O retorno do Almanaque Disney e impressões dos nº 373 e 374!

A Editora Abril voltou agora em junho a publicar uma revista considerada clássica por muitos fãs dos quadrinhos da turma de Patópolis: o Almanaque Disney.

Trata-se de uma publicação que surgiu em dezembro de 1970 que perdurou, com alguns pequenos hiatos e diversas mudanças editoriais até julho de 2005. Faz muito tempo. Existe uma geração inteira de crianças que nunca tiveram contato com essa revista – e pensar isso só faz soar aquele alerta de velhice na minha cabeça.

O que torna a Almanaque Disney diferente das demais revistas Disney em publicação no Brasil é sua proposta original. Enquanto mensais como Mickey e Pato Donald tem como foco principal história destes personagens, na qual ocasionalmente emprestam espaço a outros personagens secundários, a Almanaque Disney sempre foi conhecida como uma revista mista, onde tudo e todos podem se encontrar.

Mickey, Tio Patinhas e Donald continuam sendo estrelas da casa, mas a revista dá muito espaço a outros personagens secundários e até mais desconhecidos do público. E não estou falando apenas deste “novo” Almanaque Disney. Ela é assim desde a década de 70.

No Almanaque Disney sempre se encontrou personagens como Havita, Lobão, Pena Kid e diversas outras facetas do Peninha, Indiana Pateta, Prof. Pardal, Biquinho, Tico e Teco, Morcego Vermelho, Superpato, Margarida, Banzé, Zé Grandão, Quincas, Esquálidus e muitos outros.

Um retorno diferente?

Seria negligente não tecer uma breve crítica acerca do formato escolhido para esse retorno. Esta é a versão mais enxuta de todas as décadas do Almanaque Disney, em diversos aspectos.

Tem apenas 100 páginas, sendo que no passado o mínimo que a publicação chegou a atingir foram 120 páginas. As trezentos e setenta e duas edições publicadas até 2005 possuem lombada quadrada. Nunca existiu até então uma AD com lombada canoa (com grampos). Esteticamente é muito feia, fora dos padrões da consagrada publicação.

O preço também é um dos mais caros da linha. Dez reais por edição é não um valor muito amigável. Sendo que a mensal do Tio Patinhas com 80 páginas, só de conteúdo inédito, custa R$ 6,50. Não ajuda também o fato do Almanaque Disney não ser 100% de material inédito, possuindo em seu repertório algumas republicações que parecem consumir aproximadamente 20% do conteúdo da revista (tendo base as edições 373 e 374).

A fase mais clássica do Almanaque Disney também trazia outros conteúdos, como tirinhas e curiosidades. Não era só quadrinhos. Tudo isso não existe mais – e nem deve mais ser produzido lá fora. Há quem não curtia mesmo esse material, preferindo uma revista totalmente dedicada a quadrinhos, então não chega a ser exatamente uma grande perda.

O fato é que este relançamento do Almanaque Disney cheira muito com a identidade visual que a Aventuras Disney possuía. Essa era outra revista que entrou na linha da editora um ano depois da aposentadoria do Almanaque Disney e que perdurou por 48 edições. Também era uma publicação mista, de lombada canoa, trazendo vários personagens diferentes da casa, porém possuindo apenas 80 páginas. A identidade editorial e visual de ambas sempre foi muito parecida.

Concluindo, não acho ruim o retorno do Almanaque Disney. Critico sim a escolha do formato, o número de páginas e as malditas republicações de arquivo digital que ela irá trazer. Talvez a melhor coisa fosse ter retornado a própria Aventuras Disney ou quem sabe repensar essa numeração.

Um Almanaque Disney nº 1 talvez fizesse bem para uma nova geração de leitores que nunca irá atrás de edições perdidas entre a década de 70 e 80 (as de 90 em diante são mais fáceis de serem encontradas em sebos). E convenhamos se reboots fossem tão odiados assim por colecionadores, e potenciais novos leitores, certamente não existiria tal prática em outras editoras e revistas por aí (tanto no Brasil quanto lá fora).

Quadrinhos Disney hoje em dia me parecem algo tão de nicho, sustentado às vezes por mais adultos (velhos colecionadores) do que talvez devesse ser. Quando foi a última vez que você viu uma criança comprar ou ler uma revista em quadrinhos do Pato Donald, Mickey ou Tio Patinhas? Vivo tendo essa conversa com a dona da banca onde compro e ela sempre me diz o quão raro é isso. Crianças compram Turma da Mônica, adultos compram Disney (ao menos lá).

Enfim, não tenho como chegar a uma conclusão quanto a isso. As editoras não revelam dados de venda e duvido até que haja pesquisas que indiquem o público que anda comprando tais revistas (gibis). Sabe-se claro que as crianças leem muito menos gibi hoje em dia do que liam há 10 ou 20 anos atrás. Acho meio triste isso.

Edição 373

Deixando de lado um pouco a crítica e fazendo um bate e bola com o conteúdo destas duas edições lançadas, eis o que achei das histórias:

Donald & A Pataca Fatal – esta HQ na verdade uma recriação de um clássico de Carl Barks, produzido recentemente na Itália para a Topolino (talvez a maior revista de quadrinhos Disney em publicação no mundo atualmente).

A própria edição faz esse alerta, trazendo uma matéria bem legal com os autores italianos contando como foi ter em mãos o desafio de recriar o clássico O Trenzinho da Alegria de 1951. Existe até quadros comparativos, pois os autores mexeram bastante na obra.

É uma boa recriação, trazendo conceitos mais modernos, e tirando todo um contexto natalino existente na HQ original. O problema é que é um desafio impossível. Superar o Mestre dos Patos não é fácil. E provavelmente não é algo que os fãs gostariam de ver. Há coisas do passado que não se deve mexer. Outros tempos, outros valores.

Existe todo um conceito de pobreza onde os autores italianos pegaram bem mais leve do que Barks. Parece que a HQ foi um pouco mais infantilizada, dado os tempos atuais onde estas publicações são produzidas. Nunca se mostra a casa ou a situação real do amigo que foi morar em um bairro pobre de Patópolis por exemplo. Sem mencionar que o conceito de um bairro pobre para os italianos é bem diferente do nosso conceito.

Sem mencionar que a HQ em si muda sua narrativa na metade da trama, para resolver um problema com o Tio Patinhas e sua Caixa Forte, gastando espaço com uma situação que serve apenas de conveniência para a situação inicial ser resolvida por meio da obrigação em si.

Porém é uma HQ realmente boa, pois gera exatamente um tipo de discussão que outros roteiros moderninhos atuais não conseguem mais gerar. Barks é provocativo e boa parte de seus roteiros e argumentos são atemporais.

Foi um ótimo exercício modernizar O Trenzinho da Alegria. Espero que a Itália faça isso outras vezes. No fim, não sobrou espaço para elogiar o traço do Francesco Guerrini, que tem um traço singular e facilmente de se identificar. Espero encontrar outras oportunidades para falar a seu respeito.

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Lobão e Lobinho & O Pior Dia de Todos – HQ curtinha, mas inédita no Brasil. Talvez a história ideal para inaugurar esse retorno do Almanaque Disney, pois nela aparece basicamente todo o elemento dos personagens clássicos da floresta dos Três Porquinhos.

E é uma boa e divertida história, justamente pela lembrança ao ver tantos personagens clássicos esquecidos no tempo. Lobão ao fim se mostra como um personagem digno de existir até os dias de hoje, mesmo que apenas nos quadrinhos. Ele possui uma personalidade atípica, sendo vilão e saco de pancadas sempre. Foi divertido revê-lo em algo inédito. Sorte nossa que a Dinamarca ainda produz histórias dele.

A história é sobre o aniversário do Lobão, que mais uma vez está mal humorado por não conseguir pegar os Três Porquinhos e pede ao seu filho, o Lobinho, para dar um jeito e trazê-los de presente para ele. Lobinho resolve fazer uma festa ao invés disso, mas Lobão acaba não sabendo lidar muito bem com surpresas, entendendo tudo errado.

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Pateta, O Craque – a primeira republicação da revista. Pateta se vê preso em um tênis controlado via controle remoto por alguém com más intenções, o que causa confusão em uma partida de futebol. Não é nenhuma trama genial. É até mais fraquinha do que esperado. É a típica republicação para fazer gordura na revista. Não é sequer uma republicação imperdível.

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Havita & Raposa Astuta – Sendo bem sincero nunca gostei e nunca entendi porque algumas pessoas gostam das histórias do Havita. O pequeno indiozinho é mais um do elenco dos personagens esquecidos pelo tempo e que retorna em uma aventura inédita, produzida na Dinamarca.

O traço do desenhista, Jorge David Redo, ao menos é bem redondinho com os padrões dinamarqueses. Achei bem desenhada a aventura. Porém senti que peguei o bonde andando. A história trabalha com alguns vilões que soam como se fossem velhos conhecidos do universo do Havita, mas sequer lembro quem são. Talvez se tornem mais habituais conforme mais histórias do personagem forem publicadas em futuras edições e assim me acostume a eles e suas personalidades.

É uma história de ladrões, onde um tenta tapear o outro, enquanto Havita serve como secundário na trama, surgindo apenas para salvar o dia.

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Pena Kid & O Ladrão Misterioso – republicar qualquer HQ do Peninha e suas diversas facetas criadas pelos grandes mestres do passado da produção brasileira é sempre uma ótima ideia, porém seria melhor ainda se estas republicações não fossem do arquivo digital da editora.

Arquivo Digital significa que são histórias que foram publicadas ou republicadas na última década, quando a Abril começou a digitalizar suas histórias e assim facilitar o resgate e a qualidade de impressão delas. Essa HQ do Pena Kid saiu em 2010, na extinta revista do Peninha.

Tudo bem se você não estava por aqui em 2010, porém existem dezenas de outras HQs do Pena Kid, que foi criado originalmente em 1976, que nunca sequer foram republicadas. Se for para republicar dentro do Almanaque Disney, que fosse algo resgatado mesmo do fundo do baú.

Insisto em criticar isso porque daqui a sete anos, essa do Ladrão Misterioso retorna novamente, enquanto outras do passado vão continuar esquecidas e perdida no tempo. Fica parecendo um personagem de vitrola quebrada, sempre com as mesmas meia dúzia de HQs sendo republicadas, enquanto na verdade ele tem um vasto acervo que nunca foi resgatado.

No mais, é uma HQ excelente com desenhos do Carlos Edgard Herrero. Produzida na fase inicial do Pena Kid, onde o Peninha ainda aparecia como autor da história, criando e mudando acontecimentos da trama. São 4 páginas de diversão pura e genuína da brilhante fase que foi a década de 70 para a produção brasileira.

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Superpato & Tempo Fechado na Ilha do Sol – não vou mentir, eu tinha expectativas erradas para essa HQ. Eu gosto do Superpato, mais da sua versão futurista do que a clássica, mas isso não me é um problema. Ainda assim gosto da clássica.

O caso é que o Superpato produzido na Dinamarca é quase sempre uma decepção pra mim. Ainda mais quando a Dinamarca fica emulando esse traço italiano. Flemming Andersen, desenhista da história, não possui (em minha opinião) um traço singular e peculiar. É muito okey… apenas isso.

Sem mencionar que essa é mais uma história de como o Donald e o Prof. Ludovico vão se relacionar ao sair de férias do que uma aventura com o Superpato. Se tirasse o Superpato do roteiro a HQ melhoraria exponencialmente. Viraria uma aventura entre tio e sobrinho.

Sem mencionar que o vilão, o tal Dr. Dark é um bocó. Eu o compraria totalmente se fosse numa daquelas aventuras do Tico e Teco do desenho dos anos 90, mas aqui ele tem uma sintonia toda errada, mesmo para um quadrinho infantil.

Existem vilões e histórias bem melhores do Superpato clássico. A HQ sequer respeita regras desse universo, como o fato de que o Prof. Pardal não sabe que o Donald é o Superpato, porém há uma cena na história que deixa a entender justamente o contrário.

E esse tal de Dr. Dark volta… na edição 374. Argh.

Edição 374

Uma edição que merecia o Indiana Pateta na capa e que não foi porque claramente se aproveitou o fato da HQ do Superpato já ter uma capa publicada lá fora, enquanto esse clássico do Indiana Pateta não.

Superpato & Uma Noite em Oslo – outra quebra de tradição do Almanaque Disney aconteceu nesta edição. Não vou saber dizer se foi a primeira, mas enfim. Tradicionalmente todo Almanaque Disney sempre se abriu com uma aventura longa e aqui se abre com uma mirradinha de 10 páginas, deixando a aventura longa como a segunda HQ da revista. Detalhes você diz, apenas detalhes. Okey.

Dr. Dark, vilão bocó da edição anterior, retorna do ponto onde a última história parou. Aliados aos Irmãos Metralhas ele arma um plano para enganar o Superpato. Aqui os Metralhas tornam a HQ mais fácil de engolir, e o Dr. Dark soa um personagem melhor. Ufa. Roteirista às vezes faz toda a diferença.

O problema é que é uma história inconclusiva. Ela termina sem tecnicamente terminar. É a primeira parte de uma aventura que irá continuar na próxima edição. Vale se perguntar se não teria valido a pena publicar a sequência já nesta edição e matar esse arco de vez. Já queimou o personagem com a capa da edição, que desse aos leitores o arco completo do Dr. Dark. Especialmente porque as demais HQs dele (faltam apenas mais duas) são tão curtinhas como a que foi publicado nessa edição.

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Indiana Pateta e a Volta dos Pés-Grandes – meu personagem do coração. É tão bom ver o Indiana de volta com uma aventura inédita da sua fase lá dos anos 90. Traço impecável e inigualável do mestre Massimo De Vita.

Achei curioso o bilhete do Martin ao Zapotec nessa HQ. Soa como se eles ainda não fossem amigos de trabalho no museu onde guardam a Máquina do Tempo, uma série criada em 1985, dez anos antes da publicação original dessa aventura do Indiana. Talvez os universos dessas séries ainda não houvessem se cruzado.

E o Indiana daquele jeitinho que gosto. Quando não está empolgado com alguma aventura, está deprimido por não estar empolgado com alguma aventura. Referências as balas de alcaçuz, usando jaqueta vermelha (porque nas clássicas ele nem sempre usa o tradicional bege amarronzado) e sendo aquele que revela a lenda, mas para si mesmo, nunca em busca de fama e riqueza, apenas pela paixão da aventura e do conhecimento para si próprio.

É um personagem impossível de ser confundido com o Pateta. Tem uma personalidade totalmente diferente, original e singular. Há tantos clássicos inéditos dele no Brasil. Que ele retorne muito mais vezes nesta nova fase do Almanaque Disney. E que seja destaque de capa da próxima vez. Ele merece.

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Banzé & Deu Bode no Passeio da Cabra – Outro resgate de tempos passados da linha Disney. Banzé já teve muitas aventuras em antigos Almanaques Disney. Aventura curtinha, de apenas 4 páginas, porém inédita. Não há muito a se acrescentar. Vale pela lembrança histórica. Divertidinha, porém nada de especial.

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Zé Carioca & Com Vocês… Capitão Porreta – a primeira republicação desta edição. É de 1987 e foi republicada pela última vez em 2005. Faz um tempo, ainda que lembre claramente dela, o que significa se tratar de uma ótima HQ.

É uma história meio maluca onde o Pedrão resolve se tornar um herói em um estilo de luta capoeira, enquanto o Afonsinho fica fazendo a trilha sonora característica dessa luta ao fundo. Tem boas gags e é a primeira HQ do Capitão Porreta. Ao longo dos anos posteriores esse personagem apareceu em novas histórias no universo do Zé Carioca. Não muitas, mas o suficiente para quem sabe fazê-lo retornar mais algumas vezes aqui. Existe ao menos uma que saiu em 1995 e nunca foi republicada… todas demais já constam em arquivo digital.

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Pata Lee & Entregadora Freestyle – puxa não vou ter espaço para explicar a Pata Lee versão Brasil, pertencente à Turma do Folião e a Pata Lee italiana. Basta saber que a italiana veio primeiro (criada por Romano Scarpa em 1966), enquanto a nossa Pata Lee não mais existe. Na Itália vira e mexe ela ganha pequenas e inéditas aventuras, ainda que não sejam frequentem como um Superpato ou Indiana Pateta.

Vale destaque aqui o diferente e cartunesco traço do Enrico Faccini, que também é responsável pela próxima história. No que diz respeito a HQ da Pata Lee, não tem muito que se dizer, pois são apenas quatro páginas.

Não existe qualquer demérito nela. A Pata Lee italiana é assim mesmo, cheia de energia, independente, moderninha e cheia de estilo radical. Se der algo errado, ela sempre tenta dar um jeito. Porém é uma personagem mais gostosa de acompanhar quando está interagindo com os personagens mais tradicionais da casa, como o Tio Patinhas ou até mesmo com o Peninha italiano.

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Margarida e Prof. Pardal & Isso é que é Máquina – como disse acima, mais uma com traço do Enrico Faccini. As HQs dele lembra muito o traço dos desenhos animados da atual geração. São cheio de caras e bocas, porém sempre com um toque de simplicidade e certa ingenuidade infantil, o que sempre combina quando o roteiro trabalha a seu favor.

Na Itália ele tem essa série de história mudas, sem balões de fala e sempre apostando em gags divertidas e humor pastelão e nonsense. Normalmente são com o Peninha, mas existem outros, como a que se faz presente nessa edição, com a Margarida e o Pardal.

Eu me divirto com essas HQs. Que venham outras dele. Achei hilário o Prof. Pardal pastar com o liquidificar quebrado da Margarida. É mais fácil para ele inventar algo novo do que arrumar um eletrodoméstico. Faz todo sentido!

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Morcego Vermelho em O Ataque do Dr. Primavera – segunda republicação da edição. HQ de 1982, mas republicada por aqui pela última em 2008, curiosamente em uma edição da Aventuras Disney.

Não vi nada demais nessa aventura. É uma típica e usual história do Morcego Vermelho. Um clássico dele, isso não tem como negar. Tem outras mais divertidas, e algumas muito mais raras que merecem ser resgatadas.

Acho válido a presença de alguma faceta do Peninha em toda edição do Almanaque Disney. Só gostaria que fosse algo melhor aproveitado. Há muito material do Peninha que precisa ser resgatado, fora HQs inéditas lá fora que merecem sair no Brasil.

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Urtigão e Os Brutos Também Amam – uma história muito estranha da versão italiana do Urtigão. Normalmente faria elogios de ver a publicação de uma história da Silvia Ziche aqui no Brasil, que tem um traço ainda mais maluco do que o Enrico Faccini mencionado mais acima. E olha que o roteiro é de também de um dos mestres italiano, o Fausto Vitaliano. Mas sei lá, não gostei.

No geral senti que é uma história que durou mais do que deveria. Aqui tem todo um roteiro construído em cima de uma situação em que o Urtigão precisa aprender como ser um cavaleiro frente a um evento de alta sociedade em que ele vai participar e nisso pede ajuda ao Tio Patinhas, pegando o Bastita (mordomo do Patinhas) emprestado, enquanto o sovina fica com o Cão do Urtigão para realizar um acordo de negócios com uma mulher que ama cachorros.

Toda a HQ tem uma gordura gigante que arrasta a trama por mais páginas do que o necessário. A parte divertida mesma fica no ponto mencionado no parágrafo acima. Esse é o trecho engraçado da história, porém há muito mais na HQ e só é meio embolação de roteiro.

O Urtigão italiano é meio light em comparação ao casca-grossa da versão brasileira, mas isso não o torna um personagem ruim. O problema aqui é realmente roteiro. Já li boas histórias desse Urtigão. Bom vê-lo também em algo inédito no Almanaque Disney. Pena que a HQ tenha sido mal selecionada.

Valeu a pena o retorno do Almanaque Disney?

 Tendo como base estas duas primeiras edições digo que sim. Só acho que há claramente pontos a serem melhorados. O formato físico da revista dificilmente a editora terá meios e fundos para mexer, o que certamente é uma pena.

Porém o conteúdo dá para ser mais bem trabalhado. Pensar melhor na qualidade das histórias, no trabalho de capa – ainda não sei se gostei desse layout poluído das capas, não poderia ter apenas os personagens sem dizer o óbvio de quem eles são? – e verificar essa decisão de republicar arquivo digital na revista.

Ainda que as republicações ocupem muito pouco espaço interno, é um espaço em um Almanaque Disney que retornou menor do que tradicionalmente era. Que sejam então republicações mais valiosas.

É uma revista de dez reais. Tá caro, porém felizmente é uma publicação mensal. É só uma vez por mês – ainda que não me importasse de vê-la de 15 em 15 dias nas bancas, mas é algo bem improvável de acordo com o já complicado mercado de quadrinhos brasileiro.

Já foi revelado a capa da próxima edição, de número 375, e novamente terá o núcleo da Família Pato na capa. Acho isso também um pouco errado. Tradição é tradição, e os Almanaques Disney antigos habitualmente trocavam entre ratos e patos como destaque de suas capas entre as edições. Será que a edição 376 arruma isso? Estarei torcendo!

Retorno mais do que merecido
Novo formato fisico bem diferente da versão clássica
Preço assusta um pouco
Boa diversidade de personagens nas HQs
Republicações precisam ser melhor selecionadas
Ideal para iniciar leitores no universo Disney

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