Análise | Super Wiloo Demake

Disponível para PlayStation 4, Xbox One e Nintendo Switch

Super Willo Demake veio ao mundo no final de julho do ano passado, chegando as plataformas do Xbox One, PlayStation 4, Nintendo Switch e também PlayStation Vita (cross-buy com a versão do PS4). O título abrange os gêneros ação e aventura, sendo indicado para todas as idades. A versão disponibilizada para o teste para esta análise foi a do Xbox One.

O título é um jogo que segue o caminho contrário aos remakes que estão por todos os lados no mercado dos games, ou seja, trata-se de um demake. E um demake, por sua vez, é um jogo que tem a parte gráfica “simplificada” para na maior parte dos casos sair em pixel art como um game 8/16 bits, soando como aqueles jogos que poderiam sair para os clássicos consoles nos anos 80 ou até mesmo para portáteis como o Game Boy Color. Super Willo Demake é levemente baseado no jogo Wiloo, um jogo de plataforma um pouco obscuro saiu para Android e Windows no final de 2017, ambos desenvolvidos pelo brasileiro Juliano Ferreira do estúdio lightUP.

Este demake apresenta aos jogadores o que qualquer jogo de plataforma novo ou antigo sempre tenta evocar: nos trazer aquela sensação da época de ouro dos jogos de plataforma onde ser parecido com Super Mario era a regra da vez e provável receita de sucesso. Mas ao contrário do game da Nintendo, aqui temos um ambiente escorregadio e mortal. Vou explicar logo em instantes.

Como a maioria dos jogos da Ratalaika Games, aqui também há várias opções de idioma para jogarmos e o português (Brasil) está incluso no título. Pode-se escolher entre 3 níveis de dificuldade e cada qual deles é tirado alguma facilidade. O fácil traz chefes de fase fáceis, poder de voar infinitamente com a roupa de abelha e vidas infinitas. O normal – o qual escolhi jogar – apenas dá vidas infinitas, e o difícil dá somente uma vida, o que me dá medo apenas de pensar numa situação dessas.

A triste história do Doutor ETvaldo

Doutor ETvaldo vivia sozinho e triste em algum planeta pelo espaço. Então ele toma a decisão de dar um rolê pela galáxia, e acaba dando de cara com adivinha qual planeta do sistema solar? Sim, a nossa Terra. Ele achou que a Terra poderia ser um local legal e divertido, e resolve dar uma conferida. Chegando por aqui acaba presenciando Willo e Agatha brincando com seu cachorro, e nota que isso estava lhes divertindo e deixado as crianças totalmente felizes. Seu pensamento foi de que o motivo da diversão era a existência dos animais em nosso mundo e que se ele tivesse estes animais só para si, ele também seria muito feliz. Assim o Doutor toma uma decisão: abduzir todos os animais da Terra começando pelo grande amigo peludo de Willo e Agatha.

Willo vai fazer de tudo para salvar seu cachorrinho e para isso terá que encarar 5 mundos cada qual com sua temática climática. Cada um destes mundos é formado por um conjunto de 10 fases, sendo que na última fase, a décima de cada conjunto, teremos o confronto contra um chefe gigante e uma descoberta que vai nos dar um maior conhecimento do que exatamente o Doutor está fazendo com seus novos “amigos”. Claramente o título tem aquela simplicidade dos clássicos games do passado, a qual o plot apenas serve em função de “dar a partida” em sua jogabilidade.

No controle de Willo

O controle é fácil e dá para se adaptar rapidamente, há um botão de pulo duplo, os direcionais para locomoção e mais um que vai ativar a habilidade especial de alguns os trajes disponíveis: Unicórnio (possibilita atirar nos inimigos), Tatu (permite rolar e destruir o que aparecer pela frente), Tartaruga (permite nadar pela água) e a de Abelha (possibilita voar).

Mas Willo, o protagonista da aventura muitas vezes parece deslizar pelo cenário. Ficar parado é deveras difícil e acabar morrendo devido a um movimento “deslizante” mal calculado se torna comum durante a aventura. Imagine uma sequência e pulos seguidos, aí lá no ultimo, você pula, Willo “desliza” sozinho ao tocar o solo e te leva ao precipício que você estava evitando a todo custo. Isso vai acontecer, tenha isso em mente. Se cair no lugar errado (precipícios) o jogador morre e tem que começar tudo novamente caso não tenha salvo a fase no checkpoint em sua metade. Encostar nos inimigos também vai acabar lhe matando, mas caso esteja usando algumas das “roupas” especiais, você terá uma segunda chance, não morrendo imediatamente. Também há… e adivinhem só… fases de gelo aqui! Imaginou o drama, né?

Tudo bem, caso o jogador morra na mesma fase seguidamente o jogo lhe dá uma colher de chá e lhe manda de volta a vida com a roupa de unicórnio, o que já vai lhe dar poder de fogo para tentar superar o desafio que acabou lhe mandando diversas vezes, além de dar uma chance extra já que a roupa é uma vida extra praticamente, já que permite um hit com inimigos sem morrer. Não te deixa invencível, mas é um baita facilitador, convenhamos.

Existem diversos inimigos pelas fases e a missão em si é chegar até o final dela, pisando neles, os derrotando ou pulando e desviando deles. Os inimigos, no entanto, não são muito difíceis. Herdado diretamente da mecânica básica de Super Mario tem a velha fórmula de pular sobre a cabeça para derrotar os inimigos, estes por sua vez, em sua maioria se movem em um padrão consistente, por isso é fácil superá-los. Entretanto haverá algum acréscimo de desafio quando surgirem os inimigos que somente irá atacá-lo quando você chegar perto o suficiente, o que pode ocasionalmente levá-lo a morte, pois eles podem cair das partes superiores da fase ou até ficarem escondidos em partes do cenário. O jogo também gosta de lhe colocar em áreas apertadas, deixando muito pouco espaço para pular e tornando os inimigos mais difíceis de matar. Tudo isso se junta ao efeito “deslize” do personagem, o que complica um pouco mais as coisas. Enfim, são mecânicas simples, conhecidas muito bem por aqueles que passaram anos nos clássicos das antigas.

O que mais temos aqui?

O visual aqui é o clássico 8 bits, e apesar de ser simples, comparado aos jogos mais tecnologicamente avançados, é bem competente, com um resultado fica bonito de se ver. Quem gosta de jogos em pixel art definitivamente vai gostar de Super Wiloo Demake. De se lembrar do passado, da época em que ter um design interessante de fases e personagens, com cores vivas e vibrantes bastavam para trazer um sorriso no rosto do jogador.

A trilha sonora é aquela típica de looping infinito e muda na parte das lutas com o chefe, incluindo ainda uma faixa exclusiva para esses embates. Ao final de cada fase Wiloo dá uma piscadinha e faz o sinal de certo com as mãos, uma referência ao Mario que também comemorava quando concluía suas fases. Algo simples, mas que deixa sua marca.

Por falar em fases, elas existem em número suficiente para durar mais que uma sentada na frente da TV. Porém estas acabam não variando muito depois de um tempo, e muitas parecem repetidas entre si, mudando somente a temática da mesma, que varia conforme a área visitada e a proximidade com a parte do chefe (nestas fases temos um visual relativo a aproximação com o castelo dos inimigos).

O jogo tem zilhões de moedas normais e 3 especiais por fase. As normais servem somente para conquistar as conquistas/troféus, já que não há como usá-las em qualquer lugar do jogo, já as moedas especiais possibilitam o acesso a uma fase bônus. Vale observar que ao pegar uma dessas moedas o jogo salva a obtenção da mesma, então você pode pegar uma que vai obrigatoriamente lhe matar e voltar para a fase sem a necessidade de coletá-la novamente. Soa como uma piada de gosto duvidoso, mas muitas delas vão requerer o sacrifício do protagonista para serem obtidas.

Quanto as fases bônus, estão são um pequeno jogo de memória, mas é mais uma questão de sorte, pois você não vê as cartas de antemão. Você tem 3 turnos para encontrar todos os pares e, se encontrar um par, ganha uma chance extra. Mas é preciso certa sorte para conseguir todos os pares. Ao acertar todos os pares ganhamos mais moedas que não servem pra nada ou, aqui sim é mais interessante, roupas que podem ser selecionadas ao se abrir a tela de seleção antes de iniciar qualquer fase.

Super Wiloo Demake também é um prato cheio para os conquistadores de troféus/conquistas, todas são relativamente fáceis e se completa o conjunto antes mesmo de chegar no final do jogo. Se você simplesmente seguir jogando, vai adquirir tudo sem nem perceber. Admito que me assustei quando vi que tinha ganhado todas antes de chegar ao final do jogo. Lembrando ainda que o cross-buy entre as versões PS4/Vita vão levar o dobro de troféus para a sua conta, incluindo a tão famosa platina, desejada por muitos gamers.

Considerações finais

Chegando ao final desta análise, cabe a pergunta se vale a pena jogar Super Wiloo Demake. Vale? De certa forma vale sim, dá para encontrar uma parcela de diversão, ainda que esta dure mais do que umas 2 horas de jogo. O problema do título é se basear em jogos do passado sem tentar fazer nada novo, sem tentar inovar em alguma parte. Acaba que tudo soa genérico demais, sem impressionar ou surpreender. É um título com forte apego nostálgico, mas que certamente tem maiores chances de agradar um público mais mais novo, como crianças pequenas, dado seu apelo mais simples e muito bem colorido.

O jogo em si faz tudo o que se espera que ele faça. Ele é honesto em sua proposta, e dizer que é simples ou genérico não chegar a ser um demérito. Não há em sua proposta qualquer direção que prometa mais do que isso. Lembra muito a intenção de muitos jogos de Game Boy a sua época, porém falta aquele diferencial que pode ser encontrado com as tecnologias atuais, independente ou não de seu estilo retrô. Fica ao fim a sensação de que ele poderia ser um pouco mais, entretanto joga seguro e prefere ser mais do mesmo em um estilo em que é vastamente encontrado em tantos outros títulos. Vale a brincadeira, mas está longe de pensar que ficará em sua memória.

Galeria

 

Dando uma nota

Visualmente os gráficos apostam em uma pixel art mais retrô - 7
Controles simples e intuitivos, com o porém do personagem deslizar acima do normal - 6.9
Conquistas/troféus facílimos, se ganha e nem se percebe - bom para caçadores de gamescore - 7.5
Existe uma gangorra de dificuldade em certas partes - 7.5
Curtinho, mas ainda assim dura mais do que apenas um tarde de sábado - 7.7
Trilha sonora repetitiva, cansa e enjoa um pouco - 6
É um indie honesto em sua proposta, ainda que não se prometa muito - 7

7.1

Okey

Super Wiloo Demake é um jogo normal de plataforma que pode trazer satisfação a quem procura um jogo curto e divertido. Não inova e nem surpreende. Parece interessante para as crianças, ao oferecer algo mais simples e de menor escopo. Os recursos visuais e de jogabilidade seguem uma pegada realmente retrô, apostando bastante na nostalgia causada pelos clássicos das antigas. É bacaninha, mas não vai além disso.

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