Capa Dura | Contos de Natal por Carl Barks – O encadernado perfeito!

Hum… como começar esse artigo? Talvez seja melhor estabelecer que eu não sou nem de longe o maior fã de Carl Barks. Quer dizer, houve uma fase que eu o idolatrei, que o achava o maior roteirista e desenhista de todos os tempos dos quadrinhos Disney que já existiu e que todo o resto era apenas um sombra do que Carl Barks foi um dia. Mas sabe qual o problema de pensar assim? Você deixa de apreciar todo o resto de gigantescos talentos que existiram e que existe até os dias de hoje.

Carl Barks foi sim um gênio a frente de seu tempo, provavelmente à frente de muitas décadas, a frente de muito do que se faz até os dias de hoje e do que ainda nem sequer foi feito, mas ele não foi o único gênio dos quadrinhos Disney, ele não foi o único do século 20 que construiu o legado que existe hoje nos quadrinhos Disney e o mais importante, há muito material tão bom ou até melhor do que alguns dos materiais de Carl Barks. Ou seja, eu não gosto de colocá-lo em um pedestal inalcançável.

Eu o respeito, acho digno de ser chamado de O Homem dos Patos, mas contextualizando, ele surgiu em uma outra época, favorável a esse tipo de evolução na qual os quadrinhos americanos precisavam e como hoje, com tudo o que existe é muito difícil existir alguém tão grande quanto Carl Barks foi. Não é diferente, por exemplo, quando se pensa no Stan Lee, em como ele também via a frente de sua época e o que ele construiu em um universo que precisava desse tipo de aperfeiçoamento e em como hoje é bem difícil que surja alguém tão icônico quanto ele foi em seu tempo.

Bem, feito estas considerações iniciais, é importante que nada disso diminua a qualidade deste novo capa dura da Editora Abril: Contos de Natal por Carl Barks. O encadernado propõe reunir todas as histórias de natal que Carl Barks produziu entre 1945 a 1963. São 35 histórias (somada algumas gags de uma página) clássicas de natal, e algumas dos mais importantes trabalhos de Barks.

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Talvez hoje a gente veja quadrinhos natalinos como algo mundano, produzidas apenas para a festividade da ocasião, porém alguns dos contos natalinos de Carl Barks mudaram para sempre o universo do Pato Donald e de sua família para todo o sempre. Como? Pense que Tio Patinhas surgiu em 1947 justamente em uma destas histórias, Natal nas Montanhas. Um ano depois, em 1948, foi a vez do Gastão, o primo sortudo do Donald, em A Visita do Primo Gastão. Ambas são HQs raríssimas e estão neste encadernado.

Além delas há outros clássicos inesquecíveis, que mesmo apesar de terem sido criadas muito antes de muitos dos jovens e adultos leitores dos quadrinhos Disney terem nascidos, se você acompanha esse universo há tempos, é muito provável que já tenha trombado com alguns destas belíssimas histórias natalinas, como Carta para Papai Noel (1949), O Presente (1950), O Trenzinho da Alegria (1952) e O Sovina Gastador (1964) que tem uma clássica cena que até hoje se repete e vimos por inúmeras vezes em Ducktales, na qual Tio Patinhas nada em suas moedinhas na caixa forte, falando como gosta de cavar buracos como um toupeira e jogar moedinhas para cair em sua cabeça. Todas estas menções você pode espiar na extensa galeria que abre a postagem e nas imagens que estão ao longo deste texto.

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O encadernado também contém algumas preciosidades como páginas com ilustrações das belíssimas pinturas à óleo com temas natalinos que Barks criou ao final de sua carreira, além de uma conto ilustrado de natal que Barks produziu em 1960, em uma brincadeira com Um Conto de Natal de Charles Dickens, que por sinal foi uma das inspirações para a criação do Tio Patinhas em 1947.  Ao final, esse é um encadernado para se guardar por toda a vida, para ser passado de gerações para gerações e indo mais além é um dos melhores presentes de natal que você poderia dar a alguém agora em 2015. Exagerado? Não acho.

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Claro este compilado não representa tudo que Carl Barks representa para os quadrinhos Disney. Há dezenas de outros clássicos fabulosos dele que não estão aqui. Este não é um capa dura para celebrar Carl Barks em sua totalidade, porém como uma comemoração natalina é um dos mais belos encadernados que poderiam ser criados.

Há alguns anos atrás a Editora Abril lançou a coleção O Melhor da Disney – As Obras Completas de Carl Barks, em 41 volumes reunindo tudo que Barks produziu em toda a sua carreira. Até hoje muitos leitores pedem pelo retorno de uma nova coleção de Barks nas bancas e até hoje eu digo que não sou a favor disso. Acho que haverá um tempo onde será necessário rever novamente todo o material de Barks em sua totalidade, mas acho que ainda não é o caso de uma nova coleção.

E para ser justo eu nunca entendi porque a Editora Abril simplesmente não pega O Melhor da Disney e simplesmente lança uma reimpressão da coleção, que por si só já era perfeita. Uma nova coleção não, mas uma reimpressão da antiga deveria ser possível. Talvez a Editora Abril saiba que sem a base de leitores que já possuem a antiga coleção, dependendo apenas de quem não há tem não seja possível que isso seja feito. Uma nova coleção acabaria obrigando alguns leitores a comprarem tudo novamente, porque ei, assim são os colecionadores e fãs fiéis do material e especialmente de Carl Barks. É por isso que digo que uma nova coleção que contemple toda a sua obra sendo lançada hoje, na atual situação do mercado e dos colecionadores é ruim, para todos.

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Por isso sou totalmente a favor do que a Editora Abril propõe neste novo capa dura. É uma compilação diferente, sobre uma outra perspectiva, ainda que seja um material que exista nos 41 volumes lançados anos atrás. Tal como também sou a favor de outros encadernados em capa dura de Carl Barks. Talvez um com seus clássicos absolutos, como Fabricantes de Terremotos e Trá-lá-lá. Não sei se os maiores contos caberiam completos em um único capa dura. Sei que as grandes aventuras de caça ao tesouro do Tio Patinhas mereciam um assim. Mas não é algo que gostaria de ver frequentemente sendo lançado. Um por ano com Barks é mais do que suficiente para saciar aqueles leitores que não possuem a coleção anterior.

E indo mais longe, se existe a possibilidade de reunir as histórias de Carl Barks novamente para uma nova geração de leitores, eu diria que deveria ser feita como a Uack na Itália. Não tentar ser maior do que O Melhor da Disney e sim acessível. Em formatinho, talvez apenas em um papel melhor do que as mensais da linha atual, ainda que fossem um pouco mais caro (poderiam não ser, afinal o material está traduzido, comprado, arte finalizado e digitalizado já. Bastaria apenas o trabalho editorial de encaixar tudo bonitinho em pequenas revistas e mandar para a gráfica). Mas isso é discussão para uma outra ocasião.

No fim, Contos de Natal por Carl Barks é um tipo de encadernado único e imprescindível de se ter. Não há erros nesse tipo de material. Você o tem e o guarda para toda sua vida. E se puder passe aos seus filhos, pois as histórias de Carl Barks nunca envelhecem, nunca defasam, nunca parecem quadrinhos ultrapassados. O trabalho de Carl Barks até hoje, há mais de meio século desde sua aposentadoria possuem a magia de serem atemporais. E isso é incrível.

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Ah e lembre-se que apesar do tema natalino do encadernado, ele pouco tem a ver com religião. Todo ano próximo da data vejo pessoas dizendo que não gostam do natal no sentido religioso dele. Eu também pouco me importo com a religião na qual a data talvez tenha se agarrado ao longo de centenas de anos. As histórias de Barks não são sobre cristianismo, mas sobre pessoas, sobre bondade, sobre o espírito de ser uma pessoa melhor. A brincadeira com crianças e presentes. Do sentimento que o Natal coloca nas pessoas e isso pouco tem a ver com religião. Quem se preocupa em adquirir o volume e encontrar histórias me mensagens religiosas, pregando qualquer tipo de religião, fique tranquilo, não há esse tipo de pregação em suas histórias. Ufa!

E não se esqueça que tanto Contos de Natal, quanto o capa dura Disney Cinema, estão em todas as bancas do país, mas caso não encontre-os, eles podem ser adquiridos online, seja na Saraiva (aqui e aqui) quanto na Livraria Cultura (aqui e aqui).

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Carl Barks nunca envelhece e a qualidade do material é sem igual!
Tal como os demais, encadernação e acabamento impecável
E quer saber? Não há deméritos nesta edição e ponto final!

O melhor presente de natal de todos! As melhores histórias de natal já produzidas estão aqui!

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4 Comentários

  1. Gostei muito do texto, sobretudo quando falou da questão (não) religiosa das HQs. Não comemoro o natal devido a suas origens e mesmo assim curto as histórias temáticas. Barks é Barks, não tem outro! Parabéns pela imparcialidade.

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