Joss Whedon e Dollhouse | O fim apocalíptico de uma ótima série! (2×13)

Dollhouse: Ano 2, Episódio 13. Foi exibido nos EUA dia 29 de Janeiro (2010): “Epitaph 2: Return”.

Enquanto isso no Brasil: NADA! Muita sacanagem, mas o canal FX ainda nem começou a exibir a segunda temporada. Exibiu apenas o primeiro ano da série ano passado e desde então só no vácuo quem está esperando o final da série por aqui.

Aviso: Continue apenas se você já assistiu ao episódio 2×13 de Dollhouse. Haverão spoilers!

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Joss Whedon e suas séries para a TV!

Se for pensar num dos mais adorados criador, roteirista e diretor de séries americanas, talvez alguns respondam J.J.Abrams, afinal com Alias, Lost e Fringe é fácil entender a razão. Mas particularmente, gosto muito mais de Joss Whedon. O J.J. tem seus méritos, claro, é um cara muito talentoso, mas sou fã de carterinha das histórias e tramas criadas pelo Joss Whedon. Mesmo que estas se resumam a apenas 4 séries na TV.

Era fã maluco de Buffy na adolescencia, cresci assistindo a série. Acha a trama divertida, as temporadas dividadas por vilões, os episódios diversificados, então, falei sobre a série ontem no post do Supernatural e não vou me repetir por aqui. Angel foi um spin-off de Buffy e tinha um humor mais negro e gótico. Inicialmente não curtia tanto, mas a série com o tempo passou a ficar melhor e melhor. Não acreditava que havia muita trama para uma série do Angel, mas Joss Whedon provou o contrário. Houve problemas e erros claro, mas ainda assim, a série conseguiu 5 temporadas, mais de 100 episódios e teve uma excelente última temporada, e uma das mortes mais emocionantes de uma série televisiva, até chorei (estou me referindo a morte da Fred). Alias em Angel teve um dos episódios mais geniais e hilários que já assisti, quando Angel vira um boneto do tipo Muppets! Rá!

Já Firefly é uma série considerado por muitos como “cult”, que durou apenas uma temporada, mas possui uma legião absurda de fãs. Com as boas vendas dos DVDs da série, conseguiu inclusive que a história da série fechasse com um filme nos cinemas, chamado Serenity, que é sensacional diga-se de passagem. Quem não viu toda a série não acha, mas aos fãs é um excelente filme.

O maior problema com Firefly, e também com Dollhouse que já irei abordar, foi o canal Fox na minha opinião. Ambas as séries tiveram problemas com pilotos, que foram refeitos, e episódios exibidos fora da ordem desejada por Whedon, tudo a mando do canal.  As duas séries também são consideradas maduras demais para a Tv aberta americana, séries mais “cerebrais” tendem a fracassar na Tv aberta de lá, salvo raríssimas exceções. Me lembro, por exemplo, na época na época da greve dos roteiristas alguns anos atrás que Dexter, ótima série do canal pago Showtime, foi exibido num canal aberto e o resultado foi um fracasso de audiência. Muitos dizem pela internet que Whedon deveria parar de tentar fazer séries para a TV aberta, que Firefly e até mesmo Dollhouse poderia estar sendo exibidas até hoje, se estivessem em algum canal pago. A questão é complicada.

E realmente, quando assisti Firefly na Fox (brasil) anos atrás, eu achava a mesma bem complicada, com personagens mal explicados e muitos mistérios na trama principal que prejudicavam o bom desenvolvimento da série, porém quando comprei o box americano com os DVDs e assisti toda a primeira temporada na sequência certa, achei um absurdo terem cancelado uma série tão bacana (faroeste espacial pow!). Os personagens da nava Serenity formavam um enorme quebra-cabeça que vai se concluindo a cada episódio, sem mencionar todo o universo único desenvolvido para a história.

Dollhouse sofreu do mesmo mal. Teve problemas com o piloto, certos conceitos da tecnologia fictícia empregada na série não foi bem compreendida logo no início por alguns e a audência foi mal desde o início. Eu mesmo admito ter boiado em alguns episódios do primeiro e do segundo ano, dada a dificuldade que era assistir alguns episódios, em parte porque tenho costume de assistir TV fazendo alguma outra coisa (PC por exemplo) e Dollhouse requer que se pregue os olhos da TV e não dá um minuto de descanso. Também trama com personagens com várias personalidades, tecnologia onde os cérebros são vistos como computadores e até mesmo a discussão sobre a té onde ir na exploração desta tecnologia era constantemente abordados no show. Isso sem mencionar em todo o mistério que era o passado da protagonista principal, a Echo/Caroline. Alguns rumos iniciais foram confusos, certos conceitos só foram melhores explicados em episódios bem avançados e no fim, quem não acompanhou certinho, se enroscou. E uma série assim na TV aberta americana é a receita de fracasso.

Whedon até foi espertinho, ao fechar o primeiro ano, com o último episódio servindo meio de conclusão caso a série não sobrevivesse, pulando a história para 10 anos no futuro. Episódio este que na época, não chegou a ser exibido na TV (saindo primeiro em DVD/Blu-Ray). Mas por um milagre, ou por falta de ter o que colocar no horário, a Fox renovou Dollhouse e chegamos ao segundo ano. Algumas coisas continuaram complicadas, como a Echo mudando de personalidade num piscar de olhos ou o conceito de que a própria Echo era um ser humano totalmente novo (mas e Caroline?).  No geral foi uma melhor temporada, muito mais intensa que a primeira, mas dificilmente alguém que começasse a ver pelo ano 2 iria entender todas as emoções ali envolvidas numa gama de personalidades e personagens. O cancelamento da série sempre foi algo certo a se esperar. O que é uma pena, afinal, era uma série inteligente, com uma premissa original e num universo totalmente novo, criado mais uma vez pelo genial Joss Whedon.

Mas deixe-me falar da conclusão!

2×13 – Epitaph 2: Return

O primeiro ano termina com um episódio mostrando a história à 10 anos no futuro, quando tudo dá errado e o apocalipse realmente ocorre. Todos os seres humanos perderam sua identidades e muitos viraram uma espécia de zumbis, matando quem ainda tinha consciência, ou seja, não eram “dolls” no conceito da série.

A segunda temporada não começa nesse salto no futuro, mas retorna a cronologia normal da série, cultivando e mostrando mais fatos e ventos que culminaram ao fim do mundo. Os últimos episódios que antecedem o de número 13, por xemplo, tratam apenas desse fato, quando Topher consegue planejar uma máquina que apague as mentes das pessoas a longa distância, uma tecnologia wirelles, que diga-se de passagem é algo realmente atual no mundo da ciência, vide os videogames e seus controles e conexões online.

Tudo dá errado e os grandes vilões, fundadores da tal Dollhouse são desmascarados nos últimos episódios da temporada. A trama e a reviravolta destes últimos momentos é de tirar o fôlego. Ver Topher perdendo a cabeça idem, dá algo a se pensar, como Einstein se sentiu quando viu o que a Bomba Atômica poderia fazer ao mundo. Topher vivencia isso nos episódios finais da série. E ninguém esperava a revelação de Byod, o cara era o vilão supremo! Whedon é fenomenal para criar vilões, sério mesmo.

Enfim, em Epitaph 2, o mundo daqui 10 anos no futuro retorna exatamente de onde parou no último episódio do primeiro ano. Aqueles personagens novos que não deu tempo de decorar e que não valem a pena procurar seus nomes na internet, encontram o elenco original do show, ainda vivos e na esperança de consertar o mundo.

Para fechar a série, não poderia ter sido feito de forma diferente. Echo & cia conseguem criar um plano para devolver a memória de todos os humanos do planeta, graças a Topher que está completamente esquizofrênico, depois de anos de tortura mental pelos tubarões da Dollhouse. Fiquei triste com sua morte no fim, sacrificando-se para salvar um mundo que sua própria tecnologia destruiu.

Em contrapartida temos a história da Echo, que nunca vai será a Caroline, convivendo com multiplas personalidades dentro de sua cabeça. A cena em que ela chora pela morte de Paul foi sensacional e a própria morte do personagem foi de sopetão, para a surpresa de todos.

Vitor e Sierra, acabam tendo um filho e ficam juntos. Era de se esperar isso e nada mais. Apesar de que ainda deu tempo dos produtores criarem uma nova tecnologia onde os seres humanos podiam carregar habilidades direto no cérebro através de um pendrive USB. Caraca! E deu até um debate com a tribo do Victor se rebelando, dizendo que não poderia viver sem essa tecnologia.

Alpha, o excelente vilão da primeira temporada, interpretado pelo genial ator Alan Tudyk (firefly) está de volta no finzinho do episódio, com uma belíssima aprticipação. Agora como um dos mocinhos. Provavelmente se a série não fosse cancelada, esse personagem seria o gancho da terceira temporada.

No fim, o mundo foi salvo, mas a série não. Gostei do final e dos desfechos. Não duvido que daqui alguns anos Dollhouse se torne cult como Firefly ou acabe se tornando um “Blader Rnner” da Tv americana. Ficção científica e futuro apocaliptico? Não tem como cair no esquecimento. Assim que possível comprarei a coleção completa em blu-Ray, só pelo prazer de ver tudo de novo em altíssima resolução.

Agora é torcer para que Joss Whedon aprenda a lição e nunca mais faça uma série para a Fox americana. Séries assim, precisam se dar ao luxo de não se preocupar com a audiência do “povão” americano. Tem que ser produzida diretamente para canais pagos. Weeds, Dexter, , Nip/Tuck, Six Under Feet são a prova de que séries com temas e idéias cabeças, precisa ficar no mundo da TV Paga, nos EUA pelo menos.

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