Análise | Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça

Disponível para PlayStation 5, Xbox Series X|S & PC

Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça (Suicide Squad: Kill the Justice League) é um jogo que vai passar por alguns equívocos por parte da comunidade, a qual muitos sequer irão dar uma chance ao mesmo, enquanto na realidade, dentro do que ele se propõe a ser, acaba sendo uma ótima experiência looter shooter, com ótimas piadas, uma história diferente e que apresenta uma ótima satisfação por meio de um sistema de progressão e recompensas atrelado a sua jogabilidade.

O jogo foi lançado agora no último dia 02 de fevereiro, saindo apenas para as plataformas da atual geração (PS5, Xbox Series & PC), e é uma produção da Rocksteady Studio, que são os mesmos responsáveis pela trilogia de games da séries Batman Arkham. E talvez isso seja o maior peso crítico que este lançamento pode receber, pois enquanto os jogos anteriores do estúdio prezavam uma experiência de narrativa sombria e single player, aqui temos o exato oposto: uma trama recheada de chacotas e focada numa experiência que pode funcionar muito bem dentro do segmento do multiplayer cooperativo online.

Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça contam com uma completa localização em português, incluindo menus traduzidos e legendas, assim como dublagem em nosso idioma. E boa parte das vozes escolhidas da dublagem são velhos conhecidos dos fãs brasileiros, especialmente o elenco da Liga da Justiça, que mistura algumas vozes do desenho – como o Lanterna Verde do excelente Maurício Berger -, assim como dos filmes – Mulher Maravilha pela imponente voz de Flávia Saddy.

Quanto ao elenco do Esquadrão foram realizadas algumas trocas em suas vozes e alguns jogadores vão estranhar um pouco; como o da Arlequina (dublada pela Rebeca Zadra) que segue um tom mais parecido com a voz da dubladora original (Tara Strong), deixando de lado o tom clássico que a personagem tinha por aqui quando dublado pela Iara Riça, que veio a falecer em 2021.

Inclusive as vozes do jogo não segue a dublagem destes personagens realizada no filme O Esquadrão Suicida, mais recente filme da equipe, a qual conta com outros dubladores para todos os membros do Esquadrão. Contudo, como é um longo jogo, após algumas horas fica mais tranquilo de se acostumar com as novas vozes, afinal os novos dubladores são talentosos e a dublagem brasileira sempre consegue prezar a entrega com qualidade.

Indo adiante, Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça é um jogo de tiro em terceira pessoa, com base em uma fórmula de missões principais e secundárias que vão sendo liberadas aos poucos num mapa aberto – no caso o jogo se passa em Metrópolis. Pensando em um comparativo, muito de suas mecânicas são semelhantes à títulos como Destiny 2, utilizando aquele conceito, já mencionado, de looter shooter, a qual seu personagem vai subindo de nível, enquanto vai ganhando armas aleatórias mais poderosas (ou não), baseadas em nível de raridade, sempre que uma missão é realizada com sucesso.

Também importante mencionar que o título já conta com micro transações, com itens cosméticos, como uniformes diferentes ao quarteto principal, enquanto se prepara para no final deste mês de março iniciar o conceito de conteúdo por temporadas, a qual então passará a incluir periodicamente novas armas, itens e até mesmo personagens jogáveis, sendo que o primeiro já foi revelado: o Coringa!

Invasão Braniac

Talvez a primeira coisa que o jogador interessado em Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça precisa saber e entender é que apesar dos desenvolvedores terem repetido muitas vezes que esta é um jogo que se passa dentro do universo da série Batman Arkham, mais precisamente 5 anos após os eventos da trilogia original, é que esse tipo de informação não lhe ajuda em NADA a gostar desse game. Ele não continua NADA do que a trilogia do morcego construiu.

Minha impressão, após ter destrinchado o jogo, é de que isso foi uma mera jogada de marketing, para apenas dizer que trata-se de uma produção de um estúdio realmente aclamado e que fez um excelente trabalho com o Batman e seu universo. E apesar de conexões aqui e ali, se você ficar pensando em Esquadrão Suicida como uma sequência espiritual de Batman Arkham, isso não ajudará nenhum fator positivo que o game possua. Pelo contrário, o título funciona muito melhor quando você o desassocia desse mundo dos jogos anteriores. Se você o levar a série nesse ponto, certamente irá encontrar muitas coisa que irão lhe desagradar.

Quadrinhos, cinema e animações fazem isso a todo momento. Algumas histórias funcionam melhor sem a obrigações de certas conexões ou cronologia. “Esta é uma história alternativa, num mundo paralelo“, pronto, se você olhar sob essa perspectiva, tudo está perfeito. Até porque, quando se olha todo o escopo de Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça você percebe que ele não está construindo ou expandindo nada do universo da série Arkham, já que sua função, como narrativa, é destruir tudo, abrir o multiverso e deixar qualquer possibilidade ser possível. É a máxima dos quadrinhos pela diversão, muito distante dos quadrinhos como arte.

Uma vez que você consegue tirar esse peso das suas costas, o que irá encontrar em Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça é uma trama apocalíptica a qual Brainiac chegou com força máxima e invadiu o mundo todo, ainda que o jogo se passe apenas em Metrópolis. Os heróis da Liga da Justiça intervieram, e foram todos dominados, e sofreram lavagem cerebral do vilão, e então se tornaram maus e estão o auxiliando na invasão. Nada disso acontece durante o jogo, essa premissa já está estabelecida quando o título tem início.

O mundo já foi dominado, boa parte da população já foi abduzida e se tornaram criaturas soldados de Brainiac. Mas ainda restam alguns humanos, dividido entre aqueles que formam a resistência a esta invasão, ou quem está apenas tentando sobreviver num mundo que beira a extinção.

Amanda Waller, diretora da A.R.G.U.S., uma organização militar secreta do governo dos Estados Unidos, que tem força e liberdade para agir nas sombras quando o problema envolvem super seres (entre outros abacaxis), faz parte desta resistência e precisa de ajuda, e para isso ativa o projeto do Esquadrão Suicida (também apelidado de Força Tarefa X): quatro vilões com bombas na cabeça, que vão obedecê-la sem discussão, se ainda tiverem interesse em preservar seus cérebros dentro de seus crânios, sob o pretexto de que uma vez bem sucedidos em suas missões, também terão suas penas reduzidas. Bom demais, não?

Arlequina, Pistoleiro, Capitão Bumerangue e Tubarão-Rei são os escolhidos para compor essa equipe, que deve agir diretamente em Metrópolis, o epicentro da invasão, para obter meios e recursos para lidar com a invasão e com a própria Liga da Justiça, afim de quebrar todas as barreiras de defesa criada por Brainiac, e enfim derrotá-lo. E sim, soa como uma missão impossível, o que vai gerar toneladas de piadas dentro da trama em incontáveis situações inesperadas. É uma carta de desespero da Amanda Waller, a qual ela tentará apostar que o caos criado pelos quatro vilões pode criar brechas que nenhum outro herói seria capaz.

E assim, é o tipo de narrativa certeira para o conceito do Esquadrão Suicida. Vilões sem escrúpulos que prezam por suas vidas e que farão qualquer coisa para sobreviver, até mesmo matar a poderosa Liga da Justiça, a qual já não morrem mesmo de amores. Quem conhece suas histórias, sabe que esse tipo de absurdo narrativo combina com o conceito da equipe. Eles não são heróis, são vilões encurralados, e farão de tudo para sobreviver. E se existir o contexto e os meios corretos, certamente podem matar os maiores heróis da DC. E eles farão, está no título do jogo!

No aspecto geral, gostei muito da trama de Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça, no sentido de ser um legítimo entretenimento narrativo, como uma longa animado do grupo. Existe muitos momentos de história entre os momentos chaves de gameplay, que dá muita cinematografia ao jogo. Além disso o enredo parece entender bem seus personagens, trazendo um roteiro que apresenta caos e imprevisibilidade que só personagens assim podem criar. Há tantos momentos de piadas bobas, porém divertidas, quanto momentos bem violentos, especialmente quando a trama precisa direcionar e trabalhar a morte dos heróis da Liga.

Interessante também apontar que a narrativa tem dinamismo e não se prende a fórmulas clichês, como ficar apresentando as origens de cada um dos protagonistas do jogo. Há um arquivo de áudio em menu, afim de que você possa aprender mais a respeito do passado de cada um, mas o essencial esta ali, na ação do jogo, apresentando enquanto a ação acontece, de uma forma bem sutil e indireta. Sem perceber, você já está sabendo o suficiente sobre estes vilões protagonistas.

Tiroteio aéreo

Quando se avança para outros elementos do jogo, é possível admirar outros méritos em si, como a sua jogabilidade que encaixa perfeitamente ao jogador, dando a exata liberdade para explorar o mundo aberto dentro de um jogo de vilões e super heróis. Ou seja, é preciso super poderes para lidar com super seres, e isso preciso objetivamente refletir em sua jogabilidade.

Durante a campanha, o jogador irá sentir que as mecânicas irão evoluir, e que os personagens estarão mais fortes, eficientes e melhor fortificado para lidar com cenários cada vez mais arriscados e apocalípticos. E um dos pontos chaves dessa fórmula é criar mobilidade ágil e aéreo, pois é um jogo de mundo aberto, a qual a ação não vai se resumir apenas no chão, sendo essencial subir, planar e se deslocar rapidamente pelos céus de Metrópoles. Uma jogabilidade com muita agilidade é um dos carros chefes dessa estrutura.

E eu sei, “desde quando estes vilões de segunda categoria podem voar?“. Não podem, e por isso eles precisam de meios de adaptação a crises empurrada em seus colos. Então num dos primeiros minutos de jogo, sua primeira missão, ainda no tutorial, é invadir a Sala da Justiça, QG da Liga da Justiça, a qual irá encontrar ferramentas e acessórios essenciais para melhorar suas capacidades de combate, sendo a principal: poder se deslocar com maior facilidade além dos limites do solo.

Basicamente todos vão receber um meio de planar e escalar prédios. Funciona como um jetpack, o Pistoleiro, por sinal, literalmente rouba um, mas os demais vão usar pequenas variações desse conceito, mantendo assim a mesma ideia: conseguir se manter e locomover no ar. Capitão Bumerangue usará um teletransportador em seu bumerangue para se deslocar no céu, Tubarão-Rei usará a força de seus músculos para se impulsionar em grandes alturas e Arlequina usará o gancho e um planador do Batman para planar pelos prédios. É ligeiramente diferente, mas conceitualmente é a mesma coisa. Todos conseguirão alcançar qualquer ponto do mapa, cada qual do seu jeito.

Essa mobilidade de impulsão vertical e horizontal é uma parte chave da jogabilidade. Os personagens são muito ágeis, e as batalhas sempre ocorrem em diferentes níveis de plataformas, e em diversos momentos é preciso subir, descer e se locomover entre os prédios afim de chegar do ponto A ao ponto B, por conta dos inúmeros locais de combates em que será realizado as missões. Pense que são quatro personagens que estarão sempre presente na ação, então vai existir diversos pontos para que eles possam se separar e atacar de forma coordenada, independente se você está no multiplayer online ou no single player, a qual os demais três ainda estarão atuando, controlados pela CPU do jogo.

Os inimigos sempre irão tomar posições defensivas que ofereçam certa vantagem a eles para defender o local em que estão posicionados, erguendo enormes escudos de energia que impedem que projéteis dos personagens o ultrapassem diretamente. Então o jogador precisará sempre agir de forma ofensiva, rompendo estes escudos e indo para cima deles, assumindo um pequeno dano casado pelo escudo, ou então usando exatamente estas habilidades de mobilidade aérea para passar por cima dos escudos e assim atacar os inimigos se posicionando acima deles. E felizmente as mecânicas do jogo oferecem uma excelente jogabilidade aérea, onde se pode ficar pairando no ar por tempo significativo para causar um grande dano em todos que estiverem abaixo.

Sendo assim, esse é outro aspecto importante da jogabilidade: poder atirar, de forma realmente satisfatória, de qualquer ponto de mobilidade que o jogador bem entender. É possível correr, deslizar, saltar e planar enquanto se está atirando, de uma forma legitimamente ofensiva. Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça certamente não é um jogo de tiro em terceira pessoa estático, os personagens são dinâmicos, ágeis e leves, então o ideal é nunca ficar tempo demais parado, até porque, dada a quantidade massiva de inimigos, ficar parado te leva a ficar cercado e ser rapidamente nocauteado.

Em termos comparativos, é um jogo que me lembra muito a intensidade de títulos como Crackdown, a qual a jogabilidade ágil e o combate frenético dão um senso de satisfação imenso. Contudo, Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça tem toda uma construção que também lembra os pilares modernos que jogos como Destiny 2 ajudaram a construir nos últimos anos: equacionando elementos PvE (Jogador versus Ambiente), multiplayer online cooperativo em equipe, assim como sua própria monetização como um serviço, ainda que não abrace o modelo gratuito (que talvez cairia muito bem ao modelo, num futuro).

Apesar de dar ao jogador quatro opções de personagens, que podem ser trocados a qualquer momento, na jogabilidade single player, caso não esteja em combate, logo fica claro que o elenco é um pouco equilibrado demais, com certas semelhantes que não os tornam tão diferentes assim um do outro. Existem, por exemplo, seis tipos de armas (rifle de sniper, pistola, metralhadora pesada, rifle de assalto, submetralhadora e escopeta) onde cada personagem só utiliza três dos seis tipos existentes, mas fica evidente que cada personagem tem uma preferência.

Pistoleiro se dá muito bem com o rifle de longo alcance, que também pode ser utilizado pelo Bumerangue, que tem como preferência a escopeta, que também é utilizada pelo Tubarão-Rei, que irá se sair melhor com a metralhadora pesada, a qual Arlequina pode usar, enquanto a arma que mais lhe favorece é a pistola, que também pode ser usada pelo Pistoleiro, fechando assim um ciclo de duas armas equipadas para cada personagem. Contudo, cada personagem ainda tem uma terceira opção, ainda que só possam andar com dois tipos equipado: Pistoleiro e Tubarão-Rei podem optar pelos rifles de assalto, enquanto Bumerangue e Arlequina podem usar as submetralhadoras.

Ainda que cada personagem tenha preferência por um tipo específico de arma, deixar mais dois tipos disponíveis acaba tornando as coisas um pouco mais dinâmicas e até mesmo balanceadas, o que admito que não sei se gosto de tal conveniência. Fica uma sensação de que independente do personagem escolhido, sempre irá existir um arranjo de armas que vai deixá-los um pouco parecidos entre si. E talvez o ideal fosse que eles se distanciassem um pouco entre si em termos de jogabilidade, justamente para que soassem como classes distintas de personagens e poderes próprios.

E essa sensação se mantém em outros aspectos do jogo. As armas são compartilhadas entre personagens que podem usar o mesmo tipo, desde que destravada pelo jogador, então o rifle de sniper do Pistoleiro pode ser usado Bumerangue, sendo que o ideal fosse que cada um tivesse o seu com características diferentes. Cada personagem tem um golpe especial, e são meio que parecidos em sua função de causar dano a um inimigo, ou o especial aéreo que causa dano em um grupo próximo. As árvores de habilidades também são parecidas, dando foco em aumentar os atributos dos combos, ou uma habilidade aqui e ali de cada personagem. Granadas, por mais que o jogo tenham diferentes tipos, todas são compartilhadas.

Com o tempo, passei a ter a sensação de que não importa com que personagem estava jogando, pois todos acabam sendo parecidos demais, onde claramente o que estava no nível mais alto (por ficar mais tempo com ele ativado) tinha vantagem unicamente por isso, e não por qualquer característica única que ele pudesse ter.

Independente de tudo isso, ainda defendo que o sistema de armas é muito maneiro, especialmente depois de certo ponto da campanha, onde a raridade delas vai aumentando e os buffs e perks adicionais da raridade vão aprimorando a experiência do combate, assim como a atribuição de elementos, como fogo, veneno, gelo e eletricidade em algumas delas que impactam diretamente o campo de batalha. Tudo isso, sem sofrer em um Passe de Batalha para se adquirir. São armas destravadas simplesmente progredindo pela campanha, ainda que a recompensa desse sistema dê armas aleatórias, mas sempre focada com o personagem selecionado pelo jogador.

Atividades e missões

Diante de um sistema de combate realmente satisfatório para um modelo de tiro em terceira pessoa, ainda que os personagens principais não são tão únicos quanto se gostaria que fossem, o ambiente do jogo, suas missões e atividades se tornam palco importantíssimo para que tudo isso funcione tão bem, e de fato, o mundo de Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça é uma maravilha para se entreter.

A utilização de uma Metrópolis sofrendo uma invasão alienígena é uma ótima ideia, indo bem na contramão de uma sombria Gotham dos jogos anteriores do estúdio e até mesmo de outros títulos dentro do mundo da DC (como Gotham Knights). Olhar para o céu da cidade, tomada por uma nave gigantesca simulando o rosto de Brainiac, com tentáculos do tamanho de prédios correndo por toda a cidade é de arrepiar. Dá a sensação perfeita de desespero para justificar a Amanda ter acionado o Esquadrão Suicida.

E tão logo o jogo te solta para explorar livremente a cidade, haverá um leque muito bacana de cenários apocalípticos para se lidar. Humanos estão constantemente sendo abduzidos por drones, e o jogador pode impedir atirando neles, helicópteros pela cidade irão abrir fogo contra você se eles o detectarem, inimigos estarão no topo de edifícios defendendo maquinários, haverá tanques de guerra pelas ruas… entre outras ameaças. Elementos assim constroem o mundo vivo da cidade, a qual o jogador pode agir para eliminar inimigos e ganhar um pouco de EXP, ainda que não constituam missões opcionais em si.

Dentre o repertório de missões, existem as principais e opcionais. As principais, claro, são um show à parte em sua grande maioria, pois são momentos com muitas cinemáticas e construções narrativas, além de combates únicos, especialmente aqueles contra os heróis da Liga da Justiça. Gosto muito do combate contra o primeiro grande herói da Liga, o Flash, já que até esse momento, você apenas fica imaginando como poderá ligar com um velocista e tamanho herói. E, depois fica claro que são batalhas de exaustão, a qual o jogador deve atacar, buscando algum dano, enquanto lida como desviar dos ataques do herói e sobreviver as etapas de cada confronto.

Além destes confrontos, as missões principais vão também apresentar outras situações, que eventualmente vão se ramificar em missões secundárias com trejeitos e modificações da missão original. Missões para seguir veículos, defender bases, resgatar civis e assim por diante. Tudo sempre irão culminar em confrontos contra hordas de aliens de Brainiac, a qual também apresentarão diversas classes e tipos, desde dos atiradores simples, aos personagens monstros e tanques, que precisam de muito dano para serem derrotados. Um dos mais irritantes, a meu ver, são os snipers, que se teletransportam pra longe se você for para o confronto próximo contra eles. Mas o inimigos brutamontes também dão trabalho, especialmente se você não lidar com eles com golpes especiais ou granadas.

Agora, certamente as missões que envolvem a dominação de bases, normalmente duas ou três, acabam sendo os momentos de mais adrenalina no jogo, pois são momentos que fazem um conjunto de todos os verbos da jogabilidade, de locomoção frenética, ao tiroteio acelerado e combate onde o tempo importa, pois existem outros pontos que o jogador precisa gerenciar. Boa parte do combate das missões funcionam no ciclo de hordas, com inimigos surgindo em grupos, após certa quantidade ser eliminada.

As missões secundárias em Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça também merecem certa atenção, porque fazer parte de uma estrutura de progressão que garante boas recompensas aos jogadores que irem atrás delas, garantindo armas poderosas, mais efeitos para as mesmas e até mesmo novos espaços para realizar tarefas e contratos, que são uma forma de ganhar recursos para melhorar armas, realizando movimento e tipo específicos de ataques ou derrotando classes específicas de inimigos.

Ainda nesse conceito de tarefas no combate, vale apontar que muitas missões secundárias possuem valor de desafio porque brincam as vezes com esse formato de inimigos que só tomam dano por meio de uma forma específica de ataque, seja por meio de tiros em pontos críticos, apenas utilização de granadas, ou armas com efeitos ou até mesmo ataques que causam um certo ponto de ruptura dos inimigos, assim eles emitem uma aura azul, e precisam ser finalizados de uma forma específica, o que também permite que o jogador restaure seu escudo de saúde. Com isso, as missões entregam uma boa diversidade de cenários, situações, grupos de inimigos e meios específicos para derrotá-los, impedindo assim que o combate se torne repetitivo demais.

Considerações finais

Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça é um título legitimamente agradável, e que parece que pode estar passando batido neste momento de seu lançamento, dada a quantidade de jogos saindo ao mesmo tempo, além de ter recebido algumas críticas a respeito do jogo possuir uma proposta tão diferente em relação aos trabalhos anteriores do estúdio em relação a série do Batman Arkham, o que parte talvez até seja culpa de um marketing pré-lançamento que tentou correlacionar obras e agora dá para entender a bobagem ao fazer isso.

O ponto é que o título é ótimo naquilo que ele se propõe a ser: um jogo de tiro em terceira pessoa com elementos de multiplayer e shooter looter, que entende perfeitamente o espectro psicológico dos personagens a qual tem em mãos, entregando uma trama louca, digna de quadrinhos, perfeita para anti-heróis caóticos que estão prontos para qualquer loucura que surgir.

Isso tudo envolto em uma jogabilidade aconchegante, que permite que o jogador se movimente como bem entender, que atire sem nunca se preocupar demais com a falta de munição (ainda que ela possa acabar) com um arsenal de habilidades para qualquer tipo de situação, esteja a distancia ou colado aos inimigos, que surgem em enormes quantidades e é assim que estes são uma ameaça, porque individualmente é tranquilo lidar com um ou outro. O controle do Dualsense do PlayStation 5 faz um belo trabalho na qualidade de resposta dos comandos, ainda que não entregue nada memorável em termos de vibração ou gatilhos adaptáveis.

Visualmente Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça também não faz feio, contudo é um jogo com um apelo online, seus gráficos estão apenas dentro da média esperada. Não acho que chega a ser tão estonteante quanto alguns ambientes espaciais que Destiny 2 já entrega desde a geração passada, porém é um título que requer muito processamento pelos diversos elementos em tela, de veículos, inimigos e possibilidade de ter quatro pessoas online no mesmo ambiente. As cutscenes são bem dirigidas, com personagens expressivos em seus momentos e dão a sensação de uma narrativa muito bem produzida, em termos de qualidade de animação.

Trata-se de um título que parece pensar naquele público que se prende em um único jogo, ou até mesmo naquele jogador que não adquire muitos jogos ao longo do ano e fica naquilo que tem, e para esse propósito, é uma ótima proposta. A experiência online estica muito a cauda de replay da obra, enquanto as recompensas de missões vão sempre garantir mais armas, assim como o ending game segue com mais tarefas e desafios enquanto novos conteúdos não chegam (e estes virão).

Por fim, saio da minha experiência com Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça com a sensação de que trata-se de um ótimo jogo, porém lançado em um momento em que o mercado sobre com a saturação dos jogos que estão tentando vender um serviço para um público que já não tem verba para mais uma empreitada ou até mesmo num período que não há órfãos de algum fracasso recente que possam fazer a migração para este título.

Além disso tem todo o peso de um estúdio que entregou incríveis jogos single player e que agora muda seu escopo para algo que outros estúdios já estão fazendo, enquanto o gênero da experiência solo narrativa tem encontrado problemas para se bancar. O futuro da indústria e seus reflexos parecem atrapalhar um pouco a percepção de que é um ótimo jogo, se não for olhar os pormenores do momento atual dos games. Felizmente, com mais conteúdos a caminho, isso também significa que novas oportunidades para se valer ao sol, também virão!

Galeria

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Dando nota

Excelente narrativa que encaixa bem toda a loucura do elenco, com muito bom humor - 9.5
Jogabilidade frenética, entrega ótima mobilidade e combate extremamente satisfatório - 9
Personagens jogáveis poderiam ser mais únicos, porém compartilham muitas semelhanças na jogabilidade geral - 7.5
Campanha funciona muito bem em single player, mesmo sendo desenvolvida para multiplayer online - 8
Metrópolis dá um bom ambiente para a aventura, ainda que as vezes pareça pequena demais - 7.8
As batalhas contra os heróis são icônicas e funcionam muito bem dentro da abordagem do jogo - 9
Boa cauda de replay, com mais atividades após o fim da campanha e a promessa de novos conteúdos sazonais - 8.5

8.5

Louco

Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça é muito bom no que se propõe a ser, ainda que não seja a expectativa gerada pelo legado do estúdio que o desenvolveu. O título se sai muito bem em construir uma narrativa louca para um elenco de personagens pirados, dentro de um apocalipse tão surreal quanto pequenos vilões na missão de matar os maiores heróis da DC, tudo entregue em uma bela bandeja de jogabilidade, com tiroteio caótico, mobilidade com bastante agilidade, dentro de uma estrutura de progressão que está sempre recompensando o jogador.

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