Crítica | O Hobbit: Uma Jornada Inesperada – Eu fui!

Como é bom voltar à Terra-Média!

A obra de Tolkien nunca encontrou um caminho fácil até as telas do Cinema. O Senhor dos Anéis foi considerado infilmável durante muitas décadas, devido ao grande número de detalhes perfeccionistas que cada livro possui. E até mesmo depois que as filmagens foram confirmadas, houve dificuldades: os fãs e o público demoraram a confiar em Peter Jackson, diretor que até então era praticamente desconhecido, para dirigir um projeto grandioso como esse.

A trilogia saiu, fez sucesso e todo mundo adorou. Chegada a hora de filmar O Hobbit, parecia que tudo seria mais fácil, certo? Errado! O longa teve sua produção paralisada por causa dos problemas financeiros enfrentados pela MGM e chegou muito perto de ser cancelado. Esse problema demorou tanto a ser resolvido que o filme perdeu até o seu diretor (a idéia inicial  era que Guillermo Del Toro assumisse a direção). Peter Jackson então resolveu ficar no lugar de Del Toro e retornar à franquia que o tornou mundialmente reconhecido. A MGM saiu do buraco, o filme recebeu sinal verde e o primeiro resultado de tudo isso pode finalmente ser assistido!

O Hobbit inicia com um clima nostálgico, tal como visitar a casa dos pais depois de muito tempo fora. A música é a mesma, os personagens são velhos conhecidos, e tudo começa no mesmo dia que A Sociedade do Anel – o dia do aniversário de Bilbo. É a partir dali que o velho Bolseiro começa a narrar a história da maior aventura da sua vida: 60 anos antes daquela data, quando Gandalf apareceu na varanda do hobbit em Bolsão. Em seguida ele conhece os treze anões que farão parte da comitiva (Balin, Dwalin, Bifur, Bofur, Bombur, Fili, Kili, Oin, Gloin, Nori, Dori, Ori e Thorin, o único anão realmente importante) e juntos irão rumar até a Montanha Solitária para recuperar o tesouro do dragão Smaug.

Thorin, o único anão que importa

É interessante conhecer a história que Bilbo se lembra com tanta nostalgia em Senhor dos Anéis. A vida dele era pacata, tão pacata que ele jamais se preocupava com muito coisa além do próprio quintal, e por isso mesmo a cena em que ele encontra Gandalf é hilária. O mago é um personagem completamente desconhecido para ele, com conversas esquisitas e histórias sobre aventuras, que Bilbo diz não gostar porque fazem você “se atrasar para o jantar”. Mas como todo mundo sabe ele enfim topa em partir. E enquanto Bilbo descobre os mistérios da Terra-Média pela primeira vez, nós partimos para a segundo visita a esse mundo fantástico. E essa visita conta com um enorme ponto a favor que a faz ser ainda mais prazerosa: os 48 quadros por segundo.

Desde a primeira metade do século XX, todos os filmes são rodados a 24 quadros por segundo. E nós estamos plenamente acostumados a assisti-los dessa forma. Peter Jackson pensou diferente, e teve a ideia de rodar sua mais recente super-produção em 48 quadros por segundo (ou HFR, que significa “alta taxa de quadros” em inglês), tornando O Hobbit um marco na história do Cinema por ser o primeiro filme a ser exibido ao público nesse novo formato. E tendo assisto ao filme em HFR na sexta, posso te garantir: é uma experiência maravilhosa, tão superior no quesito da imersão que o 3D poderia ser totalmente dispensado e contar apenas com os 48 quadros. O 3D acrescenta pouco à produção, mas é fato que ele fica muito mais agradável aos olhos graças à resolução dobrada – aquela maldita escuridão extra dos filmes 3D é inexistente aqui. O HFR apresenta uma fluidez de movimentos que antes eu não sentia falta, mas quando a sessão acaba a vontade que dá é de que todos os meus filmes favoritos tivessem sido rodados no formato.

Como acontece com qualquer novidade, existe uma certeza estranheza quanto a essa nova tecnologia. Mas não se deixe levar por esse comentários internet aforam que dizem que ficou ruim, que “não parece filme”… Comentários completamente absurdos! É uma forma diferente de fazer Cinema? Sim, e uma forma MUITO melhor de fazer Cinema. A Terra-Média nunca esteve tão próxima de nós quanto através desses 48 quadros por segundo. Admito que estranhei um pouco no início (alguns personagens pareciam se mover rápido demais), mas com menos de dez minutos você se acostuma e passar a curtir os caprichadíssimos visuais feitos por Peter Jackson e sua equipe.

A história é boa, mantendo o mesmo tom preto-e-branco de Senhor dos Anéis e contando dessa vez com um clima mais leve, o que  significa que dessa vez não temos batalhas épicas com milhares de guerreiros (com exceção de um certo flashback), e dê graças aos grandes magos por isso não acontecer! Não me leve a mal – eu adoro as batalhas da Trilogia do Anel, mas ver um repeteco de tudo aquilo seria um saco. Bom mesmo é ver um universo já conhecido por uma nova perspectiva, e isso O Hobbit consegue fazer muito bem. Pode até não ter tantas batalhas assim, mas os momentos épicos estão lá em peso e conseguem deixar a sua marca no espectador.

O Hobbit – Uma Jornada Inesperada não é o melhor filme do ano, e é bem possível que muita gente vá ficar decepcionada pois estava esperando um novo Senhor dos Anéis. Mas o HFR faz com que ele seja considerado não apenas o filme mais bonito do ano, mas a melhor experiência que eu já tive dentro de uma sala de cinema em muito tempo. E isso, meus caros amigos, já é razão suficiente para qualquer um com interesse mínimo na Sétima Arte considerar uma obrigação conferir o filme nos cinemas!

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