Resumão | Dexter, nosso serial killer favorito!

Assassino, perseguidor, violento… mas muito simpático.

(Por Hashimoto)

O primeiro episódio de Dexter foi ao ar em 2006 pelo canal americano Showtime com uma proposta bastante inusitada: mostrar os conflitos e dilemas de um serial killer tentando praticar suas “ações” sem ser pego.

Nos próximos parágrafos farei um breve resumo do que aconteceu até agora na série, então preparem-se para alguns spoilers (os mais relevantes na história eu vou evitar, até porque não quero “estragar” – ainda mais – a experiência dos que encararem a série).


Interpretado por Michael C. Hall, Dexter Morgan sofreu um trauma na infância que o mudou completamente; afetou sua capacidade de processar emoções e o transformou em uma pessoa incapaz de lidar com situações que pra nós são comuns, como interagir com as pessoas, ter relacionamentos e fazer amigos. Com a ajuda de seu pai, Harry, que desde cedo percebeu que seu filho era “diferente”, Dexter aprendeu a imitar as emoções para poder levar sua vida normalmente, assim como uma vasta lista de regras, um código, para que pudesse praticar seus “pequenos” delitos sem que fosse pego. Mas mesmo isso é não é suficiente. Para reforçar seu disfarce, Dexter trabalha como Perito Forense na Divisão de Homicídios de Miami, junto com sua irmã, Debra Morgan, que trabalha como policial, e também namora Rita Bennet, uma mulher que sofreu bastante com seus relacionamentos, e que tem dois filhos, Astor e Cody. No departamento de polícia conhecemos também Angel Batista, um policial que considera Dexter como um verdadeiro amigo, ainda que a princípio Dexter não entenda direito; Maria LaGuerta, responsável pela chefia do Departamento; James Doakes e Joey Quinn, que atuam nas investigações, e Masuka, que trabalha junto de Dexter na perícia (sem títulos aqui, já que eles costumam mudar a cada temporada).

Por causa do seu código, Dexter apenas mata aqueles que são realmente culpados. Em muitos momentos da série ele tem que desviar os rumos das investigações do seu departamento para que consiga chegar a seu alvo antes das autoridades, e levar “justiça” aos mesmos. Mas o que começa simples se mostra muito mais profundo. Dexter precisa matar. É uma necessidade que ele não consegue deixar de lado. O código que seu pai criou tem como objetivo evitar que ele mate qualquer um sem se preocupar com as consequências. Muitas de suas habilidades forenses são utilizadas em suas empreitadas para evitar que qualquer evidência seja deixada para trás.

No decorrer da série Dexter sofre várias transformações, assim como seus problemas também mudam. Ele se torna um pai, um marido, constrói uma família, aprende como lidar melhor com as suas próprias emoções, essas que ele pensava ser incapaz de sentir. Ter que “cuidar” de um assassino, esconder as evidências, e ainda chegar a tempo para o jantar não é uma tarefa fácil. Todas essas mudanças são importantes para que ele possa entender melhor a si mesmo. Essa necessidade que ele tem, o Passageiro Sombrio, como ele mesmo chama, é o seu desejo em sua forma mais pura. É como ele demonstra os seus mais profundos fantasmas, desejos e sentimentos.

Uma das coisas mais bacanas no seriado são sem dúvida os supostos “vilões” das temporadas. Apesar de haver vários indivíduos que ele “cuida” episodicamente, cada temporada tem um personagem que enfrenta Dexter e demanda um pouco mais de atenção da parte dele. Cada um deles foi importante na transformação do personagem.

Na primeira temporada temos Rudy, um protesista (trabalha com próteses ortopédicas) que se aproxima de Dexter através de sua irmã Debra, mas na verdade ele é o temível Assassino do Caminhão de Gelo (Ice Truck Killer), responsável pelos inúmeros assassinatos na série. Quando Dexter se depara com a “técnica” de Rudy, fica completamente encantado com as possibilidades que lhe são apresentadas. É nesse primeiro momento que vemos Dexter aceitar o desafio que lhe é feito, um desafio bem direto. Apesar dele não saber a princípio quem realmente Rudy é, este o conhece desde o começo, desde o começo mesmo. Na verdade, ele é seu irmão mais velho Brian Moser, que também foi transformado por causa do trauma que sofreram na infância. Quando Dexter descobre quem Rudy é de verdade, ele tem que encarar uma das situações mais difíceis em sua vida, e percebe a importância que Debra tem pra ele, tendo que abrir mão de uma relação com seu irmão de sangue, alguém que lhe compreende por completo, para salvar a irmã.

Na segunda temporada as coisas ficam bem complicadas pro nosso serial killer. Todos os corpos que ele já teve que desovar até agora acabam sendo encontrados por mergulhadores no fundo da baía de Miami. Uma grande investigação é iniciada para tentar capturar esse que pode ser o maior caso de assassinatos que Miami já presenciou. Até mesmo o FBI é chamado para capturar o perigoso Açougueiro da Baía de Harbor (Bay Harbor Butcher). Não bastasse isso, Dexter tem que lidar com o grupo de ajuda para viciados (!!) por causa de um mal entendido com Rita. Essa bagunça toda nos apresenta Lila, uma mulher misteriosa, sexy, extremamente envolvente que consegue enxergar (e aceitar) Dexter pelo que ele realmente é, contrariando tudo que o seu pai o ensinou. Um escape perfeito para toda a tensão que Dexter sofre no momento. Mas como já era esperado, Lila se mostra um problema difícil de resolver, muito mais do que toda essa confusão com a polícia e o FBI. Ela se mostra totalmente dependente, ciumenta, controladora, chegando até a ameaçar os filhos de Rita para atingi-lo. Dexter consegue “resolver o problema” e percebe que é difícil confiar o seu Passageiro Sombrio a alguém de verdade.

Na temporada seguinte nos deliciamos com uma das maiores dificuldades que Dexter já encontrou: fazer um amigo. Por causa da forma como Harry o criou, Dexter não se permitiu criar relações com as pessoas ao redor, nunca tendo conseguido fazer um amigo de verdade. Eis que surge Miguel, um promotor, que, por causa de um erro de Dexter em uma de suas perseguições, acaba entrando de cabeça na vida sua vida e dos outros personagens do Departamento de Homicídios. Talvez seja essa a maior frustração de Dex. Ele realmente se abre para esse (possível) amigo, mesmo que indo contra tudo que seu pai ensinou. Como é de praxe, o serial killer “vilão” da vez é conhecido como O Esfolador (The Skinner), mas apesar de todo o terror que ele coloca em Miami, Dexter consegue se livrar dele sem que fosse pego pelos colegas policiais. Ah, uma grande mudança ocorre na vida de Dexter também, algo completamente sem relação com essa coisa de matar: Dexter descobre que Rita está grávida! Ele decide que quer construir uma vida com ela e a pede em casamento também! O primeiro passo para uma “vida normal”. Só de pensar em seu filho que está a caminho ele pensa que quer estar lá por ele, cuidar e educar essa vida que vai começar. E é nisso que a temporada seguinte trabalha.

Marido, chefe de família, pai, tudo novo para o nosso protagonista. Todas as maravilhas (e os problemas) de ter uma família são apresentadas a Dex, que tem que lidar com as obrigações familiares, os deveres com o trabalho e as atividades de seu Passageiro Sombrio. Mesmo que isso demande muito esforço de sua parte, a aparição de Arthur Mitchell vem como um “presente” para todo o estresse. Conhecido por Trinity Killer, Arthur também é um pai de família, pastor, professor e membro importante da sua comunidade. Dex vê nele um verdadeiro exemplo de como administrar sua família e suas obrigações extras. Mas Arthur, na verdade, sofreu um trauma quando pequeno, e é isso que o motiva a matar; até o modo como ele atua se deve diretamente ao que aconteceu em seu passado. Dexter percebe que o seu modelo de aprendizado não era como parecia. Arthur se demonstra altamente corrompido, e por mais que não fosse o que Dex esperava, ele o ensinou que não é assim que ele é, que de fato se preocupa com sua família, que eles não são um mero disfarce. E é nesse momento que ocorre aquilo muda completamente a vida de Dexter (aqui jaz um spoiler enorme).

Tudo o que Dexter aprendeu nos últimos anos tem que ser revisto. O que lhe acontece atormenta seus demônios e o faz perceber que realmente tem sentimentos, que não tem que imitá-los (não todos). Dexter se aproxima mais das reponsabilidades de pai, tendo que cuidar de seu filho Harrison, até que Lumen aparece para lhe ajudar com seu trauma (e ser ajudada também). Ela foi atacada por um grupo de homens liderados por Jordan Chase, e, com ajuda de Dex, se livra um por um deles, tudo na tentativa de encontrar alguma paz. A relação deles é bem interessante: Dexter vê nela alguém em que pode confiar, alguém para quem pode se mostrar verdadeiramente e que não vai fugir. Dexter consegue ajudá-la, mas no final ele percebe que o Passageiro Sombrio dela não é igual ao dele; ela consegue encontrar sua paz, e sabendo que Dex vai continuar do jeito que é, perseguindo e matando, ela acaba se afastando.

Um capítulo totalmente novo se inicia para Dexter na sexta temporada: Deus. Não tendo qualquer contato com religião, Dexter percebe que deve tomar decisões complicadas para o crescimento de Harrison, mesmo que ele não conheça bem essa “coisa” de fé. São-nos apresentados Irmão Sam, um ex-presidiário convertido em pastor, que mostra a Dex as possibilidades de crer em algo maior que si mesmo, e os “vilões” Travis Marshall e Professor Gellar, conhecido como o Assassino do Apocalipse (Doomsday Killer), que estão tentando provocar o fim do mundo (!!). A princípio fiquei incomodado com a direção que a série estava tomando, mas o desenvolvimento da temporada foi espetacular. Dex, ainda que totalmente leigo nesse departamento, se deixa ouvir as palavras do Irmão Sam, que mesmo ele pode alcançar a luz e se livrar de sua escuridão. E pra balancear, Travis e o Professor Gellar conseguem criar uma imensa onda medo na população de Miami; os assassinatos recriam passagens do livro de Apocalipse da Bíblia, o qual descreve como irá ocorrer o fim dos tempos. Entre a verdadeira fé (Irmão Sam) e a fé cega (Travis e o Professor), Dexter tenta entender no que acredita enquanto caça os responsáveis por esses brutais assassinatos. E uma nova situação é apresentada a Dex: a tentativa de pegá-lo através de Harrison! O maior medo para qualquer pai é que seu filho responda por seus atos, e nesse momento Dexter enfrenta esse problema, algo que ele vai pensar de agora em diante.

E aqui nos encontramos, no clímax da próxima temporada: Deb se depara com o outro lado de seu irmão. Dexter já se imaginou contando tudo para ela na segunda temporada, que ele era o Assassino da Baía de Harbor, e temos algumas das cenas mais engraçadas de toda a série: ela primeiro se dobra em lágrimas, em outro momento ela se levanta e aponta a arma para ele, e em outro acaba o matando. Tudo é tratado com bastante humor, mas nesse momento da série, ela realmente descobrindo quem seu irmão é, não se sabe o que pode acontecer. Depois de seis temporadas já estava na hora disso acontecer. Não seria possível esconder por muito mais tempo esse segredo dela. Agora só nos resta esperar para ver o que vai acontecer.

Por isso tudo é fácil se identificar com Dexter. Perdi a conta de quantas vezes fiquei na frente do computador torcendo para que ele conseguisse capturar o seu alvo, quantas vezes compartilhei os sentimentos de frustração e satisfação que ele sentiu. Tudo é intensificado. Ele mata, mas os dilemas dele são bem reais, coisas que realmente podemos sentir.

A sétima temporada de Dexter vai ao ar no dia 30 de setembro, e eu não preciso dizer que mal posso esperar pra ver o rumo que a série vai tomar!

Ps: Depois de algumas semanas fazendo maratona, estou completamente na abstinência de Dexter. Estou me contentando com os vídeos da Comic Con. XDD

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6 Comentários

  1. O pior é que é assim mesmo. Apesar de o Dexter também ser um assassino de sangue frio como todas as suas vítimas, a gente sempre torce para ele conseguir vencer no final, rsrs.
     
     

  2. Cara, que susto eu tomei aqui! XDD
     
    PS: @Rackor  Tinha como tu colocar uns espaços entre os parágrafos e entre as imagens também, só pra não ficarem juntinhos assim? Thanks! 😀

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