Um Lugar Silencioso | Já ouviu o barulho do silêncio? (Crítica)

Um Lugar Silencioso chegou quietinho, na surdina, e conseguiu se destacar entre o filmes de suspense/terror que foram lançados nos últimos anos.

O mais surpreendente é ser estrelado e dirigido por John Krasinski. Sim, ele é o Jim Halpert do The Office “americano”. É bem legal quando esses caras que tem essa vibe de trabalhar em coisas voltadas para comédia e romances realizam um trabalho diferente. Outro destaque do filme é que Emily Blunt é sua esposa na vida real e nesse filme também. E segundo entrevistas, ela foi uma das maiores incentivadoras para que ele assumisse o filme. É o tipo de detalhe que pode acrescentar muito, em especial por ser um filme sobre uma família que tenta sobreviver em um terrível futuro não muito distante.

A premissa do filme é que em 2020, surgiram em nosso planeta criaturas provavelmente vindas do espaço que são cegas porém escutam muitíssimo bem, e se guiam pelo som para agredir as fontes sonoras, sejam humanos ou outras coisas. Assim, o filme dá a entender que boa parte da população humana foi dizimada, e nem os exércitos conseguiram dar um fim nessa ameaça.

Assim que tomei conhecimento disso, a primeira coisa que veio na minha mente são os Estaladores do jogo The Last of Us (PS3). De certa forma, dá pra viajar um pouco nas idéias e tentar imaginar Um Lugar Silencioso como se fosse um spin-off de The Last of Us, com toques de The Walking Dead. Viu só como é difícil fazer qualquer coisa hoje em dia? Parece até que já vimos de tudo…

Antes de ir ao cinema eu só tinha visto o primeiro trailer, então fui assistir sem muitas expectativas e querendo ser surpreendido. Logo quando estava comprando o ingresso para a sessão dublada a atendente me alertou que haveria muitas legendas no filme. Já imaginava isso, pois a comunicação da família é feita por sinais, e infelizmente essa linguagem não é natural para a maior parte da população. Então as legendas traduzem esse tipo de comunicação para que possamos entender o que os personagens querem dizer. Acredito que o filme fez bom uso disso, podemos até mesmo ver que cada membro da família se expressa de maneira diferente, seja o pai em constante alerta e mais assertivo em se comunicar, seja a mãe com toda a sua calma e de gestos mais harmoniosos.

Desde os primeiros minutos de projeção já podemos perceber o quanto a engenharia de som do filme é bem construída, e absolutamente imprescindível para a obra seja apreciada. Sem dúvidas, poder rever daqui a alguns meses em casa com bons fones de ouvidos (minha preferência) vai ser obrigatório. Basicamente o filme se concentra no cotidiano da família, que luta para sobreviver e sua maior preocupação é não fazer barulhos que possam atrair as criaturas. Bem, o filme possui uma boa trilha sonora, mas eu queria que a produção fizesse algo mais arriscado eliminando ela, deixando apenas os ruídos do mundo para serem ouvidos.

Um dos méritos da produção é não explicar tudo de maneira detalhada, o que sempre é bom pois podemos preencher essas lacunas com nossas próprias idéias. Sabemos que as criaturas estão aí, por perto, que existem outros sobreviventes ao redor, mas toda a atenção fica concentrada nessa única família. Assim, fica mais fácil nos apegarmos a ela, em especial pela tragédia que se apresenta logo no início, um gatilho para podermos torcer que algo assim nunca mais aconteça, gerando mais um motivo de tensão.

Tensão aliás, é o fio que conduz toda a trama, e conforme a narrativa vai se desenrolando, vão surgindo cenas tensas, e parece que toda a sorte daquela família acabou, pois as coisas vão se complicando mais e mais, e isso funciona muito bem, dando agilidade e trazendo imersão. Claro que temos cenas que não são bem resolvidas, e a mim incomodaram bastante, como a do prego e do silo, e sem dúvida um dos membros mais novos da família não se comporta como deveria em sua idade, mas no geral o saldo é positivo, e a atmosfera do filme fica preservada no modo tenso que incita o espectador, prendendo a nossa atenção.

Criar momentos de suspense e tensão que conduzem a narrativa é o principal mérito do filme.

Conforme o filme se encaminha pro final, ocorre o esperado, com a situação da família ficando mais desesperadora, o tom de ameaça sobe, a ação se apresenta, aquelas coisas típicas da maioria dos filmes mais convencionais. Dito isso, como eu já consumi muitas obras parecidas, desde o começo eu já tinha uma ideia na cabeça de como resolver a situação, de como lidar com a ameaça. E essa minha ideia realmente se concretizou na trama.

Um Lugar Silencioso é um filme bem executado, com falhas e méritos, que pode surpreender mais aqueles que não estão acostumados com histórias parecidas, e sua hora e meia de projeção consegue cativar ao ponto dos créditos chegarem sem esforço, e possui qualidades suficientes para que se destaque entre os filmes do gênero. E fica a recomendação de ser apreciado um lugar silencioso, com o perdão da expressão. Procure uma sessão mais vazia, mais intimista, isso vai ajudar a encorpar as sensações que o filme quer passar!

A narrativa consegue se desenvolver bem
Os efeitos de aúdio são excelentes e imersivos
Atuações boas, em especial do casal
Algumas cenas são mal resolvidas
A tensão é presente em todo o filme

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