jogo, eles não lhe atacam, ou servem para algum tipo de propósito. Soam como figurantes destes mundos inóspitos.

Diferente são as raças que podem ser encontradas nas estações orbitais e em algumas estações dentro dos planetas. Estes seres oferecem propósito ao jogador, que podem aprender palavras de seus idiomas entre escambo de itens e recursos, além de coordenadas para pontos de interesse no planeta ou sistemas próximos, tornando mais direcionada a exploração dentro das possibilidades do game. O que acaba sendo essencial para dar ritmo ao mesmo.

Ao fim, é preciso ter isso em mente. No Man’s Sky é um Minecraft intergalático. Visualmente mais estonteante e um tanto mais complexo, é verdade, mas ainda assim é um jogo de minerar recursos para cumprir objetivos. O jogador não passa fome ou sede, mas combustível e proteção em sua roupa ocupam tais preocupações. O elemento de sobrevivência se faz presente, mas não tanto quanto a mineração para seguir adiante.

O que mudou desde 2016?

Como disse lá no começo, este é meu primeiro contato com No Man’s Sky. Em termos práticos o meu contato e experiência com o título se dá apenas com a atual versão. Não quer dizer que não esteja antenado com alguns dos pontos em que o jogo se aperfeiçoou nos últimos dois anos.

Não acho que seja mais necessário relacionar ponto a ponto as expansões Atlas Rises, Pathfinder, Foundation, Next e Abyss. Torna-se mais pratico comentar a respeito do elementos visíveis que tornam No Man’s Sky um game muito melhor e mais profundo do que aquele lançado há dois anos atrás.

Primeiro que a narrativa do game acabou sendo aprimorada. Inicialmente o jogo largava o jogador solto em um mundo, sem muitas tarefas ou especificações que lhe dessem diretrizes e direções do que fazer ou como fazer. Hoje em dia o game pega bastante na mão dos jogadores, tornando a vida dos mesmos bem tranquila e mais prazerosa. Lembrar do que é preciso fazer, quais as etapas de jornadas seguir e afins. A história ganhou novas camadas e detalhes, ainda que o final (que ninguém gosta) permaneça intocável.

Outro ponto que normalmente se encontra nos atuais jogos de sobrevivência e gerenciamento de recursos, com liberdade para explorar enormes mundos, mas que originalmente não existia em No Man’s Sky era um sólido sistema de criação de estruturas que lhe servissem como casa, base espacial e afins. Isso também veio depois, em uma das mencionadas expansões gratuitas.

A ideia de permitir que o jogador crie seu cafofo em um jogo como No Man’s Sky tem importância quando se pensa que essa base acaba servindo como um portal para voltar àquele planeta. Afinal se você está indo ao centro da Galáxia, pode querer deixar isso para trás ou eventualmente ter que ir embora de um planeta realmente legal em pró da história. Voltar a esse local, originalmente era um tanto trabalhoso. Hoje em dia, possuindo uma base, toda estação espacial de toda a galáxia possui um portal para te levar aonde quiser. E não só você, mas a sua nave e todo seu inventário, é claro.

Claro que se o jogador não quiser se assentar um local, do tipo nômade que está sempre em movimento, outra adição dentro do game foram as grandes naves cargueiras e sua própria frota estelar. É possível construir seu próprio cargueiro e sua própria frota, expandindo assim seu limitado inventário e também criando rotinas em que torna-se possível enviar a sua frota para coletar recursos de outros planetas.

Só é preciso ter em mente que como tudo em No Man’s Sky é árduo e trabalhoso, inclusive manter sua frota. É preciso consertá-la por danos em missões de busca, assim como abastece-la. Lembre-se de sempre ter os materiais e recursos necessários para isso. Nada é realmente de graça no game. Tudo é sobre recursos e saber gerenciá-los.

Agora talvez a coisa mais legal, que muda a perspectiva do jogador para com o que o game era originalmente é poder jogá-lo na visão em terceira pessoa. Sério, isso faz uma tremenda e inacreditável diferença. Tanto o seu personagem, quanto o segmento no espaço em que se controla a nave. Ambos funcionam muito bem em terceira pessoa. É curioso como isso deixou o jogo mais imersivo do que em primeira pessoa (opção esta que ainda existe dentro do game caso queira saber).

A Hello Games trabalhou muito bem no gingado do personagem nessa perspectiva, não deixando-o totalmente centralizado na tela e se movimentando com muita naturalidade, ao que se pode chamar de natural ao usar uma roupa espacial. Não soa falso ou errado como muitos jogos que possuem essa opção entre alternar para primeira ou terceira pessoa costumam ser.

Batalhas espaciais! Isso também mudou um pouco desde a versão original de No Man’s Sky. Neste ponto não me aprofundei muito, porém sei que o estúdio melhorou o combate e intensificou as vezes em que esses momentos podem ocorrer no game. Não são tão frequentes assim e normalmente é uma situação mais em que o jogador deve se defender do que atacar os piratas espaciais do jogo. É um dos poucos momentos de ação que parece haver no game. E nem é um cenário que se torna necessário enfrentar. Dá para fugir facilmente destes inimigos, que não lhe seguem ao usar a dobra espacial ou entrar em um planeta ou estação espacial.

Já nos planetas, as grandes ameaças continuam sendo os sentinelas, pequenos robôs que odeiam que você minere recursos e estão por toda a parte, em todos os planetas. Em alguns momentos isso é irritante, mas logo se aprende a evitá-los ou saber o momento de parar de minerar antes que lhe ataquem. Há também um pequeno segmento em que o jogador precisa invadir uma instalação em alguns planetas, mas não cheguei a topar nenhuma vez com esse tipo de situação. Até onde vi, também não é nada demais. Os sentinelas vão lhe atacar e é preciso eliminar todos. Parece que uma boa dica é usar sua nave para explodir uma porta, afim de evitar que os sentinelas lhe detectem.

Morrer em No Man’s Sky também não parece ser um grande problema. Quer dizer, presumindo que você não esteja jogando no Modo Pesadelo onde a morte é permanente. No modo normal você morre e reaparece ao lado da sua nave novamente. Seus equipamentos e recursos estão no local em que morreu, então basta retornar até lá.

Descobri isso da pior maneira possível, mexendo em alguns ovos estranhos e sendo atacado por aliens aranhas que saíram de debaixo da terra para me destroçar. Foram bem sucedidos. Alias essa parece que é outro tipo de ameaça que não existia no jogo original. Mas são raros casos e o jogador talvez queira evitar. É uma espécie de situação que só ocorre que você ativar. Eu gostaria de encontrar animais mais ferozes que cismassem comigo apenas por passar perto dos mesmos.

O que mais posso apontar como melhoria nesta atual versão para com a original? Bem, recentemente o jogo ganhou a expansão Abyss, que adicionou novos elementos subaquáticos ao jogo. Há maiores lagos e segmentos em que o jogador pode explorar profundezas aquáticas, com maior diversidade de vida marinha, com algumas que podem lhe atacar, além de também poder construir bases submersas. Até mesmo um submarino pode ser construido agora. Aliás, veículos terrestres para longas distâncias também é algo possível no jogo, ainda que não tenha me dedicado a criar algum.

Por fim, acredito que seja imprescindível comentar um pouco sobre o multiplayer como uma das grandes adições para No Man’s Sky. Algo que originalmente os desenvolvedores diziam que existia no game e que depois se demonstrou como um grande engodo. A Hello Games, no entanto, finalmente cumpriu com sua palavra! Em parte ao menos. Vou puxar isso para um tópico a parte. Vamos lá.

Não estamos sozinhos nesse universo: multiplayer!

Não cabe reviver toda a novela que foi o multiplayer que nunca existiu (até agora) em No Man’s Sky. Basta saber que a expansão Next tratou de dar um jeito nisso. A galáxia não mais é desbravada por solitários viajantes. Porém, como isso funciona?

Simplificando, é preciso entender que No Man’s Sky não é um MMO, sigla para massivo multiplayer online (massively multiplayer online). Ou seja, não é um único mundo, ou galáxia, aonde dezenas de jogadores estão viajando dentro de um mesmo servidor online, se esbarrando e se encontrando. Inicialmente, aliás, era o que se pensou que o game poderia fazer.

Pelo que entendi, No Man’s Sky usa o conceito que muitos jogos independentes atualmente usam: a de uma SEED. Uma espécie de semente que é o código da estrutura do seu mundo, a qual outros jogadores podem adentrar ou vivenciar caso você deixe ou os convide. Posso mencionar jogos como Songbringer e Chasm, como exemplos para o que estou tentando explicar. Ambos possuem mundos gerados proceduralmente e que jogadores podem dividir a estrutura como tais mundos foram criados mostrando sua SEED a amigos ou outros jogadores.

O multiplayer de No Man’s Sky funciona mais ou menos dessa maneira. Estando online, seu mundo está online para outros jogadores, que podem visitá-lo. Admito que tentei visitar outros mundos, na versão de Xbox One, mas não passei do sistema de busca (demorou mais do que aguentei esperar). E mesmo que passasse, não significa que cairia imediatamente no mesmo sistema ou planeta que o jogador desse mundo. Talvez eu precisasse procurá-lo, e No Man’s Sky é realmente grande o suficiente para ser fácil encontrar alguém ao acaso.

E, veja bem, joguei em meu mundo por horas e horas, sempre online, e nunca fui invadido ou encontrei outro rastros de outros jogadores. Não acho que esse sistema seja muito eficiente pensando na imensidão de mundos e SEEDs que o game deve possuir. Sem mencionar que se há um sistema de busca, certamente deve ser porque o jogo procura jogadores online, o que nem sempre é muito fácil na plataforma do Xbox One ou em nossa região.

Enfim, o multiplayer de No Man’s Sky também funciona de outra forma, e esta é muito mais acessível e totalmente funcional. Trata-se do sistema de partidas privadas. Quatro amigos se reúnem e jogam pelo sistema de convite e party em sua plataforma selecionada em um dos mundos de um destes jogadores. Trata-se de um modo cooperativo privado, sem matchmaking.

Aí nesse sentido o multiplayer funciona. Quatro amigos podem se reunir para coletar recursos, seguir missões principais de campanha do mundo em que estiverem jogando, assim como trocar itens, equipamentos e afins. Estes amigos não precisam sequer estar em um mesmo planeta ou galáxia. Isto sim acaba sendo bem interessante.

É muito legal que o sistema de multiplayer agora exista. Jogadores persistentes conseguem adentrar em mundos de outros jogadores. E quatro jogadores também podem combinar e formar um esquadrão de viajantes para desbravar mundos e criarem suas próprias aventuras. Porém, ainda não dá a impressão do pleno potencial que poderia ser se o jogo se comportasse mais como um MMO, com esquadrões se encontrando e se esbarrando com grande frequência em um único mundo online. Isso ainda não existe em No Man’s Sky.

Considerações finais

Está chegando o momento de encerrar estas impressões de No Man’s Sky (2018) e fico pensando que ainda não consegui colocar em palavras tudo que o jogo representa ou que ainda tem a oferecer nesta nova versão.

É verdade que talvez a Hello Games tenha pisado na bola originalmente, quando o mesmo saiu como um console exclusivo no PlayStation 4. Mas o tempo cura todas as feridas, e o estúdio provou que cicatrizes podem ser curadas e tratadas. E No Man’s Sky passou por um merecido processo de repaginação, sem nunca fugir do seu escopo original.

Tenho a sensação de que faltaram alguns elogios. O sistema de customização do personagem é outra destas adições e ficou incrível, perfazendo total sentido com a nova perspectiva em terceira pessoa. Também é importante reafirmar a localização do título, que se encontra totalmente em português. Áudio, legendas e textos dos menus. É um jogo 100% acessível ao mercado brasileiro por conta de sua ótima localização.

É preciso pontuar também que No Man’s Sky também pode funcionar em um chamado Modo Criativo que elimina todo o cansaço que os elementos de mineração de recursos possam exigir. Isso torna o game melhor? Não exatamente, mas acelera um pouco seu ritmo sem dúvida alguma.

No Modo Criativo ainda existem missões e metas para serem realizadas, mas todos os recursos são infinitos. Seu combustível acaba, mas você sempre tem mais a disposição. Quer pular entre galáxias? Faça de forma ilimitada. Planetas com atmosferas inóspitas não mais lhe afetam. É um modo divertido para explorar um pouco mais o sistema e tudo que o jogo lhe permite ter e criar no modo normal, mas não é o ideal para se jogar No Man’s Sky.

Minerar recursos faz parte do DNA do jogo. Não há como fugir disso. Segui uma missão no Modo Criativo que consistia encontrar um Viajante perdido. Indo e vindo entre planetas, sem precisar minerar os recursos para conseguir tal idas e vindas, com equipamentos ilimitados. A sensação é de que ao fazer isso estava deixando parte das mecânicas do jogo para traz, realizando um progresso de forma automática e robótica. Meio como trapaceando as coisas. Fora que sem isso, vira um jogo de apenas andar por aí, já que a ausência de perigos e inimigos torna o gerenciamento de recursos uma parte importante da “ação” que o jogo precisa proporcionar.

Mas é interessante que haja esse Modo Criativo. Da mesma maneira que existe o Modo Pesadelo onde a morte é permanente e o jogador vai sempre recomeçar tudo do zero, sem nada.

Outro ponto que vale mencionar aqui nas considerações finais diz respeito ao sistema de criação procedural de No Man’s Sky, que ora é impressionante, ora é o elemento que engessa o próprio ritmo do game. A Hello Games teve essa excelente ideia de um jogo onde tudo é criado por um elogiável algoritmo. Soa incrível, entretanto a ausência de uma direção de arte, level design mais rebuscado, criado pela capacidade humana de criar arte torna No Man’s Sky, em determinado momento, um jogo visivelmente automatizado por uma máquina, em que o jogador passa a ver padrões e coisas que talvez não devesse.

É louvável como o sistema de galáxias e planetas criam uma grande diversidade de atmosferas. Porém o código fracassa quando precisa criar ecossistemas próprios. Logo se descobre que todo planeta de gelo segue um mesmo padrão, assim como planetas super quentes, desolados, ermos, carbonizados ou paradisíacos. Tudo bem, o lance das cores é um colírio aos olhos, assim como o sistema de dia e noite, mas nada disso justifica a grandiosidade da proposta: mundos infinitos, probabilidades infinitas. As galáxias e seus padrões em No Man’s Sky não funcionam dessa forma tão incrível. Talvez o jogo fosse um tanto mais atrativo se tivesse menos probabilidades e mais coisas criadas por mãos humanas, pensando em detalhes e elementos inesperados e criativos. Alias, aí está uma boa palavra: criatividade. Talvez os computadores, algoritmos e suas fórmulas ainda não sejam capazes de serem criativos como a mente humana é para detalhes.

Por fim, tenha em mente que No Man’s Sky não é uma odisseia espacial. Está mais mais para um acampamento espacial. Viaje por aí, descubra coisas incríveis e crie mais equipamentos que lhe permita viajar por mais mundos distantes. Trata-se de um game mais contemplativo, para relaxar naquelas momentos de stress em que um jogo mais agitado, de ação e adrenalina não pode proporcionar.

Talvez o grande erro de No Man’s Sky em 2016 foi o de não ter saído em um sistema de Acesso Antecipado. Teria feito total sentido na época, justificando suas limitações.

Enfim, No Man’s Sky é jogo com alto valor de replay. É um game de centenas de horas, com um ritmo lento, sem ser exatamente frustrante.  Talvez seja cansativo após muitas horas seguidas, mas aí é preciso que o jogador dose exatamente o que está fazendo no game. Ele tem uma tendência a infinidade que jogos como Minecraft podem oferecer. Seja isso bom ou ruim. Depende muito mais de jogador a jogador. É um game de experiências pessoais e histórias próprias. Há problemas sim, mas entendo que no ponto em que ele se encontra atualmente há uma entrega justa e completa de sua proposta. Perfeito não é, mas soube muito bem pegar estes últimos dois anos para refinar e acertar boa parte de seus erros.

— Há que se agradecer ao site SharePlay Store pelo envio do jogo para estas impressões. Fortaleça essa iniciativa indo visitar o site da loja e conhecendo seus produtos. Isso certamente fortalecerá a parceria, permitindo que ela ocorra mais vezes, gerando este conteúdo a qual adoramos produzir.

Galeria

Extra: 1 hora de gameplay em português em nosso canal no YouTube

Experiência imersiva em sua longa cauda inicial
Há muito de Minecraft, seja para o bom ou mal
No Man's Sky 2018 é a versão aguardada pelos fãs
Multiplayer agora funciona, mas não espere um MMO
É repetitivo na mesma proporção do alto valor de replay
Variedade de mundos, porém com padrões reconhecíveis
Dá liberade ao jogador de customizar a sua experiência de jogo

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Um Comentário

  1. Ótimo review Thiago! Mesmo lá na época do lançamento dele, com todo mundo criticando o jogo, sempre tive muita vontade de jogá-lo. E agora com o lançamento para o XONE, estou apenas esperando uma promoção para pegá-lo!

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