Análise | Exoprimal

Disponível para PlayStation, Xbox & PC

Exoprimal é um daqueles jogos que rapidamente prendem qualquer jogador que gosta de um bom jogo de tiro em terceira pessoa, além de dinossauros, mas que você só entende o que realmente é o jogo quando o experimenta, sendo bem confuso quando apenas explicado teoricamente. O que certamente coloca bastante responsabilidade nas minhas costas, já que estou escrevendo uma análise justamente com a proposta de apresentar o jogo para a quem possa estar interessado.

Seu lançamento aconteceu no último dia 14 de julho, tendo sido desenvolvido diretamente pelos estúdios internos da Capcom, quem também é a distribuidora global da obra. Está disponível para os consoles da família PlayStation (4 & 5) e também para os consoles Xbox (One & Series), além do PC. No momento não há nenhuma notícia sobre a possibilidade de seu lançamento no Nintendo Switch. Contudo, é bacana lembrar que o jogo encontra disponível desde seu lançamento no serviço Xbox Game Pass para Console e PC (Windows), então se você assina esse serviço, vá experimentá-lo (agora) sem a necessidade de adquirir o título.

Exoprimal foi desenvolvido utilizando o motor de jogo (game engine) – uma ferramenta que automatiza em muito a forma de se desenvolver jogos RE Engine, da própria Capcom, criado originalmente para cuidar dos atuais jogos da franquia Resident Evil, mas que tem se mostrado bastante versátil nestes últimos anos, com a empresa usando-o para títulos como Devil May Cry 5, Monster Hunter Rise e até mesmo o recente Street Fighter 6. O resultado de sua utilização é um jogo muito estável na quantidade massiva de elementos em tela, sem apresentar erros com carregamento de texturas ou queda na taxa de quadros, com muitos efeitos visuais de raios, explosões e luzes refletidas que em nada comprometem o processamento em tempo real da ação.

Agora como explicar, da forma mais simples possível, o que é Exoprimal? A minha percepção, tendo passado as últimas semanas imerso no jogo, é que trata-se de um jogo de ação em terceira pessoa, de tiroteio PvE (jogador contra ambiente), misturando uma narrativa e campanha de progressão single player, em meio a uma relativa jogabilidade cooperativa multiplayer, com pontuais momentos em que a ação se volta para PvP (jogador contra jogador). Não é tão simples assim, né? Vamos em partes!

Ilha Dinossauro em 2040

Um dos fatores mais curiosos de Exoprimal é a forma encontrada pelos desenvolvedores de contar essa história de como o mundo, num futuro próximo, foi aniquilado por hordas de dinossauros viajando pelo tempo por meio de misteriosos portais. Isso acontece em 2040.

Contudo o jogo começa em 2043, um ponto em que a humanidade aprendeu a lidar um pouco com esse evento, porque meio de esquadrões de soldados portanto exoesqueletos. Assim somos apresentados ao Esquadrão #52585, também reconhecidos por Cabeças de Tubarões (Hammerheads), e enquanto estão em patrulha acima de uma ilha chamada Bikitoa, conhecida como o ponto de origem dos portais. As coisas se complica quando a nave da equipe é sugada por um novo vórtex que aparece repentinamente à frente da nave, o que os leva a cair dentro da famosa ilha.

Logo todos percebem que não estão mais em sua própria linha do tempo e que sequer então em 2043, e que na verdade estão em 2040, no ápice de todo o apocalipse jurássico. E não só isso, mas uma figura ainda maior, uma espécie de Inteligência Artificial, denominada Leviatã, está recrutando esquadrões em diferentes linhas do tempo para realizar o que ela chama de “Jogos de Guerra”, que funciona meio como combates simulados de diferentes humanos portando exoesqueletos contra dinossauros, afim de que a IA colete dados destes confrontos.

Qual o objetivo dessa coleta de dados? O que realmente está acontecendo em 2040? Como fugir dessa prisão inter dimensional? Estas são apenas algumas das muitas perguntas que essa narrativa levanta quando iniciada, e que de fato são respondidas ao jogador, por meio de pistas e itens coletados durante as partidas, que criam uma espécie de dossiê de eventos e investigações realizadas pelos membros da sua equipe, e que são encontradas num menu próprio na tela inicial. Assim existe essa sensação de que a progressão narrativa ocorre em meio as partidas multiplayers, enquanto o próprio jogo em si também vai sofrendo mudanças e se ampliando.

Ainda tentando descomplicar, Exoprimal não é um jogo multiplayer online estático, onde as coisas não mudam, ainda que levem tempo para mudar. Trata-se de uma aventura que muda e se molda em novos modos e possibilidades, conforme sua trama vai se desdobrando em novos elementos narrativos. Isso é muito interessante e pega muito o jogador de surpresa em diversas situações.

Vamos aos Jogos de Guerra!

Vamos entender melhor esse conceito de narrativa que influencia a jogabilidade prática. Os Jogos de Guerra, ou Sobrevivência Jurássica como consta no menu principal, inicia com partidas de equipe de 5 jogadores lutando contra hordas de dinossauros por um certo número de rodadas. Em paralelo a esta partida, há outra equipe de 5 jogadores fazendo o mesmo percurso. O Leviatã vai avisando a cada rodada qual equipe está avançando mais rápido. Sendo assim a sua sobrevivência não tem a ver com derrotar os dinossauros, mas em sair na frente da outra equipe, afim de conseguir uma vantagem na rodada final.

Quando terminada todas as rodadas normais, a última etapa transporta ambas as equipes para um único mapa, um mesmo local físico. Quem termina primeira a etapa normal, vai primeiro pra esse estágio final e tam a vantagem de avançar pelo mapa primeiro. Essa última rodada pode ter, inicialmente, dois tipos de missões: mais hordas de dinossauros ou transportar um cubo de dados pelo mapa, em ambos os casos, as equipes saem de pontos diferentes e acabam se encontrando em um ponto em comum do mapa. E aí a situação de PvE se mescla com PvP, a qual uma equipe pode partir para cima da outra, atrapalhando o progresso da rival, enquanto ainda assim tenta concluir seu próprio objetivo.

Quem é eliminado, tem alguns segundos pra renascer, ou pode renascer de imediato se outra pessoa da equipe o socorrer, então não é um cenário de vitória por eliminação. Nada disso. É muito mais sobre impedir o progresso da outra equipe, especialmente daquela que consegui a vantagem de sair na frente nesse estágio, ou o contrário, de impedir quem começou atrasada de conseguir emparelhar com quem saiu na frente.

Mas isso não é tudo! Esse momento é apenas a etapa inicial do multiplayer de Exoprimal, pois conforme a história avança, novos elementos narrativos são descobertos, e aí novas etapas de combate vão surgindo. Em determinado momento os personagens descobrem que talvez possam interferir num sinal de um aparato da ilha. E então um NPC passa a seguir as equipes de jogadores. Nisso que o Leviatã percebem o que vocês estão tentando, ele muda o ritmo da partida, oferecendo um número ainda maiores de dinossauros, até mesmo ao clímax de uma super horda gigante deles.

E novos dinossauros também passam a ser adicionados entre partidas. Se no começo são apenas velociraptors, pterodáctilos e carnotauros, conforme o jogador vai conhecendo novos mapas e as equipes são de níveis maiores, outras espécies de dinossauros vão surgindo, de tiranossauros, triceratops, dilofossauros, espinossauros e afins. No total são 10 espécies de dinossauros normais, porém existem ainda 8 espécies inventadas pelo jogo, versões meio que mutantes e mais letais, a qual o jogo denomina como neossauros. Mas leva-se tempo, progresso e muitas partidas para todas estas criaturas serem introduzidas.

As rodadas finais também passam a mudar, trazendo novos objetivos finais, desde capturar e defender bases, quanto carregar um martelo energético para destruir um aparelho que está energizando um escudo que dá acesso as próximas etapas do combate. Tudo isso enquanto ambos os jogadores lidam com hordas e mais hordas de dinossauros para tudo quanto é lado. Eventualmente Leviatã ficará tão irritado que o jogo muda para massivas batalhas em que as equipes de 5 se unem para que 10 jogadores lidem com enormes chefes dentro do jogo.

Ao todo são 9 tipos de missões entregue na progressão, mas que o jogador nunca vai escolher exatamente o que quer jogar, é tudo aleatório e bloqueado até o ponto da história em que faça você sentido ver o que ocorre durante a partida. Maneiro, não? O único revés de um sistema assim é que a curva inicial pode ser muito repetitiva até que o jogo comece a lhe mostrar outras coisas. E por isso uma dica: aproveite as partidas iniciais para testar e experimentar todas as classes de personagens presente no jogo.

Ofensiva, Tanque ou Suporte?

Eis então outro aspecto de Exoprimal, entender que apesar do jogador criar seu próprio personagem dentro da narrativa que lhe apresenta a equipe Hammerheads, este mesmo personagem terá a sua disposição um certo número de exoesqueletos que irão representar três classes distintas de máquinas de combates, que irão moldar a forma como se comportar na hora da ação das partidas multiplayer. Ace, como é chamado o personagem controlado pelo jogador, é flexível no sentido de que cada jogador terá sua própria identidade e jeito de jogar, ainda que todos estejam, paralelamente, dentro de uma campanha narrativa pessoal em seus respectivos jogos.

Ace então é o avatar do jogador dentro da trama, e para tal é possível criar seu visual dentro de algumas opções bacanas. Não tenho a reclamar do sistema de personalização, até porque em boa parte do tempo, seu personagem está dentro de um exoesqueleto, uma grande armadura de metal. Mas é bacana vê-lo nas cutscenes de história eventualmente. Curioso que Ace é um personagem com aquele arquétipo de Link, protagonista de The Legend of Zelda, não possuindo falas, mesmo diante do fato do jogo ter muitos diálogos entre os demais personagens. Ele entra mudo e sai calado de todas estas situações.

Quanto aos exoesqueletos, aqui o jogador encontrará 10 modelos de armaduras, divididas em três categorias: ofensiva, tanque e suporte. Visualmente todas são bem diferentes entre si, elemento que também se transfere para a jogabilidade, trazendo muita personalidade para cada estilo de armadura, com poderes, estratégias e golpes distintos.

Exoprimal também conta com um sistema de microtransações cosméticas, além de um Passe de Temporada com tais itens. Isso permite um outro nível de customização, com diferentes visuais de armaduras, paletas de cores para armas, dancinhas e imagens para o carrossel de comunicação online e afins. O resultado é que isso também deixam os jogadores bem diferentes uns dos outros. É raro uma equipe ter dois jogadores com o mesmo exoesqueleto e ambos serem idênticos. Mas não precisa gastar dinheiro de verdade se não quiser, pois existem muitos itens visuais que podem ser comprados com as moedas do jogo, além de sua progressão online como jogador lhe garante baús de itens aleatórios de tempos em tempos.

Ou seja, há microtransação, mas não é agressiva como esse modelo já foi no passado. Até porque, nesse caso, vale lembra que Exoprimal não é um jogo gratuito, o que meio que torna necessário tal balanceamento entre o que oferecer em seu preço bruto e o que dar como alternativa para quem gosta de gastar para parecer visualmente diferente dos demais. É justo, especialmente pensando nesse momento inicial de sua primeira temporada. Por sim, tudo indica que o título continuará ganhando conteúdo de tempos em tempos, expandindo ainda mais sua experiência, seja de história, seja no formato dos jogos de guerra.

De volta as classes! Como mencionado são três classes principais, Ofensiva, Tanque e Suporte, contudo dentro de cada classe tem opções de armaduras que mecanicamente funcionam de forma diferente uma da outra, mas que oferecem o que a identidade da classe se propõem. Na ofensiva temos quatro opções, enquanto Tanque e Suporte oferecem três opções em cada uma. Temos as dez armaduras totais.

As classes sugerem exatamente o que seus nomes dizem. Ofensiva é uma classe veloz, que pode correr pelo mapa eliminando vários inimigos, com um armamento que causa um ótimo dano. Uma classe que vai desde o básico personagem com um rifle atirando em tudo, quanto um bombardeiro que tem granadas explosivas, causando dano de fogo em múltiplos inimigos. Trata-se de uma classe que causa dano massivo, mas não tem muita resistência se estiver cercado de muitos inimigos. Não é uma classe feita para aguentar muita porrada, sendo apenas para atacar como um maluco mesmo.

Diferente é a classe Tanque, que esta sim tem uma boa resistência de armadura, aguentando chamar inúmeros inimigos pra si, sendo o centro das atenções, afim de que seus companheiros possa aproveitar isso como uma oportunidade para ir com tudo sobre os dinossauros. Tanque funciona muito bem como isca, atraindo os inimigos pra si, causando dano mediano, mas abrindo a oportunidade para a classe ofensiva. São armaduras que possuem uma metodologia de combate a curta distância, sendo que tem o modelo que bate em seu próprio escudo para atrair os dinossauros, enquanto sai socando eles no muque metálico, assim como o modelo com uma enorme metralhadora que lança rajadas e mais rajadas de balas num formato de atirar primeiro, enquanto mirar é só uma questão de quão longe os dinossauros estarão da saraivada insana de balas.

Por último, mas tão importante quanto as demais classes, o Suporte é aquele especialista em manter a equipe viva e a salvo. É uma armadura que pode causar dano e trabalhar em momentos de ataque e ofensiva, mas isso somente quanto não estiver curando companheiros, ou atribuindo status que acelerem a velocidade ou então que não esteja congelando ou puxando os dinossauros para um único ponto. A classe suporte não é uma classe que resolve e finaliza um combate, mas é quem faz com que isso aconteça pela mãos dos demais membros do grupo, enquanto que mantém todo mundo vivo, se mostrando extremamente importante pela dinâmica de que há duas equipes competindo entre si para ver quem chega primeiro na rodada final de confronto.

Mesmo que Exoprimal oferece apenas três classes principais, o que alguns jogadores podem achar pouco, não é isso que senti nestas últimas semanas participando de dezenas de partidas dentro do jogo. Acho que a simplicidade dessa trindade ajuda em muito a acessibilidade do público para com o conceito das partidas. São cinco jogadores dentro das equipes, e a formação sempre poderá ter variações que vão desde 1 tanque, 1 suporte e 3 ofensivos, ou 1 suporte, 2 tanques e 2 ofensivos. Já presenciei vitórias com 2 suportes, 2 tanques e 1 ofensivo. A bem verdade é que tudo funciona, contando que cada equipe tenha no mínimo, uma das três classes em campo.

Equipes sem alguém no suporte tem mais mortes de jogadores, sem tanques tem inimigos cercando os jogadores mais facilmente, o que vai levar alguns a morrerem, enquanto times sem ofensivos fazem com que os combates durem mais, o que prejudica o tempo final de cada rodada para avançar até a parte final. Existe esse equilíbrio necessário que exige as três classes em campo para funcionar em termos de tempo e ritmo, algo tão essencial. E a melhor notícia? Jogadores podem mudar de classe e armadura em tempo real na partida. O jogador de Suporte não está dando suporte? Outro membro pode tirar suas armadura e colocar uma de suporte. Notou que no seu time, os ofensivos estão com o mesmo tipo de armadura? Talvez seja interessante trocar e pegar uma diferente.

Essa tipo de troca em tempo real é importantíssimo para o bom resultado de gameplay, até porque, diferente do que se pensava no passado, quando os jogos de multiplayer online estavam iniciando tal empreitada, a comunicação por voz ou chat, já não é mais tão essencial assim hoje em dia. Exoprimal oferece isso, mas sinceramente, grande parte dos jogadores não querem essa interação, deixando que cada um cumpra sua função dentro da equipe e pronto. O máximo de interação entre jogadores, é uma roda de comunicação para apontar quem precisa de cura ou para se reunir. E está ótimo! O hub na tela da partida também mostra claramente com qual armadura cada membro da sua equipe está usando, o que permite que o jogador rapidamente observe e troque sua armadura se assim achar necessário. Há ainda um alerta de que falta de classe na equipe para que alguém sinta-se compelido a assumir o desfalque de um jogador que trocou classe inicial da partida.

No mais, a minha avaliação é que a jogabilidade das armaduras, independente das três classes, oferecem uma boa diversidade de mecânicas entre todos os dez tipos existentes nessa janela inicial da primeira temporada. O jogador pode combater as hordas de dinossauros usando rifles de assalto, ou aquele que gosta de combate próximo, há outra armadura que se utiliza de espadas, tem armadura com cajado de raios, ou uma outra em que o jogador pode ficar planando no ar, enquanto faz um trabalho de suporte mais aéreo. Ou seja, tem de tudo um pouco.

Para tudo isso funcionar, Exoprimal conta com diversos sistemas de progressão para que o jogador sinta que está evoluindo hora a hora dentro do jogo, cada partida gera pontos de experiência, assim como garantes dados de história que vão destravando a trama em paralelo. Pontos de experiência evoluem o nível geral do jogador, assim como o Passe de Temporada (seja na versão gratuita ou premium) e em paralelo a isso, cada armadura tem 20 níveis para subir e evoluir, o que garante alguns itens cosméticos e perks exclusivos da própria armadura.

A progressão geral do jogador garante outros itens, como o desbloqueio de três armaduras das dez que o jogo possui. Esse desbloqueio ocorre no nível 20, 30 e 40. Dentre essas armaduras, há uma que permite um estilo de jogo com pistolas duplas, com dupla funcionalidade, de ataque e dano, assim como cura aos companheiros, tem uma armadura pesada de samurai, assim como outra ofensiva com um rifle de sniper, para um ataque potente num combate ainda mais distante. Perks comuns, que podem ser usados em qualquer armadura, também são desbloqueados nessa linha de evolução geral, assim como demais itens, desde cosméticos a itens de comunicação entre jogadores, como dancinhas e emotes.

Em relação aos perks, denominados módulos de armadura no jogo, cada armadura possui três slots para equipar três acessórios. Estes módulos garante atributos extras a armadura equipada, dos mais variados, seja um extra no status de velocidade na hora de sair correndo, seja no tempo de regeneração, seja na velocidade da recarga dos ataques especiais de cada armadura. E cada módulo ainda possui cinco níveis de evolução, a qual o jogador gasta moedas ganhas dentro do jogo para aprimorar ainda mais o efeito do atributo. Estes perks não vão mudar de forma discrepante o combate, mas o refinará a jogabilidade.

Além de tudo isso, também gosto como existe um sistema de armas secundárias que independem da armadura selecionada. Estas armas também são desbloqueadas aos poucos, conforme a progressão vai ocorrendo. Inicialmente o jogador tem um canhão de raio a longa distância, que é perfeito para os dinossauros voadores, mas logo esse leque secundário abre para outras armas, de escudos fixos no terreno, de arma individual de recuperação de saúde, de um bumerangue com choque entre outros.

Durante as partidas também há um outro momento que alguns jogadores acabam aguardando com bastante ansiedade, que é quando o Leviatã libera aos dois times em disputa um Dinossauro Dominador, ou seja, um dos jogadores de cada equipe pode assumir o controle de um dinossauro enorme, nível T-Rex, que pode seguir para atacar o outro time, atrapalhando o progresso da equipe rival, desacelerando eles. Esse Dino Dominador tem uma boa dose de HP, podendo assim levar uma boa quantidade de dano e sendo uma preocupação para ambos os lados quando em partida.

Concluo que todo esse sistema, das partidas por rodadas, combate de horda de dezenas de inimigos, sendo que o perigo vem da quantidade em si, das classes individuais de armaduras, trabalho em equipe de 5 disputando em paralelo com outra equipe, disputa com tempo, quem avança mais rápido… tudo isso dá uma boa dose de ação, tensão, diversão e também de progressão, tanto individualmente entre a partida, quanto no aspecto geral, quando que a história vai evoluindo, novos elementos sendo adicionados e suas armaduras também vão recebendo pequenos atributos novos, via módulos e armas secundárias. Acaba que gera certa satisfação em jogar mais uma partida, ainda que ela seja ligeiramente parecida com a anterior.

Considerações finais

Exoprimal é um divertido jogo multiplayer com desenvolvimento single player, que adapta bem um modelo misto que parece ter influência de jogos como Overwatch e Monster Hunter, sendo este último também um produto da própria Capcom. Soma-se a experiência que a própria empresa tem com jogos de ação em terceira pessoa, o que gera este resultado tão prazeroso, por mais confuso que seja apresentá-lo aos jogadores.

A grande surpresa pra mim foi encontrar esse modelo de campanha e história, que tanto se sonha em títulos como o próprio Overwatch e até mesmo Fortnite, a qual aqui os desenvolvedores encontraram um formato muito interessante de construir uma narrativa e expandir o contexto desse mundo e seus personagens diretamente no jogo em si, sem precisar recorrer para outras mídia. Algo que hoje em dia, jogos como Destiny 2 também entendem bem estes benefícios de colocar a narrativa entre a ação, temporada e eventos, ao invés de apenas amarrar em uma campanha single player.

Não estou dizendo que Exoprimal é uma evolução em detrimento a todos estes jogos, estou dizendo que existe um olhar muito pontual e assertivo de que o título consegue fazer um excelente balanceamento entre misturar a experiência do multiplayer online com a imersão pessoal e individual de uma campanha single player. É uma ótima junto de ambos os mundos, não a melhor, mas é um projeto muito interessante a se olhar e observar. Certas edições de Monster Hunter já fazem isso, é verdade, mas até então era uma fórmula que depois de tantos jogos, não conseguia ser aplicado em outros conceitos e temas de jogos. Até então, pois Exoprimal vem mostrar que é possível expandir a ideia e os conceitos para além de caçadores e monstros gigantes.

As partidas tendem a durar entre 15 a 20 minutos, tempo que considero aceitável para a proposta pretendida. E como a partida segue um formato de fase enorme, pois o jogador andar a cada etapa por um imenso mapa, as hordas de dinossauros mudam os tipos de dinos encontrados em cada rodada, além da rodada final juntar as equipes umas contra as outras, além de acrescentar objetivos extra, resulta em partidas que o ritmo e dinâmico evolui e muda em meio a ação que, esta sim, nunca é interrompida. Não são partidas que você enjoa e fica cansado no meio de seu desenrolar. E essa duração não prejudica nenhum lado, caso alguém se desconecte (despropositalmente ou acidentalmente), pois quando isso ocorre, um BOT (personagem controlado pela CPU) assume o posto perdido – e você provavelmente nem vai perceber isso acontecendo.

Em questões mais técnicas, não encontrei nada crítico para se pontuar. Os controles respondem muito bem, e não são confusos, apenas requer que o jogador treine um pouco com cada armadura para entender melhor as muitas abordagens que individualmente elas possuem. Mas o tempo de resposta dos botões é muito bom. Apenas não tenho muitos elogios adicionais a fazer por ter experimentado o jogo no PlayStation 5, já que o DualSense não oferece nenhum recurso extra que o mesmo possui. Nada de vibração diferencial ou gatilhos com pressão inteligente. É apenas as funções padrões de um controle normal mesmo.

Visualmente Exoprimal é uma diarreia explosiva de luz, efeitos, fumaça e dinossauros correndo pela tela. As capturas do jogo, usadas para ilustrar essa análise demonstra um pouco a poluição visual do jogo. E não reclamo disso não. Acho que dada a loucura proposta, gosto das paisagens urbanas, digitais e um pouco de natureza misturada num jogo de ação de máquinas versus dinossauros. É caoticamente bonito. É um daqueles jogos de efeitos pirotécnicos, de explosão de cores e efeitos. Ainda que dada a ação frenética e acelerada, você nem sempre irá descansar para ficar admirando paisagens. Não há tempo para contemplação quando tem mais de mil dinossauros saindo de um portal ao fundo do cenário.

Dito isso, é admirável como existem dezenas, as vezes centenas de elementos se mexendo em tela. Lembra os bons tempos de Capcom e Dead Rising, o que me leva a pensar o quão maneiro seria um novo jogo da franquia com o potencial de processamento dos atuais consoles. É admirável a quantidade de dinossauros em tela nos momentos mais tenso das partidas, que nunca demonstrou pra mim queda na taxa de quadros ou desconexões por estar online. É bem impressionante se for pensar.

E como eu gostei do mapa da narrativa, que demonstra as pistas em vídeos e áudios, coletados em todas as partidas. Visualmente é um mural de investigação que instiga o jogador a acompanhar seu progresso, em meio a perguntas que todos desejam saber suas respostas. É uma ótima forma de fazer  jogador se empenhar e seguir jogando para acompanhar o desfecho de cada um dos atos do jogo.

Curioso apenas a forma como o jogo encontra-se localizado, pois para textos, legendas e explicações, Exoprimal conta com toda a parte escrita em nosso maravilhoso português, contudo, na hora dos áudios, parece que o serviço foi realizado pela metade, pois em algumas situações de áudio, como o começo e durante as partidas, o narrador (Leviatã) encontra-se sagazmente dublado, contudo, nas cenas de campanha, tanto do mural de pistas, quanto nas cutscenes da história, os personagens principais estão com o áudio original em inglês, ou seja, não foram dublados em nosso idioma. Estranho, não? Depois de um tempo se acostuma, mas na curva inicial acaba dando uma sensação um tanto estranha.

Por fim, Exoprimal é um destes títulos que demonstram que sua trajetória parece estar apenas iniciando um (ótimo) ponto de partida, pois a Capcom já disse que em outubro haverá uma segunda temporada, e em janeiro de 2024, a terceira. E quando tudo isso acontecer, novos eventos, novos mapas, mais modos e muito mais itens irão garantir que o jogador continue explorando esse universo e retornando ao jogo. Este é só o começo, porém é um belo e impressionante começo. Reúna se esquadrão, escolha sua armadura, e comece a trabalhar nos mistérios dessa ilha, da figura enigmática do Leviatã e não deixe sobrar nenhuma lagartixa super desenvolvida aterrorizar 2040, enquanto estuda se é possível voltar a 2043 e salvar o futuro!

Galeria

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Dando nota

Proposta mescla campanha single player e multiplayer online e funciona muito bem! - 9
Jogabilidade de horda, com em grande parte de PvE, e pontualmente tem PvP - 8
Combates contra dinossauros diverte, mas poderiam ter um desafio mais elevado - 7.5
Divisão de classes e várias opções de armaduras entregam muita variedade e opções aos jogadores - 8.8
Partidas evoluem com a progressão da história, adicionando novos elementos, chefes e cenários - 9
Cauda de replay resulta em muitas partidas nos mesmos cenários e situações, até que a história dê o próximo passo - 7
Conteúdo não para aqui, pois funciona em sistema de temporada e eventos, então só tende a crescer nesse sentido - 8.5

8.3

Ótimo

Exoprimal é um ótimo jogo que explora com sucesso uma experiência de partidas de horas em multiplayer online, com pontuais momentos PvP, enquanto emaranha este escopo com uma experiência de campanha single player, trazendo muita história e mudança na progressão das partidas mediante gatilhos narrativos. A jogabilidade faz uma mistura de Monster Hunter e Overwatch, resultando num jogo de ação em terceira pessoa frenético, onde classes diferentes importam para formar equipes com alto potencial de vitória. É um jogo que de longe parece confuso, mas quando testado, rapidamente vicia e envolve o jogador em uma experiência insana de armaduras robóticas versus ondas e mais ondas de dinossauros sedentos por sangue, em meio a um loop temporal que cola toda uma trama futurista insana de mundo devastado por IA vilã e dinossauros fora de seu tempo habitual. É maluco na medida certa para funcionar!

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