Análise | Xenoblade Chronicles 3

Disponível para Nintendo Switch

Xenoblade Chronicles 3 é uma odisseia de impressionar os amantes de JRPGs, ao colocar o jogador em um mundo absolutamente fantástico, em meio a uma aventura de segredos, mistérios e descobertas, que não lhe deixa para trás caso esteja chegando a esse universo a partir daqui, sem ter jogado os títulos anteriores.

Seu lançamento aconteceu no último dia 29 de julho, mantendo o desenvolvimento sob os cuidados da Monolith Soft, estúdio responsável pela criação e títulos anteriores da franquia, deixando com a Nintendo apenas função de atuar como distribuidora global (publisher) do jogo. Um título exclusivo para a plataforma do Nintendo Switch, o que enaltece em muito sua biblioteca de jogos únicos e de alta excelência.

O jogo segue dentro do gênero action-RPG, mesclando batalhas em tempo real, com sistemas automatizados, enquanto se utilizada de golpes especiais que precisam de um tempo para serem recarregados, em meio a toneladas de opções de customizações e sistemas ímpares que permitem grandes reviravoltas nos combates. Em meio a ação, o jogador encontra um grande mundo aberto para ser explorado, com criaturas andando pelo mundo, itens coletáveis e alguns segredos para se aventurar.

Tudo isso envolto em uma grande e empolgante narrativa entre dois grupos de personagens separados por uma violenta guerra, que já tirou incontáveis vidas, enquanto um grande mal maior se coloca entre tudo o que eles achavam saber sobre o mundo, e que agora os obrigará a se unirem em uma jornada enigmática por trás de respostas para perguntas que eles sequer sabiam que existiam.

Só há que se lamentar que Xenoblade Chronicles 3 está sendo lançado sem localização em nosso português. É sempre importante pontuar o quanto isso faz falta em nosso mercado nacional, pois acaba criando barreiras de acessibilidade para com parte da comunidade, em especial os mais novos, que não cresceram na minha geração, a qual os jogos só tinha opção de inglês e a gente se virava como dava, com nossos inseparáveis dicionários inglês/português. Com tantos jogos hoje em dia em português, está cada vez mais difícil convencer os mais novos a darem chance a estes jogos não localizados. Que pena, não?

Tudo bem começar pelo terceiro?

Jogos numerados sempre vão gerar essa preocupação para aqueles que estejam desatualizados em relação aos títulos predecessores. Posso começar por aqui? Vou entender? Afinal, o que estarei perdendo? Pois bem, a boa notícia é que o universo de Xenoblade Chronicles é gigantesco, de tal forma que cada um de seus títulos tem uma história própria, isolada em si mesma. Os jogos sequer possuem os mesmos protagonistas ou se passam nas mesmas regiões.

Até mesmo cronologicamente é um pouco confuso, já que tanto o primeiro, quanto o segundo, supostamente acontecem em realidades paralelas, mas que compartilham conceitos similares, e estes conceitos (a qual você não precisa saber) estão sendo usados para solidificar esta terceira aventura, que se passa em ambas as realidades, por assim dizer. O canal GameXplain fez um vídeo incrível de 35 minutos recapitulando todos eventos destes dois primeiros títulos, além de suas expansões via DLC. Ao interessados, digo que vale a pena espiar, mas é cheio de spoilers deste dois jogos (incluindo seus finais), e nada ali é realmente obrigatório entender para começar sua jornada neste novo título.

Basta saber que em Xenoblade Chronicles 3 a aventura se passa na região de Aionios, a qual existem duas nações em guerra, Keves e Agnus. Cada uma com crenças e características próprias, a qual Keves é uma nação muito mais militarizada, apostando em grandes máquinas mecânicas, enquanto Agnus tem suas forças baseadas na utilização da energia espiritual do mundo, conhecido como Ether.

Há alguns detalhes interessantes a qual se vai sendo apresentado nas horas iniciais do jogo. Independente da nação, os personagens possuem a capacidade de invocar suas próprias armas, e cada qual tem seu próprio design. Isso ocorre quando ainda novos, durante o treinamento. Outro aspecto curioso é que a guerra parece acontecer por meio de soldados que possuem um tempo de vida de apenas 10 anos (não a partir do nascimento, supostamente, e sim de um ponto a qual ainda crianças iniciam o treinamento). Ou seja, são jovens que mesmo que viessem a ver o fim da guerra, não teriam um longo tempo de vida para desfrutar da paz. Tudo o que eles conhecem é a guerra, e a morte como resultado.

Quando um soldado morre, independente do lado do conflito, seu corpo deixa resquícios de uma certa energia espiritual. Existem pessoas, denominadas “off-seers”, em ambas as nações, que podem “enviar” essa energia de volta “ao planeta”. Naquele conceito oriental de que a energia sempre retorna ao mundo, e que pode ser equiparada na crença de dar paz a alma da pessoa que morreu. Estes off-seers tocam uma flauta diante da pessoa morta em batalha, e a energia é dissipada, assim como seu corpo físico. Conforme a aventura progride, mais desse fenômeno será explicado.

Uma jornada por respostas

A trama começa do lado da nação Keves, a qual somos apresentados a um trio de personagens: Noah, Lanz e Eunie. Após vencerem um desgastante conflito, o trio é enviado a uma missão de reconhecimento, quando um estranho objeto é detectado em uma região próxima de onde vivem. De uma forma bem resumida, ao chegar no local, eles dão de cara com outros três personagens, agora da nação Agnus: Mio, Taion e Sena.

Após uma inevitável batalha entre as equipes, logo eles percebem que o objeto misterioso não pertence a nenhuma das nação, e uma nova figura é apresentada. Um homem, já de uma idade avançada, para o conflito e começa a dizer que eles não precisam viver assim, e que as pessoas podem viver mais do que os 10 anos, e que a verdade desse mundo está em um local de Aionios.

Contudo no momento em que esse homem inicia suas explicações, sofre um pesado ataque de outro inimigo tão enigmático quanto. Este inimigo, meio mecanóide, é gigante, quase como se tivesse saído de um episódio perdido de Power Rangers. Um vilão poderoso, a qual os seis protagonistas sofrem para vencer, e só conseguem quando um estranho fenômeno ocorre: Noah e Mio, sofrem uma espécie de fusão, e se tornam algo semelhante a esse vilão, quase como os colossais robôs de Neon Genesis Evangelion.

Não é como se eles entrassem em um robô, na verdade parece que eles se tornam o próprio robô. Ambas as mentes se tornam uma, e eles passam a ver as memórias um do outro. Conseguem sentir o que o outro está sentido. Esse fusão não é permanente, mas ela dura o tempo suficiente para vencer o vilão, que antes de partir soa uma espécie de alarme planetário a qual ele diz que isso colocará as cabeças à prêmio de todos os seis personagens. Agora eles se tornaram inimigos da humanidade.

Basicamente é a partir desta premissa que Xenoblade Chronicles 3 tem início. O homem de idade avançada, antes de morrer, testemunha essa batalha, vê a fusão de Noah e Mio, e em suas últimas palavras, diz que ambas as equipes precisam deixar suas diferenças de lado e que todas as respostas a tudo que está acontecendo estará na grande espada de pedra que se faz presente neste mundo (e que aparece na arte de capa do jogo).

Resta agora a clássica jornada de uma aventura RPG. O grupo, de personagens de diferentes habilidades, precisam colocar suas diferenças de lado, afim de ir em jornada a um local distante, enquanto lida com os perigos do caminho, diversas criaturas hostis, além de soldados de ambas as nações que passam a caçá-los, por motivos que os seis personagens sequer entendem.

Ao longo dessa jornada, o mundo vai sendo revelado. O passado dos personagens, a verdade sobre os vilões, sobre o mundo em que vivem, sobra a guerra que travam e muito mais. Tudo isso em uma narrativa densa e muito bem estruturada, dando ritmo e vontade para que jogador siga avançando, descobrindo as respostas a tantas perguntas que a premissa inicial abre logo de cara.

E nada disso exige qualquer conhecimento prévio do mundo dos jogos anteriores. É verdade que haverá correlações sim, mas lá no fim, e quando isso surgir o jogo dará todo o contexto necessário para que ninguém sinta que perdeu alguma coisa. Quem jogou os títulos passados certamente irá apreciar a conexão entre os jogos, contudo quem não jogou irá aprender sobre eventos que funcionam bem ao serviço desta aventura em si.

Batalhas automatizadas, porém não é bem assim

Uma característica da franquia Xenoblade Chronicles como um todo é sua automatização nos ataques padrões do personagem controlado pelo jogador nas batalhas em tempo real. Como assim? Bem, basicamente seu personagem fica golpeando o inimigo com ataques padrões sem a necessidade que você o mande fazer isso clicando um botão no controle. Basta entrar no raio de acerto do ataque do inimigo, desembainhar sua espada para que o personagem logo em seguida comece a bater no mesmo.

Falando assim soa meio estranho, não? Qual a graça do jogo bater automaticamente no inimigo? O pulo do gato está no fato de que se deixar seu personagem fazer somente isso o resultado será uma batalha longa, que nem sempre resultará em vitória, pois o dano do ataque normal é sempre muito baixo. Ao não se preocupar com o ataque básico, eis que entra um leque enorme de outras opções.

Como as batalhas ocorrem em tempo real diretamente no ambiente de exploração, ou seja, não há aquela tradicional quebra de tela a qual os jogadores são levados a uma “arena”, o jogador é livre para andar pelo cenário durante o combate, podendo inclusive se afastar até fugir dos inimigos, exceto claro, nos combates obrigatório da história, como os chefões.

Isso de andar livremente (no combate) significa que se posicionar é de suma importância. Basicamente há três pontos de ataque de um inimigo, frontal, por trás ou em suas laterais. Outro aspecto: enquanto se fica andando, o personagem não pode atacar automaticamente. Então se manter parado para atacar também é importante. Se ficar um passinho pra lá, um passinho pra cá, o ataque automático não engata.

Compreendido isso, vem os golpes especiais, estes sim realizados pelo jogador. Tal movimento é denominado Arts. Cada personagem mantém um menu na tela com (inicialmente) três golpes especiais normais e um super especial. Estes golpes ao serem utilizados possuem um tempo de recarga para serem novamente utilizados, sendo que o mais poderoso, o super especial, leva-se um pouco mais de tempo para ser recarregado.

A forma como estes golpes são recarregados também depende de cada grupo de personagens. Com trio de Keves, os golpes possuem um tempo certo, de tantos segundos, que pode variar a depender da potencia do ataque, enquanto com os personagens de Agnus, estas arts só se recarregam quando utilizado os ataques automáticos (então se ficar andando e não deixando o personagem atacar, isso prejudicará estes golpes).

Arts também tem algumas outras traquinagens interessante para se entender. O dano em sua utilização pode ser maximizado a depender de como se utilizar. Cada golpe deste tem uma indicação de qual posição é mais efetivo. Então um ataque por trás tem mais efetividade se, obviamente, o jogador se posicionar nas costas do inimigo para utilizar o golpe. Mas o inimigo lhe deixa se posicionar assim? Segura essa dúvida que já lhe respondo. E saiba que existe um indicador no canto inferior da tela que lhe mostra se você está posicionado a frente, na lateral ou atrás de um inimigo, já que em algumas vezes é um pouco difícil saber apenas olhando para a tela em si, dada certas proporções de alguns inimigos.

Mas não é só isso. Além da efetividade quanto a posição de onde atacar, há um sistema de quebra de defesa do inimigo, que o deixa em um estado de atordoamento, denominado Burst Combo. Basicamente isso ocorre quando os personagens utilizam ataques coordenados que são classificados como break, topple e daze (quebrar, derrubar e atordoar). Cada personagem possui somente uma Art com esse elemento. Por exemplo, Noah tem um golpe especial que ativa o break se atacar na lateral do inimigo. Lanz em seguida utiliza um ataque frontal que causa topple, e por último Eunie aplica um golpe com daze. Inimigo atordoado, hora de sentar-lha a porrada que todos os golpes ficam com dano maximizado.

Agora algumas regras. Inimigos mais fortes podem resistir ao golpe break do jogador, ou o break pode não ocorrer se sua posição estiver fora da exigência do golpe. Estando no controle de Noah, não se preocupe com os golpes topple e daze, pois a inteligência artificial dos aliados é bem eficiente e eles, em 99% das vezes, farão seus golpes na ordem e tempo correto. Falando em tempo, uma vez aplicado essa condição de break, topple e daze, cada um destes status tem um indicador na tela superior que lhe avisa o tempo em que cada estágio permanecerá ativado.

Basicamente são com estas mecânicas que os combates de Xenoblade Chronicles 3 são conduzidos. Engate em tempo real, ataques normais automáticos, golpes (arts) especiais acionadas pelo jogador, com sistema de recarga, com importância em posição em relação ao inimigo e no sistema de combo (break, topple e daze). Há mais outras mecânicas, mas o básico, a ser utilizado em boa parte da aventura, é isto.

Classes, maestria e a segunda camada do combate

Aqui respondo uma questão de alguns parágrafos acima, sobre inimigos deixarem o jogador se posicionar como bem entender nas batalhas. Pois bem, isso ocorre porque os personagens possuem diferentes classes e estas definem alguns critérios dentro dos combates.

Inicialmente cada personagem possui uma classe, porém existem dezenas de classes, mas o mais importante é entender que cada classe tem um tipo específico dentro de uma divisão de três tipos: atacante, defensor e médico. E qual o impacto disso na batalha? Porque isso é essencial para definir a questão do posicionamento tático.

Um defensor tem um papel importantíssimo no combate, pois este utiliza arts que atraem os inimigos para si, fazendo-os virarem em sua direção. Defensores são como tanques, que aguentam porrada, enquanto a classe atacante normalmente prepara a cadeia de atordoamento explicado acima. O atacante se preocupa com a posição, enquanto o defensor está sempre a frente dos inimigos, chamando sua atenção, e atacando sempre de frente. Claro que isso não quer dizer que os inimigos irão apenas atacar o defensor, pois normalmente seus ataques possuem um raio de alcance grande e podem rebater nos demais membros da equipe.

E então entra o médico nessa dinâmica de combate. Um personagem de suporte, que pode atribuir condições de efeitos aos inimigos, mas essencialmente é um especialista em impulsionar as qualidade de seus companheiros. É uma classe que está sempre atenta a curar o defensor, a qual está constantemente recebendo porrada. Mas ele também pode abrir uma área dentro da batalha que maximiza ataques ou aumenta a evasão de golpes inimigos. É neste equilíbrio que funciona o sistema de batalha: atacantes, defensores e médicos fecham um ciclo tático eficiente de combate.

Porém há mais! Classes podem subir de nível (rank) e isso abre um novo leque de possibilidade. Personagens se tornam mestres em suas classes e isso permite que eles continuem usando certos golpes, mesmo quando o jogador resolve mudar a sua classe (sim, você fará isso eventualmente). E por que trocar as classes e seus tipos nos personagens? Porque isso abre um segundo arco de menu com mais golpes (arts) que poderão ser utilizadas em batalha. E quantos mais opções de golpes, menos automatizado a coisa vai se tornando, e mais estratégias vão surgindo, especialmente porque os inimigos irão se tornando mais fortes e espertos também.

Funciona assim, suba de nível em uma classe até se tornar mestre nela. Ao fazer isso, uma nova classe é habilitada. Mude a classe e um novo menu de arts virá com essa classe, porém uma das arts da antiga classe, a qual agora você é mestre, lhe acompanha nessa transição. Faça isso mais duas vezes e no final terá seis golpes para se usar em combate, ao invés de apenas três. Vale a pena, não?

Vale também apontar que apesar de existir apenas três tipos de classes (atacante, defensor e médico), não significa que haja somente três classes. Cada tipo tem inúmeras variações dentro do jogo, a qual irá apresentar ao jogador diferentes tipos de arts. Então duas classes atacantes não possuem os mesmos golpes. Você perceberá isso assim que reunir os dois trios principais do jogo em uma única equipe, que passará a ser composto por dois atacantes, dois defensores e dois médicos. Suas armas, suas táticas, seus golpes são completamente diferentes, ainda que compartilha tipos de classes iguais.

E já abordando os seis protagonistas da história, Xenoblade Chronicles 3 traz como novidade o fato do jogador realizar combates com todos estes seis integrantes ao mesmo tempo. Os dois jogos anteriores só permitiam 3 membros em ação na equipe (enquanto outros ficavam na reserva). Ter todos os seis personagens na equipe é muito impressionante. E quer saber da maior? Você pode mudar em tempo real para qualquer um dos personagens!

Então se está ali, atacando, e percebe que a IA do jogo não está fazendo um trabalho legal como médico, ou que precisa fazer uma tática diferente, é possível mudar em tempo real para o personagem desejado. Isso abre tantas possibilidade dentro do combate. Reposicionamento de equipe, golpes específicos, táticas mais dinâmicas. É sensacional. Não há qualquer penalidade em realizar essa troca e o jogo lhe incentiva a fazer isso, a não ficar preso em um único personagem, em um único tipo de classe.

E tem mais! Há mais mais duas mecânicas que potencializam os combates contra inimigos poderosos: Chain Attacks e a fusão Interlink. Vamos um por vez. A fusão mencionei mais acima, quando contei as premissas da história, quando Noah e Mia se tornam uma entidade robótica. Ao longo da aventura outros personagens também irão aprender como realizar a fusão. Isso se traduz no combate em robôs com grande poder de ataque e arts especiais próprias. Contudo, claro, o uso é limitadíssimo, por um curto período de tempo. Cada tipo de fusão terá ataques e táticas próprias, inspirada nos três tipos de classes.

Porém mais interessante ainda são os Chain Attacks, que basicamente são grandes ataques em sequência ininterrupta, sem que o inimigo sequer consiga lhe atacar. Este poderoso golpe em equipe também leva bastante tempo para ser carregado em combate, e vai se enchendo conforme vai se usando arts. Mas quando é liberado, é um ponto de virada da batalha, a favor do jogador.

Quando um Chain Attack é ativado a batalha em tempo real basicamente para e congela, e então o jogador entra em um modo de decisão no estilo batalha de cartas. É preciso escolher dentre três opções de personagens para iniciar um ataque coordenado. E aí vai escolhendo outros golpes (que tem pontuações indicadas na tela) até um indicador encher 100%. Quando isso ocorrer, mais um golpe especial ocorre e outro personagem tem a vez. Continue usando os pontos ainda não utilizados, até novamente encher 100%. Conseguiu? Então um terceiro ataque é também realizado.

É um ataque especial assustador. O objetivo aqui é continuar uma série de golpes coordenados, de olho nas cartas de pontos que ainda possui, controlando os gastos e entendo a eficiência do uso dos ataques corretos, pois estes devolvem pontos bônus para continuar usando o especial. Fantástico.

Após tantas explicações fica bem claro todas as camadas desse sistema de combate, repleto de possibilidades e estratégias. E nem é só isso. Há ainda acessórios que podem ser equipados, gemas que podem ser fabricadas e aprimoram diversos status, sistema de level up que abrem novos slots para estes itens, novos golpes e uma infinidade de outros detalhes que fazem parte de um jogo de RPG muito farto de opções. Há muito mais para se descobrir em Xenoblade Chronicles 3, que mantém um belo ritmo de novidades ao longo de mais de 60 horas de gameplay, facilmente passando de 100 horas se você resolver explorar todos os cantinhos dessa aventura.

Considerações finais

Ainda há muito que posso dizer sobre Xenoblade Chronicles 3, mas a bem verdade é que parte da grande experiência para com o título é a descoberta de tudo que essa jornada tem a oferecer. Quanto mais destrinchar aqui, menos surpresas ficarão. Além disso, acredito que cobri todas as premissas principais e importante a qual interessados possam querer saber antes de decidir adquirir o título.

Reforço que a narrativa é muito bem construida. O título entrega uma história muito envolvente, com diversos momentos em que o jogar dá um pause para longas cutscenes, repletas de emoção, suspense e ação. A trama daria um excelente animê. Os personagens são muito bem trabalhados, com passados que vão sendo revelados aos poucos, cada um com personalidades distintas e motivações diferentes. E o mundo sendo revelado e explicado aos poucos, é de lhe manter entretido por toda a aventura.

Meu único parênteses nesse aspecto se dá pelo fato de que os desenvolvedores parecem um pouco mais acostumados com o conceito de pessoas vivendo em grandes seres petrificados. Quando olho para o primeiro título, havia toda uma preocupação de design para que ficasse claro essa proposta. A cada nova região, havia sempre a indicação de onde você estava nestes enormes titãs, um vale no braço, colinas no joelho e afins. Neste terceiro jogo, parece que até mesmo a construção do mundo não se preocupa tanto em lhe dar essa percepção. Ainda há segmentos assim, mas é muito mais auto contido, exceto, claro, pela grande espada ao fundo, que é seu destino no início da jornada.

Por outro ângulo, gosto da construção dos vilões, que se apresentam como uma organização do mal, cujo os propósitos não ficam claros num primeiro momento. Dá um senso bom de ameaça, de que os riscos são altos para o jogador. Tudo bem que o visual deles é característico do amor que o oriente tem por robôs gigantes, que sempre parecem grandes vilões de seriados do tipo tokusatsu, como Power Rangers e Ultraman, com também uma clara inspiração nas máquinas de Neon Genesis Evangelion. E funciona dada a construção de um mundo de mecanoides para guerra.

Na parte da jogabilidade, o Xenoblade Chronicles 3 se sai muito bem, especialmente pensando no Nintendo Switch com seu hardware muito mais modesto do que os consoles concorrentes. Esse aspecto é tão bem feito aqui, que dá dizer que o mundo aberto do jogo é tão bonito e povoado de criaturas a ponto de fazer jus a outros títulos em outras plataformas que podem ter gráficos melhores, mas não entregam um mundo tão vivo quanto.

Claro que ainda assim o console demonstra suas limitações, como criaturas que aparecem do nada ao fundo do cenários, assim como outras maiores que ficam ao fundo, mas em baixa taxa de quadros, melhorando somente quando chegam mais perto da tela. Mas o público do Switch está um pouco acostumado com esses aspectos, pois também ocorre em diversos outros jogos de mundo aberto no console.

Quanto ao terreno, também posso tecer bons elogios aqui. O jogo entrega grandes vales, com enormes rios e colinas que precisam se escalar. O jogo não é apenas um planalto sem graça. Há diversos tipos de biomas e arquiteturas, tanto verticais quanto horizontais, com construções realmente colossais. E você anda por todo lado, coletando itens, baús e explorando segredos destes biomas. Há batalhas entre monstros (e você pode escolher um lado), grandes criaturas que não podem ser derrotadas a princípio e também um sistema de ferocidade dos monstros, que quando maior forem, mais perigosos serão em relação as suas versões de tamanho normal.

As batalhas, já bem detalhadas ao longo desta análise, mantém o jogador entretido na aventura enquanto o próximo momento de história não surge. O jogo incentiva muito a experimentação e troca entre os personagens, mudando classes, tipos de arts, estratégias e assim por diante. Você sente compelido a ir atrás de monstros fortes pelo mapa para testar a sua força. E mesmo perdendo algumas batalhas, o jogo não é nada punitivo, colocando você próximo de onde caiu, e sempre dando lhe a opção de salvamento manual em diferentes slots, enquanto o próprio jogo mantém um slots exclusivo para salvamento automático.

A sensação é que de fato os combates evoluíram em relação aos jogos anteriores, parte por conta de poder contar com seis membros ativos na equipe, assim como a troca em tempo real entre eles enquanto a batalha está acontecendo, o que lhe dá dinamismo para lidar com situações inesperadas e alteração da tática de combate ali na hora, sem ter que morrer para recomeçar pensando em uma nova estratégia. E quanto mais de avança na aventura, mais opções de classes, arts, acessórios vão surgindo.

Estando no segundo semestre de 2022, já é possível apontar que Xenoblade Chronicles 3 fortemente concorre para ser um dos melhores JRPGs deste ano. Fácil fácil. Torna-se muito difícil pontuar tecnicalidades a qual o título não se sai bem. Por exemplo, boa parte dos diálogos apresentam áudios com as vozes dos personagens, contudo ainda há pontuais diálogos, normalmente sem muita importância, que rolam sem som, apenas na clássica caixa de texto. Não curto isso, mas dada as limitações do Switch, e do fato do jogo ocupar 15GB de espaço no console, dá para entender. Claro que também repito o puxão de orelha do jogo não possuir localização em português.

No mais, Xenoblade Chronicles 3 é uma experiência completa e memorável do que representa um JRPG da mais alta qualidade. Do tipo que não se encontra facilmente nos dias de hoje. Desse gênero que consegue realmente te levar para dentro de um mundo incrível de fantasia. Você se preocupa com os personagens, seus destinos. Vibra a cada vitória, explora cada canto do mundo. E quanto se dá conta, se torna fã desse universo e acabou ganhando uma lembrança para todo o sempre. É uma sequência que funciona muito bem a parte dos jogos anteriores, mas que também agrada quem já viveu e sabe aspectos desse mundo. Expande a jogabilidade, renovando suas mecânicas e entregando algo divertido e, ao menos tempo, repleto de desafios.

Galeria

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Dando nota

Narrativa densa, bem construida. Funciona para quem chega agora, mas também faz conexão com os jogos anteriores - 9.5
Combate é repleto de mecânicas, tanto que a automatização é algo mínimo dentro do escopo - 9.5
Interessantíssimo sistema de classes e maestria, que expande ainda mais o repertória de táticas pelo jogador - 9
Excelente a troca em tempo real de personagens nas batalhas, além de uma equipe de seis heróis - 9.2
Mundo enorme, vasto de criaturas e que instiga a exploração - 8.8
Entrega uma ótima dublagem em inglês, mas é uma pena não ter localização em português - 7.5
Longa cauda de gameplay, uma aventura de centenas de horas para amentes do gênero - 10

9.1

Fantástico

Xenoblade Chronicles 3 é tudo que promete e muito mais. O fechamento de uma trilogia, que funciona muito bem isoladamente, mas que também fecha pontos passados. Em sua jogabilidade entrega o próximo passa da franquia, equipes maiores, muitas mecânicas de combate, troca de personagens em tempo real. Tudo em um grande mundo aberto para se explorar, que encanta, intriga e lhe deixa imerso na vida ao redor. A trama é intensa, com bons personagens, ótimos vilões e intrigante, tudo bem construido. É um JRPG de responsabilidade, que facilmente pode figurar com um forte candidato a melhor do ano em seu gênero.

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