A Revolução Panini é só uma pegadinha do Mallandro, mas no final deixo uma dica valiosa! [Quadrinhos]

Eu fui um dos poucos fãs de histórias em quadrinhos que gostavam do formato “Premium” da editora Abril. Era mais caro,  verdade, porém a qualidade da revista em si era muito melhor, o que era um alívio para quem colecionava como eu.

Porém, para quem lia apenas uma coisa ou outra, isso não era lá muito interessante, pois não havia outra opção. Ou você pagava caro pela qualidade maior ou recorria a sebos meses mais tarde. No cenário atual, a coisa mudou um pouco, pois há muito mais quadrinhos seguindo o rumo das livrarias em edições mais caprichadas, o que agrada aos colecionadores. Mas é um material mais selecionado, que abrange um período ou um arco de história, ainda é uma iniciativa tímida.

Atualmente, as revistas que são vendidas em bancas possuem tiragens muito menores do que há alguns anos. E menos tiragem significa um custo maior a ser repassado para o leitor, e esse custo era diluído na forma de um pequeno aumento nas revistas de bancas, e  em doses maiores nas edições encardenadas de livrarias. O desafio da Panini era arrumar um jeito de tornar o preço final das revistas de banca mais acessíveis, de modo que incentivasse o aumento de compradores. Porém, cortar um título do mix  atual para causar a queda de preço é muito fácil e cômodo, e na minha opinião não vai chegar a causar o efeito que ela espera, pois é uma prática velha e ineficiente.

Um dos grandes problemas do mercado brasileiro é a maneira como são vendidas os títulos aqui. Lá fora, cada personagem tem seu título, as revistas  de linha possuem cerca de 22 – 25 páginas. Se você é fã do Wolverine, você compra a revista do Wolverine, e só vai ler histórias do Wolverine. Na tradição brasileira, cada revista possui mais de uma história, e muitas vezes você paga para ler um personagem do qual você nem gosta! Fala sério, ninguém mais aguenta isso!

No caso da revista Homem-Aranha, todas as histórias da revista são do Aranha, o que é ótimo. Já no caso da X-Men Extra, temos uma história dos X-Men, X-Force e Cable. Se eu não gosto das histórias atuais do Cable, sou obrigado a comprar compulsoriamente. Ou no caso da DC, onde quem compra Superman de repente pode se deparar com histórias da Supergirl, o que por sinal sempre causou reclamações dos leitores do Super.

Essa esquema de mix de histórias funcionava antigamente, e sua justificativa era até plausível, mas atualmente isso não é mais viável. Choviam cartas na redação da Panini pedindo a exclusão das histórias da Miss Marvel na revista dos Vingadores, mas a Panini de maneira arrogante dizia que iam ter que engolir a personagem só porque ela teria um destaque posterior na trama da saga Invasão Secreta.

Se cada personagem tivesse uma revista própria, seria melhor, pois o leitor pagaria, vamos chutar, R$ 2,50 por 30 páginas (sendo 5 de anúncios). O leitor compraria somente aquilo que fosse estritamente de seu interesse, e a Editora teria um termômetro preciso daquilo que precisa disponibilizar em banca. Ah, mas aí teria personagem que não veria a luz do dia nas bancas? Sim, mas se não há interesse nele mesmo, qual o motivo de ser publicado? É mais caro colocar uma revista com uma só história nas bancas? É. Mas o que pode ser feito é transformar a revista em uma publicação trimestral, com 3 histórias. Diminui os custos da editora e o gasto do leitor com as revistas, logo, todos saem ganhando!

Uma coisa importante que deve ser levada em consideração é que o público que consome o gênero Super-Heróis não é exatamente o mesmo do mangá ou revistas infantis atualmente. É um pessoal mais velho e que tem que lidar com a difícil tarefa de conciliar “tarefas” em sua agenda diária. Eu quando era criança costumava ir direto na banca, hoje não dá mais para ir na banca só para comprar X-Men, eu espero para ir de uma só vez e comprar tudo o que quero. Agora, a Panini insiste em lançar as revistas em conta-gotas na banca. Caramba, Panini, é só distribuir tudo de uma vez e pronto, é mais barato!

E também não entendo o motivo da Panini não investir em venda de revistas on-line usando como plataforma a mídia digital em vez da impressa. Alguns dizem que não é viável, mas esse temor também existiu nos outros mercados, tanto no americano quanto no europeu, e se hoje em dia tem um monte de gente que lê scans, não vejo como justificar essa falha. Até porque no caso da Marvel, há um todo um gigantesco know-how na área, pois ao contrário da DC, a Marvel investe muito em novas tecnologias. Se você quiser ler hoje uma revista da Marvel no seu iPad, você pode, e além disso a Marvel conta em sua biblioteca paraticamente todos os títulos que já produziu, e ainda por cima tem um monte de títulos feitos exclusivamente no formato digital, como no caso da Garota-Aranha, que não tinha venda suficiente enquanto impressa em papel, mas digitalmente se mostrou viável. E quer exemplos brasileiros? A Editora Europa vende assinaturas digitais de revistas!

Enfim, há um espaço muito grande para discussão de idéias, mas é certo que o esquema de mix de títulos e distribuição semanal não funciona mais hoje. Assim como essa nova revolução da Panini vai continuar não funcionando. Tenho esperanças de que os Skrulls tenham tomado o controle da Panini, e que essa revolução apresentada seja apenas uma  “pegadinha do Mallandro” deles, e que logo o Capitão dê um jeito nisso (ou que o Superboy Prime dê um soco na realidade!)…

Aproveitando o assunto quadrinhos no Brasil, quero deixar a todos uma dica muito legal, que é o podcast do ilustrador Rod Reis, o Papo de Artista, cuja edição 18 apresenta um bate-papo com o editor Sidney Gusman, uma das maiores autoridades em quadrinhos no Brasil, além de ser editor do imperdível site Universo HQ. Sidney dá uma verdadeira aula sobre quadrinhos no Brasil, eu recomendo mesmo!

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