Análise | Bleach Rebirth of Souls
Disponível para PlayStation, Xbox & PC

Bleach Rebirth of Souls foi lançado no último dia 20 de março, tendo sido desenvolvido pela Tamsoft Corporation e publicado pela Bandai Namco Entertainment para as plataformas PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox Series X|S e PC, sendo do gênero de luta. Dito isso, já para celebrar que os shinigamis estão de volta a batalha!
Antes que me esqueça, devo citar que este não é um jogo dublado para o nosso português, mas que, entretanto, apresenta localização em texto e legendas para o nosso idioma. Todos os menus e descrições de tutorial, de itens e etc estão em nosso maravilhoso português. Então poderemos entender tudo, e as legendas estão presentes em todas as falas dos personagens, inclusive nas conversas que acontecem em meio as batalhas. Vale o elogio, porque jogos baseados em obras de mangá/animê ganham muito valor, e acessibilidade, quando chegam ao nosso mercado com tradução.
Basicamente Bleach Rebirth of Souls cobre os arcos inicial da história de Ichigo, até o desfecho do Arco de Hueco Mundo, existindo a promessa de que o grandioso arco da Guerra Sangrenta dos Mil Anos virá em uma futura expansão, via DLC até o final deste ano, mas que não teremos, ao que tudo indica, o arco envolvendo a galera dos Fullbringer.
Resumindo rápido e sorrateiramente
Vamos dar uma lembrada superficialmente no que vem a ser Bleach, caso você não se lembre mais. A obra é uma série de mangá escrita e ilustrada por Tite Kubo, que nos apresenta as aventuras de Ichigo Kurosaki, jovem de 15 anos, que após ganhar os poderes de Shinigami (Ceifeiro de Almas) se vê forçado a guiar as almas boas ao mundo pós-vida (a Soul Society) e também a derrotar os Hollows (almas malignas) que causam alvoroço no mundo dos vivos, tentando devorar almas.
Claro que essa sinopse explica o contexto do universo, mas não diz muito sobre a história de Ichigo, seu passado e na forma como as regras do mundo dos shinigamis quebram quando uma grande conspiração é apresentada, e fica claro que mais do que apenas ser um Ceifador de Almas, Ichigo tem um forte senso de justiça e coloca isso acima de tudo para salvar aqueles que são seus companheiros, indo contra a ordem de qualquer oposição, até mesmo daqueles que não são exatamente os vilões da história.
E esse é apenas o começo da aventura que se desenvolve e vai além do que imaginamos no começo de tudo. Intrigas e reviravoltas estão presentes, além é claro de lutas insanas contra adversários com poderes que beiram o inalcançável. Como já deu para imaginar, algo que nunca poderemos negar é que as lutas presentes em Bleach sempre nos chamam a atenção e não são nada monótonas, sempre contando com reviravoltas e situações inesperadas. Momentos épicos que estão aqui representadas em Bleach Rebirth of Souls.
A série obviamente acabou dando origem a uma franquia com manga, anime, OVAs, filmes de animação, musicais de rock, jogos eletrônicos e muito mais. Em 2005, o mangá obteve o prêmio Shōgakukan na categoria shōnen, vendo até então mais de 87 milhões de cópias no Japão.
Animê jogável
Sim, temos aqui uma apresentação gráfica que facilmente nos deixa pensar que estamos jogando o anime, caso ele fosse feito atualmente. Não temos personagens estranhos ou desfigurados de forma alguma, todos são instantaneamente reconhecidos por quem já conhece a série e todos contam com seus comentários característicos que nos foram apresentados ao longo do anime e mangá. As expressões faciais são incríveis. Todas as cutscenes são dubladas e legendadas.
A animação presente nas batalhas, nos movimentos e nas cenas características de golpes especiais, como nos usos das bankais, são igualmente impressionantes e, no geral, quem assistiu ao anime vai se sentir em casa aqui, o que é muito bom em um jogo do gênero. As arenas das batalhas, entretanto não são as mais fantásticas possíveis. Temos as destruições de cenários esperadas em algumas estruturas e pisos presentes, mas de forma geral elas acabam sendo meio genéricas, apresentando repetição em determinadas regiões fixas, como na cidade de karakura.
A parte sonora não deixa a desejar de forma alguma, já que contamos com músicas específicas para as batalhas e não posso deixar de mencionar que todas as cutscenes oferecem a dublagem dos personagens com seus dubladores oficiais (em japonês).
Aliás tenho apenas uma ressalva quanto as cutscenes, elas em determinados momentos foram tão grandes que dependendo da sua configuração de energia, seu Xbox Series (versão S) pode tentar entrar em modo de espera, o que quase aconteceu comigo em uma determinada oportunidade.
Obviamente podemos pular essas cenas, mas para quem quer relembrar a história de Bleach talvez valha mais a pena alterar o tempo para o seu console não entrar em modo de repouso. Mas não deixa se der curioso o tempo em que esse carregamento estão demorando a acontecer.
Batalhas chocantes entre almas
Ao tempo em que estou escrevendo esse texto, ainda não temos personagens extras disponibilizados via DLC (mas teremos, possivelmente relacionado ao arco da Guerra Sangrenta dos Mil Anos) e somente um personagem é liberado ao final de todo o modo história.
Bleach Rebirth of Soul conta agora com 33 lutadores jogáveis diferentes, isso contando as três variações de Ichigo Kurosaki como entradas diferentes, vamos a lista para ver se o seu personagem favorito está presente – mas acredito que esteja sim. Do grupo de Ichigo, além do próprio, temos Rukia Kuchiki, Uryū Ishida, Yasutora Sado, Kisuke Urahara, Yoruichi Shihōin, Shinji Hirako.
Dos membros do Gotei 13 contamos com Byakuya Kuchiki, Gin Ichimaru, Rangiku Matsumoto, Tōshirō Hitsugaya, Kenpachi Zaraki, Kaname Tōsen, Suì-Fēng, Renji Abarai, Izuru Kira, Mayuri Kurotsuchi, Genryūsai Shigekuni Yamamoto, Shunsui Kyōraku, Sajin Komamura, Shūhei Hisagi, Ikkaku Madarame, Kaien Shiba e Sōsuke Aizen. E quanto ao grupo dos Arrancar contamos com Coyote Starrk, Tier Harribel, Nelliel Tu Odelschwanck, Ulquiorra Cifer, Nnoitra Gilga, Grimmjow Jaegerjaquez, Szayelaporro Granz.
Voltando a falar do modo história, o mesmo segue exatamente as batalhas do mangá. No começo batalhamos contra alguns Hollows que são enfrentados por Ichigo, mas rapidamente já estamos participando de batalhas mais importantes na linha do tempo de Bleach, incluindo jogarmos até com outros personagens como Ishida e Sado.
Aproveitando, deixo a nota de que a dificuldade normal do modo história já vai lhe trazer bons desafios, já que em muitas vezes estamos com condições específicas que os personagens estavam na época dos combates, então nem sempre vai ser tão tranquilo quanto parece. Me assombra até hoje a luta contra Kenpachi Zaraki com Ichigo e contra Mayuri Kurotsuchi contra Uryu Ishida.
Agora vamos a jogabilidade de Bleach Rebirth of Souls. Todo personagem das batalhas, tanto o nosso quanto o adversário, possui uma certa quantidade de Konpaku (que poderíamos traduzir como uma espécie de recipientes de alma) e para conseguir vencer a luta precisamos reduzir o Konpaku do seu oponente para zero. Até aqui parece fácil né? mas tem um pouco mais…
Cada konpaku, por sua vez, possui uma barra de vida própria que recebe o nome de Reishi. Por sua vez, ao reduzir o reishi do adversário a um nível adequado, torna possível ao seu personagem a execução de um movimento poderoso que pode reduzir a contagem de konpaku em vários pontos, eliminando mais de 1 instantaneamente.
Pense, como exemplo, ao usar um golpe “Bankai“, por ser mais poderoso vai causar mais impacto no seu oponente, “destruindo” mais do que simplesmente 1 Konpaku. Então sempre tenha em mente que o que você está fazendo contra seu oponente, ele estará tentando fazer o mesmo contra você.
As mecânicas de defesa são limitadas e se tornam perigosas, já que o bloqueio com sucesso de um ataque ofensivo de um oponente pode ser imediatamente desfeito por ele ao usar um combo e quebrar a sua guarda.
Para entender bem como isso tudo funciona, na prática é altamente recomendado conferir o tutorial no começo do modo história ou no menu específico disponível, já que o sistema de luta é muito mais complexo do que isso – mas tenha isso que expliquei em mente e você já vai conseguir se virar no começo do jogo.
Ainda temos técnicas para podermos nos aproximarmos por trás do adversário, o que permite desferir mais dano neles. Também podemos nos transformar ou ativar novas habilidades conforme condições específicas de nosso personagens, como o despertar os Arrankars, por exemplo, que em muitos caso causam transformações nos corpos dos mesmos e alteração das técnicas obviamente.
Além do modo história
Além do extenso modo história, que pode levar mais de 30 horas para ser completamente destrinchado, existem também as Histórias Secretas que desenvolvem um pouco a história de fundo de Bleach. Elas se especificam em determinados personagens e valem muito a pena jogar após serem liberadas, já que nos mostram como esses personagens chegaram onde estavam quando nos deparamos com elas na história “normal” e porque motivos alguns agiram de determinadas formas. Vale a pena jogar pela curiosidade, e por permitir o jogador controlar outros personagens. É uma grande forma de expandir e refinar a experiência da grande narrativa da obra.
Há ainda missões a serem cumpridas, que geralmente envolvem derrotar uma serie de personagens de forma sucessivas com determinado personagem, além de liberar itens para usarmos como amplificadores e amuletos que podem facilitar algumas batalhas mais casca grossas. Há também o clássico modo multiplayer de sofá, o eterno 1 contra 1 com amigos locais.
Mas como todo jogo de luta tem que ter um modo multiplayer, aqui não é diferente, os jogadores mais dedicados já devem de estar moendo com os menos habilidosos, como eu, a velocidade da sua conexão com a internet claramente vai afetar a sua performance.
Contudo, tenho que mencionar que não consegui experimentar o modo online como esperado. Infelizmente em diversas tentativas não consegui entrar uma partida para participar. O que não é tão incomum assim em algumas modelos de estruturas de multiplayer online com jogos japoneses, que por vezes dividem servidores e regiões, e a região da América Latina nem sempre é privilegiada nestas situações. Ao menos você pode combinar com amigos para estas partidas online, há suporte para isso, e já é algo ótimo.
Mas caso tenha mais sorte, vá preparado para o pior e não culpe a velocidade da sua internet por suas derrotas, aqui quem pega a manha se destaca e quem não pega, bom, deu para entender né? Aproveite para treinar bastante no modo história e nas missões ou até mesmo no modo de treino. Lembre-se sempre de ter um pouco mais de paciência online do que tem nas partidas do modo história sempre será a chave para evitar derrotas rápidas e rasteiras.
Considerações finais
Bleach Rebirth of Souls é um jogo que a gente sente que deveria existir há muito tempo, e levou todo esse tempo para conseguir existir em tamanha qualidade e homenagear tamanho legado da obra de Tite Kubo. Felizmente, é uma espera que valeu a pena, porque o resultado é a entrega de uma qualidade sem igual, dado ao poderio de performance e qualidade gráfica da atual geração.
Admito que vou ter que dedicar um pouco mais de tempo para conseguir me virar bem nas batalhas, pois seu combate supera o tipicamente encontrado em jogos de luta convencionais, isso é inegável. O sistema aqui é bem intrincado e teve um grande esforço para tornar cada personagem único devido a todas as diferenças de técnicas e capacidades de luta de cada um deles. Fazer tudo isso funcionar de forma coesa não deve de ter sido nada fácil.
O modo história parece se arrastar um pouco além da conta para aqueles que não contam com paciência ou não tem vontade de reviver todas as histórias aqui apresentadas, mas sempre temos a opção de pular as cutscenes, o que não recomendo, pois tudo está bem amarrado e temos explicações para tudo o que acontece, e que na época do anime, pode ter nos passado despercebidas. Além disso, temos claramente uma animação explosiva nos golpes de espada e quando conseguimos dobrar os adversários perante nossas técnicas é algo gratificante e nos faz vibrar após algumas lutas bem tensas. Minha luta contra Zaraki foi tensa, mas ao vencer foi gratificante.
O que posso concluir é que Bleach Rebirth of Souls oferece a melhor experiência que essa obra já o fez em videogames. Lutas fantásticas dentro de um sistema original e criativo, que coloca os fãs dentro do animê, com controles que respondem muito bem, e ação eletrizante. Um bom elenco, mesmo que o jogo não cubra toda a imensa obra, deixando para o futuro, em uma expansão, o arco conclusivo que atualmente vem sendo animado, o que certamente deve justificar tal decisão.
Galeria
Dando nota
Parece que estamos vivendo/jogando sua versão em animê - 8.5
Sistema de luta complexo, mas que adiciona camadas de estratégia as batalhas e as torna imprevisíveis rapidamente - 8.5
Totalmente legendado, tanto a narrativa quanto aos menus estão em português - 8.2
Boa parte dos personagens mais conhecidos estão presentes, o que vai agradar bastante os fãs - 9
Testes com o modo online (matchmaking) não se mostraram satisfatórios em nossa região - 6
Algumas cenas acabam sendo muito longas e cansativas - 7
Balanceado de forma a não ser impossível vencer mesmo com personagens mais “normais” - 9
8
Ótimo
Bleach Rebirth of Souls, de forma geral, é um jogo diferente do que estamos acostumados em jogos de luta de anime, mas você rapidamente percebe que se dedicar a ele é uma forma de ir se aperfeiçoando e encarando as batalhas vindouras com mais tranquilidade e calma. O jogo honra o legado da obra, trazendo uma experiência divertida baseada em grande parte história original, ainda que não feche totalmente o ciclo narrativo. Vai agradar muito bem aos fãs!